PARADIGMA DA NACIONALIDADE

 

 

Por: Filipe Sanhá[1]

 

Filipe Sanhá

 

filipesanha@iol.pt

 

25.04.2009

 

 

Subscrevi, consciente, coerente e honestamente, a petição contra a Lei da cidadania da Guiné – Bissau, porque entendo a honestidade intelectual como uma exigência que a todos obriga, cidadãos, comuns e políticos. Não sou político, só o serei um dia se Deus assim quiser e se a minha Pátria apelar-me para tal. Nunca fez e não faz parte do meu leque de objectivos. Sempre encarei a prestação e desempenho de funções públicas como missão e não como forma de ostentação do que quer que seja. Essa missão é nobre, porque sem políticos e organizações político - partidárias não há país, nem democracia. Portanto precisamos de políticos e das organizações, desde que compreendam a suprema missão que o povo lhes confere por um período temporal limitado.

Nós Guineenses, de uma vez por todas temos que nos assumirmos como detentores de uma riqueza cultural de enorme importância, de que nos devemos orgulhar: pluralidade étnica, multilinguismo, amor à Pátria, independentemente do quadrante do Globo em que nos encontremos e uma natureza invejável a todos os títulos. Comungamos todos um ideal: paz, democracia e desenvolvimento. Devemos concentrar-nos nas questões essenciais para que edifiquemos uma Pátria e uma Nação que urge realizar e concretizar.

Há tantos exemplos, na história das Nações prósperas e tecnologicamente avançadas: D. Afonso Henriques (Portugal), cuja mãe era espanhola (reino de Leão e Castela; Reagan (ex-presidente dos Estados Unidos) que era filho de um católico irlandês; Presidente Obama, cujo pai era queniano! Seria uma lista interminável de personalidades a nível Planetário que contribuíram, decisivamente, para a edificação, construção e desenvolvimento dos seus países, sem qualquer preocupação limitativa para o seu envolvimento emocional e intelectual, incomensuráveis, na governação e gestão das suas funções do mais alto Magistrado da Nação. A origem dos nossos pais é sempre uma honra e orgulho para cada ser humano mas não é nada mais que isso!

A quase impossibilidade de determinação da identidade originária dos progenitores dos cidadãos de um país obriga-nos a olhar em frente e trabalhar, trabalhar e trabalhar para gerarmos a riqueza que possa encher o cofre do nosso tesouro nacional, para que possamos ostentar com orgulho um bom caminho na rota do nosso desenvolvimento económico, social e cultural. Não podemos passar a vida a envergonharmo-nos da nossa identidade actual. Cada vez que ouço falar da Guiné, há quase 35 anos, o meu coração acelera, porque, normalmente, as notícias são quase sempre deprimentes!

Era bom que não se esquecesse que os principais obreiros da Constituição democrática da República da Guiné - Bissau, foram os Professores e académicos portugueses de Direito, em pleno século XX, à imagem e semelhança das bases filosóficas da actualidade. Mas, temos que ter em conta que Portugal caminha para 900 anos da sua existência (independência, em 1143), e a Guiné-Bissau 35!!! Portugal aos 100/200 anos da sua existência ninguém colocaria uma hipótese tão mesquinha da identidade nacional e originária dos progenitores dos seus governantes!

Se o Senhor Henrique Rosa e Francisco Fadul forem impedidos com base neste argumento, a da origem dos seus progenitores, seria um erro histórico, de consequências imprevisíveis, porque mais dia, menos dia, começaremos a questionar a “ originalidade genuína e identitária dos progenitores” dos mais de um milhão e quinhentos mil actuais cidadãos do país.

Caros irmãos e compatriotas, em segurança e com transparência, vamos a eleição de um novo PRESIDENTE, para que a normalidade Constitucional e Democrática seja reposta, urgentemente, para que, finalmente, reaprendamos a sorrir, com a total elegância que nos caracteriza, como um POVO, UMA NAÇÃO.

 


 

[1] - Psicólogo, Mestre e Doutorando pela Universidade de Coimbra (Portugal)

 


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