Por: Bacar Queta *

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Nha mantenha ermons!

Agradeço a DEUS e me orgulho bastante por Ele ter-me feito homem nascido na Guiné, por isso, jamais posso aceitar ser tratado como estrangeiro na minha própria terra.

Podia ter medo e aceitar tudo e até aquilo que nos faz ser estrangeiro na nossa própria terra, mas prefiro oferecer-me aos eventuais riscos, para dizer não a tudo que nos possa negar o nosso direito como povo de viver livre e feliz na terra que nos viu nascer.

Quando escrevemos, para manifestar nossas angústias, não significa que queremos ser diferentes de vocês ou não nos consideramos vossos irmãos e amigos, pelo contrário, estamos simplesmente desejando uma vida que nos identifica como povo honesto, generoso, inteligente, democrático, com elevado valor cultural que nos faz, sobretudo, afirmar como uma sociedade decente perante outras.

Hoje, nós os críticos do sistema amargo, almejamos ver os nossos combatentes aposentados com boas condições de vida, servindo de fontes e referências históricas para as novas gerações. Ver as nossas Forças Armadas verdadeiramente republicanas, gozando de privilégios e prestígios que lhes afastem dessa vida de sobrevivência e de guerrilha.

Não se pode com essa dramática realidade conquistar a paz e o desenvolvimento enquanto não existir o respeito pelas instituições e leis do País. O desafio contemporâneo é de consolidar a economia que oferece melhoria de vida à sociedade e controla a crise ecológica que está a afetar a vida no planeta. E o charme da chacina e de hegemonia forçada ao poder não estão contemplados neste novo palco de reflexão global para universalização dos direitos e a garantia da dignidade humana no combate à crise financeira e ecológica.

A essa reflexão, seguem as minhas questões, que gostaria de deixar àqueles que podiam  ver-nos como diferentes e que nos querem fazer estrangeiro na nossa terra:

• Quem nos trará a Paz e o Desenvolvimento que nos farão viver sem medo e vergonha, com os nossos direitos garantidos e valorizados com dignidade?
• Como homenagearíamos aqueles que pela causa da nossa felicidade se entregaram à morte? Será que isso ainda não nos faz refletir positivamente ou não nos serve de vergonha? Ainda não é hora de mostrarmos ao mundo que somos um povo solidário, nacionalista, capaz de pensar com a nossa própria cabeça e andar, rumo ao desenvolvimento, com nossos próprios pés?
• Não é hora de convertermos matchundadi na generosidade, sabedoria, no patriotismo em vez da desonra?

Ermons, é chegada a hora de acabar com a maldade e transformar nossos rancores em amor e a arma de fogo  em arado para cultivar a terra que nos orgulha.

Desejo muito a minha Guiné e o meu povo.

Nô mama djá nha ermons!

* Guineense, Presidente do FACOLSIDA,  Intercâmbista do Programa de Direitos Humanos da Conectas em São Paulo, Brasil