Presidenciais 2005
Enterrar de vez os fantasmas do passado!
Secção criada a 21.04.05
Com as eleições presidenciais na Guiné-Bissau marcadas para 19 de Junho de 2005, optei por criar esta secção por forma a dar o meu CONTRIBUTO na sensibilização do eleitorado nacional para a importância VITAL que os resultados destas eleições terão para o nosso país.
Esta é uma secção de acompanhamento, portanto, activa!
Numa altura em que a manipulação generalizada tende a ultrapassar os imperativos e objectivos Nacionais, a minha primeira exortação é no sentido de: os guineenses resistirem às tentações, venham elas de onde vierem!
O primeiro compromisso de todos os guineenses deve ser para com o país.
O maior desafio para todos os guineenses é criar mecanismos de mudança para a Guiné-Bissau.
A Guiné-Bissau é a nossa mágoa devido aos desgovernos que temos tido mas, é acima de tudo, o nosso orgulho e a nossa esperança enquanto pedaço de chão que nos foi destinado! |
É preciso que cada um de nós sinta a responsabilidade que lhe cabe na estruturação do país que queremos construir. É preciso que cada um de nós seja exigente primeiro consigo próprio, para depois ser exigente com os demais.
É preciso que cada um de nós faça as seguintes perguntas a si próprio na busca de respostas para um melhor CONTRIBUTO para o país.
1- O que é que o meu país, a Guiné-Bissau, significa para mim?
2- O que é que já fiz de positivo para o meu país?
3- O que é que posso e devo fazer para ajudar o país a encontrar o caminho certo rumo à estabilidade e ao desenvolvimento?
4- Qual deve ser a minha relação com todos os meus irmãos guineenses?
5- Qual deve ser a minha relação com todos os outros povos do mundo que de uma forma ou de outra têm ajudado a Guiné-Bissau?
6- Servir o país ou servir-me do país?
7- Justiça para todos ou Impunidade para alguns?
28.04.05
Hoje, proponho a leitura do artigo " A balantização, ou o fomentar inconsciente do tribalismo na Guiné-Bissau" para uma melhor percepção das várias crises que o nosso país tem assistido.
Boa leitura. Cabe a cada um interpretar e analisar o conteúdo do texto.
A Balantização, ou o fomentar inconsciente do tribalismo
03.05.2005
Aproveitando a passagem do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa que felizmente, também se assinala na Guiné-Bissau e de forma organizada, quero felicitar toda a Comunicação Social guineense e estrangeira pelo trabalho construtivo que tem sido feito no intuito de informar e sensibilizar as populações da Guiné-Bissau, os guineenses na diáspora e, ou ainda, todos quantos se interessam pela Guiné-Bissau.
Nesta tarefa de informar e sensibilizar estou certo de que cabe à Comunicação Social um papel importantíssimo com vista às próximas eleições presidenciais na Guiné-Bissau. Neste sentido, sugiro que haja uma interligação entre a imprensa escrita e falada, pois como sabemos, o índice de analfabetismo continua muito alto no país e só pelo que se escreve não se consegue fazer chegar a sensibilização a toda a população. É preciso que as rádios transmitam não só notícias e músicas, mas também artigos de opinião, pareceres e relatos sobre os mais variados temas de interesse nacional que possam efectivamente elucidar as nossas populações. É preciso levar o debate às rádios. É preciso dar a conhecer os candidatos às eleições presidenciais e seus programas a todo o eleitorado nacional.
Interligar a Imprensa escrita e falada na gestão de conteúdos de interesse nacional e fazer chegar esses conteúdos a todos os cantos do país e a todos os guineenses é contribuir para o desenvolvimento de uma nova mentalidade assente nos ideais de uma cidadania plena e interventiva.
Enquanto aguardamos pelo anúncio da decisão do Supremo Tribunal de Justiça sobre as 21 candidaturas apresentadas para as eleições presidenciais de 19 de Junho, volto a propor a leitura e análise de 1 trabalho, desta vez sobre a Reconciliação Nacional.
Boa leitura.
10.05.2005
O anúncio pelo Supremo Tribunal de Justiça da validação/oficialização das candidaturas apresentadas com vista às eleições presidenciais de 19 de Junho na Guiné-Bissau finalmente aconteceu.
Com o devido respeito e consideração pelo Supremo Tribunal de Justiça, como Órgão de Soberania
Com o devido respeito e consideração pelo esforço de todos quantos se envolveram na análise e avaliação das candidaturas recebidas pelo STJ
Com o devido respeito e consideração pelo país e por todos os irmãos guineenses que seguiram com expectativa o desenrolar deste processo que se tornou "num parto difícil" (deveria estar concluído a 29 de Abril e só hoje, 10 de Maio se deu a conhecer oficialmente) apresento aqui o meu manifesto de discordância pelas decisões do Supremo Tribunal de Justiça.
Apesar de o Supremo Tribunal de Justiça, ser o Órgão de Soberania com competências para avaliar e decidir questões de foro Judicial, o mesmo Supremo Tribunal de Justiça está sujeito à lei e por conseguinte, deve-se reger pela Constituição do país, ou neste caso específico, pela Carta Nacional de Transição.
Qualquer decisão do Supremo Tribunal de Justiça na avaliação de processos tais como os eleitorais, só deve ser em conformidade com pressupostos jurídicos e nunca políticos. O Supremo Tribunal de Justiça representa o Poder Judicial, apenas e só isso.
Segue a lista dos candidatos aprovados e rejeitados bem como opiniões de Juristas guineenses antes e depois do anúncio da decisão.
Supremo aprova «Nino» e Kumba e rejeita sete candidaturas
O Supremo Tribunal de Justiça da Guiné- Bissau aprovou hoje as candidaturas dos
ex-chefes de Estado "Nino" Vieira e de Kumba Ialá às presidenciais de 19 de
Junho, mas rejeitou sete das 21 candidaturas às eleições.
A candidatura do presidente do Partido Unido Social-Democrata (PUSD) e
ex-primeiro-ministro (1999/2000) guineense Francisco Fadul é uma das rejeitadas
pelo Supremo, de acordo com a lista afixada nas instalações daquela instituição.
Os restantes candidatos excluídos são os independentes Empossa Ié, Pedro Infanda
e Augusto Pedro Figueiredo da Silva, Ibraima Sow, líder do Partido do Progresso
(PP), Úmaro Demba Jamanca, líder do Partido Democrático Socialista (PDS), e
Cirilo Rodrigues, líder do Partido Socialista (PS).
Fonte do Supremo indicou à Agência Lusa que os candidatos rejeitados podem
recorrer da decisão deste órgão judicial, que terá três dias para as analisar e
pronunciar-se.
O Supremo Tribunal de Justiça guineense, que recebeu as candidaturas entre 01 e
19 de Abril último, não avançou as razões que levaram à exclusão de sete
candidaturas, limitando-se a afixar a respectiva lista numa parede exterior das
suas instalações.
Segundo a Lei Eleitoral, o STJ deveria ter afixado a lista a 27 de Abril último,
mas dada a complexidade de algumas delas e o seu elevado número, acabou por
adiar a divulgação dos 21 acórdãos para hoje.
Com a decisão do Supremo, foram aprovadas 14 candidaturas, incluindo quatro de
independentes.
Apenas uma mulher se apresentará às eleições. Trata-se de Antonieta Rosa Gomes,
líder do Fórum Cívico Guineense/Social- Democracia (FCG/SD), que já concorreu às
presidenciais de 1994 e 1999, tendo ficado, em ambas, em último lugar.
A lista das candidaturas aprovadas e rejeitadas pelo STJ às presidenciais de 19
de Junho na Guiné-Bissau é a seguinte:
APROVADAS
- Abubacar Baldé, apoiado pela União Nacional para o Desenvolvimento e Progresso
(UNDP, de que é líder)
- Adelino Mano Queta, independente
- Antonieta Rosa Gomes, apoiada pelo Fórum Cívico Guineense/Social-Democracia (FCG/SD,
de que é líder)
- Aregado Mantenque Té, apoiado pelo Partido do Trabalho (PT, de que é líder)
- Faustino Imbali, apoiado pelo Partido Manifesto do Povo (PMP, de que é líder)
- Iaia Djaló, independente
- Iancuba Indjai, apoiado pelo Partido da Solidariedade e Trabalho (PST, de que
é líder)
- Idrissa Djaló, apoiado pelo Partido de Unidade Nacional (PUN, de que é líder)
- João Bernardo "Nino" Vieira, independente
- João Tátis Sá, apoiado pelo Partido do Progresso Guineense (PPG, de que é
líder)
- Kumba Ialá, apoiado pelo Partido da Renovação Social (PRS)
- Mário Lopes da Rosa, independente
- Malam Bacai Sanhá, apoiado pelo Partido Africano da Independência da Guiné e
Cabo Verde (PAIGC)
- Salvador Tchongó, apoiado pela Resistência da Guiné-Bissau (RGB, de que é
líder)
REJEITADAS
- Augusto Pedro Figueiredo da Silva, independente
- Cirilo Rodrigues, apoiado pelo Partido Socialista (PS, de que é líder)
- Empossa Ié, independente
- Francisco Fadul, apoiado pelo Partido Unido Social-Democrata (PUSD, de que é
líder)
- Ibraima Sow, apoiado pelo Partido Popular (PP, de que é líder)
- Pedro Infanda, independente
- Úmaro Demba Jamanca, apoiado pelo Partido Democrático Social da Guiné-Bissau (PDSG,
de que é secretário-geral).
«Lei impede Nino e Kumba de concorrer» afirma o jurista Carlos Vamain |
Os ex-chefes de Estado da Guiné-Bissau João Bernardo "Nino" Vieira e Kumba Ialá estão impossibilitados, constitucionalmente, de concorrerem às eleições presidenciais de 19 de Junho próximo, defendeu hoje o jurista guineense Carlos Vamain. Em declarações à Agência Lusa, o antigo ministro da Justiça do Governo de Transição (Setembro de 2003 a Maio de 2004) e um dos autores da Carta de Transição Política (CTP) sublinhou que a impossibilidade legal tem por base as cartas de renúncia assinadas por "Nino" Vieira e Kumba Ialá. Carlos Vamain, também constitucionalista, baseia a sua leitura no artigo 66º, número 3, da Carta Magna guineense que, sustenta, "não deixa dúvidas" quanto à incapacidade de ex-chefes de Estado concorrerem às duas eleições presidenciais subsequentes à renúncia. "Se o presidente da República renunciar ao cargo não poderá candidatar-se às eleições imediatas, nem às que sejam realizadas no quinquénio imediatamente subsequente à renúncia", indica a Constituição guineense. Sobre os casos de "Nino" Vieira e Kumba Ialá, que entregaram os respectivos processos de candidatura no Supremo Tribunal de Justiça (STJ), Carlos Vamain sublinha que não há margem para outra interpretação que não a que está explicitada na Constituição, "mesmo que as últimas eleições tenha sido realizadas há mais de cinco anos". "No caso concreto, deve-se aplicar o instituto da suspensão da prescrição. Isto é, à luz da Constituição, o período de cinco anos previsto foi interrompido pelo incidente ocorrido a 14 de Setembro de 2003, com a destituição do presidente eleito em 2000 e que suspendeu a contagem do prazo relativamente ao quinquénio, como decorrência imediata da renúncia do seu antecessor", sustentou. Assim, no seu entender, o presidente renunciante em 1999 ("Nino" Vieira) não pode concorrer nem às eleições imediatas (realizadas em Novembro de 1999, tendo a segunda volta decorrido em Janeiro de 2000), nem às de 19 de Junho próximo. Desta forma, defendeu Carlos Vamain, à luz da Constituição e das leis da República, o presidente renunciante em 1999 só poderá candidatar-se às eleições para a chefia do Estado posteriores às de 2005. "Caso contrário, estaríamos a violar de forma flagrante o disposto no Artigo 8 da Constituição e na lei relativa às eleições, no que diz respeito aos requisitos de elegibilidade", sustentou. No caso de "vício de acto", sublinhou Carlos Vamain, competirá aos órgãos da administração da Justiça, "em face da demanda proposta através das alegações do interessado e suportadas por provas convenientes, aplicar o direito". No caso de Kumba Ialá, aplica-se o "capítulo" das "eleições imediatas", uma vez que o ex-presidente foi afastado em Setembro de 2003, tendo a agravante de, no próprio documento, constar uma alínea que o impede de exercer qualquer actividade político-partidária nos cinco anos subsequentes à renúncia, isto é, até Setembro de 2008. Questionado pela Lusa sobre a validade da impugnação à carta de renúncia apresentada pelos advogados de Kumba Ialá, que alegam que o ex-presidente agiu sob coacção dos militares, Carlos Vamain defendeu que esse pedido, apresentado no Tribunal Regional de Bissau (TRB), "não tem valor legal, logo, não faz qualquer sentido". "Se houve um golpe de Estado, na sua sequência, houve a sua respectiva legitimação, com a criação de novos poderes. Há uma Carta (de Transição Política) que legalizou o quadro de transição, que é o seu quadro legal. Não se pode, agora, estar a criar argumentações contra tudo isso", sustentou. "Atentar contra a Carta de Transição é, em si, um golpe de Estado, não faz sentido nenhum e não será constitucionalmente reconhecido", concluiu. O TRB ainda não se pronunciou sobre o pedido de impugnação, desconhecendo-se quando o fará. Fonte: Agência Lusa / Notícias Lusófonas |
«Supremo cometeu erro ao aprovar Nino e Kumba»,
afirma um jurista
O jurista guineense Silvestre Alves disse terça-feira à Agência Lusa que
o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) da Guiné-Bissau cometeu um "erro grave" ao
aprovar as candidaturas presidenciais dos ex-presidentes João Bernardo "Nino"
Vieira e Kumba Ialá.
Falando na qualidade de jurista e deixando, e não de líder do Movimento
Democrático Guineense (MDG), Silvestre Alves, que apoia a candidatura
presidencial de Faustino Imbali, sustentou que esse erro vai trazer
consequências "também graves" a "longo prazo".
"Estas coisas não são simples e têm implicações a longo prazo e nem toda a gente
está à altura de compreender o que é pôr em causa a lei. Acabou-se de prestar um
mau serviço ao país", sustentou, dirigindo sobretudo críticas à aprovação da
candidatura de Kumba Ialá.
"Caímos na chantagem do Partido da Renovação Social (PRS), do Kumba e dos seus
acólitos, que nos puxaram. Foram-nos levando até chegarmos a este ponto. Eu
quero ver quem vai ser capaz de dizer que a maioria dos votos são do senhor A e
não do senhor Kumba, porque disseram que vão ganhar e deram passos
intimidatórios até serem admitidos", destacou.
Para Silvestre Alves, um dos ideólogos da Junta Militar que liderou o conflito
militar de 1998/99, que levou à destituição de "Nino" Vieira, e um dos
co-autores da Carta de Transição Política (CTP) que se seguiu ao golpe de Estado
de Setembro de 2003, que pôs fim ao regime de Kumba Ialá, resta agora ver o
"fosso" em que o país se vai meter.
"Não havia nenhuma situação de conflito. As pessoas tiveram foi medo. O PRS deu
um sinal (ao STJ) ao lançar a candidatura de Pedro Infanda (advogado do
ex-presidente) para a eventualidade de a de Kumba não passar. Mas, infelizmente,
acreditamos mais na aparência do que nos factos. O STJ abdicou de aplicar o
direito e criou-se uma situação complicada", sustentou.
Para Silvestre Alves, o STJ deveria ter-se baseado numa lei "expressa e
completamente clara", que é a CTP, "um instrumento feito à justa medida para
gerir a transição", sublinhou.
Ao não aplicar o estabelecido na CTP, o Supremo "lava as suas mãos, feito
Pilatos", permitindo deixar passar o candidato Kumba Ialá, da mesma forma que,
"com um exercício mais elaborado", levaria também a que Nino Vieira pudesse
igualmente passar.
"Juridicamente, tanto um como outro não tinham condições de passar", afirmou.
Fonte: Agência Lusa / Notícias Lusófonas
«Decisão do Supremo é capitulação do
poder judicial»
O Bastonário da Ordem dos Advogados (OA) da Guiné-Bissau defendeu hoje
que a decisão do Supremo Tribunal de Justiça (STJ), ao aceitar as candidaturas
dos ex-presidentes "Nino" Vieira e Kumba Ialá, representa a "absoluta
capitulação do poder judicial".
Por José Sousa Dias
da Agência Lusa
Numa entrevista à Agência Lusa, Armando Mango sublinhou que os profissionais da
Justiça guineense aguardavam a decisão do Supremo para "finalmente afirmar a sua
independência" do poder político, mas, "mais uma vez", isso não se verificou.
Segundo o bastonário dos advogados, o Supremo, ao aprovar as candidaturas de
"Nino" Vieira e Kumba Ialá às eleições presidenciais do próximo dia 19 de Junho,
rejeitando as de sete dos 21 candidatos, tomou uma "decisão política" e deixou
de lado a perspectiva "jurídica".
"Toda esta situação provocada pelo Supremo é a absoluta capitulação do poder
judicial. Todos pensámos que o Supremo iria afirmar-se, arrastando consigo toda
a máquina judicial, e que esta era a oportunidade ideal para isso. Infelizmente
enganei-me", observou.
Armando Mango, que sublinhou desconhecer o conteúdo dos acórdãos, afirmou, por
outro lado, que Kumba Ialá "tem agora, se quiser, todos os poderes" para
impugnar todo o processo eleitoral, toda a transição e até o próprio golpe de
Estado de que foi alvo em Setembro de 2003.
"(Kumba Ialá) tem elementos para impugnar as eleições legislativas passadas e
este governo que está no poder. Vem aí todo um manancial de questões que o
Supremo deveria ter previsto, amadurecido e decidido conforme a lei e não
conforma a política", sustentou.
"Se a candidatura de Kumba Ialá passa no Supremo é porque ninguém teve em conta
a renúncia. Se a renúncia foi consagrada na Carta de Transição, significa que
puseram em causa a Carta de Transição. Se se pôs em causa a Carta de Transição,
significa que se pôs em causa a transição. Se se pôs em causa a transição,
puseram em causa tanto o governo de transição como o presidente de transição
como ainda o próprio governo que saiu das legislativas", acrescentou Armando
Mango.
No seu entender, Kumba Ialá tem, assim, "se quiser", as "portas abertas" para
contestar toda a transição e "reassumir o poder" sem que haja a necessidade de
se realizarem eleições.
A questão passa por Kumba Ialá ter apresentado, em Janeiro deste ano, 15 meses
após ter renunciado ao cargo de presidente da República, uma impugnação à Carta
de Renúncia no Tribunal Regional de Bissau, que ainda não tomou qualquer
decisão.
No entanto, a candidatura de Kumba Ialá, no entender de Armando Mango, torna-se
"irreversível" a partir do momento em que o Supremo Tribunal tem prevalência
sobre o Tribunal Regional, pelo que a decisão sobre a impugnação está
"tacitamente resolvida".
"Tudo isso é uma incongruência. Se há uma impugnação da renúncia, apresentada no
tribunal, e se esse tribunal ainda não decidiu, e se há uma Carta de Transição
que diz que o renunciante não pode candidatar-se nos próximos cinco anos, a
lógica seria que, ou o Supremo esperasse pela decisão do Tribunal Regional, ou
então, que indeferisse a candidatura por pendência de processo judicial",
sustentou.
"Não se esperou pela decisão do processo no Tribunal Regional e a candidatura
passou com a Carta de Transição depositada no Supremo. Não percebo por que é que
a candidatura (de Kumba Ialá) passou. Deve ter sido um comité qualquer e não um
Supremo que decidiu isso", afirmou.
Armando Mango, que disse "já esperar tudo do sistema judicial" guineense,
alertou para a eventualidade do cenário que pode surgir se o Tribunal Regional
de Bissau vier a decidir que a renúncia de Kumba Ialá não podia ser impugnada.
Segundo o bastonário da Ordem dos Advogados da Guiné-Bissau há um "simples
facto" que tem de ser tido em conta e que é a prescrição do prazo de reclamação
apresentado por Kumba Ialá.
"Não é sobre o fundo da causa mas sim sobre a forma. O prazo para a impugnação
prescreveu pois, sendo uma anulabilidade, a impugnação deveria ter sido
apresentada no prazo máximo de um ano. Foi para lá de um ano (15 meses) e só
esse elemento permitiria que o processo fosse liminarmente indeferido",
sustentou.
Armando Mango sublinhou que, para ter uma decisão "lógica e coerente", seria
"preferível" que o Supremo tivesse aprovado todas as 21 candidaturas, uma vez
que "algumas delas são tão polémicas" que, ao serem admitidas, "soa a grande
injustiça ter candidatos excluídos".
A este propósito citou o caso do líder do Partido Unido Social- Democrata (PUSD),
Francisco Fadul, um dos sete candidatos excluídos pelo STJ, questionando como é
possível ter sido primeiro-ministro (1999/2000) e ver agora a sua candidatura
rejeitada.
"Deve ter havido um comité, que não é jurídico, que decidiu as candidaturas de
Kumba Ialá e "Nino" Vieira, e houve um STJ que decidiu as outras. Para quê dois
pesos e duas medidas?", questionou Armando Mango, notando que os excluídos
"podem" recorrer pelas vias legais.
Questionado pela Lusa sobre se, depois de tudo o que se passou, esses candidatos
excluídos podem acreditar na Justiça, Armando Mango respondeu que não, mas
sublinhou: "infelizmente, essa é a única via que existe".
Em relação a "Nino" Vieira, o Bastonário da Ordem dos Advogados defende que há
uma interpretação que "pode ter várias cambiantes" e que, por essa razão, "não é
linear".
"Segundo o meu ponto de vista, o candidato renunciante ("Nino" Viera também
renunciou em 1999) não poderia candidatar-se no primeiro mandato e num mandado
subsequente. Houve um mandato que passou (o de Kumba Ialá), está a faltar o
segundo, que não passou e, assim, o prazo ainda não venceu. Se não venceu, então
essa candidatura (a de "Nino" Vieira) não devia passar. Voltamos à decisão
política", concluiu.
Fonte: Agência Lusa / Notícias Lusófonas
15-05-2005 18:56:00. Fonte LUSA.
Notícia SIR-7002805
Temas: política áfrica Guiné-Bissau
presidente
Guiné: Kumba Ialá auto-proclama-se Presidente da
República (ACTUALIZADA)
Guiné-Bissau, 15 Mai (Lusa) - O ex-chefe de Estado guineense, Kumba Ialá, auto-proclamou-se hoje presidente da República, afirmando que vai cumprir até ao fim o seu mandato de cinco anos, interrompido três anos e meio depois de iniciado. O anúncio foi feito hoje pelo próprio na sua residência particular, cerca das 16:20 locais (17:20 em Lisboa). Kumba Ialá - eleito Presidente em Janeiro de 2000 - foi destituído a 14 Setembro de 2003, na sequência de um golpe de Estado, tendo assinado três dias depois uma carta de renúncia que o Supremo Tribunal de Justiça guineense considerou "não ter resultado de um acto de liberdade e de vontade". "Uma vez decidido o caso no tribunal, decidi dirigir-me ao povo da Guiné-Bissau para revogar publicamente a carta de renúncia e, consequentemente, reassumir o cargo de Presidente da República", explicou hoje. Na sua intervenção, Kumba Ialá, que garante ter sido obrigado a assinar a renúncia, sublinhou ter sido forçado a manter "silêncio" durante um ano e oito meses, razão pela qual remeteu o caso para os tribunais. "No decurso do processo no tribunal, os militares [do comité militar] foram notificados para se pronunciarem sobre o acto de renúncia e reconheceram que tinha sido obtido através da coacção moral e física", afirmou. Ainda na "declaração política" de hoje, Kumba Ialá apelou à comunidade internacional para "fazer parte da solução e não do problema". Kumba Ialá afirmou ainda que as eleições presidenciais, marcadas para 19 de Junho, são um caso "que se verá mais tarde", insistindo em cumprir o seu mandato presidencial de cinco anos até ao fim. Por outro lado, Kumba Ialá não adiantou quando se vai sentar na Presidência da República, limitando-se a indicar que segunda-feira será "um dia de reflexão" e terça-feira será realizada uma "manifestação de apoio ao retomar do poder". "O meu mandato não terminou e tenciono cumpri-lo até ao fim", afirmou na sua residência situada no bairro militar em Bissau, onde defronte se encontrava cerca de uma centena de apoiantes que escutaram a sua declaração através de altifalantes. A maioria dos órgãos de comunicação social na Guiné-Bissau estão em frente à residência particular do presidente da transição, Henrique Rosa, onde começa a gerar-se alvoroço com a presença da maioria dos seus assessores, estando dois veículos da polícia de intervenção rápida, com cerca de 10 elementos, a percorrer as principais ruas de Bissau. JSD. Lusa/Fim |
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15.05.2005
A decisão do Supremo Tribunal de Justiça em relação à validação das candidaturas de Kumba Yalá e de Nino Vieira, abre espaço para uma infinidade de interrogações e, obviamente, de interpretações.
Partindo do princípio de que o Estado tem no Ministério Público, o seu representante e defensor na área jurídica, quero deixar aqui as seguintes pistas com respeito às pessoas de Kumba Yalá e de Nino Vieira que, viram as suas candidaturas aprovadas, quando deviam essas 2 pessoas ser inquiridas por procedimentos lesivos aos interesses do Estado da Guiné-Bissau durante o período das suas presidências.
Independentemente de haver ou não processos de acusação formalizados, creio que nenhum guineense tem dúvida da existência de crimes de vária ordem, perpetrados por estas 2 figuras, cada um à sua medida, ambos por interesse pessoal e não por obrigações ou motivações patrióticas.
Com base neste pressuposto e, sabendo de antemão que ambas as figuras são suspeitas de crimes e por isso, poderem vir a ser acusadas e a terem que responder em Tribunal, a afirmação da Justiça, neste caso, através do Supremo Tribunal de Justiça, deveria ser de providência, de cumprimento da lei, de defesa dos interesses do país.
Vejamos alguns processos que deveriam ser mandados investigar, formalizar ou reabrir pelo Ministério Público em relação a estas 2 figuras:
Nino Vieira
1- Fuzilamentos
a) (Sayegh, Jamanca, Sicres, André Gomes, Paulo Correia, Viriato Pã, Pedro Ramos, Braima Bangura, Nfone, Nfore Bitna, etc.);
2- Assassinatos
Várias figuras civis e militares foram assassinadas por sua ordem durante o período em que foi Presidente da Guiné-Bissau. Todos sabemos que assim foi e se não há provas concretas, foi porque ele as destruiu. Em todo o caso, deve-se avançar com uma investigação.
a) (Jorge Quadros, Nicandro Barreto, Veríssimo Correia Seabra, Domingos Barros, etc.)
b) Guerra civil de 1998/99: centenas de vítimas civis
3- Prisões, Torturas e Perseguições
4- Tráfico e Venda de Armas
5- Corrupção/Desvio de dinheiro/enriquecimento ilícito
6- Tráfico de influência, Fomento do Tribalismo e Instigação a sublevação militar e civil
7- Violação de normas de cidadania pondo em causa a Segurança do Estado
8- Abuso de autoridade e violação de mulheres
Fotos: www.africanidades.blogger.com.br
Kumba Yalá
1-Assassinatos
Durante a sua presidência, vários militares foram assassinados, destacando-se o Brigadeiro Ansumane Mané
Cadáver de Ansumane Mané
2-Prisões, Torturas e Perseguições
Vários militares foram presos, torturados e perseguidos
3- Tráfico de Influência, Incitamento ao Tribalismo e à Violência
4- Corrupção
5- Gestão danosa / Delapidação do Estado
Quero deixar aqui uma pergunta: E se um dia os membros do colectivo de juízes do Supremo Tribunal de Justiça disserem que foram coagidos a validar as candidaturas de Nino Vieira e de Kumba Yalá através de ameaças de morte...? Por acaso Kumba Yalá não tem afirmado que ele também assinou a renúncia porque foi obrigado a fazê-la ...?!
Vamos continuar a trabalhar.
Fernando Casimiro (Didinho)
15.05.2005
18.05.2005
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Depois desta nova lista apresentada pelo Supremo Tribunal de Justiça, temos os 17 candidatos oficiais que disputarão as eleições presidenciais na Guiné-Bissau, no dia 19 de Junho de 2005.
Espero trabalhar melhor a listagem oficial, com fotografias e dados pessoais dos candidatos pois é importante que assim seja. Enquanto isso não acontece, volto a deixar mais perguntas de sensibilização para que cada um faça a sua análise e interpretação, tendo sempre o país, a Guiné-Bissau, como referência principal.
Num pequeno país, 36.125 km², com uma população estimada em 1.400.000 habitantes, assiste-se a permanentes disputas pelos assentos do Poder, tanto para eleições legislativas, como para eleições presidenciais.
Irmãos que se desentendem porquanto todos quererem liderar algo, mandar nalguma coisa, em alguém. E, por força da ganância, não se olha a meios para se atingirem os fins.
Dir-se-ia que todos querem ser úteis ao país e cada um, na base da concorrência, julga que os seus préstimos serão os melhores para o país. Tem sido assim...?!
Uns formam Partidos, outros estão na linha da frente dos Partidos a que pertencem. Todos querem ser: Presidente ou Primeiro Ministro ou então Ministro seja do que for. Mas por que raio, esta ambição desmedida pelo Poder se tornou num modo de vida dos guineenses?
Será que quantos mais Partidos houver, maiores alternativas se apresentam para o país..?
Será que quantos mais candidatos a Presidente da República houver, maiores alternativas se apresentam para o país...?
Percentualmente, não seremos poucos para sermos tão divisíveis de forma a nos dispersarmos em torno de objectivos de grupo em vez de nos unirmos à volta de objectivos nacionais...?
Boa leitura, boa reflexão.
Fernando Casimiro (Didinho)
18.05.2005
22.05.2005
Apostar na sensibilização
Na Guiné-Bissau, por força das circunstâncias, o comportamento da maioria das pessoas é imprevisível. Sem ofensa, penso que um dos nossos grandes defeitos passa por não definirmos princípios de orientação (em todos os aspectos) enquanto pessoas e, portanto, não termos o hábito de avaliar a nossa própria pessoa em relação ao nosso próprio comportamento. Somos seres racionais, mas deixamo-nos manipular e instrumentalizar, pois julgamos que é mais fácil os outros pensarem e decidirem por nós, até porque, segundo este raciocínio parasita, se algo de mal acontecer, a responsabilidade nunca é imputada a nós... Mas daqui parte a seguinte interrogação: o que somos enquanto seres humanos e guineenses? Se as responsabilidades podem não nos ser imputadas directamente, que dizer das consequências a que estamos sujeitos e que podem advir desta nossa tendência em "entregarmo-nos" aos outros? O manipulador, esse, tem os seus princípios definidos, constantemente actualizados por forma a conseguir ultrapassar eventuais tomadas de consciência dos manipulados. Digamos que por um lado há um trabalho consciente do manipulador que tem sempre objectivos traçados. Por outro lado, há um assumir inconsciente por arrastamento, da condição de manipulado, normalmente caracterizado por apoios directos ao manipulador e toda a sua máquina, tendo como consequência o desleixamento em relação às causas comuns a todos e, em particular, a utilização, cultivo e valorização do nosso próprio pensamento. A manipulação é o maior obstáculo à mudança de mentalidades na Guiné-Bissau, sendo por isso, um entrave ao desenvolvimento do próprio país. Fernando Casimiro (Didinho) 22.05.2005
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Os Vírus da nossa sociedade
Por: Fernando Casimiro (Didinho)
22.05.2005
O país está atento aos movimentos de Kumba Yalá. O país aguarda pelos movimentos de Nino Vieira.
O país começou a fazer sondagens. Diz-se, que Kumba Yalá sabe que vai perder nas próximas eleições presidenciais e, por isso, estar a criar e a espalhar confusão em Bissau, confusão essa que, vai ecoando por todo o Mundo, desgastando cada vez mais a imagem da Guiné-Bissau!
O país envolveu-se em manifestações de rua ora organizadas por Kumba Yalá e seus seguidores, ora organizadas por sectores da sociedade civil, estando agendada para 25 de Maio um Mega-Comício pela paz, organizado por 25 Partidos políticos que estão contra a recente auto-proclamação de Kumba Yalá a Presidente da República. Auto-proclamação essa que, apesar de desvalorizada internamente, devia constituir motivo de apreensão e análise bem como de encaminhamento para as autoridades competentes, dado o forte impacto que teve principalmente junto dos organismos internacionais que têm providenciado ajudas e planos de recuperação económica para a Guiné-Bissau e em que a estabilidade institucional é a exigência número 1 como garantia da continuidade dos programas de apoio em execução.
Na Guiné-Bissau, o realismo da situação é encarado com alguma ingenuidade, isto porque a maioria dos guineenses acha que Kumba Yalá é um louco, tendo muitos analistas no terreno, avançado com pontos de vista insignificantes, insensatos e descoordenados com os movimentos de afronta diários que têm abalado o país.
A meu ver, Kumba Yalá e Nino Vieira, são o que se pode chamar de Vírus da sociedade. Ambos contaminaram o país com os seus males. A propagação destes 2 vírus continua, sem que as autoridades competentes definam planos para o isolamento destes 2 agentes infecciosos, ou para a descontaminação da própria sociedade em si, que vai evoluindo com alguma promiscuidade, sem saber como se livrar da praga destes 2 vírus e das propagações em crescendo.
Kumba Yalá e Nino Vieira têm algo em comum que ninguém pode negar: Ambos são sinónimos da discórdia entre os guineenses, mas atenção que, numa estratégia desacertada, ambos podem vir a ser vitimizados e transformados em mártires por não se estar a preparar a melhor forma de lidar com estes 2 ditadores neste processo eleitoral em curso na Guiné-Bissau. Se em relação a Nino Vieira aguarda-se pelos movimentos, já em relação a Kumba Yalá, os movimentos passo a passo vão se descortinando e é aqui que as avaliações tendentes a minimizar Kumba Yalá poderão fazer explodir o país. Se à partida se considera Kumba Yalá um derrotado nas próximas eleições, se à partida se julga que as altas patentes militares não estão em sintonia com Kumba Yalá, até se pode estar a acertar na mosca, mas será que o país se esqueceu das estratégias de Kumba Yalá? Quem não se lembra de quando Helder Proença, hoje mandatário de campanha de Nino Vieira foi chamado por Kumba e enrolado por ele com propostas ilusórias do tipo prometer rebuçado a uma criança... numa altura má da sua vida?
Quem não se lembra do badalado caso em que Amine Saad fez confissões a Kumba Yalá sobre o PAIGC, tendo este posteriormente usado as gravações audio efectuadas sem o conhecimento de Amine Saad para criar uma crise no país e comprometer Amine Saad?
Durante a sua presidência, Kumba nomeou e exonerou ministros a seu gosto e prazer. Falava-se mal dele, mas na hora de ele convidar alguém,(que me lembre, só Zinha Vaz agiu com maturidade, não aceitando e contrapondo a sua posição) todos se ofereciam, pois todos queriam estar no Poder, a que custo...?
Quantos Doutores da nossa praça foram coniventes com Kumba Yalá? Sabem esses senhores Doutores o mal que fizeram ao país, mas estarão eles seguros se Kumba Yalá tem ou não gravações comprometedoras a respeito deles? O mesmo se passa em relação às altas patentes militares. Kumba Yalá que não é militar, consegue pressionar a hierarquia militar do país. Tanta promiscuidade, tanta cumplicidade, não podem cair de qualquer maneira...pois, e se Kumba resolve abrir o jogo mostrando os seus trunfos?!
Claro que em nenhuma situação Kumba sairia vencedor, mas sendo desde já considerado um candidato derrotado, pode vir a arrastar o país para uma situação de credo na boca, porquanto, mesmo que se diga que ele é louco, pode ter provas comprometedoras em relação a muita gente que ainda continua influente no país e que, os guineenses de certeza não iriam gostar de saber. Estariamos perante um cenário de turbulência social caracterizado por um verdadeiro ajuste de contas...
Mas como a tendência é para o ajuste de contas, então os abutres que se comam uns aos outros. Escolham os alvos entre si e deixem os guineenses de bem reconstruírem o país a que têm direito!
06.06.2005
Peço a compreensão de todos quantos têm acedido ao site e particularmente a esta secção, pelo facto de não ter disponibilizado trabalhos nos últimos dias. Quero contudo dizer-vos que, os objectivos da sensibilização mantêm-se, e é precisamente por continuar a trabalhar este aspecto que a estratégia de apresentação aconselha a uma envolvência de estudo mais abrangente no sentido de possibilitar ao eleitorado nacional as "ferramentas" essenciais para uma melhor preparação para o grande desafio que o país, através de todos nós, tem pela frente com as eleições presidenciais de 19 de Junho.
Com base nisto, deixo-vos hoje excertos da nossa CONSTITUIÇÃO sobre os Órgãos de Soberania e particularmente sobre o Presidente da República, para uma apreciação cuidada, onde de certeza, poderão ver que a Lei existe e é clara, mas não é cumprida por quem de direito, simplesmente porque não há respeito pela separação de poderes, conforme determina a CONSTITUIÇÃO.
Os capítulos que irão ler e analisar são importantes para a vossa preparação na avaliação dos candidatos quer pelos seus manifestos eleitorais, quer pelos seus discursos normalmente viciados e carregados de demagogia.
Ficam a saber o que é que o Presidente pode ou não pode fazer ao abrigo da CONSTITUIÇÃO da REPÚBLICA.
Fernando Casimiro (Didinho)
CAPÍTULO 1
DOS PRINCÍPIOS
GERAIS
ARTIGO 59º
1 - São órgãos de soberania o Presidente da República, a Assembleia Nacional Popular, o Governo e os tribunais.
2 - A organização do poder político baseia-se na separação e independência dos órgãos de soberania e na subordinação de todos eles à Constituição.
ARTIGO 60º
«O sistema eleitoral, as condições de elegibilidade, a divisão do território em círculos eleitorais, o número de deputados, bem como o processo e os órgãos de fiscalização dos actos eleitorais, serão definidos na Lei Eleitoral.
ARTIGO 61º
«Os titulares de cargos políticos respondem política, civil e criminalmente pelos actos e omissões que pratiquem no exercício das suas funções.
CAPÍTULO II
DO PRESIDENTE
DA REPÚBLICA
ARTIGO 62°
1 - O Presidente da República é o Chefe do Estado, símbolo da unidade, garante da independência nacional e da Constituição e Comandante Supremo das Forças Armadas.
2 - O Presidente da República representa a República da Guiné-Bissau.
ARTIGO 63°
1 - O Presidente da República é eleito por sufrágio livre e universal, igual, directo, secreto e periódico dos cidadãos eleitores recenseados.
2 - São elegíveis para o cargo de Presidente da República os cidadãos eleitores guineenses de origem, filhos de pais guineenses de origem, maiores de 35 anos de idade, no pleno gozo dos seus direitos civis e políticos.
ARTIGO 64°
1 - O Presidente da República é eleito por maioria absoluta dos votos validamente expressos.
2 - Se nenhum dos candidatos obtiver a maioria absoluta, haverá lugar, no prazo de 21 dias, a um novo escrutínio, ao qual só se poderão apresentar os dois concorrentes mais votados.
ARTIGO 65°
As funções de Presidente da República são incompatíveis com quaisquer outras de natureza pública ou privada.
ARTIGO 66°
1 - O mandato do Presidente da República tem a duração de cinco anos.
2 - O Presidente da República não pode candidatar-se a um terceiro mandato consecutivo, nem durante os cinco anos subsequentes ao termo do segundo mandato.
3 - Se o Presidente da República renunciar ao cargo, não poderá candidatar-se às eleições imediatas, nem às que sejam realizadas no quinquénio imediatamente subsequente à renúncia.
ARTIGO 67°
O Presidente da República eleito é investido em reunião plenária da Assembleia Nacional Popular, pelo respectivo Presidente, prestando nesse acto o seguinte juramento: “Juro por minha honra defender a Constituição e as leis, a independência e a unidade nacionais, dedicar a minha inteligência e as minhas energias ao serviço do povo da Guiné-Bissau, cumprindo com total fidelidade os deveres da alta função para que fui eleito”.
ARTIGO 68°
São atribuições do Presidente da República:
a) Representar o Estado Guineense;
b) Defender a Constituição da República;
c) Dirigir mensagem à Nação e à Assembleia Nacional;
d) Convocar extraordinariamente a Assembleia Nacional Popular sempre que razões imperiosas de interesse público o justifiquem;
e) Ratificar os tratados internacionais;
f) Fixar a data das eleições do Presidente da República, dos deputados à Assembleia Nacional Popular e dos titulares dos órgãos de poder local, nos termos da lei;
g) Nomear e exonerar o Primeiro-Ministro, tendo em conta 6s resultados eleitorais e ouvidas as forças políticas representadas na Assembleia Nacional Popular;
h) Empossar o Primeiro-Ministro;
i) Nomear e exonerar os restantes membros do Governo, sob proposta do Primeiro-Ministro, e dar-lhes posse;
j) Criar e extinguir ministérios e secretarias de Estado, sob proposta do Primeiro-Ministro;
l) Presidir o Conselho de Estado;
m) Presidir o Conselho de Ministros, quando entender;
n) Empossar os juízes do Supremo Tribunal de Justiça;
o) Nomear e exonerar, sob proposta do Governo, o Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas;
p) Nomear e exonerar, ouvido o governo, o Procurador-Geral da República;
q) Nomear e exonerar os Embaixadores, ouvido o Governo;
r) Acreditar os embaixadores Estrangeiros;
s) Promulgar as leis, os decretos-lei e os decretos;
t) Indultar e comutar penas;
u) Declarar a guerra e fazer a paz, nos temos do artigo 85°, nº 1, alínea), da Constituição;
v) Declarar o estado de sítio e de emergência, nos termos do artigo 85°, nº 1, alínea i), da Constituição;
x) Conceder títulos honoríficos e condecorações do Estado;
z) Exercer as demais funções que lhe forem atribuídas pela Constituição e pela lei.
ARTIGO 69°
1 - Compete ainda ao Presidente da República:
a) Dissolver a Assembleia Nacional Popular, em caso de grave crise política, ouvidos o Presidente da Assembleia Nacional Popular e os partidos políticos nela representados e observados os limites impostos pela Constituição;
b) Demitir o Governo, nos termos do nº 2 do artigo 104° da Constituição;
c) Promulgar ou exercer o direito de veto no prazo de 30 dias contados da recepção de qualquer diploma da Assembleia Nacional Popular ou do Governo para promulgação.
2 - O veto do Presidente da República sobre as leis da Assembleia Nacional Popular pode ser superado por voto favorável da maioria de dois terços dos deputados em efectividade de funções.
ARTIGO 70°
No exercício das suas funções, o Presidente da República profere decretos presidenciais.
ARTIGO 71°
1 - Em caso de ausência para o estrangeiro ou impedimento temporário, o Presidente da República será substituído interinamente pelo Presidente da Assembleia Nacional Popular.
2 - Em caso de morte ou impedimento definitivo do Presidente da República, assumirá as funções o Presidente da Assembleia Nacional Popular ou, no impedimento deste, o seu substituto até tomada de posse do novo Presidente eleito.
3 - O novo Presidente será eleito no prazo de 60 dias.
4 - O Presidente da República interino não pode, em caso algum, exercer as atribuições previstas nas alíneas g), i), m), n), o), s), v) e x) do artigo 68° e ainda nas alíneas a), b) e c) do nº 1 do artigo 69° da Constituição.
5 - A competência prevista na alínea J) do artigo 68° só poderá ser exercida pelo Presidente da República interino para cumprimento no nº 3 do presente artigo.
ARTIGO 72°
1 - Pelos crimes cometidos no exercício das suas funções o Presidente da República responde perante o Supremo Tribunal de Justiça.
2 - Compete à Assembleia Nacional Popular requerer ao Procurador-Geral da República a promoção da acção penal contra o Presidente da República sob proposta de um terço e aprovação de dois terços dos deputados em efectividade de funções.
3 - A condenação do Presidente da República implica a destituição do cargo e a impossibilidade da sua reeleição.
4 - Pelos crimes cometidos fora do exercício das suas funções, o Presidente da República responde perante os tribunais comuns, findo o seu mandato.
CAPÍTULO III
DO CONSELHO DE ESTADO
ARTIGO 73°
O Conselho de Estado é o órgão político de consulta do Presidente da República.
ARTIGO 74°
1 - O Conselho de Estado é presidido pelo Presidente da República e composto pelos seguintes membros:
a) O Presidente da Assembleia Nacional;
b) O Primeiro-Ministro;
c) O Presidente do Supremo Tribunal de Justiça;
d) O representante de cada um dos partidos políticos com assento na Assembleia Nacional Popular;
e) Cinco cidadãos designados pelo Presidente da República pelo período correspondente à duração do seu mandato.
2 - O representante a que se refere a alínea d) do número anterior é escolhido por cooptação entre os deputados à Assembleia Nacional Popular.
3 - Os membros do Conselho de Estado são empossados pelo Presidente da República.
ARTIGO 75°
Compete ao Conselho de Estado:
a) Pronunciar-se sobre a dissolução da Assembleia Nacional Popular;
b) Pronunciar-se sobre a declaração de estado de sítio e de emergência;
c) Pronunciar-se sobre a declaração da guerra e a instauração da paz;
d) Aconselhar o Presidente da República no exercício das suas funções, quando este lho solicitar.
11.06.2005
Irmãos,
Caminhamos a passos largos para o dia do exercício de voto.
Caminhamos a passos largos para o fim do processo de transição estipulado pela Carta Nacional de Transição na sequência do golpe de Estado de 14 de Setembro de 2003. Processo este que, apesar de muitas contrariedades, violações e turbulências, pode-se considerar aceitável, pois das exigências máximas tidas como objectivas para a reposição dos valores institucionais do Estado 3 já foram realizadas:
1- Eleições Legislativas
2- Início das actividades da Assembleia Nacional Popular
3- Eleições no Supremo Tribunal de Justiça
Falta apenas a realização das Eleições Presidenciais marcadas para 19 de Junho.
Estas eleições presidenciais são decisivas para o país, e porque num processo eleitoral o voto é que decide, cabe, neste caso, aos guineenses que estão inscritos como eleitores, decidir a quem entregar a representação do país pois o Presidente da República e, segundo a Constituição, é quem representa a República da Guiné-Bissau.
Cabe igualmente a todos os guineenses não inscritos, quer por se encontrarem na diáspora, quer por outros condicionalismos, participar no processo eleitoral ajudando na sensibilização dos que estão devidamente inscritos e vão escolher o Presidente da República.
E porque caminhamos a passos largos para o dia da votação e tendo em conta que a diáspora guineense tem tido muita envolvência na procura de soluções positivas para o país, sugeria que tomássemos como desafio esta reflexão: "Quem sabe tem a obrigação moral de ensinar/informar quem menos sabe."
Todos sabemos do elevado índice de analfabetismo que o país apresenta, todos conhecemos as reais capacidades que o país tem a nível dos seus recursos humanos. Todos devemos perder o complexo em aprender com quem nos pode ensinar/informar, assim como, todos os que têm capacidade para ensinar devem ter disposição, consideração e humildade suficientes para ensinar quem precisa.
Estas eleições presidenciais, para além do elevado número de candidatos, tem a exemplo de outras a que o país já assistiu, um "anunciado" desrespeito pelo eleitorado nacional por parte de alguns candidatos que julgam poder comprar os votos do povo guineense com ofertas adquiridas com o dinheiro roubado ao próprio país. Junta-se a isto, os discursos manipuladores que demonstram ignorância pelas atribuições e competências do Presidente da República, conforme a Constituição da República.
Que fique bem claro o seguinte:
O Presidente da República não é Governo.
O Presidente da República não faz nem aprova o Orçamento Geral do Estado.
O Presidente da República não define programas de governação.
O Presidente da República deve aceitar as atribuições que lhe são conferidas e respeitar a SEPARAÇÃO DE PODERES conforme estipula a CONSTITUIÇÃO da República.
Sensibilizar o eleitorado nacional e as nossas populações em geral para o perigo da manipulação é tarefa de todos nós.
Faço um apelo aos nossos emigrantes, quaisquer que sejam as suas actividades no estrangeiro. Emigrantes que têm contribuído com remessas significativas de dinheiro e bens materiais o que tem ajudado a minimizar os problemas sociais do país, para que colaborem na sensibilização dos seus familiares, por forma a que o sentido de voto não seja influenciado pelo efeito da manipulação. Para isso, a estratégia consiste em cada um telefonar aos seus familiares e debater a situação das eleições com eles, sensibilizando-os para a importância de uma escolha criteriosa.
O país tem que agarrar a oportunidade da Mudança, rompendo com o passado desastroso!
Fernando Casimiro (Didinho)
12.06.2005
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15.06.2005
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17.06.2005
Antevisão
17.06.2005
Este trabalho não deve ser visto como reflexo de algum pessimismo em relação à conjuntura actual da Guiné-Bissau.
Trata-se, isso sim, da interligação de situações do dia-a-dia e da análise de encaixe das mesmas num quadro político-social "nublado" desenhado e pintado por artistas e admiradores, em simultâneo, numa conjugação perfeita de tendências manifestamente assumidas e, propícias a um ajuste de contas há muito "anunciado" ainda que sem data e hora marcadas.
O país está calmo diz-se. Aparentemente calmo digo eu.
Observadores internacionais chegados ao país congratulam-se com o clima pacífico da campanha eleitoral em curso. O Secretário Geral da ONU bem como o Presidente em exercício da União Africana felicitam o Presidente da República interino e o Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas pela forma tranquila como tem decorrido a campanha eleitoral. Mas o que pensam os guineenses sobre estas eleições e sobre os inúmeros cenários possíveis ou previsíveis, no rescaldo do acto eleitoral e com o anúncio do novo Presidente?
Pude trocar impressões com inúmeras pessoas, pude recolher opiniões de várias sensibilidades.
As grandes conclusões a que cheguei são estas:
Nunca o país esteve tão dividido como está neste momento!
A manipulação aliada à ignorância está presente e em força.
Há um vazio de referência e preferência pelos candidatos.
Há uma
convicção profunda de que estas eleições nunca chegarão a ser festejadas
seja quem for o seu vencedor porquanto, o ajuste de contas neste momento,
estar há muito traçado como profecia para o país. A Guiné-Bissau viverá momentos conturbados de novo, atravessará um período de letargia, mas ressurgirá iluminada por uma outra profecia; A profecia do reencontro definitivo entre irmãos. |
A estas eleições presidenciais continuo teimosamente a associar o caso "06 de Outubro de 2004 "!
Um associar não no sentido de alguma interferência directa nos pressupostos estipulados pela Carta Nacional de Transição com vista às eleições presidenciais, mas sim aos factores estranhos que possibilitaram em tempo útil, toda a movimentação que desse forma a uma grande jogada estratégica que permitiu a João Bernardo Vieira "Nino", apresentar-se como candidato independente a estas eleições.
Como escrevi anteriormente, Nino Vieira é o rosto principal do "06 de Outubro", que continuo a dizer tratar-se de um golpe de Estado noutros moldes que não o habitual. Este golpe de Estado fomentou situações de anarquismo, tendo-se aproveitado das eleições presidenciais marcadas para 19 de Junho para possibilitar o regresso de Nino Vieira à Guiné-Bissau sem ter que ser julgado pelos crimes que cometeu, e fazer dele um candidato, por forma a estar "limpo" perante a Comunidade Internacional, tendo caminho aberto para continuar no terreno a estratégia golpista em curso.
Nino Vieira "investiu" tudo para regressar ao poder na Guiné-Bissau. Sabe que se perder estas eleições tornar-se-á vulnerável, até porque o exílio terminou e o seu julgamento seria apenas uma questão de tempo, quer fosse em Tribunal, quer fosse na praça pública!
Ora é precisamente por isso que este homem vai marcar o país uma vez mais pela negativa, porquanto se considerar já "presidente da Guiné-Bissau", estando apenas à espera dos votos, ou, em último caso e como recurso, usar a força caso a votação não lhe ser favorável.
Quero alertar para o facto de toda a elite de comando das Forças Armadas guineenses, afecta a Nino Vieira durante o conflito militar de 98/99 estar de regresso à Guiné-Bissau, depois do "exílio forçado" na República da Guiné-Conacry. O regresso destes militares foi negociado pelo próprio Nino Vieira e o actual Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas da Guiné-Bissau Tagme Na Waie.
De uma coisa Nino Vieira não tem dúvida: O objectivo é o poder, custe o que custar. Só que, é preciso continuar a mostrar que ele Nino Vieira, é o mais interessado na reconciliação dos guineenses e, por isso, não ser sinónimo de instabilidade!
Este é o ponto de partida para uma abordagem realista do perigo que a candidatura de Nino Vieira constitui para a Guiné-Bissau.
Nino Vieira vai perder nas urnas. Entretanto, continuo a dizer que está em execução um golpe de Estado concebido e dirigido por ele e que condicionará os resultados das eleições presidenciais de 19 de Junho.
E se ele ganhar nas urnas, perguntarão alguns...?
Remotamente isso é possível, mas seria muito mau para o país:
1- Fazia cair o governo de imediato. Qualquer pretexto seria válido.
2- Ao mesmo tempo que derrubava o governo, iniciava o ajuste de contas, sendo extensivo às Forças Armadas, às Forças de Segurança, à sociedade civil e às populações. Todos que não fossem a favor dele era porque eram contra ele e por isso teriam que ser eliminados.
3- O próprio PAIGC seria rebaptizado e readaptado a um novo formato.
4- O país teria de novo um dono, passaria a ser outra vez um bem pessoal de Nino Vieira.
Em caso de derrota nas urnas, Nino Vieira activaria o sistema golpista usando a força para tomar o poder, estando os ensaios concluídos e os seus súbditos preparados para as operações que se seguiriam.
Estaríamos perante um golpe de Estado assumido, que a Comunidade Internacional não se atreveria a dizer: Consumado!
Quer queiramos quer não, Nino Vieira é a figura destas eleições. Uma figura pela negativa, onde o simbolismo que representa é o de traidor da pátria, que em boa verdade, lhe assenta na perfeição!
Os guineenses têm a palavra!
18.06.2005
Reflectir para votar em consciência
Irmãos,
Este é o dia que antecede a ida às urnas para a escolha do novo presidente da Guiné-Bissau.
É considerado o dia de Reflexão, porquanto se situar entre o fim da campanha eleitoral e o dia do exercício de voto, o que o torna necessariamente no dia de todos os balanços, de todas as análises e fundamentalmente no dia da concentração para uma meditação digna do termo.
Como Cabral dizia, "Devemos pensar pelas nossas próprias cabeças".
Com base neste brilhante raciocínio, todos nós devemos procurar neste dia, o ponto de concentração para uma meditação com sentido. Qual é então esse ponto de concentração..?! |
A Guiné-Bissau, o país, será sempre o ponto de partida para: a referência, a causa, o objectivo, o ontem, o hoje e o amanhã de todos nós.
É a Guiné-Bissau, o nosso ponto de concentração!
Neste dia de reflexão, devemos refrear os ânimos da campanha eleitoral, devemos viver o momento de reflexão segundo o objectivo da sua designação e atribuição.
Concentremo-nos. Olhemos para o país e façamos a nós mesmos a seguinte pergunta:
O voto útil deve ser para o candidato ou para o país, a Guiné-Bissau?
Esta pergunta e a sua consequente resposta é a mais importante no contexto da reflexão a que hoje nos entregamos.
Votar é um dever cívico, todos os que estiverem recenseados devem exercer o seu direito de voto.
Os candidatos são a essência das eleições, mas, é o país, a razão das eleições!
É o país que está em primeiro lugar, porquanto ser a mãe, o "movimento aglutinador" de todos os guineenses.
No contexto geral do assumir de compromissos para com o país, devemos todos VOTAR NO PAÍS.
Mas como é que se vota no país, se temos uma lista de candidatos em quem votar?
A resposta está na avaliação do que cada candidato já fez, ou pode fazer para o país.
É preciso recuarmos no tempo, é preciso posicionarmo-nos bem no momento presente, para no dia de voto decidirmos com convicção.
Hoje, devemo-nos lembrar também que o arrependimento pode nos acompanhar eternamente. Arrependamo-nos um dia de algo que desconhecíamos e ao qual não tivemos sensibilização suficiente que nos pudesse fazer pensar e decidir de forma coerente.
Evitemos o arrependimento por tomadas de decisão irreflectidas que possam prejudicar o país e manchar as nossas consciências. Evitemos o remorso.
Vota-se no país votando num candidato que seja sinónimo de ESTABILIDADE!
Vota-se no país votando num candidato que vá representar a República da Guiné-Bissau, como define a Constituição da República e não num candidato que vai estar acima da República e vai se representar a ele próprio.
Devemos votar num candidato que não COMPLIQUE !
Devemos votar num candidato que não tenha contas a saldar com o país e com os guineenses.
Devemos votar num candidato que vá respeitar a separação de poderes atribuídas pela Constituição da República, deixando que os demais órgãos de soberania façam uso das atribuições e competências que a Constituição da República lhes confiou.
Devemos votar num candidato que seja capaz de ter a visão necessária para ajudar na captação de apoios para a Guiné-Bissau e não num candidato que seja causador de conflitos e provocações que possam condicionar a obtenção de apoios e investimentos para a Guiné-Bissau.
Meus irmãos,
No geral, devemos votar no candidato que reúne os melhores requisitos dentre os pontos de análise acima referidos.
Pessoalmente, dou o benefício da dúvida a 11 dos 13 candidatos.
Nino Vieira e Kumba Yalá, por tudo o que de negativo fizeram ao país e ao povo da Guiné-Bissau nem mereciam estar na lista de candidatos!
Para que Nino Vieira e Kumba Yalá voltassem a ser presidentes da Guiné-Bissau, seria preciso que do total de mais de um milhão e trezentos mil guineenses, todos tivessem também a sua oportunidade de mostrar os seus dotes de Presidente. A vez deles passou, há mais pessoas a quem dar a oportunidade.
É preciso no entanto reconhecer que tanto Nino Vieira, como Kumba Yalá têm o dom manipulador e podem dividir o eleitorado nacional nas suas pretensões à cadeira presidencial.
É importante também que, a escolha do presidente da República não seja um meio para o derrube do governo legítimo, em funções e que tem sabido gerir rigorosamente os programas de boa governação, possibilitando a esperança na reafirmação da Guiné-Bissau como Estado de Direito.
O meu candidato é a razão destas eleições. O meu candidato é a Guiné-Bissau.
Votemos pois na Guiné-Bissau!
Boa Reflexão.
Decidam em consciência.
Fernando Casimiro (Didinho)
20.06.2005
Por forma a acompanharem a evolução do processo eleitoral, sugiro a consulta destes 3 endereços:
http://www.africanidades.blogger.com.br
http://www.noticiaslusofonas.com
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25.06.2005
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26.06.2005
CARTA ABERTA AO GOVERNO E AOS GUINEENSES
Por: Leopoldo Amado *
25 de Junho de 2005
Infelizmente, da Guiné chegam-nos informações de três mortos, sem
que nada tenhamos ouvido relativamente à criação de uma Comissão de Inquérito
independente para averiguar as circunstâncias em que as mesmas ocorreram.
Estranhamente, também, o que é muito mau, prende-se com o facto de nada ouvimos
sequer sobre um hipotético posicionamento da Liga Guineense dos Direitos Humanos
ou de organizações da sociedade civil.
A sensação com que se fica, e isto é ainda pior, é que morrer na Guiné-Bissau
traduz a existência de uma fatalidade que pode ocorrer a qualquer altura, à
pretexto de qualquer futilidade, qualquer que seja os motivos ou a falta deles,
a tal ponto que os próprios guineenses a isso se habituaram.
Convenhamo-nos, compatriotas, que os três mortos resultantes da confrontação de
elementos afectos ao PRS de Kumba Yalá e de Artur Sanhá não eram necessários e
nem se justificam, sobretudo agora que o país e os guineenses, independentemente
das querelas eleitorais, parecem procurar um rumo colectivo que consubstancie
uma esperança nova no devir da Guiné-Bissau. O que aconteceu é mau e não
pressagia um agoiro doirado para os tempos que se avizinham, sobretudo se se
considerar que o próprio Governo e certos interesses a ele ligados, deixaram-se
excessivamente empolgar pela necessidade de afirmação da sua autoridade,
confundindo-se este com a vontade política de extirpar o "kumbismo" custe o que
custar, mesmo que violentamente.
Os guineenses não podem continuar indiferentes às mortes que ocorrem
sistematicamente nos confrontos com os polícias na nossa sociedade, onde, por
tradição, é quase sempre desproporcional a sua violenta acção em situações que
requeiram a sua pronta e civilizada intervenção. Ou seja, para as "forças da
ordem", dissuasão significa paradoxalmente matar, mesmo quando é sabido que as
mesmas possuem um leque infindável de alternativas legais e efectivamente
dissuasivas, antes de accionaram a extrema, a qual, convenhamo-nos, é
normalmente feita com requintes de sadismo e doentia malvadez.
E impunemente a policia mata... Foi assim em Gabú e Bafatá quando estudantes
reivindicavam melhores escolas e professores; foi assim quando inúmeros cidadãos
ousaram inadvertidamente atravessar a estrada que incompreensivelmente apenas
era reservada à comitiva presidencial; foi assim quando um cidadão nigeriano
ousou protestar na companhia de outros 49 colegas seus contra a forma infame em
que foram deportados da Espanha para Bissau, onde se encontravam detidos em
condições deploráveis há mais de um mês, etc., etc. É caso para interrogar a
razão porque a policia continua a matar impune e gratuitamente irmãos nossos?
Racionalmente, não há pois nenhuma justificação plausível para
que as três mortes e os cerca de uma dezena de feridos não tivessem tido a sorte
de Artur Sanhá, afinal, pretensamente seus mentores. Assim, a avaliar pela ordem
de gravidade das coisas, do qual ressalta a responsabilidade do Governo pela
forma barbara como esses nossos três irmãos foram chacinados, não só ficamos
entristecidos como também comungamos da opinião de que é moralmente inaceitável
que o PRS ou o Artur Sanhá sejam traduzidos à justiça, enquanto o próprio
Governo, a Polícia e o Ministro da tutela não assumirem devida e legalmente a
quota parte de responsabilidade de que procuram eximir-se.
*Historiador guineense
26.06.2005
Guiné Bissau | |
Governo responsabiliza secretário-geral do
PRS pelos incidentes O governo guineense responsabilizou o secretário-geral do Partido da Renovação Social (PRS, o maior da oposição) da Guiné-Bissau pelos incidentes registados sexta-feira numa marcha de protesto, que causaram quatro mortos e seis feridos. Num comunicado, assinado pelo ministro da Administração Interna (MAI), Mumine Embalo, o executivo de Carlos Gomes Júnior acusa Artur Sanhá e o deputado do PSR Biaia Na Pana pela "instrumentalização" da Juventude do Partido da Renovação Social (JPRS). "(O governo) responsabiliza directamente Artur Sanhá e o deputado Biaia Na Pana pela instrumentalização da Juventude do PRS, que os incitou a levar a cabo essa acção de perturbação da paz social e da ordem pública", refere-se no documento. Lamentando a existência de vítimas mortais, cujo número subiu no sábado para quatro depois de um dos feridos graves ter sucumbido aos ferimentos, o executivo lembra que, em casos desta natureza, cabe- lhe preservar a ordem pública, sublinhando ainda que não foi pedida qualquer autorização para a organização da marcha. A marcha destinava-se a protestar contra alegadas irregularidades cometidas na primeira volta das eleições presidenciais de domingo último, mas acabou por ser realizada apenas após a divulgação dos resultados provisórios, que afastaram Kumba Ialá, candidato apoiado pelo PRS, na segunda volta. A manifestação foi liderada por Artur Sanhá que, mais tarde, após breves declarações aos jornalistas, acabaria detido pela polícia na posse de duas pistolas e de outros tantos carregadores, segundo o comissário-geral da Polícia de Ordem Pública (POP), coronel Antero João Correia. Já à noite, acabou por ser transferido para o Hospital Militar de Bissau, onde se encontra a receber assistência médica e sob vigilância, desconhecendo-se ainda se vai ou não ser libertado. "O MAI foi chamado ao exercício da sua prerrogativa e competência de garante da ordem pública, colocando agentes no terreno com vista a dissuadir a tentar convencer os seus promotores da ilegalidade (da marcha) e das consequências que daí poderiam advir", lê-se no documento do governo. Mumine Embaló realçou ainda que, entre os manifestantes, um "considerável número deles estavam munidos de pistolas de guerra e de armas brancas, que não se coibiram de exibir e manusear publicamente". "No esforço de manutenção da ordem pública, que estava sendo posta seriamente em perigo pela postura desordeira e provocadora dos manifestantes, principalmente dos seus promotores, os agentes da ordem foram confrontados com forte resistência e incitamento deliberado ao desacato à ordem pública", acrescenta Embalo. Tal facto, lê-se no comunicado do governo, resultou "inevitavelmente" no confronto entre as duas partes em presença, ressalvando o executivo que os agentes só começaram a responder depois de os manifestantes terem "assumido a iniciativa de disparar contra as forças da ordem". Tudo foi, no entender do governo, um "manifesto desafio à autoridade pública", aferindo-se, "por consequência", sublinha o executivo, "ser um acto premeditado de perturbação da paz social e do ambiente pós-eleitoral", face à votação para as presidenciais, realizada domingo, acrescenta-se no documento. "A marcha em questão não se coaduna com o espírito de observância dos procedimentos legalmente consignados para contestar ou reclamar quaisquer resultados das eleições, sejam eles provisórios ou definitivos", sublinha Mumine Embalo. Por isso, alerta para os "actos de perturbação em gestação que estão a ser perpetuados por indivíduos" que, "ciclicamente", provocam distúrbios e desacatos, numa alusão às sucessivas marchas não autorizadas organizadas pelo PRS. Nesse sentido, o governo garante que os actos em questão vão merecer, dentro do quadro legal vigente, "a resposta que se ajustar aos parâmetros de comportamento anti-social e anti-democrático". Fonte:www.noticiaslusofonas.com |
PARALELO 14
Ah, Guiné! (II)
sexta-feira, 24 junho 2005
Manuel Delgado
Pelo facto de serem mais ou menos esperados, os
acontecimentos de 24 de Junho em Bissau não deixaram
de chocar: três mortos, cinco feridos e meia dúzia de
detidos, entre os quais o secretário-geral do PRS e
ex-primeiro-ministro Artur Sanhá e uma outra
personalidade não identificada.
Chocam pela sua desnecessidade e por estarem em franca
oposição com o espírito cívico e democrático revelado
pelos eleitores e com a capacidade organizativa que a
Guiné-Bissau demonstrou ter, encarnada na pessoa do
presidente da CNE, Alhadj Malam Mané. Um organizador e
homem de Estado a ter em conta.
Kumba Ialá e a sua gente provocaram distúrbios ainda
antes do anúncio dos resultados definitivos, previsto
para sábado, e como que em resposta ao Conselho de
Segurança da ONU, que acabava de recomendar a todos os
candidatos e forças políticas que aceitassem os
resultados das eleições de domingo, 19 de Junho,
consideradas livres e justas por mais de duas centenas
de observadores internacionais de todos os quadrantes.
Artur Sanhá, com uma sanha inexplicável e sem
apresentar qualquer facto ou argumento, já vinha de há
alguns dias a proclamar falsos os resultados. Os
jornalistas perguntavam porquê, e ele só repetia são
falsos. Ponto final, parágrafo.
Kumba Ialá, por seu turno, já vinha acusando países e
organizações que financiaram estas eleições - que a
Guiné-Bissau não tinha capacidade financeira para
organizar - de se estarem a imiscuir nos assuntos
internos do país. Se calhar, a manifestação não
autorizada e ilegal de sexta, 24, respondia à
ingerência da ONU e da CEDEAO, preocupadas com a
surpreendente capacidade de afundamento do país que
certos políticos guineenses já revelaram. Porque,
vamos e venhamos, a classe política guineense, pelo
menos boa parte dela, não é solução para os problemas,
é parte deles.
Partindo do princípio que a repressão enérgica dos
desmandos dos seguidores do inefável Kumba Ialá tenha
posto um ponto, para já, na sua patética sede de poder
tribal - dissolveu a Assembleia Nacional, mandou
prender juízes do Supremo, mandou matar Ansumane Mané,
a sua guarda pessoal tornou-se uma polícia política
temida -, resta-nos a segunda volta, com Malam Bacai
Sanhá, apoiado pelo PAIGC oficial e pelo
primeiro-ministro, e Nino Vieira, a origem de tudo,
apoiado pelos seus indefectíveis, entre os quais o
primeiro vice-presidente do partido, e, há quem diga,
pela Guiné-Conacri.
Mas era tempo de o herói da guerra de libertação e
homem do "movimento reajustador" de 14 de Novembro de
1980 parar um pouco para pensar: passaram-se coisas
demasiadas desde o 14 de Novembro de 1980 para que se
possa fingir que não se passou nada.
Se Nino Vieira ganhar, o actual Governo do PAIGC é
mais provável que caia, ou então ambos os lados terão
que fazer contorcionismos dramáticos para manterem a
coexistência agressiva que caracteriza os PAICG desde
que ganhou as eleições legislativas.
Se Nino perder, o mais provável é que os seus homens
na direcção do PAIGC sejam expulsos, já que estão há
muito em rota de colisão disciplinar, e o próprio Nino
se tenha de novo que recolher a Conacri ou que
mobilizar a sua gente no Exército para mais uma
aventura golpista. No meio disso tudo, que restaria do
PAIGC? Já resta pouco, restaria quase nada ou mesmo
nada.
Nino tem que se convencer de que hoje ele só é herói
entre os seus amigos e bajuladores: a sua
credibilidade interna é mitigada e a sua credibilidade
externa é nula. Precisa de se reabilitar, quer
pretenda ainda ser homem da política, quer só queira
ser o homem de negócios que é. Como? Desistindo a
favor da Guiné-Bissau e do seu PAIGC.
A grandeza dum homem e dum político, a sua dimensão de
homem de Estado, também - diria até, sobretudo - se
revelam na renúncia, e Nino voltaria a ganhar o nosso
respeito e ganharia uma outra dimensão se, com tal
gesto, reunificasse o PAIGC e lhe desse ânimo para ser
a força da pacificação, da estabilidade, da
credibilidade e desenvolvimento da Guiné-Bissau, que
já foi o nosso orgulho. Porque o embate de Nino,
nestas eleições, não é com Malam Bacai Sanhá ou com
Carlos Gomes Júnior, é com a História.
Ninguém desafia a História, os deuses, impunemente e,
se não quiseres seguir o meu conselho, prova-me, por
favor, ó Nino, que estou enganado. Eu até te
agradecia.
GUINÉ - BISSAU : "O CERNE DA QUESTÃO "
COMENTÁRIOS :
Caro Compatriota e Irmão Didinho,
Partindo do teu convite à reflexão, espero que o povo guineense não tenha
sido manipulado pelos "ninistas " e " kumbistas " e esteja neste momento
exercendo o seu direito democrático de não votar naqueles que, em vez de
levar o nosso país para a frente, atrasaram-no. Em vez de solucionar os
problemas mais prementes do país, criaram mais problemas. Em vez de unir o
povo criaram condições para o desunir. Em vez de estabelecer a paz
duradoura, criaram uma instabilidade permanente no país.
A sorte do nosso país mais uma vez está lançada ! O povo está com a palavra
e nós, embora parte integrante e impedidos de exercer a nossa cidadania pela
circunstância de ausentes, mas esperançosos e confiantes na maturidade
política do povo guineense, ficamos numa grande corrente de torcida.
O convite à reflexão por ti lançado é o "cerne" da questão. Porque como bem
resumiste, o voto é para Guiné - Bissau. È a Guiné - Bissau a protagonista.
È o país que está em causa. Não são os interesses escusos dos senhores "
ninos " e " kumbas ", que mais querem restabelecer o seu "status quo " do
que tentar o que efectivamente não conseguiram e nem sequer tiveram a
vontade política de fazer durante os quase 20 anos; 41 meses e 15 dias,
respectivamente, à frente da nação. No caso particular do Nino, implantar e
implementar na republica da Guiné - Bissau um império do medo, da
desorganização, da corrupção, da estagnação económica, de desvios de fundos
e o pior de tudo transformar a Guiné - Bissau num " corredor da morte "
para todos aqueles que de uma forma ou de outra, ousassem levantar a voz,.
E, sem que ninguém o diga, Nino está consciente por que sabe e conhece a sua
própria natureza de homem cruel e sanguinário que até não consegue se
disfarçar por não ter argumentos de se defender e justificar o porquê de ter
conseguido a proeza de levar o país ao atoleiro em que se encontra hoje.
Nino Vieira sabe sem equivoco que suas mãos estão banhadas de sangue
daqueles que ontem foram os seus companheiros de armas, muitos dos quais
guardaram suas costas durante muitos anos e que por contrariarem os seus
interesses, foram sem dó levados à execução. Nino Vieira quer mais é
manter-se na Guiné - Bissau por ser o único lugar onde pode continuar a
gerir os seus negócios e "seus bens", bens do povo desviados para o seu
nome. Mesmo que ele eventualmente perca este pleito de hoje, " que todo
guineense e digno de suas responsabilidades de amar e ajudar o nosso país
", quer que isso aconteça e por isso, de todos os quadrantes do mundo
juntamos as nossas vozes e pensamentos na torcida : "Nino Vieira, nunca
mais" !
No caso particular de Kumba Ialá, que foi "um tiro certeiro no coração do
povo guineense" por ter através de suas acções indolentes ter conseguido num
espaço de tempo relativamente curto ( 41 meses e 15 dias ) um pouco menos de
três anos e meio, frustrar as expectativas e esperanças que nele o povo
guineense depositara. Portanto, para este, também nunca mais ! Porque não só
frustrou às expectativas e esperanças, mas o seu proceder como um
"estadista" tem deixado dúvidas sobre a sua sanidade mental, o que
naturalmente é um agravante - ter um "louco" pela segunda vez na presidência
da República da Guiné - Bissau.
A Guiné - Bissau é maior do que qualquer um de nós!
Nós todos havemos de passar, mas Ela permanecerá eterna!
Viva a Guiné - Bissau, a eterna Pátria de Amílcar Cabral!
Vivam os seus ferrenhos defensores, como tu, Didinho!
São Paulo, 19 de Junho de 2005.
José Carlos Cocamáro (José Bacar)
Fernando Casimiro,
"REFLECTIR PARA VOTAR EM CONSCIÊNCIA"
Esta é a frase que vi no meu e-mail. Não só gostei bem como reflecti no seguinte:
Por que é difícil acertar?
Por que é fácil para alguns seres humanos esquecerem-se rapidamente dos acontecimentos drásticos?
Por que é fácil ser-se manipulado pelos valores materiais?
Por que é fácil sermo-nos enganados? Por que parecemos crianças inocentes nas mãos daqueles que lutam pelos seus interesses pessoais?
Por que somos às vezes indiferentes ao sofrimento de outros, do próximo... e até da nossa própria terra? Por que será?!
Povo de Guiné-Bissau, enquanto continuarmos aplaudindo sem reflectir como o Didinho chama a atenção; enquanto continuarmos fingindo que não estamos vendo, enquanto continuamos acreditando nos que levantaram as mãos contra nós, aqueles que nos violaram a dignidade, molestaram e mataram... Morreremos todos.
M'bana N'tchigna - Estudante de Filosofia pela
PUC -Minas- Brasil.
22.06.2005
Caro Fernando Casimiro,
Que os esforços e a consciência de querer e decidir contribuir não se
esgotem.
A televisão não bastava para eu continuar a aprender novas lições da vida. A
cabeça está acima de todas as partes do nosso corpo, quase não pesa nada, não
recebe a pressão doutra parte do nosso corpo. Ela grava e pode apagar as lições
aprendidas no passado ou a aprender. Se ela for bem aproveitada para pensar e
atingir boas soluções iremos muito longe enquanto vivermos.
Pela televisão, consegui observar que os cerca de 80% de guineenses que foram às
urnas incluindo os candidatos estavam a usar a cabeça para o bem da Guiné.
O passado nos ensinou a aceitar os critérios da verdade e aprender na mesma
sala. Os que atropelaram a verdade tiraram conclusões que a importância dos
Guineenses está dentro do nosso país e não à frente de um
televisor ligado a uma antena parabólica fora do território da Guiné-Bissau. Só
temos a
referência dentro da Guiné, onde nascemos e associados a uma família, à terra e
aos amigos.
Muitas vezes, longe do país descobrimos que afinal, jamais estaremos em
condições de abandonar a Guiné
Espero que homens livres e justos tenham a coragem de abraçar o teu raciocínio e
ganhar a capacidade de tolerância para discutir os problemas básicos que este
povo foi impedido de discutir.
O Kumba ou Kabi estão usando até hoje a doutrina do colonialismo para atrasar a
juventude e perpetuar o sofrimento de Guineenses.
Não te sintas sozinho neste teu projecto de partilhar os teus sonhos connosco. Quem não sonha não projecta e não desenvolve.
Espero um dia prestar-te uma humilde homenagem pela tua contribuição para as
causas justas dos Guineenses.
Vaz, Bonifácio
21.06.2005
Caro Sr. Casimiro,
Previamente gostaria de lhe agradecer por esta boa reflexão e conselho para todo o povo guineense.
Seria muito bom que todos os guineenses lessem a sua mensagem ou que todos tivessem consciência para votarem num candidato com as aptidões que o Sr. mencionou aqui. Ora, como a Guiné é um país com mais de 83% de analfabetos e acima de tudo com muitos oportunistas e egoístas que reclinam nos candidatos desestabilizadores como o Nino e o kumba para chegarem ao poder isto torna-se completamente impossível.
Tenho pena de tudo isso!
Muito obrigado pela sua espontaneidade de nos chamar a atenção para reflectir antes de votar pelo bem da nossa Guiné. Sinto muito também não poder votar como todos os que estão no estrangeiro.
Abraço e muita força para si.
Armando Barbosa
20.06.2005
27.06.2005
Olá Didinho
Acabei de receber o teu artigo : "Apelo à reflexão para votar em Consciência"
Apesar de estar de acordo contigo e também ainda ter alguma esperança no melhor futuro para a Guiné Bissau; apesar de saber que se trata de um simples apelo, o que aliás nunca é demais, julgo porém que a muito poucos servirá o dia de hoje para a chamada reflexão.
Lamento admitir, mas é um sonho acreditar que hoje, dia do "jejun reflectório", como lhe chamou Odete Semedo, no seu conto "Storia da Boa Nova", ainda há gente a pensar em quem votar.
Desculpem-me os guineenses de boa vontade, mas as eleições no país se me permitem os termos, são uma espécie de "appel d'offre", "affair" ou "empreitada", para o qual entram em jogo alguns operadores - candidatos, os seus agentes entre outros mandaretes pequenos, médios ou grandes, conforme a sua força e o seu raio de acção e, através do qual se visa obter lucros.
Por conseguinte, poucos são os que já não sabem em quem votar, aliás muito antes do início da campanha. Poucos são os que pensam no país, na Guiné-Bissau, como o objectivo último da sua escolha. Se algum dia assim foi, lamento constatar que hoje, infelizmente, já assim não é. No contexto actual, o voto útil será para:" quem der mais", para aquele que tiver mais meios de convencer o eleitorado com as suas doações e ofertas, nomeadamente de televisões de bicicletas, géneros alimentícios, chapas de zinco etc. etc, para aqueles que ainda ousam fazer discursos opiosos e cheios de demagogia e para os que atentam à paciência do povo impávido e sereno com promessas de projectos de há 20, 10 e há 3 anos e cujas realizações este povo ainda está à espera. Promessas feitas na altura em que a comunidade internacional ainda acreditava nos nossos políticos e governantes, injectando bilhões de dólares que seriam desviados e canalizados para fins pessoais.
Porque razão só agora seriam esses projectos e promessas concretizadas ?
Cuidado que esses senhores não estão a investir em vão o seu?? (nosso) dinheiro para a causa que é a Guiné-Bissau! Não estão a investir para terem o eleitorado que merecem, mas para comprarem o eleitorado de que precisam. Esses Operadores - Potenciais Candidatos, estarão sempre acima do Poder e acima da Constituição, sem deixar margem para que os demais órgãos de soberania façam uso das suas atribuições, com visões necessárias para captar apoios para mas para fundos pessoais e familiares e com dons manipuladores de tudo e todos. Os seus Agentes que mais não sabem fazer do que encostar-se ao poder e viver dos direitos e das facilidades que esse poder lhes assiste para usarem e abusarem da "coisa pública". Agentes despidos de moral e ética para ajudar no chamado desenvolvimento do país. (A)gentes habituados ao facilitismo, ao compadrio, à intriga, à calúnia e cuja incompetência e mediocridades inibem trabalhar por mérito próprio.
Há quem diga que o povo guineense tem memória curta, mas permito-me discordar com essa tese, porquanto este povo já sofreu muito durante as três décadas que se seguiram à independência de um país em que subsistem a degradação das pessoas, dos seus valores, da sua mentalidade, dos hospitais, das escolas etc., com a eterna falta de água e luz, prometidos desde 1974, do estado caótico das suas estradas, do seu sistema de ensino decadente, da falta de transportes públicos etc,etc.
O povo da Guiné ainda se lembra das poucas coisas que se fizeram a seguir à independência, assistiu impotente à venda, à usurpação, e à transformação dos bens do estado em bens pessoais, ainda se lembra dos discursos cheios de promessas, ainda não esqueceu o conflito armado, tendo apoiado e aplaudido ingenuamente a junta Militar, em nome da justiça e do bem estar de todos. Falas e bem do arrependimento. Este mesmo povo ainda está arrependido de ter votado na mudança e de ter escolhido um "louco" para arrasar, desgovernar e depois deixar o país de rastos.
Que mais lições tirou o povo das eleições anteriores?
Em 1994, as primeiras eleições multipartidárias na nossa história votou no Nino Vieira, ou pelo menos os resultados assim o mostraram. E depois?
Em 1999, depois da guerra que deixou tudo e todos de rastos, era impensável votar em Malam Bacai Sanhá, pois era um candidato com as marcas do passado e da má governação do PAIGC, Partido/Estado/Governo de 1973 a 1999. Apesar da experiência sem incidentes deste como Presidente interino, o povo arriscou e votou a mudança. Resultado: Ainda sofre marcas irreparáveis dessa escolha. Que sina! De dois, o menos mau!
Agora em 2005, apesar de se falar em 13 candidatos, este mesmo povo vê-se de repente, confrontado com a possibilidade de ter que escolher de entre três candidatos, o menos mau.
Podemos dizer que o povo pode sempre votar num dos 10 outros candidatos. Mas esses são candidatos "sombra" ou "virtuais" uns inventados, outros intentados dentre alguns oportunistas. Depois da amarga experiência dos últimos anos, agora resta-nos nivelar para baixo. Todos se julgam poder mandar na Guiné-Bissau.
Meus senhores, podemos apelar, pedir, solicitar e relembrar ao povo que é o país a essência das eleições, que é o país que está em primeiro lugar, pois como dizes e bem é o país o movimento aglutinador de todos os guineenses etc. mas infelizmente o cenário que se nos apresenta mais uma vez, e aqui está a nossa sina: é de o povo acabar por cair nas garras dos dois Candidatos que mais destruíram a Guiné-Bissau nestes últimos anos, com um poder autoritário e despótico, num ambiente onde vigoraram a improdutividade, o laxismo, a corrupção, a impunidade, o tribalismo, o compadrio, a mesquinhez, as inventonas e intentonas, próprias de gente medíocre e insegura e por conseguinte, habituadas a traições calúnias e linchamentos. Toda uma máquina albergando uma cambada de caloteiros e oportunistas que só sabem correr atrás do poder, viver à sua sombra na medida em que a ele se habituaram e a todo o custo terão que se colar a ele, perdendo toda a dignidade e respeito.
Serão com certeza esses os candidatos que mais votos irão recolher porque para uns a necessidade falará mais alto e para outros reinará o obscurantismo. Por conseguinte terreno fértil para uns e outros serem comprados e subornados, para não dizer amedrontados com o possível regresso ao poder dos todo-poderosos.
Por conseguinte, ao povo é-lhe quase indiferente que ganhe o Malam, o João ou o Kumba. Isto são coisas lá de meia dúzia de (A)gente que ficará bem servida. Nesta altura depois de tudo o que já assistiu, ouviu e viveu, pouco lhe interessa a vitória deste ou daquele. Em nada irão mudar a sua condição, ao seu bairro nem à sua tabanca. Pobre é e pobre vai continuar, com este ou aquele no poder.
Que fazer? A ocasião faz a tentação. A tentação será não escolher o melhor para o país, mas no "Messias", que depois de tudo tem o descaramento de voltar a prometer tudo quanto tirou e nunca lhe devolveu.
Apesar do grande cepticismo, a esperança é a última a morrer!!!
Não nos deixemos manipular mais uma vez!
Votemos na Guiné-Bissau!!!!!!!!
Re-viva a Guiné Bissau!
Zinda Pinto
19.06.2005
27.06.2005
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Guiné Bissau | |
Sanhá, «Nino» e Kumba em Dakar para
encontros com Wade Os três primeiros classificados nas eleições guineenses de 19 deste mês estão em Dakar para encontros em separado com o Chefe de Estado senegalês, confirmaram fontes das respectivas directorias de campanha. Segundo as fontes, Malam Bacai Sanhá, vencedor do escrutínio, João Bernardo "Nino" Vieira, que o acompanha à segunda volta das presidenciais, a disputar em Julho, e Kumba Ialá, afastado já da corrida, foram convidados por Abdoulaye Wade para encontros cujo teor não foi indicado. Bacai Sanhá, apoiado pelo Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), e "Nino" Vieira, candidato independente, estão desde sexta-feira em Dakar, tendo-se já reunido separadamente com o Chefe de Estado senegalês. Quanto a Kumba Ialá, que foi apoiado pelo Partido da Renovação Social (PRS), seguiu hoje para a capital senegalesa numa avioneta posta à sua disposição por Wade, tendo à sua chegada a Dakar reiterado à imprensa que é o vencedor das presidenciais de dia 19 e que os resultados finais, divulgados sábado pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) guineense, são "falsos". Citado pela Rádio França Internacional (RFI), Kumba Ialá insistiu nas acusações de irregularidades cometidas antes, durante e depois da votação, e que dispõe de informações que dão conta da sua vitória na primeira volta das presidenciais, reiterando que disputará a segunda contra Bacai Sanhá. A ida dos três ex-presidentes a Dakar, desconhecendo-se ainda a data do seu regresso, surge dois dias depois dos graves confrontos que se registaram sexta-feira em Bissau e que opuseram apoiantes de Kumba Ialá às forças de segurança locais, provocando quatro mortos e seis feridos. Fontes da delegação em Bissau da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) indicaram que Wade, que já expressou publicamente o seu apoio a Kumba Ialá, está mandatado pelo presidente da União Africana (UA), o Chefe de Estado nigeriano, Olusegun Obasanjo, para tratar da crise política guineense. Em Maio último, também após graves confrontos entre simpatizantes de Kumba Ialá e as forças da ordem guineenses, Bissau acolheu uma "inconclusiva" mini cimeira de chefes de Estado e de Governo da sub-região oeste-africana, em que Wade esteve presente ao lado de Obasanjo e do presidente em exercício da CEDEAO, o nigeriano Mamadu Tanda. www.noticiaslusofonas.com |
28.06.2005
A democracia à luz das eleições
Seja qual for o resultado
desta eleição presidencial, desde já aparece uma questão que urge ser objecto
de profunda reflexão num futuro imediato, se é que se quer que a Guiné-Bissau
viva a sua aprendizagem democrática sem os sobressaltos que a têm avassalado
nestes últimos anos:
Que modelo de democracia será viável para a Guiné-Bissau?
Interessantes têm sido as
análises feitas sobre o processo eleitoral em curso, denunciando as anomalias
que, por sinal, em cada escrutínio vêm ao de cima: a motivação de candidatos
por interesses pessoais, a compra de votos por candidatos, a exploração de
sendas tribais para a angariação de votos, a não aceitação dos resultados
saídos das urnas, a transformação das eleições em licitações para o aluguer do
Palácio da República ou da Primatura, para citar as mais gritantes.
Levantou-se a questão da
credibilidade que poderá ter, perante a opinião nacional e internacional, um
vencedor que ganhe por ter pago o preço mais forte. Questionou-se quanto às
garantias que tal eleito possa dar para o combate à corrupção, que se tornou
numa instituição nacional, a única que funciona (e bem) no país.
Insistiu-se muito na
necessidade da transparência das eleições que se querem também livres e justas
e relevou-se a importância da presença de centenas de observadores
internacionais durante a fase do escrutínio, considerados os garantes dessa
transparência. Porém ninguém se questionou se se pode realmente considerar
transparente, livre e justo este processo eleitoral, na medida em que o
controle da transparência se limitou apenas ao processo de votação e contagem
de votos. O que dizer de todo o processo que está a montante da votação: a
campanha pré-eleitoral e eleitoral? Poderão ser consideradas também
transparentes, livres e justas eleições recheadas de irregularidades e actos
de corrupção por parte de certos candidatos, que todos são unânimes em
denunciar?
Constatou-se o forte peso
do voto étnico nos resultados desta primeira volta e denunciou-se por causa
disto mais uma manobra de captação de votos. Mas isto não seria já de esperar,
tendo em conta as características fundamentais da maioria da população
guineense? Como se pretende que vote uma população essencialmente rural, com
um índice de analfabetismo rondando os 80%, vivendo num quase ostracismo
cultural, em que as referências fundamentais são as do clã e em que o
desconhecido não inspira confiança por não se identificar nele valores comuns?
Como fazer respeitar as regras do jogo desta democracia, quando ela se revela
alheia ao sistema de organização política e social da maioria da população que
vive e sobrevive à margem dos órgãos de soberania e poderes institucionais? Já
se pensou na facilidade que é para um candidato a compra de um voto étnico?
Aliciando as cúpulas tem o voto do povo numa bandeja!
Alguém se referiu mesmo à
falta de maturidade política por parte do cidadão por pensar que este não vota
livremente segundo a sua consciência. De que maturidade política se fala? O
que é fazer política para o cidadão comum, que não tem o direito de se
projectar a longo prazo por ser a sua primeira (e, na maior parte dos casos,
única) preocupação quotidiana a luta pelo sustento alimentar dos seus? Não
será dotar-se de meios que lhe permitam alcançar esse sustento, mesmo que seja
pontualmente? E isso é falta de maturidade política? Não terá ele votado em
consciência de acordo com as suas aspirações imediatas? O que é o futuro da
nação para o cidadão que tem fome e vê os seus morrer por falta de assistência
médica? Unicamente uma noção abstracta!
Perante este estado de coisas, pergunto:
O que é que está mal na nossa sociedade?
Que sentido têm estes processos eleitorais? São para dar boa consciência aos governantes e cativar a comunidade internacional para continuar a dar ajudas? Uma coisa é certa, eles põem a nu todas as aberrações e limitações da implantação do sistema democrático ocidental no nosso país!
Não será já tempo de se “desconfiar” da inadequação do modelo de democracia que se pretende instaurar a prego e martelo e que é alheio à maioria da população guineense?
Não será já tempo de se dar aos cidadãos os meios para se desenvolverem e serem eles mesmos a construir, de baixo para cima, o seu próprio modelo de democracia de acordo com os seus valores de referência, aqueles com os quais se identificam?
Ou será que vamos continuar
a inovar na “guineanização” da democracia ocidental?!
28 de Junho de 2005
03.07.2005
Guiné-Bissau: Ponto de situação
O futuro da Guiné-Bissau, numa lógica positiva, depende da capacidade de envolvência, de afirmação e de intervenção da sua sociedade civil num programa estratégico de gestão de recursos humanos, onde a definição e a aplicação dos princípios de cidadania são os alicerces, ou seja, as bases de uma política comum a todos os guineenses, para uma caminhada equitativa, participativa e responsável, tendo em vista os pressupostos do desenvolvimento na sua concepção global.
Numa análise da situação actual do país e tendo em conta os efeitos já causados (e a causar) pelo processo das eleições presidenciais em curso, continuo a afirmar que: "A manipulação é o maior obstáculo à mudança de mentalidades na Guiné-Bissau, sendo por isso, um entrave ao desenvolvimento do próprio país."
A Guiné-Bissau, pátria de Cabral e de todos os guineenses, deve ser também uma escola para todos nós. Infelizmente, não temos sido bons alunos, não temos sabido aprender com os nossos próprios erros.
O país perdeu a mística, não há referências de liderança que façam a diferença pela positiva, enraizou-se a velha máxima do "salve-se quem puder" e, o trilho a seguir é o da sobrevivência hipotecando a própria dignidade humana.
O país carece de políticos sérios e competentes, continuando a ser "movimentado" por oportunistas e ditadores que se fazem passar por políticos. Mas, porque é tão difícil unir os guineenses num esforço algo simples e vantajoso representado por 2 orientações que considero básicas para o implemento do conceito de cidadania, a saber:
1- O primeiro compromisso de todos os guineenses deve ser para com o país.
2- O maior desafio para todos os guineenses é criar mecanismos de mudança para a Guiné-Bissau.
Simples, porquanto serem orientações pessoais que ajudam inclusivamente na definição de princípios de cada um de nós.
Vantajoso, porquanto ter um alcance/efeito multiplicador que teria resultados positivos para o país.
A dificuldade maior na união dos guineenses para as suas causas comuns, reside essencialmente na assimilação e interpretação incorrecta dos princípios que devem caracterizar o relacionamento entre o cidadão e o seu país. Persiste a tese de " Servir-se do país em vez de se servir o país ".
A actual conjuntura do país está a criar um novo retrato comportamental dos guineenses.
Um retrato que nos caracteriza da seguinte forma:
Somos um povo imprevisível, influenciável quanto baste, manifestamente teimoso e com um sentido de humor que se azeda facilmente quando confrontados com a verdade.
Continuamos a cultivar a ignorância em detrimento do conhecimento.
Deixamos de ser iguais a nós próprios. Estamos a perder a nossa dignidade e a nossa identidade de guineenses.
Estamos a desagregar o país! Paremos para pensar.
Que fazer? Como fazer?
É urgente e imprescindível apostar na formação, na educação, na informação e sensibilização do povo guineense!
Esta tarefa será melhor orientada se, dirigida por sectores da sociedade civil em conjunto com organismos não governamentais, quer nacionais quer estrangeiros, com base num plano estratégico de longa duração e com metas preestabelecidas.
Não podemos continuar a falar em democracia quando mais de 60% do nosso povo não sabe ler nem escrever.
Não podemos continuar a seguir imposições de realização de eleições quando o nosso povo não sabe porque votar, para que votar e em quem votar, porquanto, uma vez mais, não estar sensibilizado, não ter ideia própria do sentido de voto e ser apenas um mero participante nas jogadas de colocação de certos indivíduos na estrutura do poder, a troco de presentes ou contrapartidas de vária ordem e que na Guiné-Bissau se chama eleições.
O povo guineense não pode continuar a ter medo até da sua própria sombra.
Mas será que somos realmente um povo livre?
A luta pela verdade, pela transparência, pelos direitos que nos assistem, pela liberdade de pudermos exprimir, debater os nossos pontos de vista e participar no processo de construção do país, é tarefa de todos nós.
Temos que continuar a pensar o país.
03.07.2005
06.07.2005
Simplesmente amnésicos
Irmãos,
Continuando a campanha de sensibilização, volto a insistir no perigo que a Manipulação constitui para o país.
Todo e qualquer cidadão é livre de votar no candidato que achar ser o melhor para representar o país como Presidente.
Entretanto, o meu propósito é o de sensibilizar e não o de manipular!
Aquando da votação de 19 de Junho, disse que o meu candidato é a Guiné-Bissau, dando o benefício da dúvida a 11 dos 13 candidatos da lista.
Disse e repito que Nino Vieira e Kumba Yalá nunca deveriam ter sido autorizados a candidatarem-se a estas eleições.
O país vai ter uma segunda volta das eleições, 2 candidatos se perfilam: Malam Bacai Sanhá e Nino Vieira.
Já não há benefícios de dúvida a dar. Entretanto, se em vez de Malam Bacai Sanhá, fosse outro candidato que estivesse na corrida, o meu apoio seria para esse candidato. Nino Vieira e Kumba Yalá NUNCA MAIS!
A minha análise hoje debruça-se sobre 2 referências pessoais: Kumba Yalá e Francisco José Fadul, no intuito de se perceber como a ocasião faz o "político" na Guiné-Bissau e como a sede do poder alimenta os "nossos" camaleões.
Estas referências, são exemplos práticos do que é a MANIPULAÇÃO.
Começo pelo Professor Doutor Francisco José Fadul.
Fadul é o exemplo típico de quem quer estar no Poder a todo o custo!
Nas legislativas de 2004 foi candidato pelo seu partido visando ser Primeiro Ministro. Perdeu!
Não estudou a lição e lançou-se na candidatura para as presidenciais de 19 de Junho passado. Perdeu e desculpou-se no "voto étnico". Este homem que diz : "Serei o sucessor de Amilcar Cabral" (Querias, meu malandro...), tal como muitos que se intitulam de cientistas políticos, filósofos e doutores, não passa de resma de papel higiénico!
Com um Curriculum Vitae para impressionar a estrangeirada, o Professor Doutor Francisco José Fadul não passa de um frustrado, um corruptor de consciência, um oportunista e amnésico que até já mereceu a confiança e consideração dos guineenses, mas que, espero, lhe retirem essa consideração e confiança, a bem do país.
Francisco Fadul decidiu apoiar Nino Vieira na segunda volta das eleições presidenciais e tenta influenciar outros guineenses a fazerem o mesmo.
O que me revolta não é o Fadul apoiar o Nino. O que me revolta, é o Fadul ter dito "cobras e lagartos" de Nino Vieira no passado, quando foi Primeiro Ministro no Governo de Unidade Nacional, e agora, vir fazer discurso de lambe-bota, ridicularizando-se e ao seu próprio partido, o PUSD, traindo inclusivamente a memória do Presidente Fundador do partido, dr. Victor Saúde Maria.
"Em conferência de imprensa, Fadul, líder do Partido Unido Social-Democrata (PUSD)
e que obteve 2,85 por cento na primeira volta das presidenciais, justificou o
apoio a João Bernardo "Nino" Vieira, na votação de dia 24, por ser o candidato
"que dá garantias de promover um dialogo sério com as forças vivas da nação, a
começar pelos partidos políticos da oposição".
Fadul, cujas divergências com "Nino" são públicas, explicou ainda que decidira
apoiá-lo depois de ter enviado aos dois candidatos que passaram à segunda volta
uma série de questionários essenciais para o PUSD, tendo recebido do antigo
presidente respostas "equilibradas e à altura" de um hipotético chefe de Estado,
enquanto da parte de Bacai Sanhá "não recebeu nada disso".
Deixo à vossa consideração, a entrevista que Francisco Fadul concedeu ao Jornal português "Expresso" e publicada a 5 de Dezembro de 1998.
5-DEZ-98
Francisco Fadul, novo primeiro-ministro da Guiné-Bissau
«Nino Vieira devia ser julgado»
SEIS meses depois do início da guerra, a Guiné-Bissau tem um novo primeiro-ministro. Francisco Fadul, de 44 anos, foi o nome acordado entre as delegações da Junta Militar e do Presidente da República. Irá chefiar um gabinete de «unidade nacional», cujos contornos foram definidos no acordo de Abuja, rubricado a 1 de Novembro. A escolha de Fadul surpreendeu os observadores e dá bem a ideia da relação de forças existente. Principal assessor civil da Junta Militar e amigo pessoal de Ansumane Mané, Fadul terá sido um nome imposto pelos rebeldes.
Militante do PAIGC durante 21 anos, foi assessor de Nino durante quatro anos, antes de entrar em ruptura com o regime, de que é um crítico frontal. Nascido em Mansoa, filho de pai libanês e de mãe guineense, estudou direito em Lisboa e Coimbra, mas não concluiu o curso. A entrevista foi concedida na Guiné, antes de ter sido indigitado para chefe do Governo - era, apenas, o mais influente assessor da Junta e autor da maior parte dos seus textos programáticos.
EXPRESSO - O levantamento militar deu lugar a um levantamento nacional. Quais as razões?
FRANCISCO FADUL - A justeza do levantamento era tal que a identificação das populações não tardou. E digo justeza porque, em termos constitucionais, compete às Forças Armadas (FA) a defesa da independência, da soberania e da integridade do território, e da ordem pública.
EXP. - Mas essa questão só se colocou a partir da intervenção militar do Senegal e da Guiné-Conacri.
F.F. - Antes mesmo já teria havido motivações suficientes para que as FA assumissem esse papel. O levantamento militar não deve ser entendido como um golpe de força, de subversão da ordem constitucional, de desagrado da cúpula das FA. O levantamento produz-se em resposta a duas tentativas de homicídio de Ansumane Mané.
EXP. - Isso está absolutamente comprovado?
F.F. - Perfeitamente. Só depois se produziu o que hoje se chama o levantamento de 7 de Junho, como medida de autodefesa legítima contra um acto a todos os títulos criminoso.
EXP. - Em tudo isto, há uma questão de fundo: a utilização de um golpe de força contra um poder legítimo e eleito democraticamente.
F.F. - O Presidente Nino Vieira, que devia ser o garante da Constituição, é o seu primeiro e maior violador. É o que acontece, por exemplo, com o artigo 59º, que diz que a nossa democracia assenta na separação dos poderes. E com o artigo 65º, que diz que o exercício da função de Presidente é incompatível com qualquer outra função pública ou privada. Ele não poderia continuar a ser, entre outras coisas, presidente do PAIGC. Nino Vieira tem todos os poderes dos órgãos de soberania nas mãos, continua a ser o chefe único que tinha sido durante o tempo do partido-Estado.
EXP. - Estamos perante um caso de concentração e abuso de poderes. Nino é um ditador?
F.F. - Sim, sim. Quando o poder está concentrado, daí ao abuso de poder, daí à tirania, ao despotismo, à ditadura, é uma questão de passos, de interesses e de oportunidade. Todos nós não erraremos muito se culparmos o senhor Nino Vieira de assassínios, de espancamentos, de calúnias, de difamações e indignificação de dirigentes.
EXP. - Acha que ele deve ser julgado por essas práticas?
F.F. - Acho que sim. Como exemplo de imparcialidade do Estado. Nino Vieira entende que está acima da lei, que não está ao alcance da lei. As leis foram feitas para os homens - e ele não é homem, é semi-Deus. Talvez até se considere Deus, quem sabe...
EXP. - Você esteve ao seu serviço...
F.F. - Efectivamente estive quatro anos ao serviço pessoal, directo, dele, enquanto assessor jurídico e social. Assumo as minhas responsabilidades. Já o vinha apoiando muito antes do 14 de Novembro de 1980, como a personalidade que poderia ajudar a resolver os problemas da sociedade.
EXP. - Está arrependido?
F.F. - Francamente estou. Porque o Nino Vieira permitiu-me que o conhecesse bem. Logo no dia 15 de Novembro escrevi-lhe uma carta de encorajamento, felicitando-o, mas pedindo que governasse democraticamente, porque o nosso povo é humilde e trabalhador, desejoso de emancipação, de dignificação. Dizia-lhe que, caso não o fizesse, alguém com menos pergaminhos do que ele viria a ser chefe de Estado.
EXP. - É o que está a acontecer?
F.F. - Ainda não, porque a comunidade internacional tem estado a suavizar a escalada política na Guiné-Bissau. Por isso é que, no dizer de um amigo meu, Nino Vieira saiu da Guiné no dia 29 de Outubro como exilado e voltou de Abuja como Presidente...
Há exemplos na História do uso da força revolucionária, legitimada pelos interesses e aspirações do povo e da sociedade, para erradicar um outro tipo de força - força ilegítima, violenta, reaccionária (no sentido de contrária ao movimento da história, à vontade popular e aos anseios da sociedade). Quero com isto dizer - e assumo - que, mesmo perante um derrube militar de Nino Vieira, eu estaria a dizer: graças a Deus fez-se justiça. Ainda que pela força, mas uma força legitimada. E não nos esqueçamos que ele chegou ao poder pela força.
EXP. - A melhor solução seria a sua renúncia?
F.F. - Seria uma solução digna. Pela primeira vez, Nino Vieira se apaziguaria com a história. Seria um acto de consciência, de ombridade.
EXP. - O futuro da Guiné passa pelo afastamento de Nino?
F.F. - Ele é o factor número um de desestabilização, de inimizade entre irmãos guineenses. Ele entende o Estado como um instrumento pessoal - e não como um instrumento da sociedade e dos cidadãos. Ele entende que é «o dono do chão», o dono do país. Seria muito bom que ele renunciasse.
EXP. - A essa luz, o derrube de Luís Cabral foi um desastre...
F.F. - Acho que sim. Até aí, houve descalabros, morticínios, abusos no tocante aos direitos humanos, mas nessa época o Estado funcionava. É certo que com uma filosofia especial: era um Estado «libertador», ainda um pouco guerrilheiro. Mas quando Nino Vieira assumiu o poder, havia paz. Prometeu a paz e a concórdia. Só que fez da concórdia nacional a concórdia do cavalo e do cavaleiro - sendo ele o cavaleiro e a sociedade o cavalo...
EXP. - Luís Cabral tem algum lugar no futuro da Guiné?
F.F. - É um cidadão da Guiné, um combatente da liberdade da pátria. Quem o pode impedir de assumir cabalmente os seus direitos? Se ele entendesse voltar para a Guiné hoje, eu seria capaz de ir esperá-lo ao aeroporto, para lhe dar as boas-vindas.
EXP. - Ele poderia candidatar-se a Presidente?
F.F. - Eu gostaria de ver na Guiné um chefe de Estado parecido em certos aspectos com Luís Cabral. Ele não roubou o Estado, não foi corrupto e na sua presidência nenhum dirigente se atreveu a ser corrupto. Gostaria não só de o ver voltar como de se candidatar à Presidência.
EXP. - Apoiaria?
F.F. - Não teria dúvidas, se as outras candidaturas não me sugerissem a necessidade imperiosa de votar noutra personalidade.
EXP. - Não concordou muito com o acordo de Abuja.
F.F. - Há razões objectivas que me levam a discordar. Limitou-se a aflorar algumas questões de ordem militar, enquanto deixa em silêncio as questões fundamentais de ordem política, institucional e social, que foram as causas mediatas do levantamento.
EXP. - O acordo foi uma derrota política da Junta?
F.F. - Não diria tanto, porque quando a supremacia militar é da Junta, não haverá derrotas políticas significativas. Retrocedemos alguns pontos no nosso posicionamento político.
EXP. - Ansumane Mané tem craveira para ser Presidente?
F.F. - O brigadeiro é tão humilde e honesto que já disse por várias vezes que nunca será Presidente. Ele tem repetido que vai deixar as responsabilidades políticas nas mãos dos mais novos, porque já chegou o tempo de ir tratar da família e dos filhos.
EXP. - Não há o perigo da Junta se perpetuar no poder?
F.F. - Não. A Junta quer levar o país à normalização política, no respeito rigoroso pela Constituição.
EXP. - O programa da Junta é o estabelecimento da democracia?
F.F. - Absolutamente. Com a completa despartidarização e despolitização das Forças Armadas e de segurança, a abolição da polícia política e a moralização das instituições públicas.
EXP. - Não poderá haver uma certa sedução face à experiência militarista da vizinha Gâmbia?
F.F. - Penso que não. A sedução não será tanto pela eventual militarização que tenha existido nos primórdios do regime do Presidente Yahya Jammeh (porque ele, depois, sujeitou-se a eleições democráticas) mas pelas realizações que ele conseguiu realizar em quatro anos. É patente o esforço desse homem, que não tem pejo nenhum de dizer a outros chefes de Estado que a razão directa do subdesenvolvimento se situa na incompetência e na corrupção dos dirigentes africanos.
EXP. - Vide o caso da Guiné...
F.F. - Exactamente. Nino Vieira, que nunca recebeu herança que se conheça, que nunca recorreu a um crédito bancário significativo, hoje é um dos homens mais ricos do mundo.
EXP. - Do mundo?
F.F. - Sim. E Presidente de um dos países mais pobres do mundo. A sua fortuna está avaliada num montante aproximado ao da dívida externa da Guiné-Bissau.
EXP. - Essa acusação é pesada. Dispõe-se a prová-la em tribunal?
F.F. - Já escrevi um livro sobre isso, mas ninguém o imprimiu. Se for o caso, garanto que me defenderei.
EXP. - Não teme por si e pela sua família?
F.F. - Olhe, eu estou a correr riscos desde os 16 anos, quando decidi aderir ao PAIGC.
José Pedro Castanheira
Copyright 1998 Sojornal. Todos os direitos reservados.
E diz-se cientista político, sinceramente Professor Doutor Francisco José Fadul...
Kumba Yalá, outro derrotado nas presidenciais de 19 de Junho, que depois de algumas teimosias em aceitar os resultados da Comissão Nacional de Eleições acabou por fazê-lo, mas sempre reclamando que foi ele o vencedor das eleições!
Continua a destruir a reputação da etnia Balanta.
Apoia Nino Vieira na segunda volta das presidenciais, conforme segue:
" Kumba Ialá, terceiro candidato mais votado na primeira volta das
presidenciais realizadas a 19 de Junho último, justificou os motivos pelos quais
assumiu tal posição com as "garantias" que "Nino" Vieira lhe oferece para a
"salvaguarda dos superiores interesses" da nação guineense.
"Perante os candidatos que se me apresentam, o general João Bernardo "Nino"
Vieira representa o símbolo da construção do Estado e da unidade nacional e
aquele que me garante ser um acérrimo e fiel defensor da independência
nacional", disse Ialá.
O ex-presidente guineense, derrubado num golpe de Estado em Setembro de 2003,
após três anos no poder, considerou ainda "Nino" Vieira como factor de promoção
da paz, da estabilidade, do desenvolvimento, sobretudo da reconciliação,
prestígio e dignificação da Guiné-Bissau.
Por tudo isso, sublinhou Kumba Ialá, o também ex- presidente guineense "Nino"
Vieira contará com o seu "total apoio" para a sua eleição na segunda volta.
Na primeira volta do escrutínio, Kumba Ialá obteve 25 por cento de votos
enquanto que "Nino" Vieira arrecadou 28,87 por cento, tendo direito à participar
na segunda volta contra Bacai Sanhá, que somou 35,45 por cento.
Antes de ler a sua declaração política, Kumba Ialá voltou a afirmar que venceu a
primeira volta do escrutínio presidencial. Contudo, insistiu, os resultados
eleitorais "foram falseados" pela Comissão Nacional de Eleições.
Porém, aceita os resultados que o colocam fora da segunda volta "em nome da
democracia e dos superiores interesses" do país.
Dirigindo-se aos militantes do Partido da Renovação Social (PRS, por ele
fundado) e que apoiou a sua candidatura, Kumba Ialá pediu que, a partir de hoje,
todos estejam atentos às suas orientações em relação ao processo eleitoral.
Sem se referir a Malam Bacai Sanhá, candidato do Partido Africano da
Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC, no poder), Kumba Ialá dirigiu duras
críticas aos dirigentes deste antigo partido único na Guiné-Bissau,
considerando-os "velhos e caducos".
Embora não o tenha invocado na conferência de imprensa, a aceitação de Kumba
Ialá ao pedido de apoio à candidatura de "Nino" Vieira foi desenhada e
concretizada na viagem que ambos efectuaram recentemente à capital senegalesa.
A convite do chefe de Estado senegalês, Abdoulaye Wade, os três candidatos mais
votados na primeira volta das presidenciais guineenses, "Bacai Sanhá, "Nino"
Vieira e Kumba Ialá, estiveram em Dacar para uma série de reuniões com os
líderes oeste-africanos com vista a compromissos entre ambos para evitar
situações de convulsões pós-eleitoral na Guiné-Bissau.
Por este motivo, Ialá felicitou Wade, considerando-o um "pai" para ele e um
"amigo" da Guiné-Bissau.
Vejamos no entanto o que Kumba Yalá já disse de Nino Vieira
Excerto da entrevista de Kumba Yalá ao Jornal de Notícias (JN)de 03 de Novembro de 1998
"Kumba foi também peremptório em afirmar que não vai regressar a Bissau enquanto na capital guineense estiverem soldados senegaleses, mesmo que a sua presença seja requerida para trabalhos na Assembleia Nacional Popular. "Enquanto houver soldados senegaleses, não vou. Não me vou submeter a estrangeiros no meu próprio país", frisou. O líder do PRS acusou"Nino"Vieira de ter desrespeitado a Constituição da Guiné-Bissau, ao ter chamado as tropas senegalesas e da Guiné-Conacri. "Um conflito interno não pode justificar esse envolvimento", afirmou, considerando que a partir do momento em que isso se verificou"Nino"Vieira"deixou de ter condição moral para estar à frente do país". Kumba Yalá é de opinião que o presidente guineense"tem que responder política e criminalmente por esta guerra". "Nino terá de ser um exemplo para os futuros governantes deste país e da África",acentuou.
04.06.2005
ZANGAM-SE AS COMADRES...
O que já se esperava há muito aconteceu. Aos onze dias de campanha eleitoral
Kumba Iala atacou Nino Vieira. As primeiras palavras hostis para com o homem que
há dois meses abraçou em sua casa, foram proferidas num comício na cidade de
Bafatá.
Naquela que é considerada a segunda cidade mais importante da Guiné-Bissau, o
candidato apoiado pelo PRS pediu aos guineenses "para não esquecerem o passado"
e para "abrirem os olhos." Segundo Kumba Iala, "Nino Vieira voltou para enganar
o povo e para o matar, tal como fez durante o tempo em que foi presidente."
"Se não abrirem os olhos são vocês que sofrem. Vou dizer-vos muito claramente,
Nino não tem boa fé para a Guiné-Bissau", afirmou o candidato.
www.africanidades.blogger.com.br
Em que é que ficamos afinal dr. Kumba Yalá...? De repente o Nino que voltou para enganar o povo e para o matar já passou a ser a melhor opção para presidente da Guiné-Bissau..?!
Irmãos,
Volto a fazer referência a Cabral: " Devemos pensar pelas nossas próprias cabeças".
Fernando Casimiro (Didinho)
06.07.2005
06.07.2005
MOVIMENTO DE
APOIO A CANDIDATURA DE
MALAM BACAI
SANHÁ
GUINEENSE NA DIÁSPORA
CONTRA O REGRESSO
DE NINO VIEIRA
Com os resultados eleitorais da
1ª Volta das presidências guineenses, somos todos confrontados com o fantasma
de regresso ao passado. Um passado mau, tenebroso e vergonhoso, representado
por Nino Vieira.
Um grupo de guineenses em
Portugal que integra dirigentes políticos, dirigentes associativos e das ONG´s,
assim como diversas personalidades da comunidade, organizam-se de forma
had-hoc num MOVIMENTO DE APOIO A CANDIDATURA DE MALAM BACAI SANHÁ, uns
porque votariam naturalmente no Bacai Sanha, outros porque votariam sempre
CONTRA O REGRESSO DE NINO VIEIRA.
O MOVIMENTO tem vindo a ter
adesão de vários quadrantes, e somos todos convidados a aderir, para tal basta
que compareça nas actividades previstas, que anunciamos de seguida.
OBJECTIVO:
Ajudar a alertar o povo guineense sobre a necessidade de se votar CONTRA NINO
VIEIRA, assim como chamar a atenção da opinião pública mundial sobre os
perigos para o futuro da Guiné-Bissau, de um eventual regresso de Nino Vieira
ao Poder.
ACTIVIDADES IMEDIATAS
Dia: 08 de Julho (Sexta – feira)
Hora: 15:45
Local: BIBLIOTECA / MUSEU
REPÚBLICA E RESISTÊNCIA
Rua Alberto de Sousa, 10 – Zona
B do Rego (LISBOA)
(Por detrás do Hospital S.
Maria, ao cimo da Av. Das Forças Armadas, na zona do Hospital de Beneficência)
Dia: 10 de Julho (Domingo)
Hora: 15:30
Local: CENTRO CULTURAL FLAMENGA
– BELA VISTA (Junto ao metro de Belavista)
Participantes: TODOS OS
GUINEENSES E AMIGOS DA GUINÉ-BISSAU
PARTICIPE NAS ACTIVIDADES E
ADIRA AO MOVIMENTO
08.07.2005
Fundos, sim.
Vieram muitos fundos, milhões mesmo para o processo de Reconstrução da
Pátria, contudo, foram para si e para a sua nomenclatura, hoje, alguns nas
ruas da Amargura de SAUBI. Prometeu hospitais novos, vemos degradação dos
antigos; prometeu liberdade, implantou Lei Marcial; prometeu
Educação a toda a gente, assistimos bloqueamento e degradação de todo o
aparelho Educativo com elevada taxa de analfabetismo ainda na ordem de 60/70%
com uma iliteracia de pasmar.
Prometeu
Justiça, praticou injustiças; prometeu infra estruturação do País,
saneamento básico e cobertura nacional de rede eléctrica, vemos um País sem
infra-estruturas, sem luz eléctrica e água potável onde a cólera tornou-se uma
doença endémica; falou que a agricultura seria a prioridade das
prioridades, facilitou o mercantilismo fácil e êxodo das populações rurais
principalmente para SAUBI e pequenas e médias cidades, onde a monocultura da
castanha de caju remetendo-nos à memória da época da monocultura de mancara
(amendoim);
prometeu
dignidade à pessoa humana, semeou mortes e tristezas; prometeu
trabalho, dignificou a preguiça incentivando a ladroagem onde os
contribuintes não valem; prometeu igualdade de oportunidades,
assistimos graves desigualdades sociais; onde está a previdência social? A
reforma? Depois dos nossos pais trabalharem a vida inteira!? E a nós o que nos
espera? O que é feito do nosso desporto e da nossa Cultura Nacional? Onde está
a habitação social prometida aos mais necessitados?
Antes a
palavra de honra era a concórdia e harmonia nacional, assistimos discórdia,
intolerâncias e tribalismos; a emigração forçada que raramente fazia parte das
cogitações das pessoas de repente tornara uma realidade nua e crua e o
desespero tomou conta dos guineenses,
A
industrialização do país que tinha sido começado no tempo do outro senhor,
arrasou com ela e mandou tudo para as calendas gregas. Onde pára o “ex. -
libris” do nosso turismo, ilhas dos Bijagós, Património Mundial da Biosfera?
Destruída e desmantelada.
Hoje, diz que
tem vergonha mas não tem medo. Este senhor jamais proferiu a palavra
ARREPENDIMENTO. Pensem nisso meus caros compatriotas! Indignem-se e é legítimo
e não aceitem serem enganados de novo!
Por tudo isto
e por outras mais é que devem comparar estas duas figuras. Da diáspora nem
querem ouvir falar, fingindo esquecer das nossas importantes e gigantescas
remessas financeiras para o equilíbrio da nossa desgraçada Balança de
Pagamentos.
A história
podia começar assim. Era uma vez um menino que não quis ser presidente e que
tinha um sonho: salvar o mundo. Veio de Sunculum e tinha liberdade, igualdade,
fraternidade e justiça no coração e tropa foi a sua opção. O povo não o
conhecia e o tempo também e, o menino foi crescendo até que se fez homem.
Nessa altura, pensava que tinha a missão divina de “Salvador da Pátria”. Como
não tinha cabeça para estudos, resolvera fazer-se ao mar à procura do destino
que lhe fora incumbida por DEUS. Como era bastante trapalhão, levou muito
tempo a avistar o porto de abrigo. Chegado ao local, ei-lo tomando rédeas da
embarcação até que se assentou.
Qual espanto
qual quê, a notícia do povo fez-se saber que o menino fora raptado e levado
para longe, para um lugar desconhecido. Outras vozes falavam que fora apanhado
a fim de ir cumprir serviço militar obrigatório, pois, andava nas ruas de
SAUBI sem beira nem eira e com algumas práticas de vandalismo pondo em perigo
as instituições de Estado.
O sururu
instalara-se durante algum tempo sem que ninguém ousasse levantar a voz.
Passaram dias, meses, anos e o silêncio tomara conta das conversas do povo.
Cada qual se interrogava do eventual paradeiro de ABSOLOM, nome dado pelo
“pai”. Afinal, era o único rapaz num agregado familiar de 5 pessoas.
Passado um
ano, quando ninguém esperava, eis que chegara a notícia que dava conta de que
o jovem ABSOLOM alistara na frente de combate no sul de Sunculum. SAUBI era e
continua a ser uma cidade pequenina e rapidamente o povo ficou a saber, mas
ninguém o admite e muito menos em voz alta porque as paredes falavam e,
qualquer espaço era antena parabólica e todo o objecto que se mexia,
constituía uma ameaça devido ao perigo que espreitava a cada esquina. Esse
perigo tinha um nome: PIDE – DGS (Polícia Internacional de Defesa do Estado)
do Estado Novo, cuja prática era prender e torturar todos aqueles indivíduos
de quem suspeitavam que possuíam 2º grau – hoje 4º ano do 1º ciclo em Portugal
- e que “sabiam muito” e que podiam pôr em causa as leis da Pátria.
Mais anos
passaram, no entanto, de quando em vez chegava as notícias das suas façanhas
nas matas do sul. O ambiente em SAUBI e nas restantes cidades de Sunculum era
de uma alegria triste consubstanciada na total falta de liberdade. Os que
viviam no interior profundo, apesar de gente simples e trabalhadora eram
considerados terroristas. Os que viviam nas cidades eram os agitadores natos à
boa ordem pública e como tal, eram os indesejados.
Na tabanca
(aldeia) que o adoptou, fora rebaptizado com o nome de SHAKA em homenagem ao
rei ZULU dado a sua bravura. O ainda jovem SHAKA teve o privilégio de ir
estudar para o estrangeiro. Após a sua formação militar intensiva voltou às
origens para cumprir o que a missão divina o teria incumbido – anunciar a
libertação do jugo dos “Colompés” nas sagradas colinas de Boé. O jovem tinha
mesmo vocação para as armas. Era o prenúncio de um comandante em chefe
... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...
Ironia de
destino: todos aqueles companheiros de armas que o ajudariam no seu sonho – um
sonho impossível não fosse o apoio e lealdade dos mesmos, que sempre o
aconselhavam e encorajavam-no a ter fé e esperança que um dia a sua opção
seria recompensada - ou porque foram mortos ou porque foram “castrados”(!)
ou porque estão completamente dementes.
Ao longo de
18 anos governou Sunculum com mão de ferro; instituiu um Estado - Polícia cuja
estratégia era dividir para melhor reinar; implantou o medo, corrupção não a
pequena corrupção mas aquela que levou a degradação total das instituições do
Estado de Sunclum.
Nepotismo e
compadrio quanto baste; injustiças e a impunidade a “La Palisse”; fuga das
pessoas mais qualificadas, promovendo a mediocridade e subserviência,
destruindo as emergentes forças sociais. Resultado: Sunculum transforma-se num
Estado Feudal, um modelo de autocracia pessoal.
Como há
sempre alguém que diga que não, Sunculum entra em guerra e assiste-se
estupefacto à rebelião entre irmãos em que o agora único general de 5 estrelas
acompanhado por meia dúzia dos seus apaniguados, acantonam-se em SAUBI
chamando as tropas expedicionárias de SENEGUI e de GUINECÓ em seu auxílio para
matar o seu próprio POVO fazendo-nos lembrar MUSSOLINI e a “República de
Saló”. Ao fim de 11 longos meses Sunculum fica completamente sitiada,
saqueada, destruída e com muitos mortos ainda por apurar. O general dizia,
guerra é guerra. São crianças sem pais, mulheres sem maridos, famílias
inteiras mortas...
O general sem
medo fugiu cobardemente a quatro pés pedindo asilo político ao país que em
tempos fora alvo de acusações e ataques sem quaisquer contemplações. O asilo
foi-lhe concedido em nome dos direitos fundamentais da pessoa humana - o
direito à vida. Que cara de pau! Finalmente, o POVO volta a rejubilar-se
de alegria e aclama LIBERDADE. Sol de pouca dura.
Vivia-se novamente poucos momentos de felicidade e a auto - estima estava novamente em alta.
Sete anos volvidos, parece que toda a gente teve momentos de
ataques de Amnésia recebendo – o triunfalmente num país profundamente dividido
e marcado pelo sentimento do voto étnico e religioso. Sunculum nunca foi
dessas coisas dizem muitos. Ideias feitas. É só para o inglês ouvir, dizem
tantos outros.
Soubemos da
notícia este fim-de-semana (2/3 de Julho de 2005) e na 2ª feira desta semana,
Kumba Yala e Francisco Fadul ambos fugiam de Nino Vieira
como o Diabo foge da Cruz, apoiam o General.
Provavelmente
os ingénuos perguntarão por quê? Para aqueles cidadãos atentos à realidade do
martirizado Sunculum, esta notícia não constitui qualquer surpresa facto que
vem dar razão àqueles que vaticinavam este cenário. Dirão, ligações do
passado?! Outros ainda, perguntarão o que prevaleceu? O primado do
“político “ sobre qualquer outro primado? Onde está a coerência? O que
terão em troca? Teremos que estar atentos!
Há várias
possibilidades: uma delas é, em caso da vitória do general, este
Primeiro-Ministro demite-se, já o tem afirmado, devido a difícil coabitação
entre ambos e, Francisco Fadul poderá vir a ser o potencial Primeiro-Ministro
de Sunculum. Ambição e Poder é a coisa que não lhe tem faltado. A ver
vamos! Pena, muita pena sentir-se-ão hoje, desilusão, provavelmente, até
alguma raiva para àqueles que viam nele como dos poucos políticos locais com
os “atributos” que nos levaria para o “Caminho da Glória”. Eu
estou fora desse grupo por uma razão muito simples:
O seu estilo
de fazer política...Oh (!) dá panos para manga!
A nossa vida
política está cheio de exemplos desta natureza, só para citar um de um
“renomado” jornalista da nossa praça que em tempos fora um acérrimo adversário
de Kumba e eram como dois galos num poleiro, e dizia cobras e lagartos contra
o ex. – Presidente mas acabou por se vender (!) por um lugarzinho de
secretário de uma coisa (!) qualquer e hoje, tem processos a correr no
tribunal regional de SAUBI, acusado de desvios de avultadas somas de dinheiro
do erário público.
Contudo, o
que neste momento urge questionar é:
1 – Queremos um regresso ao passado em que toda a escória que não sabe fazer outra coisa se não a “política suja” querendo voltar aos “papéis da Lórdia”? Ou queremos um futuro com estabilidade, harmonia, justiça, paz, amor, progresso e desenvolvimento? Em que a palavra de ordem seja: guineenses, uni-vos e toca a trabalhar! – O que não abunda por aquelas paragens – para uma GUINÉ MELHOR.
2
–
Guerra é guerra como dizia o general?!
É
isto a nossa, vossa política? Estas são as alianças.
Uma de um demente e tolo com outro cujas mãos estão cheias de sangue é um
barril de pólvora que a qualquer momento pode ser accionada. No meio de tudo
isto até onde irá a aliança de um “Hiper inteligente e Super-homem” com o
mesmo general?
Como será
esta combinação matemática de três variáveis e apenas uma equação? Claro que é
uma solução impossível!!!
O general
depois de 18 anos de reinado absoluto, tem uma falta de conhecimento das
atribuições de um Presidente da República que é de uma barbaridade atroz de
arrepiar.
Revejam as
palavras dele durante a 1ª campanha para a presidência, falando em coisas como
fazer isto, fazer aquilo ou exigir isto ou exigir aquele outro... um grande
embuste!
Aqueles
que votaram por pertença étnica ou aqueles que pensaram que votariam em Kumba
(que não por pertença étnica e são muitos (!)) para que o general não ganhasse
é chegado o momento sublinho novamente de pensarem com as vossas
próprias cabeças, CABRAL.
Muitos dirão
que as nossas tradições, enfim, a nossa cultura é diferente da do Ocidente.
Concerteza. Mas não é esta a questão. A questão de fundo é a impunidade e
falta de equidade e de transparência no tratamento de questões delicadas; da
falta de justiça. Esse general com processo nos tribunais é considerado um
traidor à Pátria e foi recebido com pompa e circunstância como se nada tivesse
acontecido com ele. Não é ser-se muçulmano ou laico – cristão! Não há aqui o
combate entre DAVID e GOLIAS, como muitos querem fazer crer, não! O que está
em causa é o regresso de um passado triste e tenebroso onde o futuro
poder-se-á tornar mais uma vez de desgraça e mortes.
Acabado de
chegar do exílio com muito, muito dinheiro não se sabe como, contrariando as
vozes que diziam que o general estava pobre. Já não tinha nada. E mais e mais
aquilo... não é o que se vê. Num país pobre acaba por comprar a consciência
das pessoas. Lembrem que Cabral não mobilizou ninguém para a luta de
libertação com ofertas de motorizadas, telemóveis, televisões, dinheiro,....
Alguém dizia
que Sunclum é um país anedótico mas estas alianças podem perder a sua base
social de apoio se o que está em causa é o nosso futuro colectivo.
Num país
normal é Concerteza o que deveria acontecer. É o futuro dos nossos filhos e
netos que está em causa! Reflictamos! Lembrem desta frase no comício do
general em Bafatá onde dizia num tom desafiador: “ É mis ti, É kamisti,
vitória” – querem ou não querem a vitória será dele. Quem são eles? Pensem e
reflictam sobre esta frase. É demasiadamente forte para este candidato que já
fez o que fez e deixou marcas profundas na nossa sociedade. O general foi
quem mais contribuiu para a degradação que a Guiné vive hoje. A todos os
níveis!
O discurso destes 3 senhores subjazem o modelo do quero, posso e mando. Basta! Estamos fartos! Há sempre quem diga, chega! O medo deve ser definitivamente banido da nossa sociedade! A DEMOCRACIA não coaduna com MEDO
Junto a voz àqueles que não são pessimistas quanto ao nosso futuro mas temo a nova desintegração social. Nunca fui e nunca serei apologista de uso de força sobretudo por via das armas para a resolução de quaisquer que fossem os problemas. Nós vimos que os confrontos armados dentro de sociedades marcadas por " extrema pobreza" (a cada um o seu conceito de pobreza) e por instituições muito frágeis, que é assumidamente o nosso caso, assumem um enorme grau de explosividade e irradiação. Estas três alianças só por si não podem ganhar estas eleições apesar ainda da ignorância da maior parte das nossas populações e da sua consequente manipulação!
A verdade é
uma afirmação da liberdade sinónima da Democracia. Vale mais ser livre um
dia nas ondas do rio Geba, rio Cacheu ou rio Corubal do que viver toda a vida
pobre, triste, preso e escravo e sem perspectivas!
Parafraseando
Mandela a vós jovens, particularmente que deixo esta mensagem: “Às vezes
cabe a uma geração ser grande. Vocês podem ser essa grande geração”.
Escolham com consciência meus irmãos e pensemos na Guiné. Salvemos a Guiné –
Bissau! Com DIREITOS mas com DEVERES também! Nunca se esqueçam disto!
INSHALLAH,
veremos a luz ao fundo do túnel.
SHALON! Bem –
haja e um abraço fraterno.
Francelino Alfa
08.07.2005
20.07.2005
Irmãos,
Começo por me desculpar por esta ausência "forçada", motivada por problemas informáticos que felizmente consegui resolver, estando por isso de volta ao projecto.
Porque já perdemos tempo com esta ausência, a hora é de acção, de trabalho redobrado.
Vamos a isso!
20.07.2005
CARTA ABERTA AO CANDIDATO NINO
VIEIRA (2)
Senhor General,
Sou um simples cidadão que vive
da sua magra reforma de professor primário que lhe escreveu aquando do
início da campanha destas presidenciais 2005.
Volto a escrever-lhe a escassos
dias do fim da mesma campanha porque os guineenses carecem de explicações, agora
mais do que nunca, da origem do seu património e da declaração certificada dos
seus bens em 1975 e agora 2005, quer ganhe ou perca as actuais eleições.
Um conselho de “mandjuá”
de idade. Desta vez, se voltar a ser Presidente, ponha tudo em seu nome e não em
nome da sua esposa ou dos seus filhos ou “amigos”, não vá o diabo
tecê-las.
O que se passa na sua cabeça,
só você o sabe. Mas a percepção que tenho – a partir dos sinais que nos
transmitiu durante esta campanha com as suas palavras, seus gestos e suas
expressões – é que você nutre uma grande arrogância e um profundo desprezo para
com o povo guineense, sua inteligência e, sobretudo, para a sua classe política
que pretende ser a vanguarda esclarecida desta sociedade.
Permita-me dizer-lhe que, pela
primeira vez depois da guerra de 7 de Junho, concordo parcialmente consigo na
percepção que tem da sociedade guineense. Assim, no que respeita ao
desprezo da classe política guineense. Não podíamos estar mais de
acordo, Senhor General!
Lembro-lhe que numa das suas
entrevistas a um jornal português, dizia que a “Guiné
era um país de traições”. Decorridos sete anos, o tempo
encarregou-se de nos mostrar que neste aspecto só temos a reconhecer que tinha
toda a razão. A maioria do comando militar da ex-Junta Militar foi traída e
decapitada. O povo foi traído nas suas aspirações de justiça com
J grande pelos militares e pelos políticos que fintaram
o povo.
Os mesmos políticos – uns “escribas”
e outros “populistas” justiceiros – estão hoje miseravelmente à sua
mercê por uns míseros francos CFA e promessas de desprezíveis lugares que lhes
permitam assegurar a vida fácil a que sempre se habituaram a custa do erário
público.
Enfim, senhor General, há
evidências mais do que suficientes para que o povo julgue implacavelmente estes
oportunistas e ambiciosos que não olham a meios para atingirem os seus fins. Por
isso, qualquer que venha a ser o desfecho das eleições do próximo dia 24 de
Julho de 2005, os guineenses devem reconhecer-lhe este bom serviço que lhes
prestou ao mostrar-lhes, publicamente, a verdadeira cara das pessoas que, num
passado recente, eles julgavam inocentes, patriotas, puros e bons filhos de “tchon”,
grandes estadistas de renome internacional.
Quanto à arrogância e o desprezo para o povo e a inteligência dos guineenses; permita-me, senhor General, continuar a discordar e denunciar esse seu grande defeito que dificilmente conseguirá reconhecer. Este povo é humilde mas respeitável e respeitador de quem o respeita.
É a arrogância e o desprezo
para com o seu povo que leva um Ex-Presidente (máximo) a ousar falar
publicamente da sua corrupção pessoal e da corrupção do seu regime e dos seus
Ministros, porque convencido que nada lhe pode acontecer visto que os governados
não são inteligentes. Pode ser verdade. Mas pode também não ser bem assim como
está a pensar...
Como cidadão insultado na
sua moral e inteligência, peço a justiça (Ministério Publico) do país para abrir
um processo - crime contra o cidadão Ex-Presidente João Bernardo Vieira, seja ou
não Presidente no dia 25 de Julho próximo.
Com efeito, quando um
Ex-Presidente da Republica (gestor da coisa pública) cujo regime arruinou
completamente o seu país e catapultou o seu povo para uma miséria e atraso
ignóbil, em vez de prestar contas do seu reinado de 18 anos vem dizer que um
empresário lhe roubou bens que nunca manifestou ao povo ou que um dos seus
ex-Ministros roubou fundos públicos mas que ele (Presidente), apesar disso,
promoveu-o no seu partido e no seu regime ao ponto de ser a segunda figura do
Estado, é caso para todos os guineenses com alguma honra ficarem INDIGNADOS e
INSULTADOS na sua inteligência. Basta senhor General!
É, em reacção a isso que ouvi
da sua boca, que lhe faço esta carta senhor General. Como disse no princípio, já
lhe tinha feito uma carta no inicio desta campanha a pedir-lhe que esclarecesse
o eleitorado guineense alguns aspectos da sua gestão (18 anos) do país. Durante
a campanha não ouvi nenhuma explicação quanto aos problemas que colocara, a
saber: a destruição sistemática da economia, os crimes praticados no seu
regime e a ausência de um projecto político credível para a Guiné no seu
programa eleitoral.
Pronto, aceito agora que a sua
arrogância e desprezo para com este povo não lhe permitem responder tais
questões colocadas por um simples velho, reformado professor primário.
Volto a escrever-lhe a escassos
dias do fim da campanha porque os guineenses carecem de explicações, agora
mais do que nunca, quanto à origem do seu património e reclamam uma declaração
certificada dos seus bens em 1974 e agora 2005, quer ganhe ou quer perca as
eleições!!!. Um conselho. Desta vez, se voltar a ser Presidente ponha tudo
em seu nome e não em nome da sua esposa (que também pode voltar a traí-lo) ou
dos seus “amigos”, não vá o diabo tecê-las.
Como a vida das pessoas também
tem uma história, vou contar aos meus compatriotas guineenses apenas uma
pequeníssima faceta da sua vida que conheço. Sei que você é filho de uma modesta
e honesta engomadeira do bairro de Chão-de Papel (Bissau) que sempre trabalhou
para ganhar a vida e sustentar os seus. Você foi parar à epopeia da Luta de
Libertação Nacional porque pairava sobre si a suspeição de um roubo na empresa
onde trabalhava como ajudante de electricista em Bissau. Tanto quanto sei, você
saiu fugido de Bissau não para abraçar o movimento nacionalista (ou o PAIGC) mas
porque tinha contas a ajustar com a justiça colonial. Permita-me também, dizer
ao povo, que quem o levou para o PAIGC, a muito custo, foi o velho comandante
Luciano N’DAO. Penso que não vale a pena contar outros aspectos negativos da sua
vida como combatente (no mato) porque este povo precisa de ser poupado dessa
faceta negra do seu herói.
Com a
independência, a sua apetência para mulheres e dinheiro rapidamente o transforma
em governante-corrupto. Como alguém disse, você é o único dos seus companheiros
que se enriqueceu depois da independência. Tornou-se no homem mais rico do país,
à custa das funções que foi ocupando no Estado. À custa destas funções o senhor
facilmente se envolveu com Jonas Savimbi. O reconhecimento desse envolvimento é
a quantidade de ouro e diamantes de Angola que, através de si, Savimbi branqueou em Bruxelas (Bélgica). A sua esposa foi objecto de detenção
no aeroporto de Bruxelas a transportar ilegalmente ouro consigo.
Você tirou partido dos seus
Ministros mafiosos, associando-se a eles e outros conhecidos mafiosos
internacionais portugueses para, em proveito próprio, vender e comprar todas as
empresas publicas comerciais e industriais de que o país dispunha (Armazéns de
Povo, Socomin, Dicol (disse ele agora), Titina Sila, Cumeré, Blufo, Bambi,
Volvo, Oxigénio e Acetileno, etc., etc.). Torna-se sócio do outro mafioso
africano – o presidente Lassana Conté, da Guiné-Conakry – para melhor se dedicar
ao tráfico de diamantes da Serra Leoa.
Com um salário de Presidente de
1 200 000 Mil Pesos (20 000 francos CFA) que você dizia ganhar enquanto Chefe de
Estado (ver entrevista ao jornal português Expresso de 2001) não consegue
justificar ao povo da Guiné-Bissau como adquiriu e porque deixou em nome de
familiares e de terceiros os bens que reclama agora.
Mais uma vez, e como não citou
propositadamente grande parte dos seus bens, vou-lhe lembrar os outros bens que
escamoteou ao povo (mas que todo o guineense conhece) agradecendo penhoradamente
que esclareça ao povo como comprou os seguintes bens e quanto deve nesta data
nos Bancos pela compra do referido património imobiliário, uma vez que
sabemos que não herdou nada nem nasceu rico:
Vivendas:
1. A residência
habitada pelo PM (que disse ser do filho);
2.
O Palácio residencial oficial
do Presidente na Rua Bafatá (que a sua esposa reclama ter comprado para garantir
o futuro dos seus filhos);
3.
A vivenda onde se encontra
instalada a Agencia do ex-BIG na Avenida Unidade Africana;
4. A vivenda
geminada onde funcionam os serviços de Protocolo do Estado, na Avenida Amílcar
Cabral;
5.
O Complexo residencial do
Bairro Militar
6.
A vivenda do Bairro de Luanda
onde morava a sua ex-segunda esposa que era propriedade do Banco Nacional
Ultramarino;
7.
A vivenda do bairro de Ajuda (nova fase) actualmente ocupada por
Zamora Induta;
8.
A vivenda geminada do bairro de Luanda;
9.
A vivenda no Bairro de Chão de Papel ocupada pelo ex-General Veríssimo
Correia Seabra;
10.
A vivenda em Bruxelas onde reside a sua família (que
estava em nome do arquitecto senegalês Pierre Goudiaby);
11.
A Vivenda da Vila Nova de Gaia onde esteve
refugiado em Portugal
12.
A vivenda no Bairro de Fann-Mermoz em Dakar (construída pelo arquitecto
Pierre Goudiaby)
13. A
vivenda em Cascais/Portugal (em nome do seu primo Murido Vieira)
14. A vivenda em Maputo/ Moçambique onde reside a sua filha advogada
Empreendimentos:
15.
A propriedade agrícola de Ensalma
16. A propriedade
agrícola de Finete/Bambadinca, em nome da sua mãe;
17.
A propriedade agrícola de Gã-Mamudo/Bafatá
18.
A propriedade agrícola dos palestinianos conhecida pela granja de Prábis, em
nome do Avito José da Silva
19.
A Petromar
(que disse ser da sua esposa e que prometeu doar ao Estado não sei bem porquê,
mas enfim...);
20.
A companhia de cerveja CICER de que é
accionista com o empresário português de Expo
21.
A GUIPORT de que é sócio com outros seus ex-Ministros
dos Transportes e um empresário português
22.
As empresas de pesca que tem em Conakry a pescarem nas
águas territoriais da Guiné-Bissau
Enfim, senhor General, já
agora, em nome da reconciliação nacional, diga-nos toda a verdade e só a verdade
para nos libertarmos deste tenebroso passado.
Se explicar tudo isso, pode contar com o meu voto enquanto cidadão que lhe admirará para o resto da vida pela contribuição que dará para salvar este país da sua desintegração por vergonha dos seus políticos.
Atenciosamente.
Galo Garandi
20.07.2005
Seu compatriota e professor primário na reforma
23.07.2005
"GUINÉ - BISSAU: PONTO DE SITUAÇÃO"
COMENTÁRIOS AO TEXTO
Não
é nenhum insulto ou falta de consideração ou mesmo subestimar a inteligência da
população guineense, da qual somos parte integrante e do seio da qual saem
tanto os políticos, candidatos, quanto os eleitores. A verdade é que a falta de
uma preparação, orientação e sobretudo, de uma conscientização efectiva dos
eleitores guineenses sobre a prática do exercício democrático da cidadania, faz
com que os políticos manipuladores e sem escrúpulos que ontem deixaram marcas
devastadoras e feridas que jamais cicatrizarão do cerne da sociedade guineense,
continuem mais do que nunca vivos na cena política nacional, enganando
descaradamente a todos e subestimando a memória de todos para não dizer que
todos nós guineenses somos simplesmente amnésicos (furtando o teu termo) ou
melhor, que todos nós perdemos totalmente a memória e não nos lembramos o que
eles fizeram no comando do nosso país. O exemplo concreto é da "dupla
inseparável", Nino Vieira e Kumbá Ialá.
Os neófitos na
política guineense, nos quais deveriam ser depositadas as esperanças do povo
longânime, ingênuo, mas sempre credor no amanhã do país estão seguindo os
rastros dos caducos, transformando-se em meros caçadores de cargos e por
consequência do poder. Estão se transformando em políticos de ocasião. É o caso
flagrante e escandaloso do senhor Francisco José Fadul, evocado pelo teu artigo
e objecto deste meu comentário.
A nação guineense ou
pelo menos uma parcela considerável de guineenses depositou/depositaram nele
confiança pelo que dissera e sinalizou poder fazer aquando no cargo de Primeiro
- Ministro, do primeiro governo de transição, pós Nino Vieira.
Recentemente, antes
do voto, vozes nacionais conscientes se levantaram contra o procedimento
equivocado do STJ de ter permitido as candidaturas dos protagonistas e
promotores da situação caótica e da instabilidade que o país se encontra
mergulhado, os senhores Nino Vieira e Kumbá Ialá, sobretudo após a intempérie
provocada pelo primeiro a bordo de uma aeronave estrangeira que invadiu o espaço
aéreo guineense no advento dos preparativos da campanha para as eleições
presidenciais de 19 de Junho
de 2005. A essas vozes que naturalmente exprimiam a vontade reprimida dos
guineenses, juntei a minha, através de um artigo intitulado : " Fadul! Vítima da
lei obsoleta ou da aversão política guineense " ?
Recordo muito bem
que o artigo acima não só mostrava indignação
com a atitude do STJ de aprovar as candidaturas dos
dois ex-presidentes, mas destacava a necessidade de se proceder à revisão da lei
eleitoral que divide o cidadão guineense em duas categorias: a primeira, dos
cidadãos natos, cujos ascendentes são também natos e a segunda dos cidadãos
natos, cujos ascendentes são guineenses não natos, implicando que seus filhos
não tenham direito de se candidatarem à presidência do país, só porque os seus
pais são "guineenses não natos", o que é um absurdo dos absurdos.
Portanto, meu caro
compatriota e querido irmão Didinho, a " capacidade de envolvência, de afirmação
da sociedade civil, das quais depende o futuro da Guiné - Bissau ", dependerá do
factor multiplicador, do dinamismo e sobrevivência das vozes dos que hoje são
baluartes, referências e defensores ferrenhos e intransigentes em suas posições
quanto à
defesa dos interesses nacionais e
à necessidade de todos os guineenses
participarem nessa tarefa. Isto é fundamental para que a dignidade do povo
guineense não pereça com as esperanças cada vez minguantes, do dia a dia do
nosso país.
Caro Didinho, não é
nenhum favor e nem pretensão, mas sim um dever que eu tenho como cidadão
guineense de destacar e enaltecer a inestimável contribuição que tu, meu caro
irmão, à frente da tua entidade - "Guiné Bissau: Contributo" tens
dado com denodo e pertinácia à causa da dignidade da nossa pátria. Tu és na
essência da palavra, o exemplo para todos nós guineenses que queremos pôr o país
acima dos nossos interesses, assim como para todos os guineenses
que querem ver a Guiné - Bissau livre dos políticos que não pensam no país, da
miséria, do analfabetismo, para que o povo não tenha mais medo da sua própria
sombra e nem da sua consciência, enfim, não tenha mais vergonha da verdade.
Infelizmente, meu
caro Didinho, não obstante os fracassos e dissabores
que o nosso país tem experimentado e continua a provar, a classe dirigente não
tem tido o pudor, quanto mais a grandeza de tirar lições do passado. Realmente "
não temos sido bons alunos, não temos sabido aprender com os nossos próprios
erros" tal como eloquentemente destaca o teu artigo "Guiné - Bissau: Ponto de
situação". Eu acrescentaria, modestamente, não temos sabido "aprender a
aprender".
O nosso país, a
Guiné - Bissau é uma nação que continua a ser um país do futuro, que dia após
dia se distancia dos nossos olhos e parece perder-se no horizonte.
É um
futuro sem hoje. É
um barco à deriva, sem comando. Sendo assim, cada marujo faz o que puder para se
salvar. É
realmente um país onde se aluga a dignidade, onde a traição à nação e sua gente
é uma " questão de honra para a sobrevivência ". Isto, infelizmente, escrito com
letras "gordas" que saltam aos olhos em sinal de indignação, diga-se de
passagem.
Concordo plenamente
contigo. É a terra do " salve-se quem puder ".
Parece-me que o
vento da globalização nos trouxe uma lição que já sabemos na ponta da língua :
Fazer política é
sinónimo
de vantagens, não é preciso ser competente, ser
honesto e quanto mais ser patriota e pensar primeiro nos interesses do país,
pondo-os acima dos nossos. Não. A meta é fazer política e fazer política em
qualquer parte do globo nos nossos dias é ganhar dinheiro e fingir que se está a
trabalhar a bem da nação. Para isso no nosso caso específico, é preciso que em
cada esquina da cidade de Bissau se crie uma agremiação partidária para não
dizer uma " associação de negociadores " que só pensam em dinheiro das eleições
e não da campanha porque para eles são duas coisas diferentes que não têm nada a
ver uma coisa com a outra. O " quinhão " fica no bolso e a campanha sai andando
pela rua sem rumo nem objectivo. Porque não interessa aproveitar a campanha para
conscientizar o povo da necessidade de votar em quem possa fazer alguma coisa
que beneficie o país e o povo.
O importante é fingir
que somos políticos e fazemos política, contanto que ganhemos por isso. Dessa
mentalidade nascem políticos de ocasião e oportunistas que não pensam no país
senão no poder e nos cargos dali advidos.
Caro Fernando, vale
a pena transcrever a tua concisa caracterização do povo guineense, como um todo
: " Somos um povo imprevisível, influenciável quanto baste, manifestamente
teimoso e com um sentido de humor que se azeda
facilmente quando confrontados com a verdade ".
A transcrição acima é
infelizmente uma verdade irrefutável que nós quanto povo vivemos.
Nós temos " vergonha e
medo da verdade ". Preferimos a omissão à manifestação da nossa indignação.
Mesmo com a nossa
alma cauterizada pela revolta e " Cassabi ", escolhemos ainda o jargão popular :
"Nha boca casta lá"! "Ami cu na cumpu terra"? Esta é uma outra realidade que
vivemos. Contudo, já podemos externar tudo isso através das nossas acções
efectivas e a melhor maneira de fazê-lo no advento democrático que vivemos é
através do voto; não votando naqueles políticos caducos que já deram mostra de
incompetência administrativa durante as suas acções governativas, talvez melhor,
"desgovernativas", que não têm nada a dar senão a tirar
ao país.
Portanto, hoje,
felizmente o voto é um instrumento poderoso para banir da cena política
guineense todos aqueles que já brincaram e tentam ainda brincar com a paciência
do povo guineense, pensando que todos nós temos a memória
desactivada.
Quem é
que
na Guiné hoje não se lembra e sabe a contribuição que Nino Vieira deu à
destruição do nosso país, tanto no que toca
às
estruturas do Estado,
as ínfimas
infra-estruturas produtivas, os recursos humanos, no decurso dos 18 anos à
frente da nação guineense. Quem é que não sabe e não
se lembra que durante todo esse tempo o senhor Nino adoptou como praxe, a
"eliminação física" de todos aqueles que ousassem levantar a voz ou que ele
desconfiasse ser uma pedra no seu caminho de perpetuar-se no poder como se a
Guiné - Bissau fosse o seu "quintal" no qual pudesse plantar e arrancar qualquer
planta que quisesse e a hora que quisesse.
É oportuno e
necessário destacar a sensata e profícua ideia da criação da secção
"Presidenciais" no "Contributo", no dia 21/04/05 com o objectivo de acompanhar,
sensibilizar e esclarecer ao povo em geral e ao eleitor em particular sobre a
importância do processo eleitoral, do voto, assim como das consequências do seu
resultado. Da sua criação para cá, a secção tem feito muito e está empenhada não
só no esclarecimento e sensibilização do povo, mas sobretudo
na
necessidade do eleitor não se deixar enganar e renunciar à compra e venda da sua
dignidade e direito de votar em quem de direito e de não votar naqueles que já
não merecem mais a confiança do povo. Essa campanha patriótica a bem da Guiné -
Bissau tem surtido efeitos positivos que todos os patriotas guineenses ansiavam
e esperavam.
Já derrotamos "um"-
o Sr. Kumbá Ialá. O segundo está em vias
de ser derrotado na 2ª volta das Presidenciais no
dia 24 de Julho corrente,
pois
as urnas o
confirmarão de forma inequívoca. Para tanto, é necessário que os guineenses,
todos nós, sobretudo os que estão no terreno das "hostilidades democráticas",
isto é dentro do país, promovamos a campanha de "boca em boca", campanha essa de
sensibilização, de esclarecimento sobre a necessidade de votarmos no candidato
"Bacai , porque, com esse gesto estaremos mais uma vez depositando as nossas
esperanças num candidato cuja imagem ainda não está manchada pela síndrome da
corrupção, da maldade e da crueldade, da ineficiência quanto da incompetência
administrativa. Malam Bacai Sanhá, para fazer uma boa administração terá aliados
e conselheiros muito fortes que todos nós conhecemos de sobra: "os erros do
passado". Poderá servir-se de "lição" as acções negativas dos seus antecessores
- a dupla Kumba/Nino,
para promover mudanças radicais na maneira de governar o país, dando prioridade
à competência em detrimento da ineficiência administrativa, isto porque às vezes
não se faz nada por não ter noção do que se deve realizar.
É preciso que o
eleitor saiba que o voto lhe pertence e dele pode fazer o que bem entender.
Convém igualmente,
que saiba que esse mesmo
voto que
parece uma coisa simples, pode trazer-lhe "dor de cabeça", prejuízo, isto se
votar em quem não vai mais uma vez cuidar do país e "lucros" se votar no
candidato que vai se empenhar
Assim como todos os
guineenses, espero e faço votos para que o país, a Guiné - Bissau saia das urnas
mais forte do que nunca e que o risco de uma instabilidade perene seja coisa do
passado. Aliás, como bem resumiste na chamada da Secção Presidenciais 2005 :
"Enterrar de vez os
fantasmas do passado".
Receba Didinho, o meu
forte abraço patriótico e fraterno
José Carlos Cocamáro
(José Bacar)
23.07.2005
Obrigado por tudo e digo-lhe simplesmente
isto: Devemos superar todos os nossos
obstáculos para atingir a nossa meta final. O
sacrifício para um objectivo elevado é o único caminho para obter a nossa
perfeição. Nisto, encontramos o nosso valor e conseguimos a verdadeira
alegria
e felicidade.
Às vezes,
estando longe do país torna-se mais difícil e eficaz o
nosso contributo mas não há que desistir. "Dianti ki Caminhu"! "...no na
nega bebju pa ka djudjus bin pirguissa
caminhu lundju inda...", Zé Carlos Schwartz
Como disse e bem no seu sítio
a propósito da construção
do mesmo, o sacrifício para um objectivo
elevado e nobre - o que tem estado a fazer - é o único caminho para obter a
nossa perfeição. Nisto, encontramos o nosso valor e conseguimos a
verdadeira alegria e felicidade.
Sentimo-nos bem com a nossa consciência pelo dever
cumprido. Ontem foi você, logo no dia a seguir veio mais um , dois dias
depois vieram muitos mais. Hoje, somos
muitos e amanhã seremos muitos e muitos mais.
Estou certo de que muitos guineenses estão felizes por si e aqueles que no
passado viveram à custa desse "humanóide" e dos seus "nocivos tentáculos"
não deixarão de reconhecer timidamente e
às escondidas que existem "guineenses que
não estão dormir na forma" - típico do nosso vócabulo! e que num futuro não
muito
distante serão severamente "castigados" por nossos filhos e netos. E
ficarão definitivamente como personagens traidoras e "non gratas" da nossa
identidade e da nossa História. A verdade é como o azeite, vem sempre o
de cima.
Aquele abraço
Francelino Alfa
23.07.2005
As Verdades que o Povo Deve Conhecer!
“Os
Planos Maquiavélicos de Nino
e Kumba”
A aliança entre o general Nino Vieira e Kumba Yalá tem objectivos e interesses obscuros e perigosos que poderão pôr em causa a coesão social e a estabilidade do país. O povo, enquanto entidade soberana deve conhecer, denunciar e demarcar-se desses interesses.
Os Planos de
Nino Vieira
É exactamente aqui que o
Kumba vai avançar com os seus planos.
Os Planos de
Kumba Yalá:
Caros compatriotas,
Estes planos e interesses
pessoais nada têm a ver com os interesses de nenhum grupo social e étnico
deste país, trata-se de planos e ambições de pessoas que apenas pensam no seu
bem-estar pessoal, em detrimento do povo.
Os discursos de Nino e de
Kumba Yalá, são discursos iguais aos discursos de colonialistas, ou seja, de
gente que divide para reinar, que semeia o espírito de divisão e diferenças
para poderem explorar a sociedade e o povo.
Cabe perguntarmos:
Nunca! Kumba só “meteu”
jovens balantas nas forças armadas, para irem lutar, para os enganar que devem
defender o seu “chão”. Os seus investimentos apenas foram para comprar carros
de luxo, para financiar viagens a Meca, ou para investir nos militares quando
esses reclamam, como fez quando vendeu o Hotti Hotel para dar uma parte de
dinheiro aos militares e guardar uma outra parte na sua casa.
Voltamos a perguntar:
Caros compatriotas,
Este quadro de referência e
de informação, não pretende manipular a opinião pública, contra os cidadãos
Nino Vieira e Kumba Yalá. Apenas tenciona chamar a atenção para o perigo que
nos espera, para os problemas que nos esperam com essa dupla, que é muito mais
perigosa que o “Tsunami Asiático”, esse ao menos foi um fenómeno natural,
temporário que ceifou muita vida humana, o nosso Tsunami, é um fenómeno
social, que pode durar muito mais tempo, é mais perigoso e nefasto.
A nossa preocupação é apenas
a de informar, desmascarar os planos que apenas pretendem beneficiar um
pequeno grupo de pessoas. Pretendemos sim, convidar o cidadão comum a uma
reflexão séria e profunda, para depois tomar a decisão certa no dia do voto.
Bem-haja o povo da Guiné Bissau.
Alin Li
Galo Garandi
23.07.2005
ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2005
Guineenses,
Desde que foram conhecidos
os resultados da primeira volta, voltei a percorrer capilarmente o país. Falei
com anciãos, escutei as mulheres e auscultei os jovens. Nas vossas palavras e
nos vossos olhares pude ler sinceridade, ânsia, esperança e determinação em
avançar comigo, de mãos dadas para regarmos novos horizontes. Contudo,
confesso que, mais uma vez, não pude iludir nesses contactos um sentimento de
vergonha e de revolta que me invade, cada vez que constato que povoados tão
importantes quanto Ntotinha, Bissássema, Patche, Tchokmon, Encheia e outras
tantas tabancas da nossa terra continuam deficientemente drenadas com
infra-estruturas tão elementares, mas essenciais como uma escola de ensino
básico, um furo de água, um dispensário ou uma descascadora de arroz. Vi
Bedinte, a mulher, mais velha e mais exausta. Pansau, a criança, não vai á
escola. Vi-o sem sapatos, trajado de lopé, correndo atrás das vacas.
Confesso-vos que sinto-me profundamente confortado na justeza da nossa causa.
Meus irmãos,
Diante de desafios de
tamanha monta, Nino engana-se ao encarar estas eleições como se fossem uma
luta mortal entre eu e ele, numa vã tentativa de se vingar da história. Nino
não é meu inimigo. O meu inimigo é o HIV/sida, a tuberculose e o paludismo que
todos os anos ceifam a vida de milhares de crianças e jovens. O meu inimigo é
o atraso económico, tecnológico e científico desta terra. O meu inimigo é a
pobreza que impede o nosso povo de progredir, de ser feliz e de tomar parte
nos enormes progressos que marcam a marcha da humanidade neste dealbar do
milénio. O meu combate, o combate para o qual convido todos os guineenses, a
partir do dia 25 de Julho próximo realizarmos o sonho de ver as nossas
crianças a viverem num país sem fome, sem sangue, sem ódio; num país de
justiça, de igualdade, preenchidos de oportunidades e de realizações; num país
iluminado, conectado, extravasado de negócios; uma Guiné próspera, em que os
melhores serão devidamente reconhecidos e recompensados e os mais carenciados
apoiados.
Não quero morrer sem ver
esta Guiné, sonho milenar do nosso povo e razão pela qual Amilcar Cabral e
tantos camaradas verteram o seu sangue. Não quero que o meu povo perca o
comboio do século XXI.
Caros compatriotas,
O povo é quem faz a
história. Em cada momento da sua vida ele escolhe um dos seus filhos para
assumir a liderança nacional. Esta é a minha vez.
A nova Guiné em gestação
nascerá no dia 24 de Julho próximo, com o vosso voto.
Bissau, 20 de Julho de 2005.
Malam Bacai Sanhá
23.07.2005
Reflectir para votar em consciência (2)
Caros irmãos,
Coloco aqui de novo, o texto dedicado ao dia de Reflexão publicado a 18.06.2005..
O tema é o mesmo, o objectivo é o mesmo, a situação presente difere no entanto, porque assenta numa votação a 2 contrariamente à situação que tínhamos a 19 de Junho e em que se apresentavam 13 candidatos.
O momento presente difere ainda, porquanto, e verdade seja dita, um dos candidatos, Nino Vieira, ter conseguido enganar e dividir uma vez mais o povo guineense.
Muitos irmãos guineenses votaram em Nino Vieira e por isso ele alcançou os votos que lhe deram a passagem para a 2ª volta, que disputará com Malam Bacai Sanhá, já amanhã, 24 de Julho de 2005.
O povo é soberano! Diz-se...e eu respeito.
Gostaria de abordar um ponto importantíssimo na reflexão de hoje, para que, saibamos que há alternativas na forma de exercitar a mente. Pensar o país implica muita dedicação, muito sacrifício, muita concentração. Requer balanços do passado e do presente, visando respostas, soluções para o futuro.
Pensar o país implica que adoptemos fórmulas reconhecidas da teoria do conhecimento ao invés de nos entregarmos perdidamente à ignorância e à manipulação.
Pensar o país implica debater questões; dar e receber opiniões. Implica seriedade na apresentação, discussão e avaliação das questões.
Pensar o país implica sermos livres, sentirmo-nos livres. Implica pensarmos pelas nossas cabeças, como defendia Amilcar Cabral.
Pensar o país implica estar conotado com uma causa definida e assumida. A nossa causa é a Guiné-Bissau!
Irmãos,
O que quero partilhar com vocês hoje é o seguinte:
Depois do regresso de Nino Vieira à Guiné-Bissau, após 6 anos de exílio em Portugal e tendo em conta a sua envolvência e participação no processo eleitoral como candidato presidencial, pude concluir que os próprios irmãos guineenses estão inconscientemente a "desculpar", "perdoar" Nino Vieira.
Quando ouço ou leio irmãos dizendo que: " Pessoalmente não tenho nada contra Nino Vieira", fico triste, pois, vejo que o espírito de cidadania não está presente na mente dos guineenses.
Se a Nino Vieira se dá o direito de gozar a sua vida em pleno na Guiné-Bissau, é porque fingimos esquecer dos nossos irmãos que ele matou ou mandou matar. Ou esses não eram nossos irmãos?
Se alguém mata ou manda matar um irmão meu, esse alguém não está a fazer mal a mim também...?!
Se alguém tortura e persegue um irmão meu, esse alguém não está a fazer mal a mim também...?
Se alguém desvia dinheiro do país, de todo o nosso povo, esse alguém não está a prejudicar a mim também...?!
Então como podemos continuar a dizer que "Pessoalmente não tenho nada contra Nino Vieira" ?!
Será que andamos a enganar-nos desde sempre tratando-nos por irmãos quando na verdade assim não é...?!
Para mim somos todos irmãos e é por isso que acho-me no direito de vos avivar as mentes para esta atitude que demonstra medo perante Nino Vieira e desrespeito por todos os irmãos que sofreram e continuam a sofrer os efeitos dos 18 anos da sua presidência.
Uma boa reflexão, votem em consciência!
Fernando Casimiro (Didinho)
18.06.2005
Reflectir para votar em consciência
Irmãos,
Este é o dia que antecede a ida às urnas para a escolha do novo presidente da Guiné-Bissau.
É considerado o dia de Reflexão, porquanto se situar entre o fim da campanha eleitoral e o dia do exercício de voto, o que o torna necessariamente no dia de todos os balanços, de todas as análises e fundamentalmente no dia da concentração para uma meditação digna do termo.
Como Cabral dizia, "Devemos pensar pelas nossas próprias cabeças".
Com base neste brilhante raciocínio, todos nós devemos procurar neste dia, o ponto de concentração para uma meditação com sentido. Qual é então esse ponto de concentração..?! |
A Guiné-Bissau, o país, será sempre o ponto de partida para: a referência, a causa, o objectivo, o ontem, o hoje e o amanhã de todos nós.
É a Guiné-Bissau, o nosso ponto de concentração!
Neste dia de reflexão, devemos refrear os ânimos da campanha eleitoral, devemos viver o momento de reflexão segundo o objectivo da sua designação e atribuição.
Concentremo-nos. Olhemos para o país e façamos a nós mesmos a seguinte pergunta:
O voto útil deve ser para o candidato ou para o país, a Guiné-Bissau?
Esta pergunta e a sua consequente resposta é a mais importante no contexto da reflexão a que hoje nos entregamos.
Votar é um dever cívico, todos os que estiverem recenseados devem exercer o seu direito de voto.
Os candidatos são a essência das eleições, mas, é o país, a razão das eleições!
É o país que está em primeiro lugar, porquanto ser a mãe, o "movimento aglutinador" de todos os guineenses.
No contexto geral do assumir de compromissos para com o país, devemos todos VOTAR NO PAÍS.
Mas como é que se vota no país, se temos uma lista de candidatos em quem votar?
A resposta está na avaliação do que cada candidato já fez, ou pode fazer para o país.
É preciso recuarmos no tempo, é preciso posicionarmo-nos bem no momento presente, para no dia de voto decidirmos com convicção.
Hoje, devemos lembrar também que o arrependimento pode nos acompanhar eternamente.
Evitemos o arrependimento por tomadas de decisão irreflectidas que possam prejudicar o país e manchar as nossas consciências. Evitemos o remorso.
Vota-se no país votando num candidato que seja sinónimo de ESTABILIDADE!
Vota-se no país votando num candidato que vá representar a República da Guiné-Bissau, como define a Constituição da República e não num candidato que vai estar acima da República e vai se representar a ele próprio.
Devemos votar num candidato que não COMPLIQUE !
Devemos votar num candidato que não tenha contas a saldar com o país e com os guineenses.
Devemos votar num candidato que vá respeitar a separação de poderes atribuídas pela Constituição da República, deixando que os demais órgãos de soberania façam uso das atribuições e competências que a Constituição da República lhes confiou.
Devemos votar num candidato que seja capaz de ter a visão necessária para ajudar na captação de apoios para a Guiné-Bissau e não num candidato que seja causador de conflitos e provocações que possam condicionar a obtenção de apoios e investimentos para a Guiné-Bissau.
Meus irmãos,
No geral, devemos votar no candidato que reúne os melhores requisitos dentre os pontos de análise acima referidos.
Pessoalmente, dou o benefício da dúvida a 11 dos 13 candidatos.
Nino Vieira e Kumba Yalá, por tudo o que de negativo fizeram ao país e ao povo da Guiné-Bissau nem mereciam estar na lista de candidatos!
Para que Nino Vieira e Kumba Yalá voltassem a ser presidentes da Guiné-Bissau, seria preciso que do total de mais de um milhão e trezentos mil guineenses, todos tivessem também a sua oportunidade de mostrar os seus dotes de Presidente. A vez deles passou, há mais pessoas a quem dar a oportunidade.
É preciso no entanto reconhecer que tanto Nino Vieira, como Kumba Yalá têm o dom manipulador e podem dividir o eleitorado nacional nas suas pretensões à cadeira presidencial.
É importante também que, a escolha do presidente da República não seja um meio para o derrube do governo legítimo, em funções e que tem sabido gerir rigorosamente os programas de boa governação, possibilitando a esperança na reafirmação da Guiné-Bissau como Estado de Direito.
O meu candidato é a razão destas eleições. O meu candidato é a Guiné-Bissau.
Votemos pois na Guiné-Bissau!
Boa Reflexão.
Decidam em consciência.
Fernando Casimiro (Didinho)
28.07.2005
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28.07.2005
Amargos de boca
Por: Fernando Casimiro (Didinho)
28.07.2005
Parafraseando Nino Vieira: "A Guiné-Bissau é um país de traições".
O povo guineense desta vez não traiu Nino Vieira, traiu-se a si próprio e às gerações vindouras.
O povo guineense mostrou nas urnas o porquê do país estar no estado em que se encontra!
O povo guineense, uma vez mais, traiu a pátria mãe.
O povo guineense, uma vez mais, optou por continuar a dividir-se, pensando que se está a unir.
O povo guineense, uma vez mais, confundiu a Justiça como sendo inimiga da reconciliação.
O povo guineense, uma vez mais, pensou que a cabeça serve mais para pôr o chapéu do que para reflectir.
O povo guineense, uma vez mais, trocou os seus passos pelos de um caranguejo.
O povo guineense, uma vez mais, deu mostras de precisar de acompanhamento, de ser sensibilizado e de ser esclarecido.
O povo guineense, uma vez mais, deu mostras de não saber o que realmente quer tanto para o seu presente como para o seu futuro.
Nino Vieira nunca foi, não é, nem nunca será meu presidente!
31.07.2005
Bissau, 30 Jul (Lusa) - A directoria de campanha
de Malam Bacai Sanhá, candidato declarado derrotado nas presidenciais
guineenses do último domingo, afirmou hoje ter indicações de que está em
preparação "um golpe de Estado para efectivar os resultados provisórios"
da votação.
Em declarações à Agência Lusa, Desejado Lima da Costa, porta- voz da candidatura, afirmou "haver indícios" de que o primeiro- ministro guineense, Carlos Gomes Júnior, igualmente líder do partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC, no poder e que apoia Bacai Sanhá), "poderá ser preso". Lima da Costa lembrou que Bacai Sanhá "continua a não aceitar" os resultados provisórios e está "sem qualquer medida de protecção", ao contrário de "Nino" Vieira, apontado como vencedor pelos dados provisórios, "que circula em Bissau sob forte dispositivo militar". Por outro lado, a directoria de campanha assume como um cenário político futuro a possibilidade de os dois candidatos se sentarem frente a frente para analisar a questão e garantir a estabilidade e a paz da Guiné-Bissau. "Está em preparação um golpe de Estado na Guiné-Bissau para efectivar os resultados provisórios das eleições presidenciais de 2005, contestados pelo candidato do PAIGC, Malam Bacai Sanhá", afirmou à Lusa o porta-voz de Sanhá. Segundo Lima da Costa, "Nino" Vieira e vários membros da sua directoria de campanha circulam nas ruas de Bissau, sob a protecção de um forte dispositivo militar, "numa clara demonstração de força e de confrontação com as autoridades legitimamente eleitas do país". "Existem também indícios quanto ao alinhamento de certos elementos das Forças Armadas ao candidato Nino Vieira, incentivando estes à desobediência ao governo legalmente instituído", acrescentou. "Correm rumores de que, a qualquer momento, o primeiro- ministro Carlos Gomes Júnior, igualmente líder do PAIGC, poderá ser preso, pois o governo já perdeu praticamente o controlo da autoridade do Estado", alertou Lima da Costa. O porta-voz de Bacai Sanhá sustentou a recusa em aceitar os resultados provisórios alegando que, três horas antes da a CNE os divulgar, os dados apurados pela sua directoria a partir das actas síntese, e "que lhe davam uma clara vantagem, foram alterados a favor do candidato adversário". Segundo Lima da Costa, a directoria de campanha de Bacai Sanhá já apresentou um novo requerimento à CNE "com provas que justificam" a recontagem de votos em "todas as regiões do país" e a nulidade da votação nas de Bissau, Biombo (litoral centro) e Bafatá (leste). "O candidato Malam Bacai Sanhá só aceitará os resultados após uma clarificação da situação, que passa pela anulação dos resultados em Bissau, Biombo e Bafatá e a recontagem dos votos em todo o país", sustentou. A CNE, através da sua secretária executiva adjunta, a jurista Vera Cabral, disse sexta-feira à noite à Agência Lusa que o órgão que fiscaliza as eleições irá analisar as reclamações apresentadas pela directoria de campanha de Bacai Sanhá numa sessão marcada para a próxima segunda-feira. Para Lima da Costa, a Guiné-Bissau vive a sua mais profunda crise política e militar desde o conflito de 1998/99, pelo que, perante essa contestação, apresentam-se três cenários possíveis. "A consumação de um golpe de Estado atípico, tendo como suporte os polémicos resultados eleitorais anunciados por Malam Mané (presidente da CNE) e a desobediência civil com desfecho imprevisível para o futuro do país" são os dois primeiros cenários traçados pela candidatura de Bacai Sanhá. No entanto, no terceiro, a directoria de campanha encara também como cenário a possibilidade de se encetarem negociações entre as duas partes, pondo frente a frente os dois candidatos, "o que provavelmente poderá traduzir-se numa partilha de poder na Guiné- Bissau". |
01.08.2005
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Artigo de opinião publicado no jornal português Diário de Notícias, edição de 31. 07.2005
01.08.2005
Bissau, 31 Jul (Lusa) - Malam Bacai Sanhá, candidato declarado derrotado nas eleições presidenciais de há uma semana, e Carlos Gomes Júnior, líder do PAIGC, partido que o apoia, reiteraram hoje a recusa dos resultados provisórios e apelaram à ajuda dos apoiantes. Num comício em Bissau, frente à sede do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Bacai Sanhá e Gomes Júnior apelaram aos militantes da força política no poder para que saiam às ruas para protestar contra a "fraudulenta vitória" de João Bernardo "Nino" Vieira. Gomes Júnior, também primeiro-ministro, sublinhou que o protesto, "em todo o país", visa "demonstrar a força do PAIGC", para protestar contra os resultados provisórios anunciados quinta-feira pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) e que deram a vitória a "Nino" Vieira. "Por mais respeito que tenhamos pela comunidade internacional, vamos dizer-lhes que não vamos aceitar os resultados. Vamos até às últimas consequências. Os nossos militantes em todo o país devem sair às ruas para mostrar a força do PAIGC", afirmou. "Todos os nossos militantes devem estar atentos. Nem que o processo demore cinco anos. Vamos lutar pela verdade. Temos de denunciar todos aqueles que roubaram votos. O presidente da CNE (Malam Mané) que assuma as suas responsabilidades, porque só vou tentar governar quando houver verdade", acrescentou. Visivelmente exaltado, e depois de o porta-voz da campanha de Bacai Sanhá ter afirmado que o candidato apoiado pelo PAIGC viu "roubados 26.000 votos", Carlos Gomes Júnior gritou que, se não houver verdade, não irá governar "na mentira". Segundo os resultados provisórios avançados pela CNE, "Nino" Vieira recolheu 216.167 votos (52,35 por cento), contra 196.759 (47,65 por cento) de Bacai Sanhá, obtendo uma vantagem de 19.408 boletins. Os resultados têm sido contestados pela directoria de campanha de Bacai Sanhá e pelo PAIGC, que, alegando fraudes eleitorais, reclamaram junto da CNE a anulação da votação nas regiões de Bissau, Biombo (litoral centro) e Bafatá (leste) e a recontagem dos votos no resto do país. "Se não houver verdade, eu não vou governar na mentira. O povo da Guiné-Bissau e a comunidade internacional têm confiança em mim, porque nós somos homens e um governo de verdade. Queremos um governo e um presidente de verdade e não um que rouba votos", afirmou. Por seu lado, Bacai Sanhá garantiu que venceu a votação e, pedindo "calma, contenção e serenidade" aos seus apoiantes, reafirmou que não irá reconhecer "resultados roubados". "Estamos com uma coragem que nunca tivemos na nossa vida. Temos a certeza de que a verdade está do nosso lado. Mais ninguém. Fui em que ganhei estas eleições. Não vamos reconhecer nenhuns resultados roubados", sublinhou, pedindo à CNE que "não tenha medo das armas, das ameaças e da verdade". "Todos os candidatos tiveram um projecto eleitoral, mas nós ganhámos e agora querem roubar-nos a vitória. Não vamos aceitar, mesmo que isso custe a nossa vida. Desta vez não vamos aceitar", sustentou, manifestando "estranheza" face à atitude que as Forças Armadas locais têm demonstrado nos últimos dias. "Estivemos contentes com a atitude das Forças Armadas, porque estavam a mostrar a sua maturidade, a serem republicanas. Mas nos últimos dias ficámos muito preocupados por certas movimentações dos militares nas ruas de Bissau", afirmou, numa alusão à tensão que se vive na capital guineense, sobretudo no período nocturno. "Não entendemos porque, sem o conhecimento do governo, há militares a proteger certas pessoas, como Nino Vieira e elementos da sua directoria de campanha. Quem tem medo e não está com a verdade é que pede protecção", frisou, aludindo também à segurança que os militares têm garantido ao presidente da CNE. Segundo Bacai Sanhá, a presença de militares nas ruas não tem qualquer justificação, razão pela qual, afirmou, "se desconhece se existe um estado de sítio ou um estado de emergência". "Estamos preocupados, mas não temos medo de nada. Sempre pensámos que as nossas Forças Armadas se mantivessem republicanas e que apelassem à reconciliação, através dos órgãos competentes, como no passado, mas não é isso que está a acontecer", referiu. O candidato do PAIGC deixou também um "recado" ao presidente cessante, Henrique Rosa, que se referiu sexta- feira a "Nino" Vieira como o "provável vencedor" das eleições e a Bacai Sanhá como o "provável candidato derrotado". "Queremos dizer um recado às autoridades oficiais do nosso país: já ouvimos alguns (Henrique Rosa) a dizer que fulano tal é que ganhou ("Nino" Vieira). Isso é perigoso e tendencioso. Não vamos permitir isso. O que temos até aqui são os resultados provisórios e esses são fraudulentos", afirmou. "Não vamos permitir que pessoas alheias dêem uma opinião sobre uma matéria que não lhes diz respeito, porque o único órgão competente para proclamar os resultados e dizer quem é o próximo presidente da República é o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) e mais ninguém", acrescentou. Bacai Sanhá apelou à comunidade internacional para continuar a acompanhar a evolução do processo eleitoral, pois, afirmou, "sente-se no ar um cheiro de golpe de Estado". "Pedimos à CNE, em quem temos confiança, para que diga a verdade a este povo, que faça justiça e que diga quem, na verdade, ganhou. Que a CNE não tenha medo da arma, da ameaça, nem de nada", concluiu. |
01.08.2005
Caros irmãos,
A situação que se vive na Guiné-Bissau, infelizmente, tende a complicar-se!
Nino Vieira simboliza a divisão do povo guineense, bem como a desgraça do país.
Volto a colocar nesta secção 2 artigos para vossa análise (tendo em conta que estamos identificados com mais elementos nas movimentações até aqui desenvolvidas), no sentido de tentarem compreender melhor o que se está a passar na Guiné-Bissau, agora com mais clarividência quanto ao comportamento dos militares.
Finalmente, o rosto principal do caso "06 de Outubro"
Por: Fernando Casimiro (Didinho)
10. 04. 2005
Foto gentilmente cedida por Jorge Neto
Nota introdutória
Não, não me vou atirar contra as nossas gentes! É normal haver quem condene Nino Vieira, como também é normal haver quem o defenda. Em ambos os casos, é preciso sensibilizar as pessoas elucidando-as e não manipulando-as.
O povo guineense não pode continuar a ser insultado e desprestigiado a cada vez que o poder político e o poder militar se entregam às arbitrariedades próprias da ausência de sentido de Estado.
Continuamos a ter um país com 2 estruturas de Poder:
1- o político, que deveria ser a essência de todo o processo de governação por ser o elegível e o constitucional.
2- o militar, que não devia ser Poder ou a sua sombra e que devia abster-se da ingerência nos assuntos da governação do país e submeter-se completamente ao Poder político.
A Guiné-Bissau continua a viver momentos de instabilidade disfarçados por campanhas de reconciliação nacional, cujos promotores dão mostras de desconhecimento de princípios essenciais para o fomento de uma reconciliação nacional. Por outro lado, o medo de se ter que enfrentar a Justiça, faz com que potenciais visados em processos instaurados pelo Ministério Público, sejam os primeiros a apelarem para o " APAGÃO " dos princípios de conduta que devem reger um estado de Direito, sendo um desses princípios o cumprimento da lei, ou seja a observância da Constituição.
Que fique bem claro que, nem na Guiné-Bissau, nem em parte nenhuma do mundo pode haver reconciliação sem haver JUSTIÇA !
Que fique bem claro que, nem o acto de pedir perdão nem o arrependimento podem substituir a Justiça !
A 06 de Outubro de 2004, a Guiné-Bissau viveu momentos de alta tensão que culminaram com a morte de 2 altas patentes militares: o Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas, general Veríssimo Correia Seabra e o Chefe do departamento de recursos humanos do Estado Maior das Forças Armadas, o coronel Domingos Barros.
De simples reivindicação pelos salários em atraso de uma missão das nossas Forças Armadas no quadro das Nações Unidas, a acção militar de 06 de Outubro num ápice ganhou contornos de golpe de Estado, surgindo uma figura militar operacional, o major Bauté Ampta Namam a dar a cara por toda a movimentação e acção ora realizadas.
Cedo se viu que o major Bauté Ampta Namam não era líder de nenhuma movimentação, mas sim um retransmissor de instruções previamente recebidas.
Cedo também se viu a aproximação de outras altas figuras militares que, pese embora pertencerem ao núcleo da antiga Junta Militar e fazerem parte do Comité Militar que derrubou Kumba Yalá a 14 de Setembro de 2003, escaparam sem sobressaltos, à crise de 06 de Outubro, como se na verdade houvesse nomes indicados a abater ou a perseguir, que não: Tagme Na Waie, Bubo Na Tchuto, ou Aniceto Na Flack, por exemplo.
Estas 3 altas figuras militares, ofereceram-se inclusivamente para negociar com os revoltosos, o que lhes possibilitou estarem à frente na condução do processo que a crise provocou.
Habituados a rumores, cedo também começaram a circular rumores de que haveria o dedo de Nino Vieira ou mesmo de Kumba Yalá em toda a crise criada.
Se o objectivo supostamente apontado pelos militares revoltosos era o pagamento dos salários da missão à Serra Leoa, à partida, com as garantias dadas pelo governo e complementadas pelo gabinete das Nações Unidas em Bissau que confirmou o atraso da última tranche a pagar, nada mais havia que reivindicar.
Só que, a crise não se ficou pelas reivindicações salariais, entrando em áreas de autentica imposição de medidas que deveriam ser assuntos de discussão parlamentar e com pareceres do Ministério Público entre outros. Estava-se a tentar limpar o passado e criar condições para que alguém fosse beneficiado com as imposições apresentadas pelos revoltosos.
Cheirava a golpe de Estado, mas um golpe diferente, que não mostrava a cara do seu principal protagonista, mas que lhe dava espaço de manobra para remotamente ir gerindo toda a situação a seu gosto...
É assim que uma das imposições apresentadas pelos revoltosos, foi a de perdoar todos os militares envolvidos em anteriores golpes de Estado, Nino Vieira incluído, como fizeram questão de referenciar...para que não houvesse dúvidas!
Foi com total surpresa que, Tagme Na Waie, outrora torturado por Nino Vieira, veio publicamente defender o perdão a Nino Vieira, manifestando até a disponibilidade em abraçá-lo se este voltasse à Guiné.
Nino Vieira que, tendo o estatuto de exilado em Portugal, continuava a viajar sempre que assim entendesse para a Guiné-Conacri, onde mantinha o seu Estado Maior - militares fiéis a ele que após o conflito militar de 98/99 aí se refugiaram e receberam abrigo por parte das autoridades locais.
Estava-se a preparar terreno para o regresso de Nino Vieira ao país, mas porque é que de repente e numa altura de crise supostamente provocada por reivindicações salariais se falava no nome de alguém que tinha provocado tanta dor e divisão no seio dos guineenses...?!
Por acaso os militares guineenses bem como o próprio povo guineense, já se tinham esquecido que foi Nino Vieira quem chamou tropas da Guiné-Conacri e do Senegal para combaterem os nossos militares no nosso próprio país...?!
Só uma resposta fazia sentido...Nino Vieira era o protagonista principal do 06 de Outubro, mas tinha que gerir da melhor forma possível a situação no terreno:
1-Criar condições para que os militares afectos ao seu regime fossem reenquadrados na estrutura das Forças Armadas.
2-Sondar a aceitação popular num eventual regresso, criando mecanismos de apoio para esse fim.
3- Fomentar a divisão no seio do PAIGC, por forma a provocar ruptura na sua liderança, abrindo caminho para retomar essa liderança.
4-Depois de cumpridas essas prioridades, depois de constatar que realmente pode entrar e se movimentar na Guiné-Bissau como se ainda fosse o presidente, Nino Vieira avançaria com os agradecimentos a Portugal pelos 6 anos de exílio e com a candidatura às eleições presidenciais, pois supostamente, o trabalho de base já estaria feito e, seria uma mera gestão de números conseguir ser de novo presidente da Guiné-Bissau.
Nino Vieira soube desta vez calcular todos os passos a dar e, estrategicamente optou por usar a pressão psicológica para atingir os fins a que se propôs.
Recentemente, o Presidente Henrique Rosa bem como o Primeiro Ministro Carlos Gomes Júnior foram acusados por um deputado do PRS, de terem preparado uma intentona que fosse eliminar as altas figuras militares do país...
Tanto o Presidente como o Primeiro Ministro refutaram as acusações, tendo o governo dado indicações ao Ministério Público no sentido de abrir um inquérito por forma a esclarecer as acusações gravíssimas que tinham sido lançadas por um deputado.
As chefias militares, através do Chefe do Estado Maior General, Tagme Na Waie, não só acreditaram nas acusações do deputado mesmo sem provas apresentadas, como também se desdobraram em conferências de imprensa elevando o clima de tensão provocado pelas acusações quando o assunto devia ser tratado em local próprio, dada a sua extrema gravidade. Tensão que só foi possível desanuviar com a visita do presidente da República de Cabo Verde, Pedro Pires à Guiné-Bissau.
Quanto a mim, esta situação também de crise, independentemente de ter sido criada por alguém afecto a um partido que não o PAIGC, subscreve as orientações tendentes a antecipar o regresso de Nino Vieira à Guiné-Bissau, senão vejamos:
Com o aproximar da data das eleições presidenciais e com os prazos limites de recenseamento se não se viabilizasse a entrada de Nino Vieira no país por forma a poder se recensear atempadamente não haveria, "pacificamente," como posicioná-lo a candidato do que quer que fosse.
Por isso, nada como criar um voltar de costas entre o Poder político e os militares por forma a que os militares, a exemplo de sempre, decidissem pela força dos seus estatutos pelo regresso de Nino Vieira a tempo de se recensear. A atitude de Tagme Na Waie já mostrava um extremar de posição a rondar o uso da força, mas a visita de Pedro Pires acalmou as hostes, ainda que não tenha servido para aconselhar os militares guineenses a não interferirem na governação do país e a terem que seguir os programas do governo que está no Poder.
Por outro lado, a nível do PAIGC, a estrutura política que ganhou as eleições legislativas e formou governo, tornou-se nítida a manipulação de Nino Vieira que conseguiu convencer indivíduos que realmente só pensam no seu bem estar, habituados que foram a isso noutros tempos. Indivíduos que com os seus comportamentos demonstram que nem neles próprios acreditam para ajudar no processo de desenvolvimento que o país precisa implantar.
A ala que defende Nino Vieira de volta à liderança do PAIGC e à presidência do país não acredita nas potencialidades dos mais jovens nem na força da regeneração. Numa frase, são como Nino Vieira! Tal pai...tal filho...
A ida de Nino Vieira ou qualquer cidadão guineense à Guiné-Bissau não se deve proibir, mas todos os guineenses estão condicionados às normas da cidadania.
Nino Vieira não precisa de pedir visto de entrada na Guiné-Bissau, mas se Nino Vieira viaja para a Guiné-Bissau num helicóptero, num submarino, num foguetão, num camião ou numa piroga...de um país vizinho, logicamente as autoridades possuidoras desses meios de transporte devem pedir autorização às autoridades da Guiné-Bissau para o uso do espaço aéreo, terrestre, ou marítimo da Guiné-Bissau por questões de segurança e de respeito das normas do Direito Internacional.
O governo da Guiné-Bissau deu ordens expressas às autoridades nacionais competentes no sentido de não se permitir uma violação do seu espaço aéreo... e essas ordens não foram cumpridas!
Não foram cumpridas porque o rosto principal do "06 de Outubro" é que iria violar o espaço aéreo nacional e para as chefias militares bem como para as forças de segurança, continuava a ter estatuto de presidente da República e, por isso, na visão de sempre, Nino Vieira estaria acima da lei.
Uma vez mais, os militares desrespeitaram as regras da coabitação democrática, desrespeitaram o governo legítimo da Guiné-Bissau e traíram o país ao não acatarem ordens expressas no sentido de não permitirem a violação do espaço aéreo nacional.
Nino Vieira, o rosto principal do "06 de Outubro", entrou no país como se dele fosse dono...Entrou no país falando do que pensa ser o suficiente para manipular o povo guineense, mas engana-se! Os crimes praticados por ele estão vivos na memória dos que sofreram durante a sua ditadura. Nino Vieira tem o apoio dos fracassados, dos frustrados e dos que continuam a servir-se do país em vez de servirem o país. Porém, esquece-se que os guineenses perderam o medo precisamente com o fim da sua ditadura. Esquece-se de que o povo guineense não se resume aos fala-baratos que estão do lado dele. Esquece-se de que o povo guineense também reclama por Justiça em todos os sectores da vida nacional por forma a acabar-se com a impunidade e a arbitrariedade.
Esquece-se de que o povo guineense não esquece que ele, Nino Vieira, deve e tem que ser julgado.
Antevisão
17.06.2005
Este trabalho não deve ser visto como reflexo de algum pessimismo em relação à conjuntura actual da Guiné-Bissau.
Trata-se, isso sim, da interligação de situações do dia-a-dia e da análise de encaixe das mesmas num quadro político-social "nublado" desenhado e pintado por artistas e admiradores, em simultâneo, numa conjugação perfeita de tendências manifestamente assumidas e, propícias a um ajuste de contas há muito "anunciado" ainda que sem data e hora marcadas.
O país está calmo diz-se. Aparentemente calmo digo eu.
Observadores internacionais chegados ao país congratulam-se com o clima pacífico da campanha eleitoral em curso. O Secretário Geral da ONU bem como o Presidente em exercício da União Africana felicitam o Presidente da República interino e o Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas pela forma tranquila como tem decorrido a campanha eleitoral. Mas o que pensam os guineenses sobre estas eleições e sobre os inúmeros cenários possíveis ou previsíveis, no rescaldo do acto eleitoral e com o anúncio do novo Presidente?
Pude trocar impressões com inúmeras pessoas, pude recolher opiniões de várias sensibilidades.
As grandes conclusões a que cheguei são estas:
Nunca o país esteve tão dividido como está neste momento!
A manipulação aliada à ignorância está presente e em força.
Há um vazio de referência e preferência pelos candidatos.
Há uma
convicção profunda de que estas eleições nunca chegarão a ser festejadas
seja quem for o seu vencedor porquanto, o ajuste de contas, neste momento,
estar há muito traçado como profecia para o país. A Guiné-Bissau viverá momentos conturbados de novo, atravessará um período de letargia, mas ressurgirá iluminada por uma outra profecia; A profecia do reencontro definitivo entre irmãos. |
A estas eleições presidenciais continuo teimosamente a associar o caso "06 de Outubro de 2004 "!
Um associar não no sentido de alguma interferência directa nos pressupostos estipulados pela Carta Nacional de Transição com vista às eleições presidenciais, mas sim aos factores estranhos que possibilitaram em tempo útil, toda a movimentação que desse forma a uma grande jogada estratégica que permitiu a João Bernardo Vieira "Nino", apresentar-se como candidato independente a estas eleições.
Como escrevi anteriormente, Nino Vieira é o rosto principal do "06 de Outubro", que continuo a dizer tratar-se de um golpe de Estado noutros moldes que não o habitual. Este golpe de Estado fomentou situações de anarquismo, tendo-se aproveitado das eleições presidenciais marcadas para 19 de Junho para possibilitar o regresso de Nino Vieira à Guiné-Bissau sem ter que ser julgado pelos crimes que cometeu, e fazer dele um candidato, por forma a estar "limpo" perante a Comunidade Internacional, tendo caminho aberto para continuar no terreno a estratégia golpista em curso.
Nino Vieira "investiu" tudo para regressar ao poder na Guiné-Bissau. Sabe que se perder estas eleições tornar-se-á vulnerável, até porque o exílio terminou e o seu julgamento seria apenas uma questão de tempo, quer fosse em Tribunal, quer fosse na praça pública!
Ora é precisamente por isso que este homem vai marcar o país uma vez mais pela negativa, porquanto se considerar já "presidente da Guiné-Bissau", estando apenas à espera dos votos, ou, em último caso e como recurso, usar a força caso a votação não lhe ser favorável.
Quero alertar para o facto de toda a elite de comando das Forças Armadas guineenses, afecta a Nino Vieira durante o conflito militar de 98/99 estar de regresso à Guiné-Bissau, depois do "exílio forçado" na República da Guiné-Conacry. O regresso destes militares foi negociado pelo próprio Nino Vieira e o actual Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas da Guiné-Bissau Tagme Na Waie.
De uma coisa Nino Vieira não tem dúvida: O objectivo é o poder, custe o que custar. Só que, é preciso continuar a mostrar que ele Nino Vieira, é o mais interessado na reconciliação dos guineenses e, por isso, não ser sinónimo de instabilidade!
Este é o ponto de partida para uma abordagem realista do perigo que a candidatura de Nino Vieira constitui para a Guiné-Bissau.
Nino Vieira vai perder nas urnas. Entretanto, continuo a dizer que está em execução um golpe de Estado concebido e dirigido por ele e que condicionará os resultados das eleições presidenciais de 19 de Junho.
E se ele ganhar nas urnas, perguntarão alguns...?
Remotamente isso é possível, mas seria muito mau para o país:
1- Fazia cair o governo de imediato. Qualquer pretexto seria válido.
2- Ao mesmo tempo que derrubava o governo, iniciava o ajuste de contas, sendo extensivo às Forças Armadas, às Forças de Segurança, à sociedade civil e às populações. Todos que não fossem a favor dele era porque eram contra ele e por isso teriam que ser eliminados.
3- O próprio PAIGC seria rebaptizado e readaptado a um novo formato.
4- O país teria de novo um dono, passaria a ser outra vez um bem pessoal de Nino Vieira.
Em caso de derrota nas urnas, Nino Vieira activaria o sistema golpista usando a força para tomar o poder, estando os ensaios concluídos e os seus súbditos preparados para as operações que se seguiriam.
Estaríamos perante um golpe de Estado assumido, que a Comunidade Internacional não se atreveria a dizer: Consumado!
Quer queiramos quer não, Nino Vieira é a figura destas eleições. Uma figura pela negativa, onde o simbolismo que representa é o de traidor da pátria, que em boa verdade, lhe assenta na perfeição!
Os guineenses têm a palavra!
10.08.2005
"AMARGOS DE BOCA"
COMENTÁRIOS
Quero começar este pequeno comentário citando Amílcar Cabral:
"... O nosso objectivo é fazer o progresso e a felicidade do nosso povo, mas nós não podemos fazê-lo contra o nosso povo. Ora, se alguns da nossa terra não querem isso, ou eles não são povo, então nós podemos fazer tudo contra eles e talvez mesmo os púnhamos na cadeia, ou então eles são muitos e representam o povo e nessa altura, nós paramos; não podemos fazer nada, porque não se pode fazer a felicidade e o progresso de alguém contra a sua vontade". Fim de citação.
Caro compatriota e irmão Didinho, a citação a Amílcar Cabral poder-se-ia aplicar no contexto actual do nosso país, caso as instituições da República funcionassem de forma inequívoca, pois, as pessoas com as quais lidamos hoje, que se demonstraram cabalmente através de suas acções governativas serem contra o progresso e a felicidade colectiva de toda a nação guineense, não foram incomodadas e se esconderam atrás do povo, manipulando a sua inocência, tal como fizeram no decorrer dos mais de 3 décadas da nossa independência, servindo tão somente os seus interesses escusos, em detrimento de toda a nação guineense.
Eu entendo, caro Didinho, tal como muitos guineenses, nós ficamos um tanto abismados quanto perplexos diante dos resultados das urnas. A nossa frustração insere-se no quadro de não entendermos como é que um povo tão cedo se esqueceu e elegeu precisamente aquele que menos poderia ter ganho tão cedo as eleições presidenciais no nosso país. Mas, a resposta está no parágrafo anterior.
Realmente, como tu bem disseste no "Amargos de boca", o povo guineense precisa de acompanhamento, de ser sensibilizado e de ser esclarecido.
O povo guineense, apesar de querer o seu bem-estar, está confuso ainda, embora tenha consciência do que quer. Ainda não sabe "quem é quem" na política do nosso país e se o sabe, então, continua sendo vítima de uns dos maiores entraves ao desenvolvimento da consciência nacional "a vergonha e o medo da verdade".
Caro Didinho, a Democracia reserva algumas surpresas, sobretudo, quando a conscientização é fraca sobre o verdadeiro significado e a importância de exercer a cidadania através do exercício Democrático.
Na democracia, o tempo julga a decisão da maioria, condenando-a ou absolvendo-a. Portanto, com a escolha do Sr. Nino Vieira para um mandato de 5 anos à frente da nação guineense, de acordo com a constituição do país, todos nós guineenses "prós e contras", entramos no Cômputo geral do povo que preferiu-lhe como o seu presidente. Vamos torcer todos, não pelo Nino, mas pelo país, para que o tempo não passe rápido se ele como presidente estiver a fazer aquilo que é do interesse superior da nação, caso contrário mais uma vez, então, pedir que o tempo passe rápido para que nós nos livremos dele e que finalmente o povo entenda que realmente ele não serve. Pois, se ele não serviu durante 18 anos e não conseguir se reabilitar nos mais 5 que acaba de receber de mão "beijada", sem mesmo acreditar no que está acontecer, então, não servirá mais, nem neste mundo, nem noutro. É claro que o Nino não vai conseguir fazer muita coisa e tão pouco apagar os 18 anos que foram como dizemos: "suma mon di sal na iago". Ele, pela própria índole, vai começar a fazer discursos de arrogância de que ele é o "maioral". Além disso, desde o primeiro dia do exercício na presidência da República ele vai começar uma "nova campanha" para as presidenciais de 2010, visando assim perpetuar-se no comando do país e com isso, o tempo vai passando. Nós, o povo guineense e o mundo, precisamos estar atentos aos próximos passos, às manobras para se vingar.
Espero que os partidos políticos guineenses tirem finalmente uma lição de moral deste novo quadro político que se traçou graças à sua inconsequente acção como entidades que devem traçar metas para que sejam implementadas por quem chegar ao poder.
O resultado das urnas não foi mérito do Sr. Nino. Foi sim falta de uma efectiva acção de conscientização das massas sobre o exercício da cidadania nesta nova fase democrática do nosso país.
O ressuscitar da consciência patriótica dos partidos políticos, para finalmente assumirem a missão nobre que a sociedade guineense lhes incumbiu é fundamental para que eles renunciem aos interesses mesquinhos e se empenhem no exercício de suas responsabilidades para com o nosso país. Com isso, as coisas podem retomar o caminho da melhoria permitindo que o cidadão faça as coisas sabendo o porquê e ter noção de que o resultado da sua acção, "voto", por exemplo, pode trazer-lhe resultados favoráveis ou desfavoráveis ao seu bem-estar.
Caro irmão Didinho, o "Contributo", entidade de tua propriedade, já lançou a pedra angular dessa tarefa difícil, de longo e médio, prazos, mas nobre, de conscientizar, educar, esclarecer e revigorar a consciência patriótica dos guineenses. E, tem feito isso com esmero, competência, abnegação e principalmente com denodo, facto que nos convence cada vez mais a admirar o teu carácter determinado a ajudar o teu país pondo ao seu serviço, toda a tua inteligência, tuas forças, tua visão e além disso, aplicar os princípios imortais de Amílcar Cabral.
Eu tenho liberdade de fazer referência a isso, mas os factos falam por si só. Não é por acaso que o "livro de visitas do Contributo" está repleto sempre de mensagens dos leitores guineenses e dos de diferentes quadrantes do mundo, em reconhecimento do "inestimável" serviço patriótico que tu, meu caro e irmão, Didinho, prestas com carinho e desinteressadamente ao teu país.
Isto além de diferentes manifestações que se distribuem pelas secções que constituem a tua página electrónica.
A criação de uma nova secção "As Presidenciais", tão somente para acompanhar as eleições no nosso país, foi um exemplo criativo e inovador na história do nosso país. Os resultados foram mais que satisfatórios para não dizer excelentes, pois permitiu ao leitor acompanhar o desenrolar do processo eleitoral na Guiné _ Bissau e tomar ciência de todo um conjunto de informações esclarecedoras sobre o escrutínio no nosso país.
Vamos em frente, desanimar, não!
Inequivocamente, todos nós acreditamos na Guiné-Bissau, mas, equivocadamente também em pessoas que não oferecem credibilidade.
As nossas esperanças num país bem cuidado, nunca se esmorecerão!
São Paulo, 4 de Agosto de 2005
José Carlos Cocamáro (José Bacar)
10.08.2005
Vitória oficial de Nino
com Bacai a rejeitar os resultados
João Bernardo "Nino" Vieira venceu a segunda volta das presidenciais na
Guiné-Bissau, segundo os resultados finais oficiais hoje divulgados pela
Comissão Nacional de Eleições (CNE).
Malam Bacai Sanhá, o candidato derrotado anunciou, entretanto, que não aceita os
resultados, alegando fraude, e que vai recorrer para o Supremo Tribunal de
Justiça (STJ).
Os resultados finais oficiais da segunda volta das presidenciais, hoje
anunciados pelo presidente da CNE, Malam Mané, são os seguintes:
RESULTADOS DAS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS:
- Total de eleitores inscritos: 538.472.
- Total de votantes: 422.978 (78,55%)
- Votos brancos: 5.362 (1,27%)
- Votos nulos: 4.129 (0,98%)
- Votos em protesto e em reclamação -562 (0,13%)
CANDIDATOS:
João Bernardo Vieira (independente) - 216167 (52,35%).
Malam Bacai Sanhá (apoiado pelo PAIGC) - 196.759 (47,65%).
Fonte:www.noticiaslusofonas.com
10.08.2005
Presidente da CNE
preocupado com futuro do órgão
O presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE), Malam Mané, declarou-se
hoje "preocupado" com o futuro da instituição que dirige e reclamou a
necessidade de autonomia financeira para que a comissão possa trabalhar sem
problemas.
Discursando ao longo de 45 minutos antes de divulgar os resultados finais da
segunda volta das eleições presidenciais de 24 de Julho último na Guiné-Bissau,
Malam Mané lembrou que, na ausência de actos eleitorais, a CNE vive "isolada" e
de forma "inoperante".
"A nossa Lei Eleitoral concede à CNE autonomia administrativa sem a componente
financeira, situação que constitui um bloqueio na nossa actividade. Há um ano
que a CNE aguarda uma resposta à sua reivindicação de autonomia financeira",
frisou.
No seu entender, o período que medeia entre eleições poderia ser consagrado à
preparação de futuros processos eleitorais, formação de quadros dos
departamentos técnicos da CNE e educação cívica e democrática das populações,
"facto que não se verifica por falta de condições materiais".
Malam Mané realçou que aguarda igualmente uma resposta do governo e do
parlamento a uma proposta apresentada, também há um ano, e que prevê que os
cidadãos guineenses na diáspora possam votar em eleições presidenciais, à
semelhança do que já acontece nas legislativas.
Manifestando o apreço a todos os que, directa ou indirectamente, ajudaram a
criar condições para o processo eleitoral, o presidente da CNE destacou, entre
outras, os apoios das Nações Unidas, União Europeia (UE), Portugal (que
contribuiu com ajuda material e logística no valor de 533.300 euros) e Brasil.
No entanto, lembrou que há ainda um défice financeiro "elevado", que já vem das
eleições-gerais de 1999 e 2000, agravado com as votações de 2004 e deste ano,
num montante que ascende a 930.000 milhões de francos CFA (1,420 milhões de
euros).
Trata-se dos subsídios devidos aos cerca de 12.500 agentes das assembleias de
voto, montante que, contudo, começou a ser já pago, a partir do momento em que o
governo guineense disponibilizou para esse fim 205 milhões de francos CFA (312
mil euros).
"Pedimos a compreensão da comunidade internacional no sentido de dar a sua
contribuição para a resolução deste problema, que tem sido o "calcanhar de
Aquiles" e factor de instabilidade e de ameaças constantes à CNE", referiu o
presidente do Secretariado Executivo da CNE, empossado a 19 de Julho de 2004.
O presidente da CNE, que endereçou a sua "gratidão" ao "excelente desempenho"
das Forças Armadas durante o processo eleitoral, lembrou ainda as dificuldades
que a instituição teve de enfrentar para "limpar" a sua imagem.
"Começámos cedo a prepararmo-nos para a luta que se impunha para a limpeza do
processo. Luta contra irregularidades, contra ingerências e pressões políticas,
contra ameaças e intimidações, contra a tentativa de corrupção eleitoral e
vandalismo que assolou esta administração eleitoral no passado recente",
sustentou.
Nesse sentido, prestou homenagem ao seu antecessor no cargo, Higino Cardoso, que
preparou as eleições legislativas de Março de 2004, mas que "foi vítima de uma
armadilha política", lembrando também a assessoria técnica do jurista angolano
Onofre dos Santos.
Fonte: www.noticiaslusofonas.com
10.08.2005
A democracia
põe a Guiné
sob o comando
de um ditador
O Ocidente, e neste caso particular da Guiné-Bissau a Europa e sobretudo
Portugal, sabe que África teve, tem e continuará a ter uma História de
autoritarismo que, aliás, faz parte da sua própria cultura. Apesar disso,
teima-se em exportar a democracia “made in Ocidente”, sem ver que a realidade
africana é bem diferente. Vai daí, pela força dos votos os ditadores chegam ao
Poder. Mas será isso democracia? Por que carga de chuva ninguém se lembra que,
por exemplo, que na Guiné-Bissau as escolhas não são feitas com o cérebro mas
com a barriga?
Por Orlando Castro
E é neste contexto que Nino Vieira volta a chegar a presidente. Ninguém se
lembra que Nino Vieira é só por si uma enciclopédia de corrupção? Ninguém vê que
Nino foi o único histórico que enriqueceu depois da independência, tornando-se o
homem mais rico de um país miserável.
Nino vendeu e comprou as melhores empresas do país (Armazéns de Povo, Socomin,
Dicol, Titina Sila, Cumeré, Blufo, Bambi, Volvo, Oxigénio e Acetileno, etc.,
etc.), tornando-se sócio do presidente Lassana Conté, da Guiné-Conakry para
melhor traficar diamantes da Serra Leoa.
Recorde-se que que o ainda primeiro-ministro guineense, Carlos Gomes Junior,
disse no dia 3 de Julho que “era impossível cohabitar com Nino Vieira que não
passava de um bandido e de um mercenário que traiu o povo".
Apesar de tudo isto, Nino foi eleito com os votos dos guineenses que votaram e
até dos que não votaram. Apesar de em alguns círculos eleitorais havia mais
votos nas urnas do que eleitores, a verdade é que a comunidade internacional deu
cobertura e pode dormir descansada – houve democracia.
Se os votos foram comprados, isso pouco interessa. Se os guineenses votam em
função da barriga vazia e não de uma consciente opção política, isso pouco
interessa. Se Nino Vieira é um problema para a solução e não a solução do
problema guineense, isso pouco interessa.
Para quem vive bem, para quem tem pelo menos três refeições por dia, o
importante foi que os guineenses tenham votado. Não importa o que vem a seguir.
Não importa embora todos saibamos que não vem nada de bom, e para essa conclusão
basta ver o que Nino fez durante os muitos anos em que esteve no comando do
país.
Não será, aliás, difícil antever que o sangue do povo guineense voltará a
correr. Mas o que é que isso importa? O que importa é terem votado...
orlando@orlandopressroom.com
http://www.noticiaslusofonas.com
10.08.2005
11.08.2005
Recurso de Bacai Sanhá
dá entrada quinta-feira no Supremo Tribunal
A directoria de Malam Bacai Sanhá, candidato derrotado nas presidenciais
guineenses, vai entregar quinta-feira ao Supremo Tribunal de Justiça, um
"dossier" fundamentando a contestação dos resultados eleitorais.
Hoje divulgados, os resultados dão a vitoria a "Nino" Vieira.
Segundo Fernando Gomes, um dos juristas guineenses que estão a assessorar a
directoria de Malam Bacai Sanha, o documento já está pronto a seguir para a mais
alta instância de administração de justiça na Guiné-Bissau.
"O nosso dossier já está pronto. Amanhã de manhã, quinta-feira, seguirá para o
Supremo Tribunal, onde esperamos que nos seja feita justiça", disse Fernando
Gomes, ex-presidente da Aliança Socialista Guineense e também fundador e
ex-presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos.
O jurista participou hoje num encontro com os jornalistas na sede do Partido
Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC, no poder) ao lado de
outros dirigentes de pequenas forças políticas que apoiaram a candidatura de
Bacai Sanhá.
Nas suas intervenções, todos foram unânimes em não reconhecer os resultados
eleitorais hoje divulgados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), insistindo
em que a última palavra caberá agora ao STJ.
Tanto Fernando Gomes como Iancuba Injai (do Partido da Solidariedade e Trabalho,
PST) e Isidoro Rodrigues (um dissidente do Partido da Renovação Social, PRS)
sublinharam esperar que o STJ ordene a reabertura das urnas eleitorais, em seu
entender a única formula para "repor a justiça", uma vez que, argumentam, há
fortes indícios de existência de boletins falsos.
"A única coisa que pedimos e esperamos do Supremo Tribunal é que seja árbitro e
nos faça justiça neste país, mandando abrir as urnas para que possamos saber, de
facto, quem realmente foi o candidato mais votado", disse Iancuba Injai.
Por outro lado, os três dirigentes políticos recordaram situações de disputa
eleitoral ocorridas em "muitos países do mundo", nomeadamente, Etiópia,
Madagáscar e Ucrânia, onde o povo manifestou a sua revolta perante "o roubo",
acabando por vencer através de movimentos de protesto nas ruas.
"Na Etiópia, por exemplo, o povo protestou durante três meses e acabou por ver
reconhecida a justeza da sua luta, e nós, se for preciso, podemos lutar três
anos até que nos dêem a nossa vitória", afirmou Fernando Gomes.
Os três dirigentes políticos apelaram aos apoiantes de Bacai Sanhá para que
protestem, sim, mas no respeito das leis da República, sem recurso a violência e
evitando atitudes provocatórias que possam vir da candidatura de Nino Vieira.
Fonte: www.noticiaslusofonas.com
17.08.2005
Deixem-nos pensar e agir em consciência!
Autor: Fernando Casimiro (Didinho)
17.08.2005
Infelizmente, a actuação da Comunidade Internacional pode vir a condicionar / influenciar a decisão ao recurso entregue no Supremo Tribunal de Justiça pela candidatura de Malam Bacai Sanhá, isto em relação aos boletins de voto falsos e consequente reabertura das Urnas.
Recurso este que, a Lei define um prazo até 48 horas por parte do Supremo Tribunal de Justiça para uma tomada de decisão.
No entanto, a Lei dá a possibilidade de uma contra - alegação, neste caso por parte da candidatura de Nino Vieira e outras 48 horas ao Supremo Tribunal de Justiça, para a tomada de decisão sobre a contra - alegação.
Ora isto quer dizer que, tendo a candidatura de Malam Bacai Sanha entregue um recurso no STJ, deve se esperar pela decisão do STJ para se confirmar o veredicto final das eleições presidenciais de 2005.
No entanto, presidentes de alguns países, governos de alguns países e alguns organismos Internacionais, já endereçaram felicitações a Nino Vieira, mostrando total falta de conhecimento e consequente desrespeito pela Lei Eleitoral guineense, pelo povo guineense e acima de tudo, pelo país, a Guiné-Bissau, como se estivéssemos já perante um facto consumado e, portanto, oficializado pelo Supremo Tribunal de Justiça!
É inadmissível que a Comunidade Internacional: países e Instituições, não respeitem a Lei eleitoral guineense que é clara e dá a possibilidade de recurso, a entregar no Supremo Tribunal de Justiça, num prazo até 48 horas depois do anúncio definitivo dos resultados eleitorais, pela Comissão Nacional de Eleições.
À Comunidade Internacional: países e instituições, faço um apelo no sentido de continuarem a ajudar a Guiné-Bissau e o povo guineense mas, não decidam pela Guiné-Bissau, nem pelos guineenses.
Deixem-nos decidir por nós próprios, ainda que tenhamos que reconhecer e agradecer todos os apoios até aqui concedidos à Guiné-Bissau e aos guineenses.
A vós que nos falam de Democracia e nos espelham os sectores vitais da sua sustentação, tendo na Justiça a sua referência primeira como alicerce para o relacionamento e entendimento cívico entre os homens, peço-vos que reconsidereis a forma de avaliação da consciência do povo guineense, bem como a forma de contribuírem na busca de soluções acertadas e sólidas de estabilidade para a Guiné-Bissau.
Não vejam o país pelo número de analfabetos, não vejam o país pela situação de pobreza extrema a que chegou.
Vejam a Guiné-Bissau como um país de sofrimento, mas um país de potencialidades.
Vejam no povo guineense um povo que quer aprender mas que, infelizmente não tem tido essa oportunidade.
As fórmulas e soluções de ajuda para a Guiné-Bissau só terão sucesso, se houver realmente respeito e consideração pela Guiné-Bissau e pelos guineenses. Ou seja, há que respeitar a soberania da República!
Se se reclama um Estado de Direito na Guiné-Bissau, então deve-se apoiar e respeitar o Poder Judicial na Guiné-Bissau!
Precisamos da vossa ajuda, mas não nos peçam para vendermos a nossa consciência em troca!
Deixem-nos pensar e agir em consciência.
Deixem-nos ser livres, ainda que dependentes da ajuda de todos!
17.08.2005
The winner! “King” is back! Speak truth to power.
O “rei” voltou! A história não se repete mas (...)
Até lavar dos cestos é vindima como dizem os portugas. Apesar da vitória oficial do general, a procissão ainda vai no adro? Não creio! Os fracos não reza a história, por isso, Bacai Sanhá é a parte fraca.
Com muitas cumplicidades pelo meio e eventuais fraudes, a Comunidade Internacional estará disposta a apoiar e custear novo pleito eleitoral – o que duvido – em caso de reviravolta?
Da maneira que o país está será que o governo sozinho tem condições financeiras para realizar novo escrutínio?
Referências feitas a Ucrânia, Etiópia e Madagáscar em que o povo saiu à rua em protesto durante não sei quanto tempo...são extrapoláveis à nossa realidade? Nós sabemos que a história não se repete mas (...) com as nossas mentalidades, isto poderá acontecer um dia?
Faço questão de sublinhar que não quero antecipar seja o que for, aliás, esse senhor de quem gostava – por isso isto choca-me e deixa-me revoltado e que chegou a ter a nossa admiração pelo menos os da minha geração, perdeu a minha confiança a partir do momento em que mandou matar todos os seus leais companheiros de luta e outras pessoas mais, de muita valia! E esta cruz, carregará com ela até o fim dos seus dias.
Quão difícil é viver debaixo de mentiras! Generalizações são sempre perigosas mas no caso concreto, já me resignei prostrado a esta evidência irreversível.
Fez-se luz ?! Viva! E agora?
É necessário acabar de uma vez por todas com esses velhos “clichés” (!) e, falar verdade, apenas verdade ao poder. Devemos mudar as mentalidades! Bem sei que é difícil mas há que começar de algum lado. Não tiramos lições da História! Tantas lutas, tantos combates, quantas guerras, para no fim, voltarmos a estas vulgaridades idiotas. Não é uma tristeza?!
Estamos para ver!
Ora, o discurso e folclore mediático deste senhor antes da tomada de posse, traz-nos à memória a sua personalidade arrogante, desafiador e manipulador sem qualquer ressentimento com o seu passado apesar de glorioso mas muito mais negro. Num país normal este senhor jamais mereceria a confiança do seu povo e a História não o absolveria.
O general não é nenhum papão, portanto, chegou a hora daqueles que não têm medo da verdade dizer alto e em bom som que ele já foi futuro há 18 anos. E que o perigo mora ao lado.
Vamos erguer as nossas vozes em nome da justiça, da liberdade e do desenvolvimento do nosso país. A Guiné está de tanga?! Sim! A Guiné é um país de tanga?! Concerteza que não!!
O que sucede hoje aconteceu outras vezes; o que se diz continua a dizer-se e dir-se-á no futuro; o que há de ser, já foi um dia. Chegou a hora da Guiné mudar? Sim.
Se muitos dos nossos compatriotas acharam ou acham que o general está “reciclado”, é um “homem novo”, o exílio fez-lhe bem, outros tantos não acreditam nessa tese. O seus apoiantes deram-lhe ou dão-lhe o benefício de dúvida alegando provavelmente que, se todos nós somos mortais, é óbvio que a nossa natureza nos induza em erro, logo, não há nenhum mortal perfeito! Os que não são, aguardamos para ver. Se tudo correr bem, óptimo, caso contrário,... eu nem sei...
Perante este facto consumado, quero aqui colocar uma série de questões objectivas cujas respostas pretendo, porém, - alguém, eventualmente questionará quem sou eu para perguntar isto ou aqueloutro – e não espero obter, mas como cidadão, quero somente agitar e acordar as consciências dos nossos concidadãos.
Sua Ex.ª fora civil e criminalmente responsabilizado pelos danos patrimoniais e não patrimoniais, pelas mortes, pela destruição da nossa terra, decorrentes de uma guerra fratricida causada pelo senhor.
1 - Sua Ex.ª aquando no exílio, afirmara várias vezes que pretendia ser julgado no seu próprio país. Eu sei que existem pessoas com memória curta mas perante esta afirmação, findo o seu mandato como Presidente da República, não mais a coberto de prerrogativas do artigo 68 º da nossa constituição, V.Ex.ª está disposto a responder perante os tribunais?
2 – A segurança ou a falta dela é um dos grandes problemas. A maioria tornou-se “putanheira”. É o desespero! Este Chefe do Estado – Maior das Forças Armadas é para se manter? Os direitos humanos são para respeitar?
3 – Apesar de ter dito que jamais desrespeitaria as várias instituições da República e nunca ultrapassaria as atribuições e competências que a Constituição da República lhe conferem, não instituirá uma Monarquia Institucional em que o slogan seria: eu, minha família, meus amigos e minhas amantes?
4 – Um país de tanga! Os guineenses continuam a ser enganados e manipulados! O povo, não, certo povo, deixou-se acreditar. A pirataria, peculato, incompetência, ganância, ódio e poder serão substituídos pelo trabalho, honestidade, competência, confiança, amor e solidariedade?
5 – A esperança! Esperança até ver! Por razões de honestidade intelectual e de transparência, os seus bens, incluindo aqueles que o senhor primeiro-ministro lhe roubara, V. Ex.ª o disse, não como resultado de alguma herança ou resultado de muito trabalho e dedicação, o Sr. general estaria em condições de explicar ao povo como os obteve? Caso venha a ser confirmado como PR, como dizia alguém, está disposto a fazer uma declaração certificada de todos os seus bens como o fez o chefe de Estado interino?
6 - O Estado. O Estado de esperança não se transformará em propriedade privada sendo a sua gestão entregue aos seus sócios em comunhão com “aquelas criaturas” que se atropelam e se destroem porque a vida é um túmulo inútil para eles, preocupando-se com a conquista de honrarias e luxúrias em que a verdadeira conduta para se ser feliz é assumir–se partidário da “corte” onde a indolência e estupor caminham de mãos dadas?
7 – A nossa relação com os países vizinhos será de respeito mútuo e de boa vizinhança e não de subserviência? Sabia que os senegaleses fartam-se de “gozar” connosco?! Acham que somos “uns incapazes”!
8 – O Sr. general dar-nos-á garantias de que os seus futuros “conselheiros” com as suas vaidades estéreis não se concentrarão no açambarcamento, no roubo, no “encher” a pança, como diz a minha mãe, no fútil, no adiamento e, servindo como “aparatchics”, mensageiros dos “agentes de tortura” ?
9 – O medo. O medo é para continuar? O Estado – Polícia será apenas recordação do passado? Liberdade de opinião será um delito? E a paz? Não só do Estado – Nação mas sobretudo a paz de espírito? O Sr. general será o garante dos direitos, liberdades e garantias?
A paz não se compra, não se vende e nem deveria ser negociada! Ela, deve ser um imperativo dos homens!
10 – Como deveria ser visto a moral e a ética dentro da nossa sociedade?
11 – Continuará cego, surdo e mudo perante o abandono e miséria das regiões? Quando se lembrará de propor ao governo a questão dos poderes locais, do seu agendamento e da consequente preparação das eleições regionais ou autárquicas?
12 – Lembrar-se-á um dia de promover uma espécie de “presidência aberta” inspirando-se naquelas durante o seu tempo de exílio, para ver com os seus próprios olhos o estado em que deixou o país? Um total alheamento dos políticos governantes, ausência de saneamento básico bem como as péssimas condições de higiene e habitação.
13 – A infância em geral, as crianças órfãs em particular, sem pais, famílias inteiras estropiadas e mortas; pais sem filhos por causa dessa guerra estúpida que o Sr. provocou por causa da sua teimosia, em que não há responsabilização, serão apoiadas e amparadas com alguma da sua fortuna? E uma boa sugestão seria: “Fundação Nino Vieira de apoio às vítimas de guerra de 7 de Junho”! E a nossa juventude?
14 – Regressarão os senhores delapidadores do nosso património florestal e ambiental? E a nossa fauna e flora marinhas não serão entregues aos “embarcadores estrangeiros”?
Para terminar, quero sublinhar que a esperança nasce e morre com a história. Ela está em qualquer lugar, habita todas as casas e transporta todos os sonhos.
Devemos dizer claramente aos nossos políticos frustrados, caloteiros, vigaristas, vira-casacas, trafulhas, ladrões e todos aqueles que se vendem por um prato desprezível de lentilhas, que o seu tempo esta a chegar ao fim.
Pois, não podem continuar a viver requintadamente e à francesa digno de Deuses de Olimpo, enquanto o povo nem sequer tem uma refeição completa por dia.
A ignorância, a manipulação, a coacção e o medo continuam a ser uma forma de que servem “esses poderosos” para manter o seu poderio sobre as classes menos sabedoras e, mais grave ainda, com a cumplicidade dos nossos “políticos frustrados” e de alguns “sacerdotes” do “reino” sem princípios e carácter, violando até regras de conduta moral e ética que sempre constituíram um princípio sagrado do nosso povo.
Não devemos dar-lhes tréguas. Se algum de nós já fez muito, temos de fazer ainda mais, porque o país precisa de nós. É a nossa obrigação e o nosso dever!! Se todas estas questões e outras mais forem materializadas, ficaríamos todos contentes e muito felizes! E Guiné ganharia! E todos nós ganharíamos também!
Uma bem haja
Um abraço fraterno
Francelino Alfa
17.08.2005
19.08.2005
Supremo Tribunal cedeu às pressões da comunidade internacional
O Supremo Tribunal de Justiça da Guiné-Bissau (STJ) considerou hoje improcedente
o recurso interposto pela candidatura de Malam Bacai Sanhá por extemporaneidade,
confirmando a vitória de "Nino" Vieira nas eleições presidenciais.
A decisão do STJ foi publicada hoje num acórdão lido pela presidente desse órgão
judicial, Maria do Céu Monteiro.
Quando os resultados da segunda volta das eleições presidenciais, realizada a 24
de Julho, foram divulgados, Bacai Sanhá, o candidato do partido no poder,
anunciou rejeitá-los, alegando fraude, e que recorreria ao Supremo Tribunal.
"Nino" Vieira, candidato independente, tinha sido dado como vencedor do
escrutínio com 52,35 por cento dos votos, contra 47,65 por cento para Bacai
Sanhá.
Fonte: www.noticiaslusofonas.com
VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR!
Projecto Guiné-Bissau: CONTRIBUTO