PSIU, SILÊNCIO!
É muito
difícil pensar nobremente
quando se
pensa apenas em viver.
(ROUSSEAU)
Adulai Indjai
tokatchur02@hotmail.com
15.09.2009
A
liberdade de expressão é um dos direitos fundamentais da sociedade moderna.
Hoje, usufruímos de um grande suporte na conquista desta liberdade que é a
Internet. Ela permite-nos viver este sonho enorme de exprimirmo-nos livremente,
pois não sofremos com manipulações, textos censurados, cortados, proibidos ou
com a pressão da classe política.
Não existe nada melhor do que
sonhar e viver a liberdade e exprimir-se. Não acredito que a Internet nos deu a
vitória contra os ditadores. Penso que permitiu-nos sonhar com a liberdade de
exprimirmo-nos. A nossa grande vantagem é que a Internet ultrapassa o espaço de
acção dos ditadores, consideramo-la como o vector de informação mais livre do
mundo.
No meu querido país, onde tudo
é possível, sobretudo no que diz respeito à violência gratuita, os criminosos
governamentais do meu país estão a testar novos métodos de censura, que poderão
vir a ser utilizados contra os blogs e os sites.
Tive conhecimento da ameaça de
que foi alvo o meu amigo e irmão Secuna Baldé. Posso dizer que nada me
surpreende com a Guiné-Bissau, mas garanto-vos que fiquei surpreendido com este
acto.
A meu conhecimento, o PAIGC e o
seu governo estão a querer fazer-nos passar por difamadores do nosso próprio
país. Depois das eleições presidenciais, vimos as estratégias desenvolvidas pelo
governo e o partido PAIGC para manter o Koumba Yalá, candidato derrotado, em
Silêncio, para fazer esquecer o desaparecimento físico do Baciro Dabó e Hélder
Proença que foram executados em nome do Silêncio.
Nos meados do mês de junho,
antes das eleições, recebi uma chamada telefónica de Bissau, de um amigo próximo
do partido PAIGC incitando-me a fazer tréguas em nome da boa imagem da
Guiné-Bissau no exterior, em resumo, participar na limpeza da imagem do nosso
país no mundo. Este indivíduo mostrava no seu discurso o sentimento de bem
servir a nossa pátria, optando pela forma pacífica de silenciar os homens de
letra e os colaboradores do projecto Guiné-Bissau CONTRIBUTO, tentando
mostrar-me o handicap que os artigos publicados neste projecto causam ao nosso
país a nível mundial.
Confesso que fiquei surpreso e
contente com esta acção, sensibilizar as pessoas por uma boa causa é muito
importante. A minha resposta foi clara e concreta, a limpeza da imagem do nosso
país, não deve ser um trabalho dos cronistas ou dos colaboradores do projecto
Guiné-Bissau CONTRIBUTO. Deve e deveria ser dos que estão a dirigir o nosso
lindo país. Fiz entender a essa pessoa que o trabalho que os colaboradores deste
projecto estão a fazer é um trabalho científico e que os dirigentes da
Guiné-Bissau deveriam tirar proveito dele. Uma boa acção nunca é criticada,
ninguém está disposto a denegrir a imagem do nosso lindo país.
Uma segunda chamada foi no mês
de agosto, desta vez foi em termos de agradecimentos, por eu não ter escrito
nada depois de me ter contactado. O objectivo real desta segunda chamada era
mais uma vez, um outro pedido: dar o benefício da dúvida ao presidente eleito e
ao governo do Partido do povo (como ele nomeia o PAIGC) e sobretudo evitar de
acusar as chefias militares, cessar de falar do narcotráfico por ser um assunto
muito delicado. Confesso-vos que não acreditava no que os meus ouvidos estavam a
escutar.
Eu fiz saber a esta pessoa que
a minha consciência não estava à venda, que o PAIGC é um partido traidor do
nosso povo, que as nossas chefias militares não passam de narcotraficantes sem
escrúpulos e que nem estou interessado em ficar no silêncio para dar prazer ao
governo, ao presidente eleito nem tão pouco aos terroristas das chefias
militares. Com estas duas chamadas conclui que o nosso país está verdadeiramente
perdido diante dos cineastras do PAIGC e dos esfomeados do poder. Antes de
desligar o telefone na cara dele, disse-lhe que não publiquei artigos durante
todo esse período simplesmente por uma questão de falta de tempo, pois estava a
trabalhar no projecto do site do jornal Gazeta de Notícias que estará online
dentro em breve.
Tomando conhecimento da ameaça
do Secuna Baldé, tomei consciência do perigo que representa o PAIGC e os seus
acólitos para o povo da Guiné-Bissau. Ao longo destes 36 anos de independência
do nosso país, este partido e os seus acólitos ofereceram-nos somente tristeza,
lágrimas e dor no coração. E no entanto, este povo nunca deixou de dar
oportunidades a este partido, que deveria fazer desta confiança uma arma de
batalha na procura de soluções para os problemas gritantes de que o nosso país
padece, em vez de apostar na violência como remédio para silenciar o povo.
O que mais me impressiona
nestes métodos do governo e do partido PAIGC, é que querem a todo custo
silenciar todo mundo, seja qual for o método, de forma pacífica ou violenta,
tudo é valido.
Hoje as questões que coloco aos
acólitos do governo e do PAIGC são seguintes :
o
Será que o nosso
país é condenado a viver na ignorância e na mentira?
o
Com violência a
imagem do país ficará mais limpa?
o
A divergência de
ideias é um crime no processo democrático?
o
Nhu Kuburnel, o
fula não é Guineense?
o
Quem está
servindo melhor a Guiné-Bissau: Nhu Kuburnel ou Secuna Baldé ?
Ao longo da sua existência, o
nosso povo não conseguiu ainda conhecer o verdadeiro valor da não-violência, o
sabor da paz, da liberdade, do respeito pelos direitos humanos e da boa
governação. Conhecemos a violência no seu estado puro, assistindo a assassinatos
e mortes inexplicáveis como foram os casos das mortes de Baciro Dabó e de Hélder
Proença. Mesmo a do fundador da nossa independência, Amílcar Lopes Cabral, entre
outros, nunca foi justificada. As ameaças nunca cessaram de existir. Do que é
que têm medo os nossos dirigentes políticos? Da verdade ou das suas próprias
incompetências.
Para que serve ter medo dos
artigos publicados na Internet? Nhu Kuburnel, a situação em que se encontra o
nosso país, não constitui segredo para ninguém. Constamos na lista dos países de
risco. Com esta ameaça gratuita, esta imagem ficou ainda mais reforçada aos
olhos da comunidade internacional. Antes de servir o seu chefe, você devia
servir a sua pátria.
A democracia é um modelo
político que prima pela liberdade de expressão, que permite a cada indivíduo
participar livremente na procura de soluções viáveis para os problemas do país.
Não podemos continuar a fazer do nosso país um paraíso de terror, onde todo
mundo é exposto à violência que é sempre gratuita.
O trabalho que suscitou a
ameaça ao irmão Secuna Baldé, não vai contra a imagem do nosso país, nem contra
o interesse das pessoas que o estão ameaçando. A meu ver, o Secuna Baldé fez
aquilo que sempre foi feito pelos colaboradores do projecto Guiné-Bissau
CONTRIBUTO. O seu grande pecado foi a ilustração do seu artigo com duas imagens,
acompanhadas das belas palavras cobertas de verdade e que doem aos ouvidos dos
destruidores da Guiné-Bissau.
A verdade não cabe na cabeça do
psicopata nem do bajulador. Aos meus caros irmãos jovens colaboradores do
projecto Guiné-Bissau CONTRIBUTO quero-lhes dizer que nesta nossa luta o caminho
é longo e não devemos deixar ser intimidados pelos larápios que hoje dirigem a
Guiné-Bissau. Este país pertence-nos a todos e não é, nem nunca será o quintal
de alguém. Não se esqueçam que o Nino Vieira que pensava ser imortal, acabou por
tirar a moeda da sorte e teve uma morte desumana. Por isso peço-vos que
trabuquem com sinceridade e serenidade, porque o poder muda de mão!...
A Guiné-Bissau conhecerá dias
melhores. Quem viver verá.
VAMOS CONTINUAR A
TRABALHAR!
Associação
Guiné-Bissau
CONTRIBUTO
associacaocontributo@gmail.com
www.didinho.org
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