QUEM ENTRAVA E DESMOTIVA O INVESTIMENTO ESTRANGEIRO NA GUINÉ-BISSAU?
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Banco Mundial prometeu empréstimo de
40 milhões USD, para sanear os problemas energéticos do país; O Ministro das Finanças, Dr. Victor Mandinga (NADO) e Primeiro-Ministro, Aristides Gomes, privatizaram a empresa de águas e luz e fizeram uma sociedade para sacar o dinheiro acima referenciado e encomendaram dois geradores em 2.ª mão na Nigéria. Foi a razão do cancelamento do programa com o Banco Mundial. Por causa desse escândalo o Dr. Mandinga disse que não recebe lições do Banco! Ele, NADO, tem as costas quentes!.. |
Por: Fernando Casimiro (Didinho)
04.06.2007
A corrupção existe em todo o mundo, falar-se dela, no caso da Guiné-Bissau, torna-se numa necessidade permanente, porquanto servir para alertar sobre o envolvimento de personalidades que, em representação do Estado, têm fomentado a prática deste acto maléfico, prejudicando o país em benefício dos seus interesses pessoais.
Ser membro de um qualquer governo na Guiné-Bissau tornou-se numa obsessão para a maior parte dos políticos guineenses que chegam mesmo a desobedecer as orientações partidárias, para se encaixarem na formação de um governo, pois, é na estrutura do governo que está a realização pessoal e familiar de cada um!
O tempo tem-nos mostrado que assim é, porquanto, de pobres ministros, desprovidos de quaisquer bens declaráveis e, muito menos, visíveis no dia-a-dia antes do assumir de qualquer cargo governativo, de repente surgem-nos ministros ricos com moradias em construção, carros de luxo etc. como se tivessem plantado tostões para dias depois colherem milhões.
O facto de haver um ciclo rotativo nas várias governações por que tem passado a Guiné-Bissau, faz com que haja uma cumplicidade na obstrução dos mecanismos da Justiça com vista à prestação de contas pelos diferentes ministérios, sustentando desta forma a impunidade, que por sua vez, vai fomentando a corrupção.
A corrupção deve ser uma preocupação para os que querem o desenvolvimento do país. Deve ser denunciada para ser conhecida, possibilitando assim, formas de acabar com ela na governação, bem como a sua redução a nível da sociedade.
Falar da corrupção na Guiné-Bissau é falar da hipocrisia dos sucessivos governos que, dos discursos de apelo ao investimento estrangeiro, na hora de lidar com os investidores, contrariam toda a acção entravando e desmotivando o investimento privado estrangeiro no país.
Há cerca de mês e meio, recebi uma denúncia de uma nossa conterrânea radicada na Alemanha que me dava conta de uma situação lamentável sobre a questão do investimento privado estrangeiro na Guiné-Bissau, concretamente de uma situação ocorrida em 2005, numa altura em que Aristides Gomes já era Primeiro-Ministro.
Deixo aqui alguns excertos dessa denúncia, de um caso envolvendo investidores alemães.
" Primeiro passo: fomos ter com um advogado porque precisávamos de um estatuto para um negócio. Pronto, ele fez tudo bem e foi pago imediatamente. Depois fomos para o Instituto das Telecomunicações, aí começou o drama, via-se mesmo que o tal Presidente do Instituto não tinha interesse em fazer nada (bla bla bla) queria só dinheiro.
Depois, fomos para o Ministério da Educação por causa da Universidade Privada que os meus Chefes querem abrir, o tal Ministro chamou primeiro o rapaz que estava a preparar tudo (o conhecido da minha irmã ) e nós ficamos fora à espera e quando o rapaz saíu disse-me a mim olha: diz para o teu chefe que o Ministro está a pedir 5 mil €, pronto traduzi. E sabes de uma coisa nós só queriamos informar-lhe que éramos nós que pretendiamos abrir uma Universidade privada e nada mais.
Disse-lhe espera aí, porque temos que pagar 5 mil €? Nós só viemos informar-lhe sobre a Universidade e nada mais...
O último foi o Ministro dos transportes e Telecomunicações. O tal cara entrou outra vez sozinho, saiu e disse-me outra vez: o Ministro quer 20 mil €. Traduzi mas respondi-lhe assim: se ele quiser fazemos o jogo “boneco na mon dinheiro na corda”. E ele, respondeu: assim não vai dar.
Pronto de um lado para o outro como sempre, os meus chefes voltaram para Alemanha. E eu fiquei lá mais duas semanas até voltar para a Alemanha. O Tal cara começou a ligar-me a mim porque precisava de 25 mil € para ter um só documento que afinal era falso. E o jogo seguiu durante um ano. Depois falei com a minha irmã em Lisboa porque ela tinha chegado de Bissau e ela disse-me: olha é melhor vocês irem imediatamente para Bissau porque há problemas. Fomos sem avisar ao tal cara que íamos para lá. Quando chegamos, apanhou um susto porque estava outra vez no aeroporto como sempre à espera dos europeus. No aeroporto começou com ameaças. Começamos a tratar de tudo e conseguimos. Voltamos para Alemanha e desde aí nunca mais ligou a dizer que tal Ministro queria tanto. Uma outra vez conseguiu enganar um Suiço que é marido da minha prima, com a mesma história. Sorte que ela falou comigo e disse-lhe para ir para Bissau e ela está aí. Mais depois de terem sido lesados em 50 mil €. Do meu chefe foram uns 100 mil €. Assim a Guiné nunca vai conseguir captar investimento estrangeiro para o seu desenvolvimento". |