Reconciliação
A reconciliação nacional implica necessariamente uma revisão da ética de conduta (pessoal), no que ao conceito de patriotismo/cidadania diz respeito.
A reconciliação deve ser primeiramente pessoal, ou seja, devemos nos reencontrar cada um consigo próprio, para que o reencontro com os demais seja facilitado.
É preciso fazer-se uma análise introspectiva da participação de cada um de nós na busca da paz e da estabilidade para o país.
É preciso estarmos de consciência tranquila (limpa) sobre o nosso CONTRIBUTO na obtenção e efectivação da paz.
É preciso promover o conceito de cidadania, reabilitar a JUSTIÇA, como factor de equilíbrio e igualdade dos cidadãos, para que todos sintam ter os mesmos direitos e deveres na pátria comum a todos os guineenses.
Para além de pensar, devemos agir no sentido de se estabelecerem equilíbrios / igualdades nas condições de vida das pessoas, como factor de harmonia e motivação social.
É preciso que todos aceitem e respeitem as marcas da história, como factor de compreensão das nossas origens, possibilitando assim a integração total das populações, independentemente da cor da pele, origem étnica, religião, sexo e demais adjectivos.
É - se guineense por nascimento e também por opção: descendência ou residência e nesta base, não se deve discriminar ninguém.
A Guiné-Bissau não faz parte do lote de países produtores de petróleo, nem de ouro e muito menos de diamantes...
A Guiné-Bissau como todos sabemos, é um país que pode oferecer subsistência às suas populações que precisam no entanto, de trabalhar para que assim seja. Portanto, quem se assume como guineense, não o faz por interesse mas por amor à pátria, ao país de nascimento ou de adopção.
É neste contexto que, para que a reconciliação nacional seja uma realidade, teremos que deixar de lado a desestabilizadora e falsa questão de quem é ou não é guineense. De quem tem ou não tem dupla nacionalidade, porquanto ter sido a história a definir o povo guineense como multi-étnico e multicultural, desde os antigos impérios do Gana e do Mali, à presença colonial (portuguesa) de cinco séculos.... até aos dias de hoje.
Dias de hoje que, fruto da emigração ou da estadia de guineenses: trabalhadores ou estudantes em países estrangeiros proporcionaram novos descendentes a que ninguém poderá negar o direito à dupla ou mais nacionalidades, isto como exemplo de muitos que, sendo de outras gerações, estão nessa condição pela própria realidade histórica do país.
O país precisa dos valores étnicos e culturais que a história lhe reservou através da mistura das populações, vamos preservar esta riqueza para que realmente, todos quantos se definem e se sentem guineenses possam CONTRIBUIR para a Reconciliação Nacional, possibilitando assim a estabilidade social, factor base para a implementação de programas de desenvolvimento para o país.
Sábado, 17.07.2004
fernando casimiro (didinho)