Que reconciliação? Que democracia? Ditadura?
Nhaleru
04.09.2006
Arrisco-me em participar neste debate não como oposição e nem como defensor de um Estado ineficiente como o nosso. A verdade é como o sol, que um eclipse pode escurecer, mas não apagar. Os resultados das eleições políticas em África não significam absolutamente nada, principalmente no nosso pais, a Guiné-Bissau onde temos a taxa de alfabetização dos homens com mais de 18 anos, estimada em 2001, de 24,8% e de 16,7% para as mulheres. Excepto nas regiões de Bissau, Bolama/Bijagós e Cacheu, a população pode ser considerada de quase analfabeta. Sem mencionar os demais indicadores que são extremamente vergonhosos, e nada foi feito até então para que esse cenário fosse ultrapassado. Se muitos que sabem ler e escrever na Guiné-Bissau são considerados ignorantes imaginem aqueles inocentes, desprotegidos e generosos que não sabem ler e escrever.
TÍTULO II DOS DIREITOS, LIBERDADES, GARANTIAS E DEVERES FUNDAMENTAIS da nossa Constituição diz o seguinte: ARTIGO 24° Todos os cidadãos são iguais perante a lei, gozam dos mesmos direitos e estão sujeitos aos mesmos deveres, sem distinção de raça, sexo, nível social, intelectual ou cultural, crença religiosa ou convicção filosófica.
Pergunto, todos os cidadãos são iguais perante a lei na Guiné-Bissau? Gozam dos mesmos direitos e estão sujeitos aos mesmos deveres sem distinção de raça, sexo, nível social ou cultural? Se não existe, falta alguma coisa para que o regime seja de ditadura? No mundo de analfabetos não é preciso dizer que o sistema é dos corruptos e ditadores, qualquer um com a quarta classe bem feita sabe disso.
Em democracia é preciso saber perder? Isso é mito dos covardes. Democracia – forma de governo na qual o povo opina sobre o uso do poder – normalmente por meio de representantes eleitos, mas também usando estratégias de pressão, grupos da sociedade civil, movimentos sociais e advocacia. A democracia verdadeira – o verdadeiro poder de decisão nas mãos do povo – é sempre conquistada, nunca concedida. Essa é a democracia que existe na Guiné-Bissau?
Em democracia devemos respeitar opiniões divergentes uma vez que o interesse é comum. Em democracia não existe perdedor nem vencedor... Se todos são cidadãos guineenses, é obvio que o nosso objectivo é construir um Estado que responda ás necessidades de seus cidadãos. Um Estado democrático no qual os burocratas prestem contas aos políticos e estes aos cidadãos de forma responsável. Para isso são mudanças essências: a reforma política, que dê maior legitimidade aos governos, ajuste fiscal, a privatização, desregulamentação, que reduzem o tamanho do Estado e recuperem saúde financeira, e uma reforma administrativa que, combinada com a financeira, dote o Estado de meios para alcançar boa governação.
Concordo plenamente, primeiramente é preciso conhecer o termo Reconciliação, ou seja, os homens de guerra e os intelectuais incompetentes têm que saber que os seres humanos devem respeitar-se uns aos outros, em toda a sua diversidade de crença, cultura e linguagem. As diferenças entre sociedades não devem ser nem temidas nem reprimidas, mas sim compartilhadas como uma qualidade preciosa da humanidade. Uma cultura de paz e diálogo entre todas as civilizações deve ser promovida ativamente.
E para que isso tenha êxito, é preciso ter coragem nas indicações. É melhor não indicar uma pessoa só para lhe fazer sentir útil ou pela amizade, quando que não é assim que as coisas funcionam, e também não é necessariamente um militar que deve ocupar-se da Reconciliação Nacional, (m´be ké ate gossi bô ka panha pé di kal ki linguagem di militares, sim fala di ce nível cultural). Governo não significa um circo, então a população não precisa de palhaços. A tensão política e social só é “invisível” para quem não está atento à realidade do país, não resta a duvida isso é fruto da péssima administração e da pouca vergonha daqueles que não sabem fazer absolutamente nada e não querem que os outros façam. Bem-estar é para todos e não para um grupinho de pessoas que nunca fizeram nada e que jamais vão fazer.
“Todos Homens e mulheres têm o direito de viver suas vidas e criar seus filhos com dignidade, livres da fome, do medo da violência, da opressão e da injustiça”
O homem erra quando se convence de ver as coisas como não são. O maior erro ainda é quando se persuade de que não as viu, tendo de fato visto.
Cumprimentos.
Nhá Lerú
VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR!
Projecto Guiné-Bissau: CONTRIBUTO