Redefinir o papel do FMI, BM, NGO’s e autocracia em áfrica
Carlos Gomes da Silva
13.10.2009
Tendo em conta os antecedentes do FMI, WB e seus programas (structural adjustment programs) combinados que têm como objectivo a erradicação da pobreza no mundo, julgo que estamos perante uma tarefa que exigiria pelo menos outros mil anos para que os programas funcionassem.
O "Terceiro Mundo" está bem ciente dos Programas de Adaptação Estrutural, impostos pelos pesos-pesados das finanças internacionais, como requisitos para se qualificarem para qualquer tipo de ajuda. Contudo, é um facto que estes programas foram realmente projectados para, radicalmente, reduzir a nossa capacidade de desenvolvimento, tornando-nos mais atraente aos benfeitores ricos. A maioria das nossas terras e recursos naturais/minerais foram pura e simplesmente destruídas e saqueadas.
Desde as suas independências que muitos países do terceiro mundo liquidaram/hipotecaram os seus activos do Estado a Multinacionais, nações ocidentais, e organizações privadas. O que gerou corrupção, conflitos étnicos, a decadência de infra-estruturas, ciclos viciosos de dependência e aumento da pobreza, tornando-nos mais dependentes e a “need for more aid”.
Os NGO’s foram estabelecidos por grupos de nações com objectivos comuns, como o FMI, BM. Estas organizações chegaram a ser contribuintes valiosos para a estabilidade mundial, depois da primeira e segunda guerras mundiais.
Presentemente, parece que, com a falta de uma missão concreta/objectiva todos se afundaram nas profundidades das burocracias corruptas. Hoje em dia "maior é melhor", por isso, vão engrandecendo, servindo-se de metas, como os seus programas em toda a parte (programas que nunca têm fim), mesmo décadas após os seus términos eles nunca morrem, pois são, nada mais nada menos, grandes máquinas de dinheiro com cordéis pesados, unidos no mesmo objectivo e com poder de controlo.
O número de empregados dos NGO’s, WB e FMI não tem parado de aumentar. Calcula-se que esteja à volta de 100 mil empregados.
Há muitos governantes africanos que se agarram (com unhas e dentes) ao poder, aproximando-se de práticas de autocratas; isto é uma dinâmica exacerbada pelo envolvimento do Banco Mundial e NGOs em África, que suplementam a renda destes cleptocratas, a quem no fundo apoiam por se recusarem a condenar as práticas de líderes corruptos.
Esta tolerância contudo, tem dado argumentos aos militares para acções tais como golpes de Estado, sustentando a impunidade, por exemplo, para assassinar grupos de oposição.
Os governos como evidência da necessidade de manter as próprias regras sob ditaduras monopartidárias, lembram as monarquias pré-coloniais.
O surgimento de governantes que usurpam o poder pela força das armas tem motivado alterações das Ordens Constitucionais de vários países em beneficio próprio. Muitos desses nossos governantes e suas famílias possuem propriedades de valor incalculável e têm múltiplas contas bancárias em países estrangeiros.
A tragédia para África é que a tal corrupção criou fronteiras para a exploração da própria África. De acordo com Dambisa Moyo “que Dead Aid: Why Aid is Not Working and How There is a Better Way for Africa” ou "Ajuda Morta: Porque a Ajuda Não Funciona e Como encontrar uma Melhor via para África" mais de 100.000 pessoas consistindo em empregados do Banco Mundial, europeus e NGOs norte-americanos e seus aliados africanos ganham as suas vidas dando e administrando "ajudas" a países africanos.
Além do mais James D. O Wolfensohn, um ex-presidente do Banco Mundial sublinhou numa entrevista que, estas pessoas opõem-se a quem contraria a ajuda a líderes corruptos africanos. Mantêm os seus empregos fazendo prosperidade com dívidas de África, ao apoiarem governantes no poder que não se preocupam em ajudar as pessoas necessitadas.
Contudo, é um facto que não podemos culpar estas organizações por tudo de errado que acontece em África. Temos que fazer uma auto-critica, culparmo-nos de certos males causados por nós próprios. Não podemos ignorar nossas feridas auto-infligidas, nossas ideias e ideais desencaminhados, como ainda temos que nos confrontar com a nossa terrível corrupção.
Devemos expor e denunciar as características dos autocratas em África. Deve-se criar e apoiar no continente africano uma norma legal para crimes contra o desenvolvimento nacional e dignidade humana das pessoas.
Segundo Fernando Vumby “ Os lideres africanos que outrora se intitulavam defensores da liberdade, democracia, igualdade de direitos políticos e económicos dos seus povos transformaram-se em exploradores do seu próprio povo...... os heróis de ontem viraram os vilões de hoje”, ficaram reféns do poder e viraram também os carniceiros dos seus próprios povos....
......O sonho dos africanos pela liberdade foi durante muitos anos posto em causa e continua a ser posto (postponed) pelos novos governantes, vários com muitos interesses pessoais hipotecaram o futuro das novas gerações com a corrupção, pilhando e fazendo guerra ao seu próprio povo, defendendo interesses das elites aliadas aos europeus a troco de sangue dos seus compatriotas.
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