06.10.2010
Apesar
dos 37 anos da independência, Guiné-Bissau continua permeada por problemas
sociais, políticos e econômicos. Críticos e opositores políticos vivem numa
situação de enganos, intimidação e diversas perseguições cometidas pelos
sucessivos governos dos últimos anos, juntamente com as forças armadas. Sem
direitos de reivindicar melhorias na qualidade de vida, o cidadão guineense
vive desolado e desacreditado nas mudanças para o país. Entretanto, a
população guineense precisa reagir diante da realidade que vivenciam.
Ao acreditar na mudança já estamos dando um grande passo
na luta pela melhoria das condições sociais. Tudo na vida deve ser
construído, planejado, pensado e avaliado visando o futuro. Se quisermos uma
vida diferente e mais promissora no futuro devemos começar a pensar
diferente.
A população guineense precisa ter coragem para falar a
verdade e sem medo, acreditar na sua cidadania, lutar pelos direitos humanos
e de cidadão que lhes são negados. Não devemos aceitar a atual situação
social do país como algo natural, não devemos fingir a insatisfação e os
anseios de dias melhores. Somente quando toda população guineense se
mobilizar e não ficar mais calada diante das mazelas sociais contrapondo o
governo que mascara esta situação, é que poderemos iniciar um novo processo
político e um melhor desenvolvimento econômico e social do país.
Guiné-Bissau não pode continuar com este modelo político
que não permite novas relações econômicas e sociais que podem promover o
desenvolvimento do país. Por isso, temos que lutar pela nossa terra e nos
mantermos unidos para que haja paz e justiça social. A busca por novas
soluções deve ser constante, visando uma reconstrução da imagem do nosso
país. É importante o reconhecimento da real situação da Guiné-Bissau,
mostrando a verdadeira face ao povo.
A liberdade é fundamental para o processo democrático, o
desafio da democracia seria conviver com as diferenças, dialogar, fazer
acordos importantes, debater idéias novas. Mas ao falar em liberdade fazemos
referência ao desprendimento das concepções de que “tudo é natural”, “tudo é
assim porque sempre foi assim”. Precisamos estar livres dessas concepções
que nos fizeram aceitar por muitos anos a exploração e a humilhação, nos
impedindo de sermos livres não só para pensar, mas agir socialmente. Há
necessidade de romper com essa idéia que nos faz submissos, passando a viver
de forma mais ativa, dialógica e política, ou seja, precisamos nos libertar
de nossas próprias concepções, passando a ver o mundo e o meio em que
vivemos com outros olhares, assim teremos a verdadeira liberdade que
necessitamos para dar uma nova direção ao nosso país.
A política em mutação permanente, a rotina democrática, a
atuação governamental ou a sucessão de disputas eleitorais sempre
desencadeiam processos novos, alinham forças e abrem oportunidades para a
reforma do país. Governos ativos, eleições e embates políticos fortes podem
ajudar decisivamente o papel na dinamização democrática de qualquer
sociedade. Neste processo, o povo guineense não pode se negar a uma
participação ativa, expondo suas necessidades e suas formas de ver a vida
social, dando sua contribuição para o desenvolvimento do país. Quanto mais
debate e mais diálogo acontecer na nossa terra, traçando metas e etapas para
alcançar os resultados, teremos a oportunidade de reconstruir a estrutura da
sociedade guineense e transformar a sua realidade. Assim faremos do povo
guineense, um povo verdadeiramente emancipado, livre e feliz.
As minhas mantenhas!
*
Cientista Social com Habilitação em Ciências Políticas pela Universidade
Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)