Wilson Lutero

 

 

27.08.2005

 

Olá Didinho,

Sou Wilson Lutero, guineense, natural de Mansoa, 60Km de Bissau.

Estou estudando aqui no Brasil. Na busca do dia-a-dia da vida

Nacional, acabei "casando" com seu site.

E nesta hora de ameaças que está sendo alvo, venho pelo

 presente, expressar a minha solidariedade e afirmar que

estamos juntos nessa luta pela Liberdade e Justiça; nessa luta

a bem da Guiné, Pátria que um dia nos viu nascer.

Em anexo estou enviando uma carta pra você, meu caro Didinho.

Um abraço

Wilson Lutero

 

SOLIDARIEDADE

 

 

Caro Didinho,

 

Sou um guineense fora das linhas limítrofes da nossa querida Nação. À semelhança de

qualquer guineense patriota, também sou sério com a causa nacional e interessado em

acompanhar o dia-a-dia da vida da nação.  Para tal sempre fiz dos diferentes sites que

trazem notícias do País o  livro predilecto que me acompanha a cada dia.

 

Seu site meu caro Didinho, tem sido a minha preferência não só pela consistência de

conteúdo de suas informações, como também pela audácia, justiça e transparência que

dão sustentação à sua forma de fazer comunicação. Nisto, sem dúvida alguma, está de

parabéns!!!

 

Entretanto fiquei revoltado hoje, ao ler matéria do seu último editorial no

(www.didinho.no.sapo.pt) datado de 26.08.05, no qual traz a lume principalmente, a ameaça

de morte a que está sendo alvo!

Chorei literalmente! Chorei de tristeza, dor e vergonha. TRISTEZA porque a democracia, a

Liberdade e Justiça que se prega e almeja para nossa pátria ainda é quimera, mito, irrealidade.

VERGONHA porque em pleno séc. XXI, quando a liberdade de imprensa já é algo consumado

nas nações civilizadas, na Guiné ainda se ameaça para calar “a voz do povo”, imprensa.

 

A Guiné-Bissau não é propriedade singular de ninguém. Nenhum guineense é mais

ou menos guineense que outro (como querem fazer entender quando o remetem ao espelho

como forma de identificar sua raiz guineense ou não), mas todos nós juntos, somos filhos de

uma única mãe, a saber: Mamãe GUINE-BISSAU. São os cerca de um milhão e trezentos

mil habitantes que constituem o povo guineense e compartilham igualmente dos mesmos direitos

e deveres. Cada um tem a sua quota-parte de responsabilidade com o progresso daquele

pequeno País, ainda que de formas diferentes. Eu escolhi contribuir na área da Saúde, M’bunde

na Política, Didinho na Informação e assim vai...

 

Absurdo maior está no facto de lhe quererem silenciar porque fala a verdade! ABAIXO

A DITADURA! ABAIXO OS CORRUPTOS! ABAIXO OS ASSASSINOS!

ABAIXO OS QUE TENTAM SILENCIAR A IMPRENSA! Já se foram os tempos de

 “kala boka”, cala boca, “si bu papiá nô na matau”, se falar será morto.

 

Hoje o guineense não mais se intimida com essa forma de governo ditatorial.

Que fique claro para Nino Vieira e seus agentes: Ninguém mais na Guiné tem medo dele.

A mentira não prevalecerá sobre a verdade. Por mais que lhe quiserem silenciar a ponto

de reduzi-lo à morte sempre surgirão outros Didinhos lutando para a causa que é de todos

 nós. Aliás, os bons filhos da Guiné nunca tiveram medo de morrer, morte heróica,

a bem da Nação.

 

Se um dia lhe diminuirem precocemente a pó e cinza (não espero que assim seja)

 saibamos nós,guineenses em geral e comunidade internacional em particular,

que será por causa Nacional.

Não tema! Continue, quer seja a tempo ou fora de tempo a fazer o que mais gosta:

informar ao povo guineense, uma informação coberta de verdade, justiça e transparência.

 

Um abraço,

Wilson Lutero

27.08.2005