TEMPERAMENTALISMO FUNESTO, HORA DI BAI
Mário Santos *
08.03.2009
A Guiné-Bissau tornou-se num exemplo mais próximo, para as sociedades luso-africanas. Naquele país foi assassinado um presidente! Este se iniciara nessa veste, depois de um golpe de estado ao irmão de Amílcar Cabral, o pai da liberdade do Povo guineense e que obrigou a bifurcação do PAIGC, derivando o PAICV; anos mais tarde retirado também através de um golpe de estado, que lhe força o exílio; que retomou o poder em 2005, arriscou uma destituição violenta tempos depois da segunda entrada, exactamente há poucos meses.
Numa acção que parecia ter respondido de forma rápida à máxima arrepiante - dente por dente, olho por olho – Nino Vieira foi morto no dia 2 de Março, para vingança de Tagmé na Waié, assassinado na véspera, através de um atentado à bomba.
Criava-se desta forma, mais uma vez, os traços conhecidos dum percurso alvoraçadamente interessante, nos registos da história da Guiné-Bissau. De mais traços ainda, para a história dos reboliços violentos e sangrentos do temperamentalismo das políticas africanas. Os sinais suis-generis, que deixam a marca enfezada do operandus bantu.
A impetuosidade da rebeldia dos fulas, mandingas, balantas e outras mais tribos, fora nos tempos da dominação colonialista, a combustão duma resistência e luta, que pôs em evidente dúvida a continuidade do governo colonial português na Guiné. Hoje porém, como se por ironia do destino se tratasse, a nobreza do espírito que aflorou esses povos aguerridos, parece ter sido aviltada com o assassinato do pai da revolução guineense. A impetuosidade mantém-se. Contudo, passou a servir unicamente a gratuidade das posturas da imbecilidade, reforçando assim o timbre que serve de logotipo à lastimável imagem africana.
E como se não fosse muito, deram inclusive uma prestação tão ousada para a má-fé, que os grandes cartéis do tráfico internacional, podem contar com a inglória fidelidade de grandes e muitos, tendo-os hoje como novos curadores determinados, na expansão africana da droga.
Que caminhos trilha a Guiné-Bissau? Que destino a amaldiçoou deste modo?!
Os balanços, da rota política e social desta terra, são enunciados nestes tempos com vozes pesadas e lamentosas, porque na sua vida democrática, se estampou a consternada conclusão que: - nunca um governo sobrevivera o tempo normal para existir legalmente!
Mistura-se assim a vergonha de muitos com a pena de todos, tentando-se isolar a culpa de alguns. Fica no entanto a responsabilidade de ninguém em todo este intrincado mosaico perverso de intolerância política, concorrência tribal, ambições mafiosas e o temperamento fleumático à flor-da-pele.
Restará talvez, retirar de todos estes venenos, a maior porção possível da vergonha e usá-la como antídoto desta tendência que, não se podendo explicar bem como, se instalou como uma estranha enfermidade. E nessa situação, só uma posologia de utilização reforçada e sem contenção, em lugar dos orgulhos injectados até agora por vício, fará obter com certeza, o efeito de serenidade social e o aplacamento do nervosismo político e da militariomania desenfreada de que se está acometido.
Matar-Morrer, serão binómios terríveis que traduzem equilíbrio. Porém um equilíbrio apocalíptico!
Só os tradicionais magos medievais ou os feiticeiros desesperados por cadáveres para os sonhos e para as experiências do mester, apreciarão estes desfiles. Apartemo-nos todos deste filmado real e retrógrado que se alonga como uma série em permanente continuidade; apartemo-nos em suma, da permissividade dum progresso, instigado por mecanismos de tempos bárbaros.
A irremediável negação absoluta e despreconceituada do feio e do mau, será um bloco contra toda esta perversidade que obriga, como a mim, africano, a apelar que a condição bantu, não tenha a conversão do simples adjectivo pejorativo, da característica comportamental africana. É hora di bai!...
* jornalista
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