The winner! “King” is back! Speak truth to power.
Francelino Alfa
17.08.2005
O “rei” voltou! A história não se repete mas (...)
Até lavar dos cestos é vindima como dizem os portugas. Apesar da vitória oficial do general, a procissão ainda vai no adro? Não creio! Os fracos não reza a história, por isso, Bacai Sanhá é a parte fraca.
Com muitas cumplicidades pelo meio e eventuais fraudes, a Comunidade Internacional estará disposta a apoiar e custear novo pleito eleitoral – o que duvido – em caso de reviravolta?
Da maneira que o país está será que o governo sozinho tem condições financeiras para realizar novo escrutínio?
Referências feitas a Ucrânia, Etiópia e Madagáscar em que o povo saiu à rua em protesto durante não sei quanto tempo...são extrapoláveis à nossa realidade? Nós sabemos que a história não se repete mas (...) com as nossas mentalidades, isto poderá acontecer um dia?
Faço questão de sublinhar que não quero antecipar seja o que for, aliás, esse senhor de quem gostava – por isso, isto choca-me e deixa-me revoltado e que chegou a ter a nossa admiração pelo menos os da minha geração, perdeu a minha confiança a partir do momento em que não soube explicar as mortes de todos os seus leais companheiros de luta e outras pessoas mais, de muita valia (!) durante o seu regime. E esta cruz, carregará com ela até o fim dos seus dias.
Quão difícil é viver debaixo de mentiras! Generalizações são sempre perigosas mas no caso concreto, já me resignei prostrado a esta evidência irreversível.
Fez-se luz ?! Viva! E agora?
É necessário acabar de uma vez por todas com esses velhos “clichés” (!) e, falar verdade, apenas verdade ao poder. Devemos mudar as mentalidades! Bem sei que é difícil mas há que começar de algum lado. Não tiramos lições da História! Tantas lutas, tantos combates, quantas guerras, para no fim, voltarmos a estas vulgaridades idiotas. Não é uma tristeza?!
Estamos para ver!
Ora, o discurso e folclore mediático deste senhor antes da tomada de posse, traz-nos à memória a sua personalidade arrogante, desafiador e manipulador sem qualquer ressentimento com o seu passado apesar de glorioso mas muito mais negro. Num país normal este senhor jamais mereceria a confiança do seu povo e a História não o absolveria.
O general não é nenhum papão, portanto, chegou a hora daqueles que não têm medo da verdade dizer alto e em bom som que ele já foi futuro há 18 anos. E que o perigo mora ao lado.
Vamos erguer as nossas vozes em nome da justiça, da liberdade e do desenvolvimento do nosso país. A Guiné está de tanga?! Sim! A Guiné é um país de tanga?! Concerteza que não!!
O que sucede hoje aconteceu outras vezes; o que se diz continua a dizer-se e dir-se-á no futuro; o que há de ser, já foi um dia. Chegou a hora da Guiné mudar? Sim.
Se muitos dos nossos compatriotas acharam ou acham que o general está “reciclado”, é um “homem novo”, o exílio fez-lhe bem, outros tantos não acreditam nessa tese. O seus apoiantes deram-lhe ou dão-lhe o benefício de dúvida alegando provavelmente que, se todos nós somos mortais, é óbvio que a nossa natureza nos induza em erro, logo, não há nenhum mortal perfeito! Os que não são, aguardamos para ver. Se tudo correr bem, óptimo, caso contrário,... eu nem sei...
Perante este facto consumado, quero aqui colocar uma série de questões objectivas cujas respostas pretendo, porém, - alguém, eventualmente questionará quem sou eu para perguntar isto ou aqueloutro – e não espero obter, mas como cidadão, quero somente agitar e acordar as consciências dos nossos concidadãos.
Sua Ex.ª fora civil e criminalmente responsabilizado pelos danos patrimoniais e não patrimoniais, pelas mortes, pela destruição da nossa terra, decorrentes de uma guerra fratricida causada pelo senhor.
1 - Sua Ex.ª aquando no exílio, afirmara várias vezes que pretendia ser julgado no seu próprio país. Eu sei que existem pessoas com memória curta mas perante esta afirmação, findo o seu mandato como Presidente da República, não mais a coberto de prerrogativas do artigo 68 º da nossa constituição, V.Ex.ª está disposto a responder perante os tribunais?
2 – A segurança ou a falta dela é um dos grandes problemas. A maioria tornou-se “putanheira”. É o desespero! Este Chefe do Estado – Maior das Forças Armadas é para se manter? Os direitos humanos são para respeitar?
3 – Apesar de ter dito que jamais desrespeitaria as várias instituições da República e nunca ultrapassaria as atribuições e competências que a Constituição da República lhe conferem, não instituirá uma Monarquia Institucional em que o slogan seria: eu, minha família, meus amigos e minhas amantes?
4 – Um país de tanga! Os guineenses continuam a ser enganados e manipulados! O povo, não, certo povo, deixou-se acreditar. A pirataria, peculato, incompetência, ganância, ódio e poder serão substituídos pelo trabalho, honestidade, competência, confiança, amor e solidariedade?
5 – A esperança! Esperança até ver! Por razões de honestidade intelectual e de transparência, os seus bens, incluindo aqueles que o senhor primeiro-ministro lhe roubara, V. Ex.ª o disse, não como resultado de alguma herança ou resultado de muito trabalho e dedicação, o Sr. general estaria em condições de explicar ao povo como os obteve? Caso venha a ser confirmado como PR, como dizia alguém, está disposto a fazer uma declaração certificada de todos os seus bens como o fez o chefe de Estado interino?
6 - O Estado. O Estado de esperança não se transformará em propriedade privada sendo a sua gestão entregue aos seus sócios em comunhão com “aquelas criaturas” que se atropelam e se destroem porque a vida é um túmulo inútil para eles, preocupando-se com a conquista de honrarias e luxúrias em que a verdadeira conduta para se ser feliz é assumir–se partidário da “corte” onde a indolência e estupor caminham de mãos dadas?
7 – A nossa relação com os países vizinhos será de respeito mútuo e de boa vizinhança e não de subserviência? Sabia que os senegaleses fartam-se de “gozar” connosco?! Acham que somos “uns incapazes”!
8 – O Sr. general dar-nos-á garantias de que os seus futuros “conselheiros” com as suas vaidades estéreis não se concentrarão no açambarcamento, no roubo, no “encher” a pança, como diz a minha mãe, no fútil, no adiamento e, servindo como “aparatchics”, mensageiros dos “agentes de tortura” ?
9 – O medo. O medo é para continuar? O Estado – Polícia será apenas recordação do passado? Liberdade de opinião será um delito? E a paz? Não só do Estado – Nação mas sobretudo a paz de espírito? O Sr. general será o garante dos direitos, liberdades e garantias?
A paz não se compra, não se vende e nem deveria ser negociada! Ela, deve ser um imperativo dos homens!
10 – Como deveria ser visto a moral e a ética dentro da nossa sociedade?
11 – Continuará cego, surdo e mudo perante o abandono e miséria das regiões? Quando se lembrará de propor ao governo a questão dos poderes locais, do seu agendamento e da consequente preparação das eleições regionais ou autárquicas?
12 – Lembrar-se-á um dia de promover uma espécie de “presidência aberta” inspirando-se naquelas durante o seu tempo de exílio, para ver com os seus próprios olhos o estado em que deixou o país? Um total alheamento dos políticos governantes, ausência de saneamento básico bem como as péssimas condições de higiene e habitação.
13 – A infância em geral, as crianças órfãs em particular, sem pais, famílias inteiras estropiadas e mortas; pais sem filhos por causa dessa guerra estúpida que o Sr. provocou por causa da sua teimosia, em que não há responsabilização, serão apoiadas e amparadas com alguma da sua fortuna? E uma boa sugestão seria: “Fundação Nino Vieira de apoio às vítimas de guerra de 7 de Junho”! E a nossa juventude?
14 – Regressarão os senhores dilapidadores do nosso património florestal e ambiental? E a nossa fauna e flora marinhas não serão entregues aos “embarcadores estrangeiros”?
Para terminar, quero sublinhar que a esperança nasce e morre com a história. Ela está em qualquer lugar, habita todas as casas e transporta todos os sonhos.
Devemos dizer claramente aos nossos políticos frustrados, caloteiros, vigaristas, vira-casacas, trafulhas, ladrões e todos aqueles que se vendem por um prato desprezível de lentilhas, que o seu tempo esta a chegar ao fim.
Pois, não podem continuar a viver requintadamente e à francesa digno de Deuses de Olimpo, enquanto o povo nem sequer tem uma refeição completa por dia.
A ignorância, a manipulação, a coacção e o medo continuam a ser uma forma de que servem “esses poderosos” para manter o seu poderio sobre as classes menos sabedoras e, mais grave ainda, com a cumplicidade dos nossos “políticos frustrados” e de alguns “sacerdotes” do “reino” sem princípios e carácter, violando até regras de conduta moral e ética que sempre constituíram um princípio sagrado do nosso povo.
Não devemos dar-lhes tréguas. Se algum de nós já fez muito, temos de fazer ainda mais, porque o país precisa de nós. É a nossa obrigação e o nosso dever!
Se todas estas questões e outras mais fossem materializadas, ficaríamos todos contentes e muito felizes! E a Guiné ganharia! E todos nós ganharíamos também!
Um bem haja
Um abraço fraterno
VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR!
Projecto Guiné-Bissau: CONTRIBUTO