UM PEDIDO A UMA AMIGA
Por: Mamadu Lamarana Bari
02.07.2008
Caro Irmão Didinho
Apraz-me comunicá-lo da minha manifesta solidariedade à senhora Beatriz Vaz Araújo Friman. Sou pai e avô e não gostaria de pensar, nem de longe, algo semelhante acontecendo com a minha neta de quatro anos ou com os meus filhos apesar deles serem já adultos. Faço idéia o que esta mãe não está sofrendo, por isso este meu gesto singelo de solidariedade para que em breve a sua filha retorne ao seu convívio. Neste sentido solicito como é de praxe que torne público este meu comunicado.
Neste momento dirijo-me a senhora Maria Augusta Almada, mais conhecida por ETA pedindo a clemência, e rogando para que o espírito de solidariedade cristã penetre dentro do seu coração e sinta o sofrimento desta pobre mãe angustiada dando um passo de boa vontade para ajudar a esclarecer o fato. Eu sei que se ela fizer isso, as palavras de Deus tocarão a sua essência e tudo estará resolvido no âmbito familiar.
A cada dia da minha vivência na terra eu faço apenas agradecer a Deus pela minha existência e por tudo que me ajudou a realizar na vida. Por isso rogo súplica a ELE para que me guie sempre a Senda Reta (bom caminho). Estou dizendo isso, porque precisamente hoje pela manhã ao acordar me deu aquela saudade da Guiné, o que me levou passar rapidamente na minha mente uns pedaços de filmes sobre a minha vida nessa querida terra. Eis que das minhas recordações surge de repente na minha mente a figura da ETA. Eu e ela fomos amicíssimos na Guiné chegando a freqüentar a casa de sua família no bairro de Plubá. A nossa amizade foi construída com base no convívio do trabalho que realizávamos juntos durante muito tempo. Ela foi professora na Escola 8 de Março do qual fui Diretor. Conheço toda a família e dela nutria uma amizade muito grande, acredito que ainda mereço esse gesto por parte dela. É nesta base que tomarei a liberdade de lançar o apelo para que use do bom senso e espírito de solidariedade cristã que se serviu para se aproximar da senhora Beatriz dando esclarecimento sobre o paradeiro da menina que ela adotou com o consentimento da mãe biológica. Aqui, no Brasil, fatos como esse acontece constantemente e se transformam em manchetes na mídia. Eu faço idéia como é difícil abdicar da companhia de um filho adotivo depois de um longo período de convivência. A disputa sobre os direitos civis acaba levando sempre a justiça. Mas para o vosso caso, em se tratando de parentes (primas), podem resolver a contenda em família. ETA aceita ser a tia da menina e ajude à senhora Beatriz educar a filha já que ela está morando em Portugal. Como africanas que são pensem na figura da Grande Família - na hora de dificuldades, quem de posse deve ajudar o parente necessitado a criar um dos filhos. Estou relembrando esse fato muito elogiado no ocidente, sobretudo, aqui na Bahia, o Estado do Brasil considerado a maior terra africana fora da África, para que o espírito de solidariedade paire na sua consciência, minha amiga ETA, e esclareça de vez por todas o paradeiro da menina acabando com a penitência da sua prima D. Beatriz.
Amiga ETA, nada acontece por acaso, ao me recordar de ti esta manhã é porque algum sinal estava sendo transmitido a mim para te implorar a caridade afim de terminares com essa via crucis de D. Beatriz apenas com um singelo gesto de boa vontade igual ao que começaste quando a propôs ajudar. Por isso ao abrir o meu e-mail deparando com a mensagem do Didinho sobre este fato, apressei-me a ler e quando vi o seu nome cheguei a ficar gelado, primeiro pela emoção de há trinta anos que não ouvia falar de ti. Segundo, pelo fato de ao me lembrar de ti hoje pela manhã ao acordar tive logo depois a má notícia a seu respeito. Eu sei que usarás o bom senso para resolver esse problema que vem rolando longos anos. Deus ajuda a quem aceita se ajudar.
ETA, um beijo no seu
coração
Mamadu Lamarana Bari
VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR!
Projecto Guiné-Bissau: CONTRIBUTO