Um ponto de ordem!
Manuel C. Mendonça *
06.06.2008
Caros compatriotas,
Inteirei-me recentemente de algumas discordâncias (chamemos-lhe assim) relativas a algumas possíveis críticas feitas pelo Didinho. Quem escreve critica e sujeita-se igualmente a críticas, e neste momento, estou-me expondo também a possíveis críticas.
Elas que venham, que não as temo, porquanto forem justas e sensatas.
Não é possível comungarmos todos da mesma opinião. O Didinho ou um outro autor qualquer, quando escreve, manifesta a sua opinião e convicção, e nós, como leitores, confrontamos o nosso ponto de vista com o assunto abordado e fazemos a tal famosa “prova dos nove”.
O resultado que daí advém é o fiel da balança a favor ou contra a mensagem transmitida pelo autor. Às vezes também o artigo não diz nada ao leitor, mas esta reacção ameaça de um modo subtil a existência do próprio autor, porque, continuando a não suscitar interesse, num futuro próximo, terá que mudar de profissão para poder sobreviver. Este perigo não ameaça de maneira nenhuma o estilo do Didinho, porque ele realmente põe o dedo na ferida, como todos nós sabemos.
Discordar dum artigo é legítimo e cabe ser respeitado. Apresentar argumentos convictos que justifiquem o porquê da discordância é bem-vindo, e, às vezes, até nos ajuda a ampliar mais o nosso horizonte.
Insultar ou ameaçar o autor dum artigo não tem nada de “cool”, como diria a minha filhinha de 12 anos.
Caros conterrâneos, é fácil insultar ou ameaçar, isso sabemos nós. Principalmente, valendo-se dum anonimato ignóbil. O difícil, para muitos supostamente, é entrar em contacto directo com o autor, expondo-lhe com precisão os pontos da discordância num ambiente cívico com espírito construtivo. Sim, construtivo, volto a repetir, porque guardo a impressão que a destruição, de algum tempo para cá, tem sido parte integrante da nossa cultura, não só na diáspora...
Insultar ou ameaçar o Didinho por causa dum artigo, é contribuir para a destruição do excelente trabalho que ele fez, faz e fará em prol do torrão que nos viu nascer. Eu não conheço pessoalmente este Didinho, que a todos nós deveria orgulhar, conheço sim, a sua dedicação nacionalista contagiante.
Um dia ao deparar-me com um belo artigo dele, quis saber dum dos meus irmãos mais novos quem era este Fernando Casimiro (orgulho-me de ter sido colega de turma do nosso saudoso Fernando Varela Casimiro) e ele só me respondeu “ i tá pega tesso també na judo”. Gostei.
Penso que a perseverança do Didinho foi forjada na sua modalidade desportiva.
Ele empenhou-se neste trabalho, correndo às vezes riscos desmedidos, mas munindo-nos também de excelentes informações concernentes à nossa terra.
A troco de quê? De insultos e ameaças?
Pergunto aos de “insultos e ameaças” se já alguma vez tentaram fazer só a metade do trabalho que o Didinho tem tido com este site?
Se já tentaram captar informações válidas das diversas fontes existentes, fazer um balanço, redigir, “aguentar insultos e ameaças” e presentear tudo aos seus leitores? Trabalho bem árduo, não é?
Quem é que paga ao Didinho por este excelente trabalho?
Acho que este ponto merece ser debatido. Estou à disposição.
Vamos continuar a usufruir do seu trabalho, “afuam”, até quando?
Isto também é uma das nossas características. Se está alguém a trabalhar bem, sem cobrar nada, raramente recebe um apoio moral ou financeiro.
O que ele certamente recebe, até com garantia, são críticas destrutivas.
Elogiar alguém ou orgulhar-se do trabalho de outrem, tornou-se coisa rara
no nosso meio social. Quem tem dúvidas, que visite um dos nossos bairros e se aventure nas famosas “passadas di beco”, onde normalmente só se elogiam os que já não estão entre nós. Ou temos que ficar à espera até que algo aconteça ao Didinho, para que se oiçam de novo as tais frases patéticas como “ i era alguim dirito”, “i tá tarbadjaba muito bem”, “ matchu baliba pena”, etc.
Há que repensar este procedimento e trilhar por caminhos mais solidários. Urge parar com esta prática e começar a elogiar e orgulhar-se dos que ainda estão presentes.
A começar pelos nossos próprios filhos em casa, para que estes também saibam transmitir esta conduta exemplar às gerações vindouras.
Eu também tive que aprender a elogiar os que me rodeiam. Quem me conhece, sabe que também critico e aceito críticas com cabimento.
Será que é difícil telefonar ou enviar um E-Mail ao Didinho, expondo a inevitável discordância?
Será que já não é possível um debate construtivo?
O que é feito desse sorriso franco, que sempre nos caracterizou? Andará por aí algures, à espera duma nova revolução sócio-cultural?
Se tenho algo contra um artigo qualquer, valho-me dos imensos meios de comunicação e contacto o autor directamente – sem insultos ou ameaças, mas sim com argumentos válidos e com respeito. E acho que com este procedimento, saímos todos a ganhar.
Eu admiro a coerência e a abnegação do Didinho e espero vir a conhecê-lo pessoalmente um dia destes. Para mim é um prazer e igualmente um orgulho ter um guineense com este calibre a lutar e a cativar-nos em prol da nossa terra.
Um fraterno abraço a todos.
* Diplomado e Doutorado em medicina-veterinária; Formado em economia de marketing e vendas
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