Valores
Por: Alexandre Tavares
01.08.2008
Oh, Jesus, Maria, José, não aguento! Dêem-me o controlo remoto do universo! Preciso de mudar para o canal de conto de fadas em que eu era um cidadão numa democracia, com direito inalienável à vida, à liberdade e em busca dos Happy Meals. Quando era criança diziam que era importante, igual aos meus concidadãos, nenhum de nós podia ser tratado de maneira diferente, ou injustamente, ninguém detinha poder sobre os outros sem consentimento deles. A vontade do povo.
Guiné Bissau, a Bela. A terra que eu amo. Último… brilho… do crepúsculo.
Oh, estão a ver os Judas já estão acomodados, temos que reagir mais depressa possível porque os nossos valores já estão no défice.
Nestas circunstâncias, para promover o tipo de sociedade que desejamos, precisamos tanto da transformação cultural como a acção governamental para uma mudança de valores e de políticas. A situação das escolas dos nossos centros urbanos é um destes casos, não há dinheiro no mundo que chegue para fazer disparar o sucesso dos estudantes, se os pais não se esforçarem para lhes inculcar os valores do trabalho e do adiamento da gratificação.
Mas quando nós, enquanto sociedade, fizermos de conta que crianças pobres hão-de desenvolver todo o seu potencial em escolas dilapidadas e inseguras, com equipamento obsoleto e na maioria dos casos sem equipamento apropriadas ou básicas, e com uma quantidade de professores que não têm formação para leccionar as respectivas matérias, estamos a enganar estas crianças e a nós próprios.
Traímos os nossos valores. Costumo sempre perguntar a mim mesmo porque, será tão difícil para os nossos políticos falarem sobre valores sem parecerem calculistas ou falsos; Para nós os eleitores mais atentos é cada vez mais fácil distinguir sentimentos honestos de encenação política, por outro lado a prática da política na Guiné Bissau é destituída de valores e de empatia, o sentido de empatia é uma das coisas que tenho vindo apreciar cada vez mais com a minha maturidade e, está no entanto no âmago do meu código moral e é assim que percebo a regra de ouro.
A empatia não se trata simplesmente de apelar à simpatia ou à caridade, mas de algo mais exigente como por exemplo, pormo-nos na pele das outras pessoas e ver as coisas do seu ponto de vista, mas eu garanto que não é desta forma que os nossos políticos analisam a situação ou solucionam os problemas básicos da população em geral, para que isso aconteça é necessário que todos interiorizem o significado de empatia. « como achas que te ias sentir?» Esta deveria ser o marco orientador dos nossos políticos e não só, penso que faz falta fazermo-nos mais vezes esta pergunta.
Enquanto país, parece que sofremos de um défice de empatia para com o cidadão mas, não podemos e nem deveríamos tolerar escolas onde não se ensina, que sofrem faltas crónicas de dinheiro, de pessoal e de motivação, se pensássemos que as crianças que lá andam são como os nossos filhos e, parece-me seguro de que quem está no poder reflectiria mais e melhor sobre pôr em marcha uma guerra se imaginasse os seus filhos e filhas numa situação perigosa.
À luz destes padrões, pelo menos, chega a parecer que actualmente os nossos políticos não dão valor a mais nada além de serem gordos, corruptos, famosos, traidores e sentirem-se seguros e andarem entretidos, enquanto as condições económicas dos mais desfavorecido são empurrados para uma estrutura de famílias malabaristas, famílias essas em que os pais lutam para pagar as contas, cuidar dos filhos, manter a casa e a sua relação familiar.
Não bastará um sentido de compreensão mútua, falar é fácil; a empatia tal como qualquer outro valor, tem de ser posta em prática e não podem ficar quietos ou de braços cruzados enquanto milhares de crianças Guineenses se consomem na pobreza.
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