VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR!
Por: Fernando Casimiro (Didinho)
03.01.2009
Para falar de outros países, devo antes de mais, falar da Guiné-Bissau, minha terra/meu umbigo..., da qual não faltam motivações entre desilusões e esperanças.
Antes de falar de governantes de outros países (elogiando ou criticando), devo em primeiro lugar, elogiar ou criticar os governantes da minha terra/meu umbigo..., para que sintam positivamente a pressão da responsabilidade que lhes é exigida como governantes ou políticos, em cujas competências o povo guineense depositou a maior das confianças!
Ser elogiado é um mérito que não é eterno, tal como ser criticado é um demérito que também não é eterno. Em ambos os casos deve haver uma predisposição para trilhar percursos positivos que mereçam satisfação e consequentemente, reconhecimento dos governados.
A crítica construtiva deve ser bem encarada pelos nossos governantes e políticos, sem rodeios na tentativa de justificarem o que mesmo na escuridão todos conseguem ver.
Haja vontade em servir as populações, bem como em defender o interesse nacional e, facilmente saberemos aceitar uma crítica, aprender com ela, corrigindo os erros quer da inexperiência, da incompetência ou da irresponsabilidade.
Criticar não é sinónimo do "bota abaixo", quando suficientemente argumentado, o que equivale dizer, numa perspectiva construtiva.
Como pode o povo ser participativo, ao abrigo dos seus direitos e deveres de cidadania se, não emite juízos sobre as prestações dos seus governantes?
Como podem os governantes avaliar os seus desempenhos em função das suas relações com os governados se, não há espaço de debate que possibilite manifestações de reconhecimento quer de uma boa ou má prestação?
Continua a haver muitos guineenses que infelizmente não sabem que os reparos à governação são mais importantes do que a indiferença perante a governação.
O ano que ora se iniciou deve continuar a ser um ano de aprendizagem com os erros do passado, pois a Guiné-Bissau carece de simbolismos próprios de referência.
Há que recuperar o positivismo de algumas das melhores páginas do nosso passado, assim como as referências dos melhores filhos da nossa terra que deram suas vidas para a libertação da nossa Pátria, eles que não merecem a traição que os benefícios da independência tornaram em privilégios não para o nosso povo, mas para alguns dos piores filhos da nossa terra.
O ano que ora se iniciou deve continuar a ser um ano de muito trabalho para todos os que querem uma Mudança Positiva para a Guiné-Bissau, Mudança essa só possível se, todos os guineenses, bem como os amigos da Guiné-Bissau se empenharem afincadamente nesse propósito.
Não tenhamos ilusões. Não fiquemos à espera das ajudas externas, para mais, com a crise financeira mundial que está a causar desequilíbrios orçamentais em todos os países do mundo.
A Guiné-Bissau tem que criar mecanismos próprios que possibilitem não só gerar, mas também poupar receitas.
Se gerar receitas depende de muitos factores, incluindo externos, já poupar receitas depende sobretudo de uma estratégia acertada, criteriosa e rigorosa como mandam as regras da boa governação.
A Guiné-Bissau continua a importar produtos agrícolas que pode e bem produzir para consumo interno e até, com bom desempenho e definição de metas, exportar.
Porque será que continuamos a importar arroz, ou a receber donativos em arroz, ao invés de outros produtos que não temos condições de produzir, ou em alternativa converter os donativos de arroz em dinheiro para aplicação em áreas de investimento social no país?
Porque continuamos a desperdiçar as excelentes potencialidades agrícolas, pecuárias, piscatórias entre outras, que podem evitar a fome, numa primeira acção contra os efeitos imprevisíveis da crise financeira mundial por que passa o Mundo?
Quem deve alertar, prevenir e aconselhar o nosso povo, nesta altura complicada?
Devemos continuar a considerar o nosso povo como um povo ignorante e por assim dizer, à margem do que se passa no Mundo, ou devemos unir o nosso povo, sensibilizá-lo, informá-lo, mostrando-lhe que deve trabalhar, acreditar no seu esforço, no seu sacrifício, pois em primeiro lugar, deve viver à custa do seu trabalho?!
Talvez quem de direito saiba que assim é, mas com que moral se pode dirigir ao povo, quando o Estado não valoriza o trabalho das pessoas e muito menos paga os salários a quem trabalha, esbanjando receitas públicas e ajudas externas, em viagens, em consumismos desnecessários, em encargos propositados tais como pagamentos de avultadas rendas para habitação quer do Presidente da República, quer de outros governantes e também de espaços físicos para o funcionamento de Instituições do Estado. Com que moral se pode estar junto do povo, quando se despreza esse mesmo povo?
Hoje, um pouco por todo o Mundo, governantes e políticos desdobram-se em campanhas de sensibilização para a prevenção dos efeitos da crise mundial, fazendo levantamentos e análises no sentido da responsabilização da crise e, por assim dizer, para se tentar remediar a crise com opções de recurso tendo em conta a salvaguarda da dignidade humana.
Na Guiné-Bissau não há essa preocupação, pois a crise, essa sempre foi uma constante na vida do nosso povo, mas enganam-se os que assim pensam!
Esta crise mundial não é sinónima da crise permanente por que tem passado a Guiné-Bissau e que sempre possibilitou ajudas pontuais de governos e povos amigos, bem como a remessa de dinheiro dos guineenses que vivem e trabalham um pouco por todo o mundo.
Esta crise mundial está também a desequilibrar as economias de países que até aqui nos apoiaram financeiramente e que terão que rever os seus orçamentos, as suas disponibilidades e critérios de apoio e cooperação internacionais.
Esta crise mundial também afecta por arrasto milhares de empresas por esse mundo fora onde trabalham guineenses e, consequentemente, irá provocar a situação de desemprego a muitos dos nossos irmãos, reduzindo desta forma o envio das remessas para os seus familiares, o que equivale dizer, que entrará menos dinheiro no país, o que fará com que os nossos irmãos que até aqui vinham recebendo apoios dos seus familiares do exterior fiquem sem nada, o que pode ocasionar situações dramáticas a muitas famílias guineenses.
Há que pensar seriamente sobre os efeitos que esta crise pode ter na Guiné-Bissau e nos guineenses, alertando o nosso povo para a necessidade de se unir em torno da entreajuda e da solidariedade.
Devemos arregaçar as mangas e trabalhar. Produzir arroz, produtos hortícolas, pescar, desenvolver a pecuária, enfim, prevenir a fome.
Aproveito para agradecer a todos os colaboradores deste nosso Projecto Guiné-Bissau: CONTRIBUTO pelo empenho e dedicação no sentido de possibilitar uma maior e melhor consciencialização do nosso povo, condição fundamental para o assumir do compromisso e responsabilidade para com o país.
Entre os que escrevem artigos de opinião, passando pelos que desenvolvem trabalhos científicos e fazem questão de serem publicados no nosso site, aos que comentam os artigos expostos, bem como a todos os leitores em geral, o meu muito obrigado.
Aos amigos da Guiné-Bissau que cada vez são em maior número, simpatizando cada vez mais com a causa guineense, deixo o meu reconhecimento e apreço pelos incentivos, pela divulgação desta nossa luta, que também passou a ser deles!
Aos guineenses que até aqui não conseguiram perceber a essência deste Projecto, que tentam denegrir a minha imagem e desvalorizar o nosso trabalho, peço que façam um pequeno esforço, para reconhecerem que, mesmo que as nossas opiniões sejam divergentes, este Projecto tem contribuído para a divulgação da Guiné-Bissau no Mundo, bem como para a reaproximação dos guineenses à Pátria Mãe.
Ao povo guineense a quem gostaria de poder transmitir em voz, no nosso crioulo, todos os trabalhos publicados no nosso site, ofereço a minha total solidariedade!
Um 2009 POSITIVO para todos!
Vamos continuar a trabalhar!
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