Guiné Bissau: Trabalhadores da Imprensa Nacional sem salário há 80 meses
Os 106 trabalhadores
da Imprensa Nacional da Guiné-Bissau têm
80 meses (seis anos e meios) de salários
em atraso, denunciou o director-geral da
instituição, Joaquim Delgado, que
considera os seus funcionários
"combatentes pela liberdade".
Nas velhas
instalações da INACEP (Imprensa Nacional
- Empresa Publica), entre as máquinas
obsoletas, o director-geral da
tipografia estatal louvou o espírito de
sacrifício dos seus funcionários, mas a
situação de 80 salários em atraso nunca
é fácil de gerir.
"Não é fácil, não é
fácil. Claro que não conseguimos pagar
os salários porque temos pessoal em
excesso. A massa salarial aqui anda a
volta dos 17 milhões de francos (26 mil
euros), nós quando facturamos nem
atingimos dois milhões por mês (três mil
euros)", explicou Joaquim Delgado.
A Imprensa Nacional,
como empresa pública e autónoma
administrativamente, devia produzir e
pagar os salários aos seus funcionários,
mas o próprio Estado não paga os
serviços que lhe são prestados pela
instituição.
"O problema é a
dívida do próprio Estado para com a
INACEP, que tem estado a acumular-se",
referiu Joaquim Delgado.
A dívida do Estado
em produtos como selos, material escolar
e Boletim Oficial ascende agora a 1,4
mil milhões de francos CFA (2,1 milhões
de euros).
Questionado sobre
como é que um funcionário que não recebe
salário há tantos meses consegue
sobreviver, Joaquim Delgado explicou o
esquema montado pela direcção para
superar a crise.
"Vamos dando vales,
em função daquilo que produzimos e
também damos o arroz e custeamos os
medicamentos, agora salário
concretamente é difícil, muito difícil",
declarou o director-geral da INACEP, que
compreende a pressão que lhe é colocada
pelos trabalhadores.
"Se um funcionário simples da Função Pública que recebe todos os meses, ou às vezes de três em três meses, tem problemas quanto mais um que não recebe há mais de 40 meses...", afirmou.
Fonte. Angop