Em 2015, após 27 anos consecutivos sem regressar à Guiné-Bissau (saí em 1981), num total de quase 39 anos de vivência no exterior nos dias de hoje, regressei e vi um país feito um autêntico mercado a céu aberto, sem condições mínimas de funcionamento sustentável, por tudo quanto eram ruas e ruelas;
Um país onde a convivência entre pessoas, lixo e abutres foi-me justificada como sendo “a nossa realidade”…
Quem disse que o ser Guineense ou Africano é avesso à Higiene e à sua Auto-estima, ao ponto de se querer cimentar uma cultura pejorativa nesse sentido?
Até parecia que eu não tinha nascido, ou sido criado, e vivido na Guiné-Bissau até aos meus 20 anos de idade, e, por conseguinte conhecedor doutras realidades duma Guiné-Bissau diferente para melhor, que não a que encontrei em 2015…
Para cada sobressalto face a uma constatação penosa da destruição material/patrimonial e Humana do país e da consequente perda de princípios e valores da Sociedade, a mesma resposta estratégica: “Esta é a nossa realidade”, tu estás muito europeizado Didinho…
Ser “europeizado” é sinónimo de ser contra a vivência das pessoas entre o lixo e os abutres?
É ser contra as pessoas viverem numa pobreza e miséria induzidas, porquanto sem alternativas para se tornarem empreendedoras, não apenas numa perspectiva de subsistência, mas de desenvolvimento?
Questionar sobre o estado das infra-estruturas, do saneamento básico, da água potável, das crianças com balaios de mancarra na cabeça, ou com os caixotes de engraxador em frente aos locais de maior movimento, expostas a todo o tipo de violações e sem possibilidades de irem à Escola, é ser europeizado ou assimilado?
Ser “europeizado” é ser crítico, ter uma outra visão da Realidade, de muitas realidades em presença, que continuam a promover a negação do desenvolvimento e do bem-estar às nossas populações, condenadas a um estatuto de pobres e miseráveis, porquanto, uns e outros continuarem a pregar que é a “nossa realidade”?
A “realidade” guineense e africana da vida em dignidade, ou sem ela, e focada no desenvolvimento, ou no retrocesso, não pode ser a mesma realidade que divide ricos e pobres, criando elites com vivência aburguesada, europeizada ou americanizada, quando também são guineenses e africanos.
Os senhores e as senhoras, Guineenses, africanos e africanas, e suas famílias, constroem palacetes na Guiné-Bissau e em toda a África, fora do dito contexto da realidade guineense e, ou africana. Não há uma “realidade” guineense ou africana sobre a construção de habitações?
Não vi nenhum político ou governante guineense ou africano, construir uma palhota como sua habitação, ou mandar fazer um projecto de construção do tipo de uma palhota, para se orgulhar de estar a viver em função da “nossa realidade”.
Mas será que as nossas palhotas desde há séculos, não podiam ser aperfeiçoadas, as nossas tabankas não poderiam merecer ser espaços comunitários com tudo quanto as elites têm nos grandes centros urbanos?
A energia eléctrica, a água potável/canalizada, o saneamento básico, as Escolas, os Centros de Saúde, as Farmácias etc., etc., pelos vistos, não podem ser realidade das realidades da maioria da nossa População…
A “nossa realidade” é distinta pelos vistos, por isso continuarmos a falar dela, por ser uma evidência entre os poucos que têm milhões e os milhões que pouco ou nada têm, citando o meu amigo luso-angolano, o jornalista Orlando Castro.
Não providenciamos o desenvolvimento dos nossos países, mas sim o nosso bem estar-pessoal e familiar, com tudo quanto achamos que temos direito, porque é assim que se vive na Europa e nas Américas, mas que só nós, enquanto elites, temos direito nos nossos países africanos, pois o estatuto social é também a outra face do Poder que nos continuará a distinguir da maioria dos nossos irmãos a quem negamos o desenvolvimento e cuja visão da realidade será sempre “a nossa realidade”…
Eles, que fiquem lá nas tabankas, pois entre as muitas realidades da nossa Guiné-Bissau e da nossa África, somos os primeiros, nós, os privilegiados a dizer que não, eu não vivo numa palhota. Tenho uma vivenda, energia eléctrica da rede ou a gerador privado, água canalizada, jardim, piscina, muro à volta e segurança à porta. Tenho empregada doméstica, os meus filhos estudam numa Escola Privada; Se tivermos problemas de saúde, recorremos a uma clínica privada, ou se as coisas piorarem, viajamos para a Europa e somos logo tratados nas melhores clínicas…
E entre as muitas realidades, onde os complexos são assinaláveis, da Realidade Miserável que se sobrepõe à Guiné-Bissau, aos Guineenses; a África e aos Africanos, há um factor que sustenta todas elas: A negação da Realidade em que vivemos, por quem foi “condenado” a aceitar e a viver eternamente com a teoria de que a sua desgraça é uma realidade predestinada pelo divino…
O primeiro e o maior equívoco Guineense e Africano, assenta numa pretensa defesa duma realidade Identitária, Cultural e Social unívoca e imutável, com base em preconceitos diversos.
Não devemos continuar a negar a nós próprios o Direito à Vida, à Dignidade e ao Desenvolvimento, por via da falsa questão da realidade, da nossa “realidade”, como se insiste em dizer!
Não! A nossa Realidade, enquanto Guineenses e seres humanos, deve ser a mesma realidade existencial que norteia, sustenta e salvaguarda a Vida e a Dignidade de qualquer cidadão do mundo, independentemente do seu país de origem!
É um erro dos Guineenses, dos Africanos e de todos os Humanos, nesta nossa Humanidade!
Não há realidades Identitárias, Culturais e Sociais unívocas, quiçá, imutáveis!
A Tradição é mutável/variável, pois que, a Humanidade evolui porque as Sociedades, as Comunidades humanas, evoluem, edificando princípios e valores Tradicionais Amplos, quiçá, Globalizados e Globalizantes, assentes na génese humana e não necessariamente na realidade Identitária e Cultural concreta, fixa, numa falsa ilusão acerca da pureza identitária e cultural de país tal ou do povo tal.
A Globalização nas suas múltiplas vertentes, mas sobretudo, na sua vertente Humana, quer se queira quer não, mostra-nos o Espelho e o Caminho, da Realidade Humana Comum, que deve sobrepor-se às realidades geopolíticas dos Estados, e das realidades socioculturais equivocadas, dos Povos, Cidadãos de um Mundo de Todos!
Quero para mim, a Guiné-Bissau que desejo para Todos os meus irmãos Guineenses!
E o Rwanda de Paul Kagame, afinal, até é tido como um exemplo de País Africano em Desenvolvimento, visando a Vida em Dignidade, quiçá, a Prosperidade, o Bem-Estar das suas Populações, sem que alguém tenha esse Projecto de Desenvolvimento como sinónimo de europeísmo…
Será uma questão de Visão, ou falta dela; ou também, de complexos…?!
Positiva e construtivamente.
Didinho 21.04.2020
Um pensador não teme errar nas suas reflexões, teme sim, as consequências do seu silêncio, face à sua visão positiva, construtiva e apelativa, relativamente à destruição encoberta e que igualmente o envolve… Didinho 21.04.2020
Onde está a Liga Guineense dos Direitos Humanos, para passar a mensagem às pessoas suspeitas e devidamente contactadas pelas autoridades sanitárias da Guiné-Bissau, relativamente ao coronavírus, no intuito de aceitarem fazer os testes de despistagem?
É mais fácil condenar a acção policial face às medidas restritivas e preventivas decretadas em função do estado de emergência, visando proteger a vida de todos, do que sensibilizar ou repudiar o desrespeito pela vida de todos, por quem é suspeito de poder estar infectado, e, ou, ser foco de transmissão/infecção, da doença?
E se o Estado da Guiné-Bissau decidir agir de forma mais dura contra quem põe em causa a Saúde Pública, quiçá, a Vida de Todos, o que dirá a Liga Guineense dos Direitos Humanos?
Certamente, e por via dos seus posicionamentos politizados, condenará as decisões das autoridades, que visam salvar Vidas, através do respeito de cada ser humano, pela salvaguarda da sua Vida, como factor extensivo para a salvaguarda de Todas as Vidas, num contexto de Pandemia.
É que desde há uns dias que os apelos têm sido lançados e o que se tem verificado é um aumento de número de suspeitos com Coronavírus a recusar fazer o teste, ficando a Liga Guineense dos Direitos Humanos em silêncio, quando poderia sensibilizar e condenar esse comportamento irresponsável e criminoso daqueles que foram orientados no sentido de serem testados.
A Missão da Liga Guineense dos Direitos Humanos não é apenas criticar decisões ou actuações das entidades estatais, mesmo quando contêm lacunas, mas sim, proteger o essencial dos Direitos Humanos e Fundamentais da pessoa humana, e esse ESSENCIAL, é a VIDA HUMANA!
Que a Liga Guineense dos Direitos Humanos, mesmo ficando em casa, faça o seu trabalho de sensibilização, informação e consciencialização das nossas populações, para ajudar a SALVAR VIDAS!
A Liga Guineense dos Direitos Humanos deveria ser um PARCEIRO das autoridades nacionais, sobretudo nesta fase em que nada importa, que não SALVAR VIDAS, e não um adversário das autoridades, sejam quais forem, que dirigem a Guiné-Bissau, visando a prevenção e o combate ao COVID-19!
“COVID 19 EM FACE DO IMPACTO SOFRE OS AGENTES ECONÓMICOS INFORMAIS NA GUINÉ-BISSAU”
Por: Santos Fernandes
Na maioria das análises feitas, em decorrência da pandemia de coronavírus, quer sejam (social, sanitária, económica, política) ou talvez (ambiental), vê-se uma certa similitude nas diferentes abordagens.
Porém, no nosso país – Guiné-Bissau – existe uma camada social da população guineense que constitui cerca de 52% da população (as mulheres) que, efetivamente, sente e sentirá, na sua própria pele, os efeitos imediatos e diários das medidas restritivas impostas para o combate a pandemia pelas autoridades políticas.
Até porque, qualquer quarentena é sempre discriminatória, mas difícil para uns grupos sociais do que para outros e impossível para um vasto grupo de cuidadores, cuja missão é tornar possível a quarentena ao conjunto da população (refiro-me especificamente às nossas “bideras”).
São os grupos que têm em comum padecerem de uma especial vulnerabilidade que precede a quarentena e se agrava com ela. Tais grupos constituem aquilo que chamo – “verdadeiras empreendedoras guineenses e principais agentes de atividades geradoras de rendimento às da famílias guineenses”.
Disponho-me analisar, com atenção, a quarentena a partir daquelas mulheres que, a meu ver, mais tem sofrido com estas mudanças económicas e sociais que se impõem depois de terminar a quarentena.
As mulheres guineenses: A quarentena será particularmente difícil para as mulheres e, nalguns casos, pode mesmo ser “perigosa” e “dolorida”.
As mulheres são consideradas “cuidadoras do mundo”, dominam na prestação de cuidados dentro de e fora das famílias.
Dominam em profissões como enfermagem ou assistência social, que estarão na linha de frente da prestação de cuidados a doentes e idosos dentro e fora das instituições. Não se podem defender com uma quarentena para poderem garantir a quarentena de outros.
São elas também que continuam a ter a seu cargo exclusiva ou maioritariamente, cuidando das famílias. Poderia imaginar-se que, havendo mais braços durante a quarentena em casa, as tarefas poderiam ser mais distribuídas. Suspeito que assim não será em face do machismo que impera e, quiçá, se esforça em momentos de crise e de confinamento familiar. Com as crianças e outros familiares em casa durante 24 horas, o stress será maior e certamente recairá mais nas mulheres.
Por outro lado, é sabido que a violência contra as mulheres tende a aumentar em tempos de crise (i.e. na Guiné-Bissau nem o transporte público que facilitasse a circulação das bideras foi salvaguardado ou poupado, fazendo com elas percorressem diariamente milhares de quilómetros, de Prábis, Cumura, Bôr ou Safim à Bissau, vendendo “kusassinhus” e o pão nosso de cada dia da esmagadadora maioria da nossa população).
Uma boa parte dessa violência ocorre no espaço doméstico. O confinamento das famílias em espaços exíguos (muito pequeno) e sem saída pode oferecer mais oportunidades para o exercício da violência contra as mulheres.
Os trabalhadores de rua: Os trabalhadores de rua são um grupo específico dos trabalhadores precários. Os vendedores ambulantes, “kodikaduris” e “kulkaduris” para quem o “negócio”, isto é, a subsistência, depende exclusivamente da rua, de quem nela passa e da sua decisão, sempre imprevisível para o vendedor, de parar e comprar.
De algum muito tempo para cá (com o advento dos efeitos do programa de ajustamento estrutural, imposto pelas instituições de Bretton Woods, nos anos 1980) que essa gente, sobretudo, os jovens guineenses, mais de 60% da população,
vive de pequenos negócios informais.
Quem tem fome não pode ter veleidade de comprar sabão, água ou lixívia a preços que começam a sofrer o peso da especulação (inflação galopante acima de 3%).
Os trabalhadores precários, informais, ditos autónomos: O que significará a quarentena para estes trabalhadores (i.e. condutores de táxis, toca-toca, intermédios de negócio da castanha-de-cajú, etc) que tendem a ser mais rapidamente despedidos sempre que há uma crise económica?
O setor de serviços (restauração, turismo, cafés, entre outros) onde abundam, será uma das áreas mais afetadas.
Na Guiné-Bissau, segundo dados de UNCTA (2015), cerca de 50% da economia guineense é informal e a par desse dados a ONU Habitat considera que cerca de 1,6 mil milhões de pessoas não têm habitação adequada e 25% da população mundial vive em bairros informais, sem infraestruturas, nem saneamento básico, sem acesso a serviços básicos públicos com escassez de água e eletricidade.
Em suma, a pandemia provocará efeitos imediatos nas nossas vidas, mas esses efeitos serão sentidos, principalmente e fundamentalmente, no segmento informal da sociedade guineense, dada à especificidade da nossa economia que é fortemente vulnerável a choques exógenos e estruturalmente dependente da monoprodução de commodities (castanha-de-cajú).
Apenas uma opinião!
Bissau, 20 de Abril de 2020.
Referência:
“A Cruel Pedagogia do Vírus”. Santos, Boaventura de Sousa. Almedina. Abril 2020. p. 12-13
Fórum da Guiné-Bissau para Assistência e Apoio Técnico em Diferentes Áreas do País (FGBAAT)
Este fórum foi criado para identificar cidadãos da Guiné-Bissau com diferentes qualificações profissionais e formações académicas, que exercem as suas atividades profissionais no país e na diáspora e que desejam através de iniciativa própria, apoiar e acompanhar a República da Guiné-Bissau no seu desenvolvimento. O objetivo do fórum é ajudar a resolver os problemas que afetam negativamente o país.
Para se registar, deve ser de nacionalidade ou descendência da Guiné-Bissau. O fórum, contudo, não exclui a participação de cidadãos de outros países ou pessoas que não sejam descendentes da Guiné-Bissau.
Também pode registar-se no fórum quem tiver outra nacionalidade, e resida na Guiné-Bissau há mais de 2 anos.
Princípios do FGBAAT:
1 – Atenção, este fórum é apartidário, apolítico, não sectarista e não étnico.
2 – Não importa qual o grau ou o nível de formação: profissional ou académico que possui. O importante é possuir uma larga experiência e prática profissional, úteis e adaptáveis à nossa realidade.
O objetivo do fórum é identificar e congregar técnicos e especialistas, sem discriminação da condição física/motora; sexo e idade:
– Com habilidades práticas e conhecimentos; autodidatas.
– Cidadãos de baixa escolaridade, até altos quadros com formação académica superior.
O que importa é estar pronto para colocar a sua experiência e suas habilidades profissionais ao serviço da nação!
3 – Faça sugestões concretas, desenvolva projetos reais e adaptáveis que sirvam como ferramentas para solucionar um caso específico ou situação crónica na área profissional onde opera e que o país necessita.
4 – Traga consigo ideias e experiências da empresa ou do país onde está trabalhando atualmente e que podem ser adaptáveis à realidade da Guiné-Bissau.
5 – Sua contribuição pode ser por escrito ou audiovisual, de forma precisa, curta e clara.
6 – As ideias e os projetos propostos devem, na medida do possível, ser acessíveis a qualquer cidadão que possa usá-las e torná-las numa ferramenta diária na área em que exerce a sua atividade profissional.
7 – Falemos pouco, façamos coisas concretas para ganharmos a confiança e as demandas que o país espera de nós.
Para elucidar a importância desta iniciativa, transcrevo a nobre citação do ex-presidente americano John F. Kennedy – “Não perguntes o que o teu país pode fazer por ti, mas o que tu podes fazer para o teus país“.
Os seguintes especialistas são necessários para monitorar e organizar o fórum:
– Uma equipa com experiência na gestão humana e organização governativa.
– Uma equipa com experiência em gerenciamento.
– Uma equipa com experiência em avaliação de projetos.
– Uma equipa com experiência em higiene comunitária, saúde e nutrição.
– Uma equipa com experiência nas áreas sociais, cultura, desporto e família.
– Uma equipa com experiência na construção civil, ambiente e urbanização.
– Uma equipa com experiência em treinamento e educação sustentável.
– Uma equipa com experiência em segurança e ordem pública.
– Uma equipa com experiência em assessoria jurídica, mídia e democracia.
Outras ideias e sugestões construtivas, são bem vindas a este fórum!
Engº. Augusto Ulique
Flensburg /Alemanha 19.04.2020
Use o formulário de inscrição que a seguir se apresenta para enviar a sua ideia de projeto por escrito ou verbalmente.
A INSUSTENTÁVEL DECISÃO DE FECHAR A CLÍNICA MADRUGADA
Foi uma enorme surpresa, a notícia do fecho temporário da Clínica Madrugada, ainda por cima pelas razões evocadas. E se fosse o hospital Simão Mendes ou militar?
Iam tomar a mesma decisão?
Isso só aconteceu porque a nossa gente, ou uma boa parte das nossas autoridades administrativas ainda pensa que a clínica Madrugada é estrangeira. Não é verdade, ela é uma instituição sanitária criada por guineenses, para guineenses e gerida por guineenses.
Num momento em que em toda a parte do mundo, estão a aproveitar as instalações sanitárias que existem para criar melhores condições e mecanismos para lutar contra o COVID-19, nós na Guiné-Bissau ainda estamos a lutar por protagonismos.
Será que temos noção e consciência de quantos dos nossos compatriotas morrem por dia por causa da insuficiência respiratória?
Quantos morrem por problemas ligados a pneumonia aguda e por aí fora?
E porque razões a clínica iria negar atender um paciente que procure os seus serviços?
A clínica Madrugada para quem não sabe, é das poucas que oferece condições higiénicas a roçar a excelência no país, e das poucas que presta serviços de atendimento e tratamento em várias áreas sanitárias de qualidade. Para além de prestar serviços sociais às populações, como fornecimento de água potável às famílias que vivem ao redor, tem um campo para a prática de futebol (aliás esse espaço poderia muito bem ser aproveitado para se instalar tendas de acolhimento de pacientes de COVID-19); tem escola desde jardim de infância, primária até secundária, desenvolve agricultura e fabrica pão para a cidade de Bissau, sem ignorar que é único lugar que produz oxigénio e o fornece a todas as outras instalações sanitárias do país.
A Comissão que foi criada para seguir, monitorar e acompanhar a evolução do coronavírus, a que aplaudimos, necessita o mais urgente possível rever essa sua decisão a bem do país. É hora de unirmos as forças e não de nos separarmos por detalhes de coisas.
Fica o conselho de um patriota convito, que conhece de perto a realidade da Clínica Madrugada, e já foi curado de uma profunda pneumonia nesse lugar por médicos e enfermeiros, altamente competentes e profissionais, e que gosta de ver a colaboração e a cooperação institucional a funcionar em lugar de disputas de protagonismo.
Nenhum dos direitos e liberdades garantidos aos cidadãos pode ser exercido contra a independência da Nação, a integridade do território, a unidade nacional, as instituições da República e os princípios e objectivos consagrados na presente Constituição.
Não consigo perceber como é que a Representação Diplomática que acolheu Ruth Monteiro, e estou em crer que o fez por razões humanitárias, por via de alegadas “verdades” da pretendente ao “asilo” no seu próprio País, tem permitido à asilada, usar os privilégios de asilada, para continuar a desferir ataques infundados aos órgãos judiciais da Guiné-Bissau, por um lado, e ao Estado da Guiné-Bissau, por outro, através de órgãos de comunicação social em Portugal.
São muitas entrevistas sobre o mesmo assunto, quer por parte da sra. Ruth Monteiro, quer do sr. Aristides Gomes!
Um asilado, por razões humanitárias não pode, nem deve fazer política de destruição, no país ou na representação diplomática onde se refugiou!
Quando o Secretário-geral da ONU pede o fim dos conflitos e confrontos, armados e político-institucionais que impedem a União de Esforços na prevenção e no combate ao Coronavírus, assistimos, com alguma estranheza, na Guiné-Bissau, a promoção, o incentivo, à confrontação e aos conflitos políticos e institucionais, através de Representações Diplomáticas acreditadas na Guiné-Bissau que, concedendo o que achamos ser protecção humanitária ao ex-primeiro-ministro Aristides Gomes e à ex-ministra da Justiça Ruth Monteiro, têm permitido a ambos, usar essas Representações Diplomáticas, para fins políticos e de desestabilização da Paz política e social na Guiné-Bissau, como também, e não menos importante, para desviar as atenções sobre as medidas restritivas e preventivas decretadas pelas autoridades em funções na Guiné-Bissau, na prevenção e no combate ao COVID-19.
Estranha-me igualmente ter lido algures hoje nas redes sociais que o Primeiro-ministro Nuno Gomes Nabiam teria feito um apelo no sentido de os Guineenses não responderem aos ataques vindos dos seus adversários políticos…
Até ao momento, não pude confirmar se seria mesmo essa a mensagem passada pelo Primeiro-ministro, no entanto…
Ao sr. Primeiro-ministro, quero dizer que o Estado não é sinónimo de partidos políticos e que os ataques dirigidos ao Governo, ao Presidente da República, à Assembleia Nacional e aos Tribunais da Guiné-Bissau, são ataques dirigidos contra o Estado da Guiné-Bissau e não podem, nem devem ser ignorados, antes pelo contrário, devem merecer resposta imediata, adequada e exemplar!
Por que esperam as autoridades da Guiné-Bissau para investigar em que representações diplomáticas acreditadas na Guiné-Bissau, estão quer o sr. Aristides Gomes, quer a sra. Ruth Monteiro, já que são cidadãos Guineenses, e demonstrar a essas representações diplomáticas que, se nem aos seus embaixadores e ao seu pessoal diplomático em geral, ao abrigo do direito internacional, se permite a ingerência nos assuntos do país onde estão em serviço e muito menos a promoção de um clima de desestabilização política, institucional e social, como é que, quer o sr. Aristides Gomes, quer a sra. Ruth Monteiro, enquanto cidadãos guineenses, continuam a conspirar politica e socialmente contra o Estado da Guiné-Bissau, asilados que estão, em Representações Diplomáticas acreditadas na Guiné-Bissau?
Se o comum do cidadão guineense não tem esse direito, como é que se explica esse privilégio a estas 2 figuras do ex-governo da Guiné-Bissau, quando tantos outros ex-governantes não foram alvos de nenhuma ameaça ou perseguição depois da demissão do governo a que pertenciam, continuando em suas casas e fazendo suas vidas com normalidade?
Às Representações Diplomáticas, importa repetir que qualquer acção Humanitária, visa e só, salvaguardar/proteger, a Vida e a Dignidade da Pessoa Humana e não, revestir-se numa plataforma política solidária, que ameace a Paz Política, Institucional e Social do País onde foram acreditadas!
Positiva e construtivamente, vamos continuar a trabalhar!
Parece que alguém despertou agora (só agora, porque já lhe convém), sobre as consequências de, a Assembleia Nacional Popular da Guiné-Bissau, o nosso Parlamento, continuar bloqueado, quando foi esse alguém a ordenar/instruir, o bloqueio do Parlamento, porque lhe convinha desde 2015 até ao dia em que começou a perceber que é um perdedor; que perdeu a sua oportunidade, que nunca soube aproveitar no dirigismo institucional, e político-partidário, incluindo a influência no controlo do Parlamento da Guiné-Bissau.
Agora, esse mesmo alguém, que passou a ser Presidente virtual do PAIGC na diáspora guineense em Portugal, mantendo-se também e virtualmente, como deputado da Nação, escolheu as redes sociais como novo “local de trabalho”, entre a sede do seu partido e a Assembleia Nacional Popular. A cada fim de sessão, vai-se despedindo com um convite “até para a semana”…
Qual é a competência e a capacidade de liderança de um político que não tem demonstrado outra coisa que não, falta de maturidade política e de sentido de Estado, através de uma postura arrogante, de permanente confrontação política e institucional, suportada por uma estratégia inaceitável de divisão da sociedade guineense?
Domingos Simões Pereira que nunca pensou na Guiné-Bissau e nos Guineenses, senão quando o que estava (e está) em causa, eram os seus interesses pessoais e de grupos, bloqueou o País, prejudicando todo um Povo desde que foi demitido do cargo de Primeiro-ministro da Guiné-Bissau por decreto presidencial, a 13 de Agosto de 2015.
Desacreditado e cada vez mais ignorado pela Comunidade Internacional, e pelos órgãos de comunicação social nacionais e estrangeiros, que deixaram de lhe dar “tempo de antena”, decidiu optar pela realização de vídeos para se fazer ver e ouvir, nas acusações vazias e sem provas que continua a fazer às entidades que actualmente dirigem a Guiné-Bissau, ignorando que ainda é, institucionalmente, Deputado da Nação e Presidente do PAIGC…
Decida-se homem: ou regressa à Guiné-Bissau e retoma as suas funções no Partido e no Parlamento; ou, optando por continuar em Portugal (um direito que lhe assiste), tenha ao menos a hombridade de se demitir dos cargos que ocupa institucionalmente, quer no seu partido, quer no Parlamento, e a partir daí, sinta-se LIVRE para opinar e criticar, na qualidade de simples cidadão guineense, um direito que também lhe assiste, como a todos os guineenses não condicionados por nenhum juramento de posse no exercício duma representatividade política e institucional.
Por via da gulodice pelo dinheiro, e atendendo à sua experiência em arruinar o tesouro público (quem não se lembra do famoso “Resgate aos Bancos Comerciais”, no valor de 52 milhões de euros, e do apetite indisfarçável, com as promessas dos fundos a disponibilizar pela “Mesa Redonda de Bruxelas – Março de 2015”?), Domingos Simões Pereira já está a insinuar que o actual Governo guineense vai se apropriar dos fundos a disponibilizar pela Comunidade Internacional, de apoio ao combate contra a pandemia COVID-19, ou seja, tudo o que ele faria, se estivesse como Primeiro-ministro… e por isso, quer que a Assembleia Nacional Popular acompanhe todo o processo relativamente a esses apoios.
Então, se o próprio Domingos Simões Pereira continua a dizer que houve um golpe de Estado na Guiné-Bissau, e a chamar Narco Governo Golpista, ao actual Governo, como é que apela à Assembleia Nacional Popular, o nosso Parlamento, para acompanhar as actividades relacionadas com a Administração Executiva do Estado, incumbidas ao Governo?
Se houve um golpe de Estado, mas o Estado continua a ter os seus 4 órgãos de soberania em funcionamento, de que golpe de Estado estamos a falar?
Em Setembro de 2016 escrevi um texto no qual chamava atenção para o bloqueio institucional da Assembleia Nacional Popular e suas consequências.
Faço questão de trazê-lo de novo aos leitores, para consulta, e ao Sr. Domingos Simões Pereira, em particular, para lhe reavivar a memória.
Afinal, como escrevi a 03.09.2014 o tempo deu-me razão: Há quem tenha VISÃO e há os que se ficam pela visão dos outros…! Didinho 03.09.2014
Positiva e construtivamente, vamos continuar a trabalhar!
Didinho 11.04.2020
A PROPÓSITO DO BLOQUEIO DA ASSEMBLEIA NACIONAL POPULAR
O País não pode parar, face ao bloqueio institucional da Assembleia Nacional Popular.
É um grande erro que o Parlamento continue bloqueado e esse erro deve-se às estratégias do PAIGC.
Quanto mais tempo ficar bloqueado o Parlamento, mais ilegalidades teremos e menos transparência haverá na gestão governativa, quiçá, na Administração do Estado.
Se o Parlamento não funciona, quem vai questionar a acção governativa e outras?
É que, para todos os efeitos, há um governo legitimado pela nomeação e empossamento presidencial, que não está legitimado pelo Parlamento, precisamente por via do bloqueio irresponsável do Parlamento.
Será que com o bloqueio do Parlamento, não há Governo?
Esse Governo, não tem estado, mesmo sem a confiança, quiçá, legitimidade parlamentar, a fazer acordos, a encetar iniciativas de âmbitos diversos, ainda que sem a tal legitimidade parlamentar?
Afinal, quem ganha ou perde com o bloqueio do Parlamento?
Vamos ser realistas e menos emotivos.
O Parlamento tem que funcionar, mesmo face à nova configuração parlamentar, para que o Interesse Nacional possa ser debatido, fiscalizado e avaliado tendo em conta a legalidade democrática.
Não é o bloqueio do Parlamento que garantirá a afirmação da normalidade constitucional e, muito menos, impedirá que uns e outros, em exercício de funções, continuem a prejudicar a Guiné-Bissau, antes pelo contrário, havendo bloqueio, deixa de haver fiscalização do Parlamento ao Governo e isso só beneficia os que neste momento estão a governar.
Por favor, vamos ser mais racionais, tendo em conta o Interesse Nacional. Basta de disputas desnecessárias, de bloqueios desnecessários e, prejudiciais ao País e aos Guineenses!
ENTRE A MENTE E O ESPÍRITO, O DIREITO À VIDA EM DIGNIDADE
Na nossa essência de Seres Humanos, Africanos e Guineenses, continuamos a recusar, intransigentemente, aceitar, reconhecer, e procurar soluções de cura, para os sintomas de males há muito diagnosticados, numa perspectiva social e cultural com que padecemos, e cuja terapia principal, reside na vertente educacional da Mente e do Espírito.
Vivemos e convivemos demasiadamente com a Política, em nome de um fanatismo político-partidário, indisfarçável e indesmentível, tendo em conta os interesses em jogo, seus efeitos e suas consequências, para o País, ignorando a Vida, o nosso Direito de Viver com, e em Dignidade, enquanto Seres Humanos, Africanos e Guineenses!
Ignorando a intoxicação e a contaminação mental e espiritual que se vai propagando e destruindo a nossa Sociedade, Doente de várias patologias, e cada vez mais vulnerável…
De regresso a Portugal, à minha casa e à minha família, desde o passado dia 21 de Março (proveniente da Bélgica, país onde tenho estado a trabalhar há oito meses), por razões que têm a ver com as medidas restritivas e preventivas decretadas pelo Governo belga, sobretudo, em matéria do distanciamento social, face à pandemia COVID-19, que limita, entre outros, a distância entre pessoas a um mínimo de metro e meio, o que, no exercício de actividades profissionais em equipa, é difícil de concretizar, entrei em isolamento profilático ao abrigo das recomendações da Direcção-Geral da Saúde, de Portugal que estabelece que:
“Independentemente da nacionalidade e do país de origem, quando entra em Portugal, é recomendado o isolamento profilático pelo período de 14 dias.”
Cumpridos esses 14 dias de isolamento profilático, de forma rigorosa e sem quaisquer sintomas de algum mal-estar relacionado com o meu estado de saúde, entrei na fase de cumprimento do estado de emergência decretado em Portugal, e que foi prolongado até 17 de Abril.
Estado de emergência que, contrariamente ao isolamento profilático, já me permite, por exemplo, sair à rua para ir comprar bens essenciais e regressar de imediato a casa, bem como, ir correr ou caminhar, respeitando o distanciamento social e todas as recomendações sanitárias no intuito de prevenir o contágio, por um lado, e, por outro, a propagação da doença.
O apelo “FIQUE EM CASA” é para respeitar e cumprir, até porque as excepções não fogem às regras, entre o Direito e o Dever do Cidadão, face ao estado de emergência em vigor.
Temos que ser prudentes, responsáveis e sensíveis para com a pandemia COVID-19, no intuito de evitarmos o contágio e, ou, a propagação da doença. Por isso e enquanto não há cura para a doença, a prevenção é a cura; o cumprimento das medidas restritivas, é a cura.
Não esperemos que a doença nos atinja, ou aos nossos familiares e amigos próximos, para nos despertarmos para a sua existência e consequência letal, pois será certamente tarde…
Reivindicar a defesa e a salvaguarda dos Direitos Fundamentais, mesmo na particularidade do decreto de um estado de emergência, é de se apoiar, porém, espera-se da parte de Todos, o devido Respeito pelas medidas restritivas decretadas, no âmbito da prevenção e da salvaguarda da Saúde e do Bem-estar de Todos.
Aqueles que se prontificam a criticar a actuação das forças de segurança, no cumprimento das normas decretadas pelo estado de emergência, também devem sensibilizar e informar os cidadãos quer sobre a pandemia COVID-19, quer sobre as medidas restritivas e preventivas decretadas.
Se há horários estabelecidos para a saída das pessoas à rua, para que possam vender seus produtos, ou fazer suas compras e regressarem às suas casas, há que respeitar esses horários, em nome da Saúde e do Bem-estar de Todos Nós!
Não desafiemos as autoridades policiais, para criarmos casos de politização da situação delicada que estamos a enfrentar por causa da pandemia COVID-19.
Dizer que as pessoas têm que ir à rua abastecer, não colide com as restrições impostas, que definem um período temporal para que todos tenham essa possibilidade.
Agora, dizer que as pessoas têm que estar na rua, porque é lá que garantem suas sobrevivências, não acho ser sensato.
Que me desculpem, mas não é por uma questão de insensibilidade, antes pelo contrário, a rua não emprega ninguém, e consequentemente, não paga salário a ninguém!
Se a nossa realidade social e cultural é distinta da de todos os demais países, até compreendo e aceito, mas há como dar a conhecer a quem decretou o actual estado de emergência, as deficiências e as lacunas do decreto relativamente a esse estado de emergência, para que essas deficiências e lacunas sejam corrigidas, melhoradas, para que facilitem ao invés de prejudicar, o comportamento e as atitudes individuais, de cada um, com ramificações entre as diversas Comunidades Populacionais da Guiné-Bissau, que constituem o nosso Povo!