COVID-19: A IMPORTÂNCIA DA CONCERTAÇÃO MULTIDISCIPLINAR NA TOMADA DE DECISÕES POLÍTICAS
COVID-19: A IMPORTÂNCIA DA CONCERTAÇÃO MULTIDISCIPLINAR NA TOMADA DE DECISÕES POLÍTICAS
Na Guiné-Bissau, face à pandemia COVID-19 e às decisões tomadas pelas entidades que dirigem o País, será que houve alguma preocupação em consultar Cientistas Guineenses, dentro ou fora da Guiné-Bissau, numa perspectiva Multidisciplinar, antes da tomada de decisões/medidas, restritivas, visando a prevenção e a não propagação do Coronavírus, sem ignorar a nossa realidade cultural e social, entre a fragilidade estrutural e infra-estrutural do Estado e a pobreza extrema que afecta a maioria das nossas Populações?
O poder político não deve ignorar a Ciência, quiçá, os Cientistas, nas tomadas de decisão política, face à conjuntura Global de Emergência, na qual, as decisões políticas devem ser tomadas sim, num contexto de legitimidade, mas, numa vertente de orientação científica multidisciplinar!
Quero para mim, a Guiné-Bissau que desejo para todos os meus irmãos Guineenses!
Positiva e construtivamente.
Didinho 04.04.2020
POLARIZAÇÃO DA SOCIEDADE GUINEENSE ATÉ NA DOENÇA COVID 19: PODE SER O FIM DE TUDO?
POLARIZAÇÃO DA SOCIEDADE GUINEENSE ATÉ NA DOENÇA COVID 19: PODE SER O FIM DE TUDO?
Nesta semana, na sequência das medidas de precaução adotadas contra a pandemia de COVID 19, um grupo de guineenses criou, no whatsapp, um espaço de debate e partilha de informações sobre COVID 19.
Na mesma semana, por coincidência, o executivo chefiado pelo senhor Nuno Gomes Nabiam, na sequência do decreto presidencial do senhor Umaro Sissoco Embaló, tomou uma série de medidas conducentes a prevenir a propagação e a reduzir, consequentemente, os efeitos desta pandemia.
Entre as quais, “desaconselha a aglomeração das pessoas em lugares públicos, inclusivamente nos mercados públicos”.
Nesta mesma semana, o magnata chinês, senhor Jack Má – patrão da Alibaba, fez um donativo à África, em materiais e equipamentos cujos números e rapidez de resposta, ultrapassam qualquer manifestação de intenção.
Em tempo recorde, houve apelos de muita gente, nas redes sociais, solicitando a mobilização de sinergias de quadros guineenses (médicos especialistas) capazes de contribuir para atenuar os efeitos da COVID 19, por outro lado, outros exigiam e apelavam rigorosamente ao cumprimento do papel dos deputados da nação face à situação vigente.
Como a velocidade da luz, verificou-se uma série de reuniões que culminaram na emissão de decretos e despachos de (nomeações e exonerações), uns aplaudindo, e outros estupefatos.
Nestes momentos de surrealismo consentido, realça pensar devagar e quiçá perguntar:
Afinal, a Guiné-Bissau apresenta uma “polarização extrema” até nas questões básicas, por quê?
Amigos polarizados!
Irmãos polarizados!
Tribos polarizadas!
Relações polarizadas!
Supremo Tribunal de Justiça polarizado!
Ministério Público polarizado!
Membros do governo polarizados!
Enfim, esta nossa Guiné-Bissau que uns dizem ser um (país rico), em termos de diversidade e biodiversidade e que nem, o conflito de 7 Junho de 1998, conseguiu dividir, não tem a mesma capacidade para reorientar a sua estratégia e procurar novas formas e modelos de alcançar o desenvolvimento?
O “modus operandi” dos detentores do poder (donos disto tudo) na Guiné-Bissau, em pleno ano 2020, é de longe parecido com o “status quo ante” 12 de Abril de 2012, pelo “amadorismo” e “violência” que continuam a pairar numa sociedade ainda frágil, como dizia Fafali Koudawo.
Sem querer, tenho “perdido” amigos e pessoas com as quais preferia ser diferente no pensamento e no ato, do ponto de vista ideológico, mas que fossemos, também, iguais, por um inimigo público comum – COVID 19.
Desde 2003, ainda na diáspora estudantil, por exemplo, acompanhei, critiquei, apoiei, discordei, quiçá, ficava se fosse preciso, “indiferente” com as opiniões do mentor do projeto “CONTRIBUTO“, senhor Fernando Casimiro. Porém, esse meu posicionamento não me dá o direito de desrespeitar o direito dele – Didinho – ter opinião própria, enquanto guineense e ativista.
No entanto, a política e os políticos guineenses, nos últimos 20 anos, dividiram a sociedade guineense a seu bel-prazer, em conluio com as nossas forças armadas.
Há uma geração que foi da mesma turma, do mesmo ofício, dos mesmos prazeres, recalcados uns para com os outros, que anda em pólos diferentes (por motivos que só eles sabem dizer), mas vivem alimentando um debate polarizado e divisionista aos jovens, ora pró PAIGC, ora pró PRS, ora pró MADEM, etc.
Os da outra (nova) geração, com a qual me identifico, estão a ser instrumentalizados para cumprir uma agenda que não dominam e que não condiz com o seu futuro (e.i tribalização, banalização das referências, fanatismo, radicalização por tudo ou nada, etc).
Sociedade em que opinar ou pensar diferente significa ser conotado com pólo diferente, ou seja, “és nosso ou és da outra caravana”.
Sociedade em que, cada vez mais, perdemos sozinhos em vez de ganharmos juntos, uma vez que quem sabe menos “prefere hostilizar quem sabe mais, ou vice-versa”.
Sociedade na qual, em plena pandemia que grassa o nosso mundo, andamos a hostilizar o (médico ou profissional) mais experimentado, em matéria epidemiológica, no nosso país, em nome dos interesses da polarização a qual pertencemos.
Esta é a triste realidade que a Guiné-Bissau continua a aceitar, em pleno ano 2020, como modelo, e que, cegamente, faz o esforço inocente para seguir.
Pois, os orgulhos (étnico, religioso, partidário, de clã, entre outros) falam mais alto em detrimento daquilo que podia efetivamente ser a nossa maneira, genuinamente, guineense de ser (pepel+manjaco+fula+balanta+mandinga+beafada+bijagós, etc.) lutando juntos e unidos contra o inimigo invisível comum – COVID 19.
Apenas uma opinião!
Santos Fernandes
Bissau, 3 de Abril de 2020.
TEMOS QUE LEVAR A SÉRIO O CORONAVÍRUS
PAREMOS JÁ, ANTES QUE SEJA TARDE!
Deixemos de subestimar o Coronavírus; de ignorar consciente ou inconscientemente os efeitos consequentes do vírus, e as medidas preventivas decretadas pelas autoridades do País, a Bem da Saúde Pública, quiçá, de Todos Nós!
Distanciamento Social Exige-se e Recomenda-se!
Paremos com atitudes de protagonismo, mesmo quando nossas intenções sejam as melhores, no âmbito da Solidariedade para com Todos!
O Coronavírus, infelizmente, é uma Realidade e uma Sentença de morte.
Enquanto País vulnerável, a melhor arma de Combate à Pandemia COVID-19 na Guiné-Bissau, e em todo o Mundo, é a PREVENÇÃO!
Custa tanto informar e sensibilizar os Guineenses para cumprirem com as medidas preventivas decretadas?
A quem interessa a politização e o protagonismo em jeito de campanha eleitoral, e em nome de uma Solidariedade que ao invés de contribuir para combater a pandemia, pode contribuir para propagar a pandemia no nosso País?
Por favor, está na hora de ganharmos Consciência sobre os riscos para Todos, que a nossa irresponsabilidade assente em protagonismos e vaidades já podem estar a causar ao País e às nossas Populações.
PAREMOS JÁ, ANTES QUE SEJA TARDE!
Positiva e construtivamente.
Didinho 01.04.2020
TODO O CUIDADO É POUCO
Os microfones, os telemóveis e outros equipamentos usados pelos profissionais da comunicação social, na Guiné-Bissau e em todo todo o Mundo, também são potenciais focos de contaminação e propagação do Coronavírus.
Que medidas preventivas de saúde e higiene, foram, ou têm sido tomadas, directamente e pessoalmente, pelas pessoas que estão expostas aos riscos directos e, ou, indirectos, face aos seus ambientes de trabalho?
Didinho 01.04.2020
A UNIDADE NACIONAL É UM IMPERATIVO CONSTITUCIONAL
A UNIDADE NACIONAL É UM IMPERATIVO CONSTITUCIONAL
Contribuir para a Unidade Nacional visando a participação de todos na prevenção e no combate ao COVID-19 implica deixar de lado, no actual momento em que vivemos, os Egos, suportados por arrogâncias, intolerâncias, recalcamentos, politiquices e patriotismo barato.
A Cidadania é também, saber promover e divulgar a Concórdia Nacional, em nome da Reconciliação e da Unidade, Nacionais!
Realismo Sim, numa perspectiva Positiva, Construtiva, e não, Negativa e Destrutiva!
Afinal de contas, somos poucos para levarmos avante a tarefa da Construção da Nação Guineense, então, por que razão havemos de continuar sempre de costas voltadas, mesmo quando uma doença põe em causa a nossa própria existência, impondo-nos necessariamente, a UNIDADE NACIONAL como factor congregador de todas as iniciativas para a sua prevenção e o seu combate?
A caminho dos 59 anos de vida, nunca me posicionei para agradar quem quer que seja, mas seria ingénuo, ignorar que, para alguns, que me têm lido ininterruptamente, desde 10.05.2003, para certas abordagens, em função das suas pertenças ideológicas e consequente conveniência, sou bestial, para no momento seguinte, passar a besta, face a uma reflexão que seja contrária às suas ideologias, e conveniências.
Ando nisto diariamente, há 17 anos!
Positiva e construtivamente.
Didinho 01.04.2020
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DA GUINÉ-BISSAU
TÍTULO 1
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS – DA NATUREZA
E FUNDAMENTOS DO ESTADO
ARTIGO 3°
A República da Guiné-Bissau, é um Estado de democracia constitucionalmente instituída, fundado na unidade nacional e na efectiva participação popular no desempenho, controlo e direcção das actividades públicas, e orientada para a construção de uma sociedade livre e justa.
A PROPÓSITO DE DOAÇÕES DE MATERIAIS VISANDO O COMBATE AO COVID-19 NA GUINÉ-BISSAU
GUINÉ-BISSAU: COVID-19, ENTRE O HOJE E O AMANHÃ DE NOSSAS SOBREVIVÊNCIAS…
GUINÉ-BISSAU: COVID-19 ENTRE O HOJE E O AMANHÃ DE NOSSAS SOBREVIVÊNCIAS…
Tenho acompanhado diversas reflexões em forma de Contributos para a Guiné-Bissau, face à pandemia COVID-19, e em todos elas, vejo preocupação, prudência e receio para com a doença, quer pela realidade que define e caracteriza as nossas fragilidades na área Estruturante da Saúde, por via de vulnerabilidades processadas, geradas/induzidas, a vários níveis/dimensões, e abrangências, tendo como raiz, decisões institucionais/governativas e políticas do dirigismo do nosso Estado, desde que nos proclamamos Independentes e Soberanos; quer pela realidade cultural, social/tradicional, que define e caracteriza as diversas formas de ser e de estar das nossas populações, que compõem um Todo que é o Povo Guineense, que, deve continuar a preservar toda a sua riqueza cultural, social/tradicional, Positiva, e abandonar toda e qualquer prática cultural/tradicional nefasta, com consequências igualmente negativas para a Saúde de Todos Nós, adaptando-se às novas realidades de uma vivência global, face a ameaças globais.
Neste trabalho que hoje vos apresento e que faço questão de dirigir, em forma de proposta, às entidades que têm em mãos o poder do dirigismo do Estado, ignorando consciente e propositadamente as querelas políticas, porque entre uma alegada alteração constitucional que culminou na demissão do anterior governo e a nomeação de um novo governo, o facto é que, há um poder instituído (que pode ser contestado obviamente), que controla e dirige o poder do Estado presentemente, inclusive, a Área da Saúde (que é o que nos importa neste trabalho), e as suas infra-estruturas materiais, bem como os seus recursos humanos.
É a partir dessa evidência que me dirijo às entidades que dirigem actualmente a Guiné-Bissau, enquanto Cidadão Guineense, preocupado com a Saúde e o Bem-Estar de Todos os Guineenses, tendo em conta que os efeitos da pandemia COVID-19 já chegaram ao nosso País, o que significa, igualmente, que as suas consequências não se farão esperar.
Uma das reflexões mais pertinentes que li entre nós Guineenses, é da autoria da Dra. Magda Nely Robalo, Epidemiologista, Distinta Profissional na Área da Saúde, que serviu a Organização Mundial da Saúde durante vários anos, a vários títulos e níveis de representatividade em diversos países africanos, até ser convidada (feliz e louvável iniciativa) para ocupar o cargo de Ministra da Saúde Pública da Guiné-Bissau, cargo que exerceu com a mais alta competência, responsabilidade e sentido de Estado, facto que não passou despercebido a nenhum cidadão guineense.
Do que li do seu artigo intitulado: COVID-19 – É PRECISO ESTAR À FRENTE DA CURVA vi demonstrado, de forma eloquente, o seu Compromisso para com o seu/nosso País, a Guiné-Bissau, e para com o nosso Povo, tendo em conta a sua Missão de ajudar a Salvar Vidas, enquanto Profissional de Saúde.
Fiquei elucidado e convencido das suas capacidades e competências profissionais, bem como da sua vontade, do seu desejo, de continuar disponível a ajudar a Guiné-Bissau, sobretudo, num momento tão delicado, no qual o hoje e o amanhã, de nossas sobrevivências, estão em causa por via da pandemia COVID-19.
Do que li do seu artigo, surgiu-me a ideia de propor, desta forma, às entidades que dirigem a Guiné-Bissau, a criação de um Gabinete de Crise Multidisciplinar, para fazer face à pandemia COVID-19, independentemente de todas as diligências já efectuadas por quem de direito nesta matéria;
Gabinete esse, que deveria ser Coordenado/Dirigido, pela Dra. Magda Nely Robalo, numa perspectiva estrutural fora do contexto político-partidário dos seus integrantes, e apenas numa vertente de utilidade da Saúde Pública, a bem do Interesse Nacional.
Estou certo que a Guiné-Bissau ganharia uma Forte Estrutura de Planeamento e Acção na prevenção e no combate ao coronavírus e não só.
Para além das suas capacidades técnicas enquanto profissional de saúde, a Dra. Magda Nely Robalo é uma ponte de referência entre a Guiné-Bissau, a Organização Mundial de Saúde e, o Mundo em geral, sobejamente conhecida que é, e profunda conhecedora, que também é, da Diplomacia da Saúde, com base na Saúde Global, que também se estende à Guiné-Bissau.
Não podemos, nem devemos desperdiçar os Melhores Quadros Nacionais, concretamente, na Área da Saúde, que é o tema da nossa abordagem de hoje.
Estou certo de que a Dra. Magda Nely Robalo aceitaria o convite de imediato, em nome do Interesse Nacional, desde que salvaguardados aspectos essenciais para a institucionalização, credibilização e funcionamento do Gabinete a ser criado, entre os Termos de Referência, os Objectivos e a Missão do Gabinete.
A meu ver, enquanto Coordenadora/Directora desse Gabinete de Crise, deveria ser-lhe dada autonomia para projectar a Orgânica do Gabinete, bem como, em conjunto com a sua Equipa Multidisciplinar de Trabalho, estabelecer a Missão de Fundo e os Objectivos a alcançar, tendo em conta a prevenção, sensibilização e o combate ao coronavírus.
Todos os Profissionais de Saúde podem ser mais valias para uma Frente Comum, quer os que se encontram na Guiné-Bissau e podem dar os seus Contributos no dia a dia, em contacto com a realidade presencial/factual; quer os que estando fora da Guiné-Bissau, muitos a exercer em Portugal, Brasil, Inglaterra, e até nos Estados Unidos da América, que também podem ajudar de várias formas, por exemplo através de debates por vídeo-conferência, ou formação de quadros profissionais de saúde radicados na Guiné-Bissau, a nível de partilha de experiências na luta contra o coronavírus, incluindo formação na utilização de equipamentos/aparelhos mais sofisticados para o efeito.
Por tudo isto, em nome da Guiné-Bissau, e pela Saúde e o Bem-Estar dos Guineenses, lanço esta proposta às entidades políticas e governativas do nosso País, face ao perigo que o Inimigo Comum Global, a Pandemia COVID-19 já representa entre o Hoje e o Amanhã de Nossas Sobrevivências, enquanto Seres Humanos e Guineenses!
A Guiné-Bissau e os Guineenses merecem a União de Esforços e de Competências de Todos os seus Filhos, em nome da nossa CONTINUIDADE/EXISTÊNCIA/REFERÊNCIA/AFIRMAÇÃO, no Mundo!
Unamo-nos, em Prol do INTERESSE NACIONAL, porque hoje, infelizmente, já vamos atrasados…
Positiva e construtivamente, vamos continuar a trabalhar!
Didinho 30.03.2020
COVID-19: É PRECISO ESTAR À FRENTE DA CURVA
COVID-19: É PRECISO ESTAR À FRENTE DA CURVA
Eu juro que não queria escrever nada disto…
A trajectória do COVID-19 na Guiné-Bissau está em curso, depende de nós se a curva vai crescer exponencialmente ou não.
Soubemos hoje à noite, nas entrelinhas de um debate televisivo, que havia mais 6 casos confirmados no país, a juntar-se aos 2 anunciados no dia 25 de março. Ou seja, em 4 dias (entre 25 e 29 de março), multiplicámos por 4 o número de casos. Isto, presumindo-se que os resultados são de facto de 29 de março e não de 26 ou 27 de março (estou a tomar a data de anúncio como sendo a data de confirmação, mas estas 2 datas podem ser diferentes e isso é importante em epidemiologia).
Não sabemos se um dos novos casos seria o terceiro caso inconclusivo da primeira vaga.
Mais importante: não nos disseram se os novos casos são importados (pessoas – Guineenses ou não-que contraíram a doença fora da Guiné-Bissau) ou se já são o resultado de transmissão local (contágio de pessoas residentes, sem história de viagem recente para países com a doença). Não nos disseram se os 6 novos casos resultam dos primeiros 2 casos ou não. Não conhecemos o sexo e a idade das pessoas infectadas. Também não sabemos se são casos graves ou não.
Também não nos disseram se os novos casos estão relacionados uns com os outros ou não, ou seja, se pertencem ao mesmo foco de transmissão ou se já há vários focos de transmissão local. Quantos contactos estão a ser seguidos?
Ora bem, aqui reside a importância da transparência na comunicação de informação útil, completa e em tempo real, em situações de epidemia. Dependendo de como a gestão da informação é feita, conseguiremos ou não tranquilizar a população e obter a sua adesão às medidas de prevenção que estão preconizadas.
Urge definir a liderança política, estratégica, técnica e operacional da epidemia. É necessário clarificar funções e definir métodos de trabalho que sejam produtivos e impactantes. Organização, rigor, disciplina e método são fundamentais.
É imperativo reforçar a vigilância epidemiológica: se não conhecermos a trajetória da epidemia e a sua direção, vamos ter que correr atrás dela em vez de estarmos “ahead of the curve”.
Tendo em conta que cada caso confirmado pode infectar 1 a 2 pessoas (com base em dados da evolução da epidemia noutros continentes), é urgente terminar a formação de médicos, enfermeiros e pessoal de apoio na prevenção e controle de infeção e manejo de casos (para os primeiros), mas é também preciso mobilizar todos os formados em epidemiologia de campo e organizar um “crash course” para formar mais.
Proteger os profissionais da saúde e o pessoal de apoio é de capital importância. Comunicar e reforçar a sensibilização da população para a mudança de comportamento, com estratégias apropriadas e adaptadas ao nosso contexto é no regra de ouro.
Eu volto a jurar que não queria escrever nada disto…
Em cidadania.
Magda Nely Robalo – Epidemiologista
Bissau 29.03.2020
PARTIDARIZAÇÃO DA AGENDA PÚBLICA: CASO CORONAVÍRUS
Partidarização da agenda pública: caso coronavírus
Os impactos da pandemia Covid-19 poderão causar cerca de 25 milhões de desempregados a nível mundial e quebras até 3,4 triliões de dólares em perdas de rendimento dos trabalhadores até ao final do ano. A estimativa foi este mês avançada pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), com base num relatório onde são traçados vários cenários sobre o impacto do Covid-19 na economia.
A agência estima um aumento no desemprego mundial que poderá atingir entre 5,3 milhões e 24,7 milhões de pessoas.
Números que acrescem aos 188 milhões que a agência tinha já antecipado no final do ano, quando tornou pública a sua previsão anual.
Segundo a OIT, mitigar estes impactos passará por “uma resposta política coordenada internacionalmente” que assegure a proteção dos trabalhadores, estímulos fiscais e apoio a empregos e salários. Medidas que têm vindo a ser adotadas pelos países.
A OIT recorda que durante a última crise financeira global, o mundo ganhou mais 22 milhões de desempregados e muitos dos trabalhadores sofreram perdas significativas no seu rendimento. Um cenário que poderá repetir-se, sem uma intervenção rápida por parte dos Governos.
A previsão da agência aponta para um crescimento em larga escala do sub-emprego (profissionais a tempo parcial disponíveis para trabalhar mais horas), à medida que a evolução da pandemia obrigue as empresas a avançar para redução de horários de trabalho e salários. E até o autoemprego, que nos países mais desenvolvidos ajuda a minimizar os impactos mais violentos da crise, “poderá não ser alternativa devido às restrições imposta à circulação de pessoas e bens”, antecipa a OIT.
Na Guiné-Bissau, hoje, (29/3/2020), foram anunciados 8 casos de pessoas portadoras do vírus. Antes, porém, havia sido anunciado uma série medidas conducentes à diminuição dos efeitos da pandemia. Na medida em que não é desejável que se transforme num pandemônio. Um líder da oposição (Idriça Djaló), apresentou uma iniciativa que pretende mobilizar todas as forças vivas da nação (sobretudo médicos) em torno dessa causa comum.
Como se não bastasse, há quem ainda insista na “partidarização” da agenda pública do caso coronavírus, na Guiné-Bissau, confundindo a opinião pública nacional. Independentemente da nossa agenda político-partidária, felizmente ou infelizmente o Covid 19 não conhece as cores partidárias, não conhece as confissões religiosas ou ideológicas.
Como disse e bem o líder da oposição, em Portugal, Rui Rio, “devemos fazer a oposição severa a Covid 19, e o Estado deve endividar-se de forma racional se for necessário para fazer face à esta pandemia, evitando entrar em loucuras”…
Por cá, a nível da nossa subregião, o BCEAO anunciou pacote de medidas na ordem de 340 mil milhões FCFA que poderão impactar na atividade bancária, nas famílias e, em consequência, no dinamismo económico como um todo.
A China, através do seu parceiro União Africana, sob patrocínio da fundação Alibaba, decidiu doar equipamentos sanitários para o combate a coronavírus.
O FMI analisa perdão e alívio da dívida de países menos desenvolvidos.
O G20 anunciou apoios de milhares de dólares que visam minimizar os efeitos mundiais da pandemia.
Por toda a parte (do hemisfério sul a hemisfério norte) tem havido uma onda de ações solidárias visando o inimigo invisível comum.
Cuba tem ajudado, com os seus médicos, países que outrora se revelaram potências industrializadas (exemplo de humanismo).
O mundo, muito provavelmente, não será igual como dantes.
Em suma, não há motivos, humanamente falando, para a partidarização desse inimigo invisível.
Até porque é uma pandemia, deixou de ter “dono ou alvo”.
Bissau, 30 de Março de 2020.
Apenas uma opinião!
Santos Fernandes
GUINÉ-BISSAU: O COVID-19 ENTRE O PROTAGONISMO E A POLITIQUICE
GUINÉ-BISSAU: O COVID-19 ENTRE O PROTAGONISMO E A POLITIQUICE
“O economista guineense Paulo Gomes e a epidemiologista Magda Robalo disseram à Lusa estar disponíveis para integrar qualquer equipa nacional para enfrentar o que consideram de “guerra contra a doença” que já contaminou duas pessoas no país. Antigo candidato à presidência do país, Paulo Gomes, que se encontra atualmente fora da Guiné-Bissau, disse à Lusa estar pronto para, nos próximos dias, regressar e ajudar a “fazer avançar a iniciativa corajosa e proativa” de Idrissa Djaló, líder do Partido da Unidade Nacional (PUN), que propôs um pacto entre guineenses para lutar contra a pandemia da covid-19.”
Tudo muito bonito, mas será que o Dr. Paulo Gomes não sabe que uma das recomendações para a prevenção contra a propagação da doença e a contaminação de mais pessoas, é cada um ficar em casa, em isolamento, de quarentena, salvo, quem tenha mesmo que trabalhar, face à essencialidade do seu trabalho, sobretudo, relacionado com o serviço público, que não pode ser efectuado através do tele-trabalho?
Pensa ir à Guiné-Bissau nos próximos dias, como, com que meios logísticos, face à conjuntura mundial que restringiu as fronteiras de quase todo o Mundo e a consequente inoperacionalidade das companhias aéreas, marítimas, ferroviárias, etc., etc.?
Ainda que fosse à Guiné, face às medidas restritivas decretadas, o que iria fazer, que não em casa, para ajudar quem, e como, algo que pode fazer onde está neste momento, através da INTERNET?
Pode ajudar financeiramente, com verbas endossadas ao Estado para fins concretos, ou, adquirindo materiais de saúde apropriados para a actual situação, por exemplo, ventiladores, geradores, desinfectantes diversos, luvas, máscaras etc., etc., dependendo de “aberturas” aéreas, marítimas ou terrestres, para serem enviados à Guiné-Bissau.
Porém, pode sempre, onde quer que esteja, ajudar/apoiar, moralmente, sensibilizando e partilhando informações às populações, sobre a doença e os riscos e as suas consequências, que é a via que todos nós, Guineenses, espalhados pela nossa Diáspora temos vindo a fazer, através das Redes Sociais. O sr. Paulo Gomes quer ser diferente, com base num protagonismo que vai contra as recomendações e restrições no combate à prevenção, e contra a propagação do vírus?
Anunciar um regresso ao país neste momento, alegadamente, para ajudar, quando mesmo o pessoal de saúde, caso tivesse como ficar em casa, em isolamento, de quarentena, também ficaria, não passa, a meu ver, e peço desculpa pela frontalidade, de um gesto imbuído de protagonismo e irresponsabilidade.
Fiquemos em casa, para nosso bem e de todos, mesmo que uns quantos, imprescindíveis, seres humanos e guineenses, com família, tenham que sacrificar suas vidas e de suas famílias, pela maioria da População, que deve cumprir com as medidas restritivas de prevenção, por seus desempenhos profissionais não serem imprescindíveis na actual conjuntura, ou, por poderem ser efectuados a partir de casa.
Outrossim, os técnicos de saúde guineenses, que se encontram no nosso país, independentemente dos seus estatutos, das suas bagagens académicas, não devem esperar que sejam chamados a contribuir para o que suas profissões e seus juramentos lhes reservam como Missão: Salvar Vidas, Servir as populações. Devem fazer a parte que lhes compete, dirigindo-se às entidades de Saúde, aos hospitais e centros de saúde, para fazerem o que sabem e devem fazer, sem que sejam mandatados para tal, por via de jogos políticos e partidários!
Estar à espera de consensos políticos para assuntos de saúde pública, sobretudo, face à EMERGÊNCIA de uma Pandemia, por parte de quadros da saúde, Guineenses, é de facto, renunciar ao Juramento de Hipócrates.
Para finalizar, fiquei incrédulo hoje, ao ver imagens da cerimónia de despedida do corpo de efectivos da ECOMIB na Guiné-Bissau, com a presença do Presidente da República, sem que as medidas restritivas de distanciamento mínimo de metro e meio/2 metros, fossem cumpridas.
Sr. Presidente da República, seja o primeiro a dar o exemplo nesta luta contra o Inimigo Comum Global, COVID-19.
Evite o contacto social e a concentração social, em nome da prevenção da doença!
Não basta decretar o estado de emergência, para de seguida, ignorar os factores de risco e pôr-se a jeito de ser contaminado, ou de contaminar os demais.
É preciso que todos nós levemos muito a sério esta doença!
Ela não escolhe quem quer que seja, todos estamos sujeitos a contraí-la e, por isso, todo o cuidado é pouco!
Infelizmente, já começamos a sentir a nossa dor…
Positiva e construtivamente.
Didinho 26.03.2020
Covid-19: Quadros guineenses disponíveis para enfrentar “guerra contra a doença”