A impugnação dos resultados eleitorais entre a Lei-Eleitoral e a função jurisdicional do Supremo Tribunal de Justiça
É preciso que os Guineenses entendam que o órgão legislativo não são os Tribunais, mas sim, a Assembleia Nacional Popular.
Quem faz as Leis, é a Assembleia Nacional Popular, o Parlamento da Guiné-Bissau e não os Tribunais.
A função jurisdicional dos Tribunais e, concretamente, do Supremo Tribunal de justiça da Guiné-Bissau, que faz as vestes de Tribunal Constitucional assenta no poder de julgar, tendo em conta a justa composição de litígios.
No cumprimento da função jurisdicional, os Tribunais são independentes estando apenas sujeitos à Lei.
Isto porque a sujeição à Lei pressupõe a análise, interpretação e julgamento em concreto, de forma consciente e independente, da Lei, independentemente da sua assertividade ou erro pelo Juiz.
Qualquer impugnação ao Processo Eleitoral no seu todo ou do Acto eleitoral em particular apresentado ao Supremo Tribunal de justiça, merecerá do referido Tribunal a apreciação da impugnação face ao que a Lei Eleitoral estabelece e não, o inverso, ou seja, fazer da alegação da impugnação uma nova Lei para sobreposição da Lei vigente.
Isto, porque os Tribunais simplesmente julgam tendo em conta as Leis existentes, pois não lhes compete legislar!
O ARTIGO 119° da Constituição da República da Guiné-Bissau estabelece que: “Os tribunais são órgãos de soberania com competência para administrar a justiça em nome do povo.”
O ARTIGO 120.º da mesma CRGB estabelece igualmente que:
1 – O Supremo Tribunal de Justiça é a instância judicial suprema da República. Os seus juízes são nomeados pelo Conselho Superior de Magistratura.
2 – Os juízes do Supremo Tribunal de Justiça são empossados pelo Presidente da República.
3 – Compete ao Supremo Tribunal de Justiça e demais tribunais instituídos pela lei exercer a função jurisdicional.
4 – No exercício da sua função jurisdicional, os tribunais são independentes e apenas estão sujeitos à lei.
5 – O Conselho Superior de Magistratura Judicial é o órgão superior de gestão e disciplina da magistratura judicial.
6 – Na sua composição, o Conselho Superior de Magistratura contará, pelo menos, com representantes do Supremo Tribunal de Justiça, dos demais tribunais e da Assembleia Nacional Popular, nos termos que vierem a ser fixados por lei.
Positiva e construtivamente, vamos continuar a trabalhar!
Didinho 03.01.2020
A Impugnação dos resultados eleitorais face à Lei-Eleitoral N.º 10/2013
Tomei a iniciativa de transcrever alguns excertos da Lei Eleitoral da Guiné-Bissau, concretamente, da Lei N.º 10/2013 – Lei Eleitoral para Presidente da República e Assembleia Nacional Popular, no sentido de permitir a todos os meus leitores, uma leitura e análise baseadas no que diz a Eleitoral, sobretudo, no que tange ao Acto eleitoral, por um lado e, por outro ao Processo Eleitoral no seu todo.
Tomei esta iniciativa, tendo em conta as afirmações proferidas pelo candidato derrotado Domingos Simões Pereira, depois do anúncio dos resultados eleitorais provisórios dados a conhecer oficialmente pela Comissão Nacional de Eleições da Guiné-Bissau. Na altura, o candidato derrotado admitiu a possibilidade de impugnação dos resultados provisórios, com alegações subjectivas, em modo político, desfasadas de qualquer substância argumentativa, numa vertente técnica do direito.
Disse na altura Domingos Simões Pereira: “Depois de tudo o que vi, ouvi e sei não tenho dúvidas de que o povo guineense nestas eleições presidenciais deu-nos a vitória, sim. Eu não tenho dúvidas de que conquistámos a vitória nestas eleições presidenciais e a minha primeira palavra é dirigida aos milhares de militantes e simpatizantes do nosso partido”, para depois acrescentar: “Se tenho a convicção que o povo guineense nos dá a vitória nestas eleições presidenciais significa que os resultados provisórios agora publicados pela Comissão Nacional de Eleições estão profundamente impregnados de irregularidades, de nulidades, de manipulações, que consubstancia e une àquilo que consideramos um roubo e não podemos aceitar”.
Hoje 03.01.2020 deu entrada no Supremo Tribunal de Justiça da Guiné-Bissau o pedido de impugnação formalizado por Domingos Simões Pereira, tendo como argumento/fundamento, uma alegada “discrepância entre o número de inscritos para votar e o número de votantes”.
Considerando o que estabelece a Lei-Eleitoral N.º 10/2013 no seu Artigo 140.º deve-se questionar, o porquê de só depois do anúncio dos resultados eleitorais oficiais, provisórios, o candidato Domingos Simões Pereira se insurgiu contra eventuais irregularidades eleitorais, quando a Lei Eleitoral assume e valida a importância da reclamação/impugnação entre o Processo e o Acto Eleitoral, como forma de resolução pontual das irregularidades?
Julgo que a Lei Eleitoral é clara face à fundamentação da impugnação avançada pelo candidato derrotado na segunda volta da eleição presidencial de 29 de Dezembro passado na Guiné-Bissau.
Os excertos da Lei-Eleitoral aqui partilhados permitem elucidar o leitor sobre uma variedade de situações relacionadas com a impugnação avançada por Domingos Simões Pereira, sendo nossa única intenção, fornecer dados de consulta ao leitor para que, na posse desses dados, cada um faça a sua devida análise, interpretação ou questionamento, do que está contemplado na Lei Eleitoral N.º 10/2013.
Boa Leitura
Positiva e construtivamente, vamos continuar a trabalhar!
Didinho 03.01.2020
Legislação Eleitoral da Guiné-Bissau
Excertos da Lei nº 10/2013
Lei Eleitoral para Presidente da República e Assembleia Nacional Popular
Fonte: Comissão Nacional de Eleições – Legislação
CAPÍTULO II
ELEIÇÃO
SECÇÃO I
SUFRÁGIO
ARTIGO 63.º
Pessoalidade, Presencialidade e Unicidade do Voto
1. O direito de voto é exercido pessoal e presencialmente pelo eleitor.
2. Cada eleitor só pode votar uma vez.
ARTIGO 64.º
Exercício do Direito de Voto
O direito de voto é exercido em todo o território nacional e nas missões diplomáticas e postos
consulares.
ARTIGO 65.º
Eleitores que Trabalham por Turnos
Os eleitores que trabalham por turnos têm direito de serem dispensados pelo tempo necessário
ao exercício do direito de Voto.
ARTIGO 66.º
Liberdade e Confidencialidade do Voto
1. O voto é livre.
2. Ninguém pode ser obrigado a revelar, dentro de assembleia de voto ou fora dela, em que lista vai votar ou votou.
ARTIGO 67.º
Requisitos do exercício do direito do Voto
Para que o eleitor seja admitido a votar, tem de preencher os seguintes requisitos:
a) Ser portador do cartão de eleitor;
b) Não ter ainda exercido o seu direito de voto;
c) Que o seu nome esteja inscrito no caderno de recenseamento eleitoral.
ARTIGO 68.º
Local do exercício do direito de Voto
1. Os eleitores devem votar na assembleia de voto correspondente ao local do seu registo.
2. Os membros das CRE’s, das assembleias de voto e os delegados de lista podem exercer o
seu direito de voto na assembleia em que exerçam a sua actividade.
SECÇÃO II
VOTAÇÃO
ARTIGO 69.º
Início de Votação
1. Compete aos presidentes das mesas declarar a abertura da votação.
2. A votação inicia às 7 horas do dia marcado para as eleições, depois de constituídas as
mesas, e termina as 17 horas.
3. Antes do início da votação os presidentes das mesas das assembleias de voto, procedem com os restantes membros das mesas e os delegados de lista, a verificação da cabine de votação, dos documentos de trabalho da mesa e exibem, perante os presidentes, as urnas de votação para que estes se certifiquem de que se encontram vazias.
4. Caso não houver nenhuma irregularidade, votam imediatamente, os presidentes, os
secretários, os escrutinadores e os delegados de listas.
ARTIGO 70.º
Proibição de Propaganda
1. No dia das eleições não é permitido fazer qualquer tipo de propaganda.
2. A mesa de assembleia do voto deverá garantir que, num raio de quinhentos metros da
assembleia de voto, não haja nenhuma propaganda gráfica visível.
ARTIGO 71.º
Proibição da presença de forças armadas e policiais
1. É proibido a presença de forças armadas nas assembleias de voto, até um raio de quinhentos
metros de distância.
2. O presidente da assembleia de voto, sempre que for necessário, depois de consultada
a mesa, pode requisitar a presença de força armada ou policial, sempre que possível por
escrito, ou em caso de impossibilidade, fará menção do facto, da requisição e do período da
presença na ata eleitoral.
ARTIGO 72.º
Ordem de votação
1. Os eleitores votam pela ordem de chegada à assembleia de voto dispondo-se para o efeito
em fila.
2. O presidente da mesa, dá prioridade na votação aos eleitores encarregues do serviço de
protecção e segurança das assembleias de voto.
3. A protecção e segurança das assembleias de voto, é assegurada por elementos civis
indigitados pela CNE.
ARTIGO 73.º
Proibição da presença de não Eleitores
1. Não é permitido na assembleia de voto, a presença de:
a) Cidadãos que não sejam eleitores;
b) Cidadãos que já tenham votado.
2. Apenas é permitido a presença dos órgãos de comunicação social, para a obtenção de
imagens.
3. Os agentes de órgãos da comunicação social devem:
a) Identificar-se perante a mesa apresentando para efeito a credencial do órgão que
representam;
b) Abster-se de obter imagens muito próximo das urnas de votação, nem quaisquer
declarações dentro da área dos 500 metros que constitui local da assembleia.
ARTIGO 74.º
Modo de votar
1. O eleitor apresenta-se à mesa de voto que procede à sua identificação mediante apreciação do cartão de eleitor.
2. A mesa procede ao descarregamento no caderno eleitoral do nome eleitor e ao registo do número do cartão do eleitor em lista própria.
3. Uma vez verificada a identidade do eleitor a mesa deve perfurar o respetivo cartão por meios mecânicos.
4. Em seguida, o Presidente da mesa entrega ao eleitor um boletim voto,
indicando-lhe a cabine de votação.
5. Após a votação um dos elementos da mesa deve mergulhar o dedo do eleitor na tinta indelével.
ARTIGO 75.º
Voto de Cegos e Deficientes
1. Os eleitores cegos e os afectados por doença ou deficiência física notórias, que por via
disso a mesa verifique não poderem efectuar por si próprios, as, diferentes operações de voto
previstas na lei, podem votar acompanhados de um cidadão eleitor por si escolhido ficando o
acompanhante obrigado ao absoluto sigilo.
2. A mesa quando entenda que não é notória a doença ou deficiência física solicita ao eleitor
a apresentação no ato da votação o certificado comprovativo da impossibilidade da prática
dos actos referentes a votação, emitido pela entidade sanitária competente e autenticada com
carimbo ou selo do respectivo serviço.
ARTIGO 76.º
Voto de Eleitores que não sabem ler nem escrever
Os cidadãos que não sabem ler nem escrever votam mediante a aposição de um dos dedos
no quadro respectivo da candidatura em que pretende votar, após tê-lo mergulhado em tinta
apropriada colocada para o efeito.
ARTIGO 77.º
Votos em branco e nulos
1. Corresponde a voto em branco, o caso em que no boletim de voto não se fez nenhuma
marca.
2. Corresponde voto nulo, o boletim de voto no qual:
a) Tenha sido assinalado mais de um quadrado ou quando haja dúvida sobre qual o
quadrado assinalado;
b) Tenha sido assinalado o quadrado correspondente a um candidato que tenha desistido
das eleições.
c) Tenha sido encontrado na cabine de votação fora da urna;
3. Não se considera voto nulo o correspondente ao boletim de voto em que o sinal X,
embora não seja desenhado perfeitamente ou excedendo os limites do quadrado, assinale
inequivocamente a vontade do eleitor.
ARTIGO 78.º
Dúvidas, reclamações, protestos e contraprotestos
1. Além dos delegados das candidaturas, qualquer eleitor presente à assembleia de voto pode suscitar dúvidas e apresentar por escritas reclamações, protestos e contraprotestos relativos às operações eleitorais da mesma assembleia e instruí-los com os documentos convenientes.
2. A mesa não pode recusar-se a receber reclamações, protestos e contraprotestos, devendo rubricá-los e apensa-los às actas.
3. As reclamações, protestos e os contraprotestos que têm de ser objecto de deliberação da
mesa, pode deixar para o final, se entender que não afecta o andamento normal da votação.
4. Todas as deliberações da mesa são tomadas por maioria dos membros presentes e
fundamentadas, tendo o presidente voto de desempate.
CAPÍTULO III
APURAMENTO
SECÇÃO I
APURAMENTO PARCIAL
SUB-SECÇÃO I
APURAMENTO LOCAL
ARTIGO 79.º
Operações preliminares
O presidente da mesa da assembleia de voto procede a separação dos boletins de voto que não foram utilizados e os que, com aquela indicação, foram inutilizados, colocando-os em envelopes separados devidamente rubricados e lacrados e tranca a lista dos eleitores, que será assinada por todos membros da mesa da assembleia e delegados de lista presentes.
ARTIGO 80.º
Abertura das Urnas
1. Encerrada a votação, o presidente da mesa, procede a abertura da urna seguindo-se a operação de contagem, por forma a verificar a correspondência entre os números de boletins de voto existentes na urna e o número de eleitores que votaram naquela assembleia de voto, na presença dos restantes membros.
2. Caso o número de boletins de voto existentes na urna seja inferior ao número de votantes, vale, para efeitos de apuramentos, o número de boletim de voto existentes na urna.
3. Quando o número de boletins de voto existentes na urna for superior ao numero de votantes, repetir-se-á a votação nessa mesa no prazo de 48 horas.
ARTIGO 81.º
Contagem
1. A contagem dos boletins de voto é feita de seguinte forma:
a) O presidente da mesa procede à abertura da urna, na presença dos restantes membros;
b) O primeiro escrutinador, aponta os votos atribuídos a cada lista, numa folha de papel branco
ou caso exista num quadro grande;
c) O segundo escrutinador coloca em separado e por lotes depois de os exibir, os votos já lidos
correspondente a cada uma das listas, os votos em branco e os votos nulos;
d) O primeiro e o terceiro escrutinador procedem a contagem dos votos e o Presidente da
mesa a divulgação do número de votos que couber a cada lista ou candidato.
2. Terminada a operação a que se refere o número anterior, o Presidente da mesa procederá ao confronto entre o número de votos existentes na urna e o número de votos por cada lote.
3. Os delegados de listas têm direito a verificar a contagem dos boletins de voto, sem, contudo, alterar a ordem da disposição dos boletins de voto, podendo reclamar, em caso de dúvida, para o Presidente da mesa que analisa a reclamação.
4. Caso a reclamação não seja atendida pela mesa, o boletim de voto em causa é colocado em separado para efeitos do disposto do número dois do artigo oitenta da presente lei.
ARTIGO 82.º
Destino dos Boletins do Voto
1. Os votos nulos e os boletins de voto que não tenham sido usados e os inutilizados são
rubricados pelo presidente da mesa e pelos delegados da lista e colocados em dois envelopes
separados que, depois de devidamente lacrados, serão remetidos à CRE.
2. Os votos objectos de reclamação são rubricados pelo presidente da mesa e pelos delegados de lista que tenha reclamado e colocado num envelope que, depois de lacrados devidamente, é remetido a Comissão de Regional de Eleições.
3. Os boletins de voto validamente expressos são colocados em envelopes lacrados e
remetidos à Comissão Regional de Eleições que, no Prazo de 48 horas após a publicação definitiva dos resultados, faz seguir para a CNE para que esta, passado um ano, promova a sua destruição.
SUB-SECÇÃO II
APURAMENTO DO CÍRCULO
ARTIGO 83.º
Operação de apuramento geral do círculo
A operação de apuramento por círculo consiste:
a) Na verificação do número total dos eleitores votantes no círculo eleitoral;
b) Na verificação do número total de votos obtidos por cada Candidato, Partido ou
Coligação de Partidos.
c) Na verificação e confrontação, com a obrigatoriedade da presença de delegados das
listas, sob supervisão dos presidentes das mesas e da fiscalização delegados do Ministério público, de todos os resultados da votação nas assembleias de votos que constituem o circulo.
ARTIGO 84.º
Publicação dos resultados
Os resultados do apuramento por círculo são anunciados pelo Presidente da Comissão
Nacional de Eleições e, em seguida, publicados por edital afixado na sede do círculo eleitoral
e divulgados pelos órgãos de comunicação social.
ARTIGO 85.º
Atas do apuramento geral dos círculos
1. Das operações de apuramento por círculo é imediatamente lavrada ata onde constem os resultados apurados, as reclamações, protestos e os contraprotestos apresentados e as decisões que, sobre eles, tenham sido tomadas.
2. Dois exemplares de cada acta do apuramento geral do círculo são enviados pelo Presidente da CRE à Comissão Nacional de Eleições nas 24 horas posteriores ao termo do apuramento geral por círculo.
3. O terceiro exemplar da acta e todos os documentos das operações eleitorais que, por força da presente lei, não tenham que subir à CNE são entregues ao Governador da Região que os conserva sob a sua guarda e responsabilidade.
SUB-SECÇÃO III
APURAMENTO REGIONAL
ARTIGO 86.º
Entidade competente
A nível das Regiões o apuramento dos resultados eleitorais é feito pela CRE na presença dos delegados da lista depois de centralizar os resultados eleitorais obtidos na totalidade das assembleias de voto constituídas nos limites geográficos da sua jurisdição.
ARTIGO 87.º
Elementos de apuramentos Regionais
1. O apuramento regional é realizado com base nas actas, cadernos eleitorais e demais documentos que a CNE determinar.
2. A falta dos elementos de algumas assembleias de voto, não impede o início dos trabalhos do
apuramento regional, devendo nesses casos iniciar-se com base nos elementos já recebidos,
cabendo ao delegado da comissão a marcação de uma nova reunião dentro de 24 horas
seguintes, para se concluir os trabalhos, tomando, entretanto, as providências necessárias
para que a falta seja reparada.
ARTIGO 88.º
Operação de apuramento Regional
A operação de apuramento regional consiste:
a) Na verificação de número total de eleitores votantes na Região;
b) Na verificação de número total de votos obtidos por cada candidato, partido político ou coligação de partidos, e do número de votos nulos.
ARTIGO 89.º
Atas dos apuramentos Regionais
1. É lavrada ata das operações de apuramento regional onde constem os resultados apurados as reclamações, os protestos e contraprotestos apresentados e as decisões que sobre eles tenham sido tomadas.
2. Para efeito do número anterior a CNE cria um modelo próprio.
3. O Presidente do CRE deve, no prazo de 24 horas, enviar a CNE dois exemplares da ata do
apuramento regional.
4. O terceiro exemplar da ata e todos os documentos das operações eleitorais que, por força
da presente Lei, não tenha que subir a CNE, entregues à CRE.
SECÇÃO II
APURAMENTO NACIONAL
ARTIGO 90.º
Entidade Competente
Compete a Comissão Nacional de Eleições a centralização dos resultados obtidos em cada Região, o apuramento e divulgação dos resultados gerais das eleições e distribuição dos mandatos.
ARTIGO 91.º
Elementos do apuramento Nacional
1. O apuramento nacional é realizado com base nas atas, documentos apensos das operações eleitorais recebidas da CRE, dos apuramentos regionais.
ARTIGO 92.º
Apresentação de questões prévias ao apuramento Nacional
A CNE, no início dos seus trabalhos, decide sobre os boletins de voto em relação aos quais tenha havido reclamação ou protesto, verifica os boletins considerados nulos e reaprecia-os segundo o critério uniforme podendo desta operação resultar a correcção do apuramento feito em cada CRE sem prejuízo do disposto em matéria de recurso contencioso.
ARTIGO 93.º
Operação do apuramento Nacional
A operação do apuramento nacional consiste:
a) Na verificação de número total dos eleitores inscritos, dos eleitores que votaram e sua percentagem relativamente aos primeiros;
b) Na verificação do total de votos obtidos por cada candidato, partido ou coligação de
partidos e do número de votos nulos;
c) Na distribuição dos mandatos dos deputados de acordo com o previsto na presente Lei e, na proclamação do candidato presidencial eleito.
d) Na determinação dos candidatos eleitos por cada partido ou coligação de partidos.
ARTIGO 94.º
Publicações dos resultados Nacionais
Entre 7 a 10 dias a contar da data do encerramento da votação a CNE anuncia os resultados do apuramento nacional nos diversos órgãos de comunicação social, fixado-os por edital à porta das suas instalações.
ARTIGO 95.º
Atas do apuramento Nacional
1. Das operações do apuramento nacional, é imediatamente lavrada ata, onde constem os resultados apurados, as reclamações, os protestos e os contraprotestos apresentados e as decisões que sobre elas tenham sido tomadas.
2. Nas 24 horas posteriores à conclusão do apuramento nacional, o Presidente da Comissão Nacional de Eleições envia um exemplar da ata aos órgãos de soberania, aos partidos políticos ou coligação de partidos concorrentes.
3. Os trabalhos do apuramento iniciam imediatamente após a recepção de atas dos apuramentos regionais, devendo efectuar-se ininterruptamente até a sua conclusão.
4. Caso faltem actas de apuramento regional ou por qualquer motivo tenha extraviado o envelope que contenha as referidas actas durante o percurso para a CNE, o Presidente da CNE deve, no primeiro caso, tomar providências necessárias para que a falta seja reparada num máximo de 24 horas e, no segundo caso, a conclusão do apuramento nacional deve fazer com base nas atas de assembleias de votos que integram a referida Região.
ARTIGO 96.º
Destino da documentação
As actas das CRE, os cadernos eleitorais e demais documentação são entregues a Comissão
Nacional de Eleições, que os conserva sob sua guarda e responsabilidade.
ARTIGO 97.º
Mapa Oficial das Eleições
No prazo máximo de 48 horas após a conclusão do apuramento nacional, a Comissão Nacional de Eleições elabora e faz publicar no Boletim Oficial mapa oficial com o resultado das eleições de que conste:
a) Número total dos eleitores inscritos;
b) Número total de votantes;
c) Número com a respectiva percentagem de votos atribuídos a cada partido ou coligação;
d) Nome do candidato eleito, no caso das eleições presidenciais, ou candidatos eleitos
pelos partidos ou coligações de partidos, nas eleições legislativas.
TÍTULO VII
DO CONTENCIOSO E INFRAÇÕES
CAPÍTULO I
CONTENCIOSO
ARTIGO 140.º
Recurso Contencioso
Todas as irregularidades verificadas durante a votação ou no momento de apuramento parcial ou nacional dos resultados do escrutínio podem ser impugnadas, por via de recurso contencioso, desde que tenha sido reclamado ou protestado no decurso dos actos em que tenham sido verificadas.
ARTIGO 141.º
Conteúdo de reclamação, protesto ou contraprotesto
A reclamação, protesto ou contraprotesto deve conter a matéria de facto e de direito,
devidamente fundamentada e é acompanhada dos necessários elementos de prova, incluindo a fotocópia da ata da assembleia de voto e que a irregularidade, objecto de impugnação, ocorreu.
ARTIGO 142.º
Objecto de recurso e Tribunal competente
Os interessados podem interpor recurso para o plenário do Supremo Tribunal de Justiça, das decisões proferidas pela CNE sobre as reclamações protestos ou contraprotestos.
ARTIGO 143.º
Legitimidade
Os candidatos e os seus mandatários podem recorrer da decisão proferida sobre a reclamação, protesto ou contraprotesto referidos no artigo 142.º da presente Lei.
ARTIGO 144.º
Prazo
O recurso deve ser interposto no Supremo Tribunal de Justiça no prazo 48 horas a contar da notificação da CNE.
ARTIGO 145.º
Efeitos do recurso
A interposição do recurso, suspende os efeitos da decisão de que se corre.
ARTIGO 146.º
Tramitação
1. O requerimento de interposição do recurso deve ser fundamentado.
2. O Tribunal ordena a notificação dos interessados para, querendo, se pronunciarem mediante contra-alegações no prazo de 48 horas.
3. O processo é isento de custas e tem prioridade sobre o restante expediente do Tribunal.
ARTIGO 147.º
Decisão Final
1. No prazo de 48 horas a contar do termo do prazo da apresentação das contra-alegações o plenário do Supremo Tribunal de Justiça decide definitivamente.
2. A decisão é notificada às partes e à CNE.
ARTIGO 148.º
Nulidade das Eleições
1. A votação realizada numa assembleia de voto é julgada nula quando forem verificadas irregularidades que possam influenciar, consideravelmente, o resultado do escrutínio da referida assembleia.
2. Em caso de nulidade das eleições, os respectivos actos eleitorais são repetidos nos sete dias posteriores à declaração de nulidade.
ARTIGO 149.º
Concorrência em ilícito disciplinar
A aplicação das matérias penais previstas nesta Lei não exclui a sanção disciplinar, desde que
o infractor seja um agente sujeito a essa responsabilidade.
ARTIGO 150.º
Constituição de Assistentes
Nos processos por infracções criminais eleitorais qualquer Partido Político, Coligação de
Partidos ou grupo de cidadãos eleitores pode constituir-se assistente.
SECÇÃO III
INFRAÇÕES RELATIVAS A ELEIÇÃO
ARTIGO 160.º
Voto plúrimo
Aquele que votar mais de uma vez será punido com a pena de prisão de um ano a três ou pena de multa.
ARTIGO 161.º
Despedimento ou ameaça de despedimento
É punido com pena de prisão de seis meses a dois anos e ou pena de multa, aquele que,
sem prejuízo de nulidade da sanção e automática readmissão do emprego se o despedimento
chegou a ser efectuado.
ARTIGO 162.°
Concorrência com infrações mais graves
As penalidades previstas na presente Lei, não excluem a combinação de outras mais graves
em caso de concorrência com infracções com a Lei Penal em vigor.
ARTIGO 163.°
Corrupção Eleitoral
Aquele que, para persuadir alguém a votar ou a deixar de votar em qualquer lista, Partido, Coligação de Partidos ou candidato, oferecer ou prometer emprego público ou privado ou qualquer vantagem patrimonial a um ou, mais eleitores ou por acordo com uma outra interposta pessoa, mesmo que as coisas oferecidas ou prometidas forem dissimuladas a título de ajuda pecuniária para custear despesas de qualquer natureza, é punido com pena de prisão de dois a oito anos.
ARTIGO 164.°
Não exibição da Urna
1. O presidente da assembleia de voto que não exibir a urna perante os eleitores antes da abertura de votação, é punido com pena de multa.
2. Quando se verificar que, na urna não exibida se encontrava boletins do voto, é o presidente da mesa condenado também na pena de prisão de um a dois anos, sem prejuízo da aplicação do disposto no artigo seguinte.
ARTIGO 165.º
Introdução do Boletim de voto, desvio de Urna ou do Boletim de Voto
1. Aquele que se opuser a que qualquer integrante da mesa da assembleia de voto ou delegado de lista exercer as funções que lhe cabem nos termos desta Lei ou que saia do local onde essas funções foram ou está sendo exercidas, é punido com a pena de prisão de dois a oito anos.
2. A mesma pena é imposta àqueles que se apoderarem de uma urna com os boletins de voto não contados ou subtrair, fraudulentamente, um ou mais boletins de voto em qualquer momento.
ARTIGO 166.°
Fraude de mesas de Assembleia de Voto e da Assembleia de apuramento parcial
1. O membro da mesa da assembleia de voto que, dolosamente, apuser ou consentir que se aponha nota de descarga em eleitor que não votou ou que não apuser em eleitor que votar, que trocou na leitura dos boletins de voto a candidatura votada, que diminuir ou aditar votos a uma candidatura no apuramento, ou que, por qualquer modo falsear, a verdade da eleição, é punido com a pena de prisão de três a cinco anos.
2. A mesma pena é aplicada, ao membro da mesa da assembleia de voto, que trocar na leitura dos boletins de voto, a lista votada, diminuir ou aditar votos a uma lista no apuramento.
3. As penas referidas nos números anteriores são ainda aplicadas aos membros dos órgãos da Comissão Nacional de Eleições que durante o apuramento cometerem quaisquer dos actos neles previstos.
ARTIGO 167.º
Obstrução da Mesa da Assembleia de Voto por candidatos e dos Delegados de Lista
O Candidato ou delegado de lista que perturbar gravemente o funcionamento regular das operações de voto é punido com pena de prisão de um a dois anos de pena ou multa.
ARTIGO 168.º
Recusa de receber reclamações
É punido com a pena de seis meses a um ano ou pena de multa o presidente da mesa de assembleia de voto que, injustificadamente, se recusar a receber uma reclamação, protestos ou contraprotesto.
ARTIGO 169.º
Perturbações nas Assembleias de Voto
1. Aquele que perturbar o regular funcionamento de uma assembleia de voto com insultos, ameaças ou actos de violência que resulte ou não em tumulto é punido com a pena de prisão de seis meses a um ano, ou pena de multa.
2. Aquele que, não tendo direito de fazê-lo, se introduzir numa assembleia de voto e, se recusar a sair depois de intimado pelo presidente, é punido com a pena de prisão de seis meses a um ano.
ARTIGO 170.º
Não comparência de Forças Armadas e Policias
Se, para garantir o regular decurso da operação de voto, for competentemente requisitada força armada ou policial, nos termos previstos no número 2 do artigo 71.º da presente lei e esta não comparecer e não for apresentado justificativo idóneo, no prazo de 24 horas, o comandante da mesma será punido com a pena de prisão de seis meses a um ano ou pena de multa.
ARTIGO 171. °
Não cumprimento do dever de participação no Processo Eleitoral
1. É punido com a multa de 15.000 a 30.000 FCFA, aquele, que tendo sido nomeado, pela
entidade competente, para fazer parte de uma mesa de assembleia de voto, sem motivo ou
justificativo, não assumir tais funções.
2. Incorre na mesma pena, aquele a que foi dada por finda a nomeação pelas Comissões
Eleitorais e não abandonar as referidas funções.
ARTIGO 172.º
Falsificação
Aquele que, por qualquer forma, dolosamente, viciar, substituir, suprimir, destruir ou alterar os cadernos eleitorais ou de apuramento, ou quaisquer documentos respeitantes as eleições, é punido com a pena de dois a oito anos de prisão.
ARTIGO 173.°
Denúncia caluniosa
Aquele que, imputar, a outrem, sem fundamento, a prática de qualquer infracção prevista na presente Lei, é punido nos termos do Código Penal.
ARTIGO 174.°
Reclamação e recurso de má fé
Aquele que, com má fé, reclamar, protestar, contraprotestar ou impugnar decisões dos órgãos eleitorais, sem fundamento, é punido com pena de prisão de seis meses a um ano.
A minha luta é pela Guiné-Bissau, Meu Partido…
Não devo nada a ninguém; não me propus nunca, a apoiar/defender nenhum partido político ou candidato a qualquer exercício de poder do Estado;
Nunca recebi, ou estive à espera de receber qualquer contrapartida pelo que penso e escrevo sobre a Guiné-Bissau.
A minha luta é pela Guiné-Bissau, Meu Partido e, pelos meus irmãos Guineenses, sobretudo, os mais desfavorecidos!
Se alguém está frustrado por via dos seus interesses terem sido beliscados com o anúncio dos resultados oficiais provisórios da eleição presidencial, lamento, mas nada tenho a ver com isso!
Vivi e continuarei a viver sempre, do meu trabalho, digno, honesto, fora do meu País, porquanto ter sido sempre excluído (e visto como inimigo e alvo a abater) da participação contributiva em prol do Interesse Nacional.
Do que se queixam a meu respeito?
O que fizeram em nome da Cidadania para ajudar a despertar a consciência de um Povo há muito hipnotizado e, consequentemente, para mudar a mentalidade desse mesmo Povo, pela Positiva?
Do que se queixam, vós que alegais ser expoentes máximos do conhecimento científico, face a um simples “analfabeto”…?!
Didinho 01.01.2020
Chega, Basta, de Bloqueios ao País!
Já chega de bloqueios ao País!
CHEGA, BASTA!
O mesmo Povo que deu a vitória ao PAIGC nas eleições legislativas de Março, é o mesmo Povo que agora deu vitória ao candidato presidencial Umaro Sissoco Embaló.
A mesma Comissão Nacional de Eleições que anunciou a vitória do PAIGC nas eleições legislativas de Março, é a mesma Comissão Nacional de Eleições que agora anunciou a vitória de Umaro Sissoco Embaló como Presidente da República.
Didinho 01.01.2020
“Depois de tudo o que vi, ouvi e sei não tenho dúvidas que o povo guineense nestas eleições presidenciais deu-nos a vitória, sim. Eu não tenho dúvidas de que conquistámos a vitória nestas eleições presidenciais e a minha primeira palavra é dirigida aos milhares de militantes e simpatizantes do nosso partido”, afirmou Simões Pereira, perante dezenas de apoiantes na sede do partido.
Segundo os resultados provisórios apresentados pela Comissão Nacional de Eleições, Umaro Sissoco Embaló, apoiado pelo Movimento para a Alternância Democrática (Madem-G15) venceu o escrutínio da segunda volta com 53,55% dos votos, enquanto Domingos Simões Pereira, apoiado pelo Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), conseguiu 46,45%.
“Se tenho a convicção que o povo guineense nos dá a vitória nestas eleições presidenciais significa que os resultados provisórios agora publicados pela Comissão Nacional de Eleições estão profundamente impregnados de irregularidades, de nulidades, de manipulações, que consubstancia e une àquilo que consideramos um roubo e não podemos aceitar”, disse Domingos Simões Pereira.
O Direito à impugnação dos resultados provisórios
O Direito à impugnação dos resultados provisórios
No dia 30 de Dezembro escrevi com suficiente argumentação e desenvolvimento o seguinte trecho agora resumido:
“(…) Salvaguarde-se o respeito aos resultados sem negar, obviamente, o Direito à reclamação, nos moldes estabelecidos na Lei Eleitoral da Guiné-Bissau.”
Pude ver e ouvir há instantes um vídeo no qual o candidato presidencial Domingos Simões Pereira afirma que a sua candidatura vai impugnar os resultados eleitorais, oficiais e provisórios anunciados hoje pela Comissão Nacional de Eleições da Guiné-Bissau.
É claro que está no direito de impugnar os resultados anunciados, e isso, já eu tinha dito que é um direito que assiste a qualquer dos candidatos.
O que me surpreende no anúncio da iniciativa de impugnação dos resultados eleitorais pelo candidato Domingos Simões Pereira, é a facilidade com que tanto aceitou reconhecer a derrota, como de repente, decide contestar os resultados eleitorais oficiais, ainda que, provisórios.
É que, não estamos a falar de uma diferença numérica insignificante de votos entre os 2 candidatos, susceptível de reconsideração, por serem diferenças que suscitam dúvidas, e consequente recontagem de votos ou correcção dos votos brancos e, ou nulos.
Segundo a Comissão Nacional de Eleições, o candidato Domingos Simões Pereira obteve 254.468 votos, equivalentes a 46,45% do total dos votos apurados, enquanto que o candidato Umaro Sissoco Embaló, anunciado como vencedor da segunda volta da eleição presidencial, obteve 293.359 votos do total dos votos igualmente apurados, de um universo de 553.521 votantes.
Entre o candidato designado como vencedor e o seu concorrente há uma diferença de 38.891 votos (trinta e oito mil, oitocentos e noventa e um votos)!
Há 2228 votos nulos, equivalentes a 0,40%; 3466 votos em branco, equivalentes a 0,62% de um total de 547.827 votos válidos, que correspondem a 98,97% de um total de 553.521 votantes, que equivalem a 71,92% de um universo de 761.676 (100%) inscritos, que a abstenção “roubou” 208.155 votos, equivalentes a 27,33%.
Posto isto, mesmo que os votos nulos (2228) e os votos em branco (3466) fossem reconsiderados e reconvertidos em votos a favor do candidato Domingos Simões Pereira, já que é a única “abertura” com probabilidades de reconsideração, essa reconversão acrescentaria apenas mais 5694 votos ao candidato que pretende impugnar os resultados provisórios, que de nada serviria para contrariar o actual fosso que o distancia negativamente, do candidato anunciado como vencedor da eleição presidencial pela Comissão Nacional de Eleições da Guiné-Bissau.
A abstenção não conta e nem se vai retirar votos à outra candidatura.
Quais os argumentos para a impugnação, mesmo sendo um direito, mas considerando que não houve impugnação do acto eleitoral em si, (votação) por parte de nenhuma das candidaturas, restando por isso, espaço para reclamações do processo eleitoral que, não se esgotando com o anúncio oficial provisório dos resultados eleitorais, terá no entanto, o seu término com a publicação dos resultados finais/definitivos e oficiais da segunda volta da eleição presidencial e a confirmação do seu vencedor?
38.891 (trinta e oito mil, oitocentos e noventa e um) votos de diferença entre os 2 candidatos, mesmo para quem como eu não acredita no impossível, tornam-se quase que numa missão impossível de impugnação sustentada, com inversão dos resultados…!
Seja como for, há que respeitar o Direito à impugnação, e que esse processo seja célere e conclusivo/definitivo!
Positiva e construtivamente, vamos continuar a trabalhar!
Didinho 01.01.2020
Sobre o Desenvolvimento do País
O primeiro passo para a projecção de um Programa visando o Desenvolvimento de um País, tem que ser, necessariamente, o da preparação das Pessoas, das Populações, do Povo em geral, para o conceito do Estado, sua Essência Estrutural, Orgânica e Funcional, abrangentes; suas competências e responsabilidades, nas quais, as Pessoas, as Populações, o Povo, deverão estar sempre em primeiro lugar.
Focar a visão estratégica das campanhas eleitorais apenas nas alegadas preparações ou impreparações dos candidatos, ignorando a preparação ou impreparação das Pessoas, das Populações e do Povo que vota, quiçá, que decide, é também sinónimo de um atestado de impreparação dos estrategas das candidaturas eleitorais na Guiné-Bissau!
Positiva e construtivamente.
Didinho 01.01.2020
Ao novo Presidente da República
Do novo Presidente da República da Guiné-Bissau espera-se a humildade em reconhecer as limitações que o definem e caracterizam como ser humano, africano e guineense (pois não há nenhuma formação académica para o exercício do cargo de Presidente da República) e aceitar, positivamente, todas as mais valias, entre o conhecimento e a sabedoria que lhe forem disponibilizadas, sobretudo, numa vertente crítica, por Guineenses e Amigos da Guiné-Bissau.
Como escrevi recentemente, um Presidente da República FAZ-SE!
Faz-se, aprendendo e evoluindo com as realidades concretas do País e do Mundo, tendo sempre em primeiro lugar o respeito pelas Pessoas, pelo Povo, pelo Estado, em suma, pelas Normas Constitucionais pelas quais se submete e se rege o Estado, ressalvando acima de tudo, o respeito pelos Direitos Fundamentais do Cidadão.
Ao Presidente da República eleito, ainda que com resultados oficiais provisórios, aconselho desde já que deixe de partilhar as comunicações telefónicas privadas trocadas com o outro candidato presidencial. É um gesto político e social incorrecto!
É imperioso a demonstração da nobreza de espírito e de carácter que definem a personalidade de um Chefe de Estado!
Positiva e construtivamente.
Didinho 01.01.2020
Impreparados
Impreparados, quanto ao sentido de Estado e, face ao estabelecido na Constituição e nas Leis da República da Guiné-Bissau!
Apesar de se ter mantido em funções como Primeiro-ministro até ao dia de hoje (Aristides Gomes), e depois do decreto-presidencial que o exonerou, e outro que nomeou um novo Primeiro-ministro (Faustino Fudut Imbali), mesmo com a renúncia do cargo do novo indigitado Primeiro-ministro, por pressões internacionais, dias depois, e por não ter sido revogado, por aquele que, até à tomada de posse do novo Presidente da República eleito, continua a ser, oficialmente, o Presidente da República da Guiné-Bissau, Aristides Gomes demonstrou até aqui, ele que já exerceu o cargo de Primeiro-ministro da Guiné-Bissau por 2 vezes, não ter responsabilidade e sentido de Estado.
O posicionamento arrogante de que se demitiria imediatamente, das suas funções de Primeiro-ministro, caso o seu candidato não ganhasse a eleição presidencial, é demonstrativo da forma como os políticos e governantes guineenses brincam com a responsabilidade que deveriam ter, ao serviço do Estado e dos Cidadãos.
Um Primeiro-ministro que desrespeitou a legitimidade do ainda Presidente da República da Guiné-Bissau, por saber que nesta fase não pode demiti-lo nem aceitar o seu pedido de demissão, por via do estabelecido na Constituição e nas Leis da República, fazendo afirmações levianas, está agora sujeito a criar uma nova crise política e institucional na Guiné-Bissau, caso mantenha o seu posicionamento público em se demitir, e depois da tomada de posse do novo Presidente da República, se este aceitar o seu pedido de demissão, o que acarretaria imediatamente, a queda do actual governo, legitimado pelas eleições legislativas de 10 de Março de 2019, criando uma situação desfavorável ao PAIGC, enquanto partido vencedor dessas eleições, sem maioria absoluta, que lhe impôs arranjos com outros partidos, a fim de construir uma maioria que lhe permitisse governar.
E quem garantirá doravante ao PAIGC, face a um suposto pedido de demissão do ainda Primeiro-ministro, que o Acordo de Incidência Parlamentar rubricado com a APU-PDGB, servirá como garantia a apresentar ao novo Presidente da República eleito, para manter/delegar a governação ao PAIGC?
Tem sido ultimamente sempre assim, infelizmente, a triste sina do PAIGC. Ganhar e não saber gerir as suas vitórias eleitorais.
Tudo isto para sensibilizar e informar desde já aos meus irmãos guineenses, o que poderá acontecer, face aos posicionamentos públicos de Aristides Gomes, por um lado, e, por outro, face à existência de um decreto-presidencial que o exonerou, e outro que nomeou um novo Primeiro-ministro, sem que o decreto-presidencial da nomeação de Faustino Fudut Imbali como Primeiro-ministro tenha sido revogado, oficialmente e publicamente, até hoje, por quem o nomeou e que continua a ser o Presidente da República da Guiné-Bissau até à tomada de posse do novo Presidente da República eleito, mas ainda não legitimado como tal, à data de hoje.
Infelizmente, a extensão, o prolongamento da crise, não será nenhuma novidade para os Guineenses e mesmo, para a Comunidade Internacional…
Positiva e construtivamente.
Didinho 01.01.2020
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Constituição da República da Guiné-Bissau
ARTIGO 104°
1 – Acarreta a demissão do Governo:
a) O início de nova legislatura;
b) A não aprovação pela segunda vez consecutiva do Programa do Governo;
c) A aceitação pelo Presidente da República do pedido de demissão apresentado pelo Primeiro-Ministro;
d) A aprovação de uma moção, de censura ou não aprovação de uma moção de confiança por maioria absoluta dos deputados em efectividade de funções;
e) A morte ou impossibilidade física prolongada do Primeiro-Ministro.
2 – O Presidente da República pode demitir o Governo em caso de grave crise política que ponha em causa o normal funcionamento das instituições da República, ouvidos o Conselho de Estado e os partidos políticos com assento parlamentar.
Não se deve subestimar o Povo!
Não se deve subestimar o Povo, dividindo-o em “classes/categorias”, quando o que está em causa é o Dirigismo Máximo do Poder do Estado, cuja Decisão/Validação Soberana, pertence a um todo (a maioria) que constitui esse mesmo Povo!
As elites, sobretudo, no tocante à intelectualidade, serão sempre minorias sociais, independentemente dos seus conhecimentos e poderes de influência, que devem ser realistas na avaliação dos casos em presença, face às realidades concretas e multidisciplinares, da Guiné-Bissau, por um lado e, por outro, do Povo Eleitor Guineense, que tem o Poder de Decidir nas urnas.
A democracia é um processo de aprendizagem existencial, quiçá, permanente, que deve nortear o percurso dos partidos políticos, dos políticos, e dos cidadãos em geral, visando a evolução de todos, para um melhor serviço ao País, ao Povo, ao Estado de Direito e às Instituições da República.
Positiva e construtivamente, vamos continuar a trabalhar!
Didinho 01.01.2020