Os guineenses devem, definitivamente, deixar de lado todas as disputas pelo poder, motivadas por ambições desmedidas com base em interesses pessoais ou de grupos, e juntar esforços, vontades, sensibilidades, capacidades, conhecimentos, experiências, determinação, honestidade e humildade, se de facto, ainda querem resgatar um país em ruínas, quiçá, à beira da falência administrativa do Estado, de tão abandonado e maltratado que tem sido, sobretudo, a partir do golpe de Estado de 14 de Novembro de 1980 aos dias de hoje.
Do que vi por estes dias em Bissau, confesso que não estava preparado para encarar e encaixar o que se diz por todo o lado na Guiné-Bissau, ser a “nossa” realidade…
Sei que estão todos ansiosos e expectantes para saberem como foi um regresso vinte e sete anos depois!
A Comunicação Social guineense e outras, não se interessaram por um regresso anunciado de um filho da terra que, humildade à parte, tem feito alguma coisa pela Guiné-Bissau, e que estando fora do país há 34 anos, a última vez que visitou a Guiné-Bissau foi há 27 anos…
Estou a trabalhar, continuarei a trabalhar nos próximos dias ou semanas sobre a minha visita à Guiné-Bissau e quando tiver tudo pronto, terão oportunidade de conhecer esse trabalho que visa reunir registos de memórias presenciais e vivenciais, de 3 períodos históricos (por mim vivenciados) que passam a ser comparativos, numa perspectiva de transmissão de um legado, também histórico, capaz de demonstrar, dar a conhecer e educar, sobretudo os nossos jovens nascidos depois do golpe de Estado de 14 de Novembro de 1980 no sentido de que, a NOSSA REALIDADE; a REALIDADE GUINEENSE, não se identifica, nem de perto, nem de longe, com o que hoje se “apresenta” como sendo o nosso país; a nossa cultura e a nossa realidade, isto, porque alguns assim querem que passe a ser.
Temos obrigação, enquanto guineenses que viveram o período colonial; o pós independência e o primeiro golpe de Estado na Guiné-Bissau, ou seja, aqueles que vivenciaram três períodos de referência marcante, por isso, de necessidade comparativa, de fazermos a nossa parte, de partilharmos as nossas memórias e deixar um manual de leitura, de consulta e pesquisa, aos nossos jovens e a todos quantos, nos dias de hoje, aprenderam a conhecer a Guiné-Bissau de uma certa vivência de luxo, no lixo…quando também já houve uma Guiné-Bissau de pobreza, mas na dignidade…!
Didinho 24.09.2015
Nota: Viajei para Bissau a 16 de Setembro e regressei a Portugal a 24 de Setembro.