Da diabólica santidade da liderança do PAIGC

Da diabólica santidade da liderança do PAIGC

 

Ensaio Político

Autor: Didinho

23.01.2022

 

ESTATUTOS DO PAIGC

ARTIGO 15º

(Direitos do militante)

  1. São direitos do militante do PAIGC:
  2. b) Eleger e ser eleito aos órgãos do Partido;

“(…) O PAIGC defende o princípio democrático, consubstanciado na soberania popular, na democratização contínua da sociedade, no sufrágio universal direto e secreto, no pluripartidarismo e no direito à oposição democrática. O Partido trabalha no sentido do permanente alargamento da sua base social, na qual o ingresso e a participação de cidadãos nas suas fileiras representa o respeito e garantia da liberdade de consciência e do debate de ideias no seu seio.

Por essa razão, o PAIGC assegura aos seus membros a liberdade de atuação, no âmbito das suas atividades profissionais e da sua militância, e admite a diferença entre os seus membros e a existência de correntes de opinião desde que não ponham em risco a unidade no seio do Partido, a sua estrutura e sobrevivência.

O PAIGC e os seus órgãos, estruturas e organizações socio-políticas atuam nos termos da Constituição da República e demais Leis e prossegue os seus fins numa sociedade multipartidária, com inteira observância das regras democráticas.” – Do Preâmbulo dos ESTATUTOS DO PAIGC – Aprovados pelo IX Congresso Ordinário – Fevereiro de 2018

Os apoiantes do Presidente do PAIGC continuam, infelizmente, a confundir o Partido, que é uma Instituição Política, com o seu Presidente, que é um, entre milhares de militantes (não importa o cargo) filiados e ao serviço do PAIGC.

Com o Congresso do partido agendado para 17 a 20 de fevereiro próximo, e na eventualidade de haver vários candidatos à liderança do PAIGC, os apoiantes do ainda líder do partido começaram a pôr em prática as velhas estratégias de ataques pessoais, confrontação e intimidação no intuito de criar e declarar, inimigo, dentro do partido, todo e qualquer um que manifeste intenção de concorrer à liderança; ou quem der sinais de querer apoiar alguém (ou algum manifesto) interessado em concorrer à liderança no próximo congresso.

Afinal onde está a Democracia no PAIGC?

Onde está o pluralismo no PAIGC?

Onde está o Presidente do PAIGC para se desmarcar do fanatismo e do endeusamento político à sua pessoa, assegurado por uma corja que o tem servido da pior forma, levando à contínua fragmentação do partido e à sua consequente e iminente destruição?

O Presidente do PAIGC continua a pensar, equivocadamente, que a sua base de apoio reside nas suas claques de lúmpens, feitos ativistas das redes sociais, e, ou, num grupo restrito e repressivo, de veteranos sem honra nem glória, dentro do partido, grupo esse que nunca quis mudanças no próprio partido e, consequentemente, o exercício político democrático, de compromisso e de comprometimento, em servir o País e o Povo da Guiné-Bissau.

Quando despertará para a realidade, o ainda Presidente do PAIGC, de que, a estratégia da manipulação de consciências e da instrumentalização de pessoas nunca foi, e nem será, uma estratégia sustentável e, por conseguinte, duradoura face à missão, aos objetivos e aos fins do partido?

A menos de um mês da realização do congresso do PAIGC os “canais da indecência” das claques do ainda líder do partido começam a insurgir-se contra potenciais candidatos à liderança do partido, como se o direito de eleger e ser eleito apenas assista ao atual Presidente do PAIGC e mais ninguém no partido.

Vejamos o que consta nos Estatutos do PAIGC – Artigo 15º – (Direitos do militante) sobre o assunto: “1. São direitos do militante do PAIGC: b) Eleger e ser eleito aos órgãos do Partido;”

Chamam traidores a alguns dirigentes do partido apenas porque esses têm uma outra visão e outra estratégia para o partido e, querem uma nova liderança para o PAIGC; dirigentes que sempre fizeram os seus trabalhos em prol dos objetivos do partido (e que nunca estiveram sob alçada do seu Conselho de Jurisdição e da consequente penalização por uma alegada e repressiva disciplina partidária), visando a conquista do poder político e da governação.

Mas será que as conquistas do PAIGC apenas são obra do Presidente do partido e, as derrotas e os amargos de boca são fruto dos demais?

Será que o Presidente do PAIGC vai continuar a enxovalhar todos os Dirigentes e Militantes do partido, por via de suas liberdades e seus direitos no PAIGC, incluindo a apresentação de candidatura à liderança do partido, quando os Estatutos do PAIGC o permitem, sustentando e incentivando, igualmente, o Pluralismo e a Tolerância no partido, bem como a defesa dos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos?

“f) Promover e defender os direitos, liberdades e garantias fundamentais dos cidadãos.” – Artigo 3º (Fins) – ESTATUTOS DO PAIGC

“(…) A democracia interna do Partido assenta em:

  1. a) Livre expressão de ideias e reconhecimento do pluralismo de opiniões aos seus militantes dentro dos órgãos do partido;” – Artigo 5º (Democracia interna) – ESTATUTOS DO PAIGC

Dizer publicamente que os subscritores de uma moção de estratégia visando uma nova liderança para o partido apenas querem criar confusão, ignorando o respeito que os mesmos subscritores manifestaram pelo PAIGC e pelo seu Presidente, só pode ser a confirmação de uma liderança ditatorial, que usa e descarta todos os Dirigentes e Militantes do partido que têm visão diferente, para o melhor do partido.

O Presidente do PAIGC arranja inimigos por tudo e por nada, birrento que é, ignorando que antes de chegar à liderança do PAIGC, porque foi lá posto, o Partido já existia e era um partido vencedor, independentemente dos seus cíclicos problemas estruturais.

É este Presidente do PAIGC que volta e meia tenta impressionar os seus apoiantes, e alguma franja da sociedade guineense, quando fala no “império da lei”, omitindo as suas violações dos Estatutos do PAIGC.

Como foi possível o Presidente do PAIGC contornar os Estatutos do partido e apresentar-se como candidato apoiado pelo partido às eleições presidenciais realizadas em 2019 na Guiné-Bissau, quando nem sequer apresentou a sua demissão do cargo de Presidente do partido para concorrer às primárias do partido visando encontrar um nome a apoiar como candidato do partido?

Os Estatutos do PAIGC são claríssimos sobre o exercício do mandato do seu Presidente, e das suas competências, ele que apenas pode, no exercício da função de Presidente do partido, ser o cabeça de lista às eleições legislativas, e, por conseguinte, o nome a indicar para ocupar o cargo de Primeiro-ministro, em caso de vitória do partido nas eleições legislativas, tal como consta no seu ARTIGO 42º (Cabeça de Lista)

“1. O Presidente do PAIGC é o cabeça de lista do Partido às eleições legislativas e seu candidato ao cargo de Primeiro-Ministro, em caso de vitória.”

Tendo sido demitido do cargo de Primeiro-ministro em Agosto de 2015, o Presidente do PAIGC continuou na liderança do partido sem demonstrar nenhuma intenção de se candidatar às eleições presidenciais que viriam a ser agendadas para 2019.

Quando o PAIGC já tinha uma série de candidatos internos para o apoio do partido às eleições presidenciais, eis que o Presidente do PAIGC decide, contra os Estatutos do partido, ser igualmente candidato interno para apoio do partido às eleições presidenciais, quando todos sabem que um Presidente da República não pode exercer nenhum cargo no dirigismo de qualquer que seja o partido político.

O Presidente do PAIGC não chegou sequer a pôr o seu cargo de Presidente do partido à disposição, para concorrer às eleições primárias internas do PAIGC, visando escolher o candidato a apoiar pelo partido nas eleições presidenciais.

Como foi possível violar e contornar os Estatutos do partido, desrespeitando os demais candidatos, que ficaram a priori prejudicados pelo fator “Influência” da candidatura do Presidente do partido, que não tinha legitimidade para participar nas eleições primárias do partido?

Afinal, o que é o tal “império da lei”, pomposamente manifestado e de forma recorrente, pelo Presidente do PAIGC?

É este mesmo Presidente do partido, que traindo os seus “juramentos”, quer concorrer sozinho a um terceiro mandato à liderança do PAIGC?

Para quê, se a sua pretensão maior é vir a ser Presidente da República, apoiado pelo PAIGC?

Não fosse o egoísmo e a ambição de querer ser tudo em simultâneo, e face às opiniões realistas de altos dirigentes do partido, de que o atual Presidente está mais do que desgastado e desvalorizado enquanto capital político capaz de devolver a unidade no partido e a dinâmica da luta, para que o PAIGC consiga resgatar a confiança do povo eleitor guineense e, consequentemente, o poder político e de governação, o ainda Presidente do PAIGC seria o primeiro a admitir a sua incapacidade de conduzir o partido à Unidade e Luta, e, por isso, a decidir por uma não recandidatura à liderança do PAIGC.

Seria uma decisão sensata, até porque, tal como algumas vozes do partido defendem, seria uma figura a ser resguardada, para outros desafios do partido, e neste caso, para as eleições presidenciais de 2025, porém, o atual Presidente do partido não sobrevive sem estar acima de tudo e de todos, incluindo o próprio partido.

Não seria capaz de fazer mais nada para o partido ou pelo país, até 2025, porque habituou-se a mandar e a ser idolatrado, e não aceitará que seja mandatado, ou ignorado na ribalta das projeções mediáticas dentro e fora do país.

Este ensaio não pretende esmiuçar e analisar os Estatutos do PAIGC, por isso, as referências aqui partilhadas servem apenas e só, para ajudar a compreender a abordagem e as interrogações apresentadas.

Também não é nenhuma manifestação de interesse contra o atual Presidente do PAIGC, ou de compromisso para com qualquer candidatura à liderança do PAIGC no seu próximo congresso.

Este ensaio, é mais um contributo de cidadania, visando o despertar de consciência e a promoção do debate de ideias entre os Guineenses!

Positiva e construtivamente.

Didinho 23.01.2022

ESTATUTOS DO PAIGC

Artigo 38º (Candidatos ao Cargo de Presidente do PAIGC) – IN ESTATUTOS DO PAIGC

  1. Pode candidatar-se ao cargo de Presidente do Partido, o militante do PAIGC que reúna os seguintes requisitos:
  2. a) Ter, pelo menos, dez anos de militância activa e ininterrupta no Partido;
  3. b) Não ter sido objecto de condenação definitiva por infracção disciplinar grave, nos termos dos presentes Estatutos e do Regulamento Disciplinar;
  4. c) Não ter sido objecto de condenação definitiva por prática de crime doloso;
  5. d) Gozar de integridade moral e cívica irrepreensíveis.
  6. Os candidatos ao cargo de Presidente do Partido devem apresentar as respetivas Moções de Estratégia ao Congresso, baseadas nos princípios e Programa do Partido.
  7. O conselho Nacional de Jurisdição e Fiscalização é o órgão competente para aferir a elegibilidade dos candidatos.

ARTIGO 40º

(Presidente do Partido)

  1. O Presidente do Partido é o órgão representativo máximo do PAIGC, que coordena e assegura a sua orientação permanente, velando pelo seu funcionamento harmonioso e pela aplicação das deliberações dos seus órgãos nacionais.
  2. No exercício das suas funções, o Presidente do PAIGC é coadjuvado por quatro Vice-Presidentes.

ARTIGO 41º

(Competência)

  1. Compete ao Presidente do PAIGC:
  2. a) Representar superiormente o PAIGC perante os órgãos do Estado, Partidos políticos e outras instituições, nacionais e estrangeiras;
  3. b) Apresentar a posição oficial do PAIGC sobre matérias da competência do Comité Central, do Bureau Político e da Comissão Permanente;
  4. c) Conduzir as relações internacionais do Partido e velar pela aplicação das grandes linhas de orientação aprovadas pelo Comité Central, de conformidade com a alínea r) do artigo 33º;
  5. d) Apresentar o relatório do Comité Central ao Congresso;
  6. e) Convocar e presidir às reuniões do Comité Central, do Bureau Político e da Comissão Permanente;
  7. f) Propor ao Comité Central o candidato para o cargo de Secretário Nacional do Partido;
  8. g) Participar no processo de escolha dos candidatos ao cargo do Presidente da República e do Presidente da Assembleia Nacional Popular, a serem propostos pela Comissão Permanente;
  9. h) Exercer as demais competências previstas nos presentes estatutos ou que lhe forem conferidas pelo Comité Central ou Bureau Político.
  10. O Presidente do PAIGC pode delegar nos Vice-Presidentes parte das suas competências.

ARTIGO 42º

(Cabeça de Lista)

  1. O Presidente do PAIGC é o cabeça de lista do Partido às eleições legislativas e seu candidato ao cargo de Primeiro-Ministro, em caso de vitória.
  2. Em caso de impedimento, o Presidente do Partido é substituído por um dos Vice-Presidentes, que será votado no Bureau Político para o cargo de Primeiro-Ministro.
  3. Ao cabeça de lista compete dirigir a campanha eleitoral do PAIGC nas eleições legislativas e é politicamente responsável pelos resultados das mesmas perante os órgãos superiores do Partido.

Fonte de consulta: ESTATUTOS DO PAIGC – Aprovados pelo IX Congresso Ordinário – Bissau – Fevereiro de 2018

O CARGO DE PRESIDENTE DA REPÚBLICA DA GUINÉ-BISSAU É UM CARGO POLÍTICO!

Não aprecio discursos militaristas de seja quem for o Presidente da República, que, independentemente do seu estatuto de Reservista (ou da sua patente militar, questionável, quiçá, duvidosa, por mil e uma razões…), não emergiu como Presidente da República por via de um Golpe de Estado, mas sim, através de um Processo Constitucional e Legal; Político e Democrático (e não Militar); apoiado por um Partido político e sufragado pela maioria do Povo Eleitor Guineense (sem estatuto militar), e não pelas Forças Armadas (de Defesa e Segurança), da Guiné-Bissau!

A Constituição da República da Guiné-Bissau, através do ponto 1 do seu ARTIGO 62º, atribui a competência de Comandante Supremo das Forças Armadas ao Presidente da República, por inerência de funções, não porque o Presidente da República seja, ou tenha que ser um Militar, mesmo na reserva, mas, por ser o Chefe do Estado!

Nenhum candidato presidencial veste farda militar para fazer campanha eleitoral para Presidente da República!

Um Presidente da República que usa e abusa de um complexo de superioridade, por via de uma alegada pertença militar, como também, de uma patente militar sem um percurso militar académico, ou prático, para tal, ignorando a sua idade e o seu estatuto de reservista, num País pequeno, no qual nos conhecemos minimamente, enquanto Guineenses, está claramente a dizer que não é o Presidente de Todos os Guineenses, mas sim, quem Manda em todos os Guineenses!

Quando um Presidente da República, que alegadamente é detentor de uma Licenciatura; de um Mestrado e de um Doutoramento, insiste em comparar a inteligência humana, ou o exercício de liderança, entre o militar e aquele que não é militar, ignorando que o militar é antes de mais um ser humano como qualquer outro, então, estamos conversados…

Nunca dei conta de nenhuma iniciativa do actual Presidente da República da Guiné-Bissau na Promoção do Conhecimento Científico, isto para um Presidente que alegadamente tem um Doutoramento!

Nunca participa em Palestras sobre áreas do conhecimento científico e nunca tem abordagens sobre o Desenvolvimento, numa perspectiva temática Multidisciplinar. O foco é ser Militar, em função da sua visão pessoal…

Nos Países onde há seriedade, a graduação ao posto de General das Forças Armadas é um Processo Longo, Rigoroso e Metódico, com Percurso Académico, Teórico e Prático, ao Longo da Vida Militar.
Na Guiné-Bissau, infelizmente, há mais Generais do que soldados, e são promovidos de noite para o dia!

Nem no tempo da Luta Armada de Libertação Nacional havia patentes, salvaguardando, a hierarquia através dos Comandantes das Frentes de Guerra, conforme as Zonas Territoriais.

Hoje temos um Presidente da República que insiste, implicitamente, na teoria da conspiração, contra candidaturas presidenciais de civis às eleições presidenciais, porque, alegadamente, os militares é que são melhores para o cargo…

Então porque é que não escolhemos logo o Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, evitando gastos com a realização de eleições presidenciais?!

SOU/ESTOU, CONTRA esta abordagem mesquinha!

Como e porquê, temos um Presidente da República que tem o posto mais elevado na hierarquia militar da República da Guiné-Bissau, estando alegadamente, na reserva, aos 48 anos de idade, e quando nunca participou em nenhuma Guerra, ou combate, na Guiné-Bissau?!

Se os militares devem afastar-se da política, dos políticos e dos partidos políticos, então, como é possível termos um Presidente da República Militarista, no exercício de um cargo Político, que é a Chefia do Estado?

Um Cargo Político sim, porque mesmo em caso de vacatura/vagatura, cabe a outro político, no caso concreto, por via da Assembleia Nacional Popular (Parlamento), o exercício interino do cargo de Presidente da República e NUNCA um Militar!

Seguir o exemplo do actual Presidente da Nigéria, que já assumiu a chefia do seu País por via de um Golpe de Estado, não é o melhor caminho para um Presidente da República da Guiné-Bissau, ainda Jovem.

Assinar decretos fazendo questão de dar a conhecer o seu alegado estatuto militar, em vez do seu (já agora), também alegado estatuto académico, entre Licenciado, Mestre e Doutor, só pode levantar dúvidas e preocupações aos Guineenses, e não só!

O Povo Guineense não votou num Militar para seu Presidente da República e o Presidente Umaro Sissoco Embaló tem que se mentalizar que a Democracia não é um instrumento das Forças Armadas, ou nas Forças Armadas!

Positiva e construtivamente.

Didinho 20.07.2021

Henri Labery e Rafael Barbosa

REVISITANDO UMA CARTA ABERTA DE HENRI LABERY AO ENTÃO PRESIDENTE DA REPÚBLICA DA GUINÉ-BISSAU, JOÃO BERNARDO “NINO” VIEIRA

CARTA ABERTA

Dakar, 19 de Agosto de 2005

Sua Excelência
Sr. João Bernardo VIEIRA
Presidente da República da
Guiné-Bissau
BISSAU

Excelência Senhor Presidente da República,

O Povo, (a razão de ser do nosso engajamento político desde a nossa tenra juventude), acabou de o eleger ao cargo do mais alto Magistrado do nosso País. Eleição ganha por sufrágio universal e em conformidade com os resultados agora definitivamente proclamados.

Antes e durante a sua campanha eleitoral, Vossa Excelência Sr. Presidente da República, apregoou mensagem de Paz, de unidade do povo no respeito da sua diversidade, de consenso e de convergência política. Em prol dum desenvolvimento harmonioso económico-social na justiça e a caminho duma prosperidade tão desejada pela maioria dos cidadãos, fundamento do bem estar da Sociedade.

Vossa Excelência Sr. Presidente da República, disse também que pedia perdão ao Povo pelos erros do passado e, fez a promessa, se viesse a reconquistar a sua confiança e for eleito, que iria dirigir o País segundo as normas da democracia moderna no interesse exclusivo da Nação, banindo o divisionismo e o espírito de clan.

O mundo inteiro ouviu a sua promessa, feita em moldes de juramento à bandeira. E o mundo inteiro aplaudiu!

Desnecessário, desde então, Senhor Presidente da República, rememorar todo o sangue derramado durante (o que se compreende) e após (o que não se compreende) a luta pela independência. Esta independência pela qual Vossa Excelência muito contribuiu e foi uma das figuras Heróicas pela sua conquista.

Inútil igualmente relembrar, Senhor Presidente da República, os traumas que marcaram as primeiras décadas da nossa independência, com o seu cortejo de golpes, ajustes de contas e de vinganças, entre antigos companheiros que sois, culminando com a tragédia de junho de 1998, em lutas armadas fratricidas e sanguinárias ?!

Sr. Presidente, esta tragédia serviu de pretexto à invasão ao nosso solo por tropas estrangeiras, dando azo a muita humilhação, causando êxodo das nossas populações além-fronteiras, provocando de novo inúmeros mortos e incontáveis feridos!

A dor foi intensa, Sr. Presidente da República, ver nossos compatriotas, conseguindo transpor fronteira, chegar pés inchados em sangue, depois de muito caminhar pela mata adentro, fugindo à guerra entre irmãos, recebidos em acampamentos desprovidos do essencial, sofrendo física e moralmente, a alma se esvaziando!!!

Ver entulhados, a bordo de navios de fortuna, inválidos, crianças, mulheres, idosos, gente nossa, desembarcados em Terras estrangeiras em grande estado de fragilidade e de indigência, fugindo e deixando atrás seu País a ferro e a fogo, acredite que é uma visão insuportável, de emoção incontida, Senhor Presidente da República. As entranhas não resistiam!!!

Senhor Presidente, num País como o nosso, de um pouco mais de um milhão de habitantes, potencialmente rico em recursos, com camponeses peritos em lavoura, homens e mulheres corajosos no trabalho e no sacrifício, com um céu abençoando com chuvas benfazejas, é um paradoxo que a sua economia esteja como está e seja considerada das mais devastadas dos Países ditos mais «pobres» de África por conseguinte do “Mundo’”?!

A nossa agricultura, num solo fertilíssimo, onde outrora a cultura do arroz abundava, da mancarra também, a extração do coconote e óleo de palma enriquecendo a produção, temos hoje tudo praticamente abandonado, em benefício quasi exclusivo de nozes e vinho de caju, produto como se sabe, empobrece sobremaneira o chão!

A pesca, outro pulmão da nossa economia, sofre duma gestão que se diz incontrolada e incontrolável. Os investimentos feitos em câmaras frigoríficas para a conservaçâo dos produtos do mar em estado de deliquescência?

Outros sectores da vida do País, Senhor Presidente da República, não escapam à miséria:

– Assim, as nossas estruturas hospitalares se encontram imensamente carentes, muitos pacientes, aqueles que dispõem de meios, deverão recorrer a Países estrangeiros, por falta de equipamento e de especialistas nos nossos hospitais. Quid dos outros sem meios??

– Nos nossos Estabelecimentos escolares, as estatísticas revelam que os resultados e o nível do ensino estão cada vez mais baixos. Que a nossa função pública anda bastante desvalorizada, os funcionários sofrendo meses a fio sem salário e este, incompatível com o custo elevado de vida??

– Constante, é a quase inexistência duma rede de energia elétrica doméstica e industrial, sopé indispensável ao conforto nos lares e ao desenvolvimento económico. Inexistência também, duma rede rodoviária ao serviço da populaçâo e transações entre a Capital e outras aglomerações do País…

E já vamos, Senhor Presidente da República, para além de 30 (trinta) anos da nossa independência, mais de uma geração e mais a nossa!!

Os relatórios das mais autorizadas e credíveis Instituições Internacionais divulgam, Sr. Presidente da República, que a situação de pobreza que prevalece
no nosso País, se deve, entre outros males, à péssima governação dos sucessivos regimes, à corrupção, ao desvio de fundos públicos, à concussão, à incompetência!!…

Senhor Presidente da República, a instabilidade crónica que vem minando a vida económica e social do nosso País, tem sido o factor mais ‘’estável’’ desde a nossa Independência!!

Torna-se uma prioridade, um imperativo absoluto, Senhor Presidente, a restruturação das nossas Forças Armadas. Convém proporcionar aos nossos soldados e aos Antigos Combatentes, condições duma existência condigna, instaurar um Exército Nacional Republicano a condizer com as necessidades de hoje, tanto no seu efectivo como na sua modernizaçâo.

A nossa Juventude, Senhor Presidente, vive sem amparo, sem rumo, sem futuro. O desemprego, crónico, não ajuda aspirar a uma vida decente e é de recear que o alcool, a droga, a prostituição, já presentes, venham agravar a sua já tão precária existência. Ela, a nossa juventude, também e infelizmente é inexistente no palco das competições desportivas inter-africanas e internacionais ausentes em encontros culturais!

Senhor Presidente da República, esta é a parte ínfima da realidade que naturalmente estou certo não ignore, e à qual irá estar confrontado logo de início e durante o seu mandato.

Hoje, com o multipartidarismo, se revelaram, como ontem, várias sensibilidades – o que é salutar -, na paisagem política do nosso País. Procure e esforce incutir no espírito de cada guineense, o conceito da tolerância e da irmandade!

Tente, ao pé dos que porventura ainda a cultura de Partido único subsista, doutriná-los à cultura da democracia e de respeito à opiniao doutrem. Ensinar que um irmão que milite num partido diferente pode ser um adversário em termos de ideia doutrinal, mas nunca um inimigo. Porque todos aspiram ao mesmo ideal: O bem do País, o bem de cada um. Faça triunfar a batalha das ideias, sem violência e no respeito mútuo!!

Senhor Presidente da Républica, preconizo que pratique como tentara em 1980, mas desta vez sinceramente, a política de mão estendida a todos os Partidos. Tente, respeitando as regras da democracia pluralista, com o apoio Parlamentar, governar com homens e mulheres competentes, estejam eles onde estiverem e seja qual for a cor do Partido a que pertençam, ou sem Partido nenhum. Privilegie a competência e a honestidade. Tenha em conta única e exclusivamente o interesse geral!!

Senhor Presidente, ao pedir publicamente perdão ao Povo pelos seus erros do passado, deu provas de coragem. O Povo, ao elegê-lo à Magistratura Suprema, confirma a sua magnanimidade. Porém, a História nos ensina também, Senhor Presidente da República, que o Povo pode perdoar, o Povo às vezes, perdoa. Mas o Povo, Senhor Presidente, não esquece, o Povo nunca esquece. A sua memória é in memoriam! A sua memória é perpétua!…

Senhor Presidente da República, tente deixar à História, um novo marco desta sua nova Passagem, antes que o Destino, inexorável, nos leve à Eternidade!!!

Faça com que ao fim deste seu mandato, os filhos da Guiné, possam dizer: ‘’Estamos num bom caminho, entramos finalmente na senda do Progresso e na era de Justiça e de PAZ’’!!

São estes, os votos ardentes deste velho militante, pioneiro da hora H, que se prosterna com respeito e solenidade perante a memória dos que pelo caminho ficaram, dentre os quais o saudoso Amilcar CABRAL, rendendo-lhes Preito e Homenagem pelo sacrifício supremo, na certeza de que a GUINÉ, a nossa Pátria , irá ser (e sê-lo-á) um País ufano, orgulhoso, no sentido nobre da palavra, andando de cabeça erguida, no bem estar e na felicidade de seus filhos, a militar activamente no concerto das Nações Livres e Independentes pela Paz no Mundo!!

Senhor Presidente, através desta Carta Aberta, quero saudar e prestar Homenagem a um outro Símbolo (Vivo) da nossa Luta, Raiz e Mobilizador do nosso Nacionalismo, outra figura mártir da nossa História: Rafael Paula Gomes BARBOSA, nosso Companheiro, meu ilustre Zain LOPES de nome de guerra e da clandestinidade.

Que Deus proteja a Guiné-Bissau.

Aceite, Senhor Presidente da República, os protestos da minha respeitosa consideração.

Henri LABERY (Politólogo – Jornalista Político-Editorialista)

Fundador com Amilcar CABRAL e Rafael BARBOSA, do Primeiro Movimento de Luta pela Independência da Guiné (MING) 1954.

Primeiro Leader Nacionalista duma Colónia Portuguesa a ser reconhecido e admitido no seio das Nações Unidas em Novembro de 1961, advogando do alto da tribuna da Organização Mundial pelo direito da Guiné “Portuguesa” e das Ilhas de Cabo Verde à Auto-determinação, à Soberania Nacional e Internacional enquanto Secretário-Geral do Movimento de Libertação da Guiné e de Cabo-Verde –MLGC- ./

A minha singela homenagem ao Professor Doutor Leopoldo Amado

Foi na madrugada do passado dia 25 de Janeiro que recebi a triste notícia do falecimento em Dacar-Senegal, do Ilustre Filho da Guiné-Bissau, nosso Brilhante Académico, Historiador; um dos melhores investigadores que a Guiné-Bissau gerou e que nos deixa um legado científico vasto e por explorar, não só na sua área de formação, mas numa diversidade complementar de tantas áreas Académicas das Ciências Sociais, sobretudo.

Do Brilhantismo de um Intelectual como tu, recordo-me das nossas divergências, em momentos distintos de conjunturas políticas na nossa Guiné-Bissau; as tais divergências que ajudam a amadurecer pessoas de mente aberta, e a elucidar consciências.

Sim, estivemos de costas voltadas várias vezes, porque cada um de nós fez sempre questão de sustentar, com teimosia, seus pontos de vista, entre evidências e, ou a falta delas, face à situação política da nossa Guiné-Bissau. Não importa, agora, de que lado estava a razão, face às disputas que tivemos, mas sim, reconhecer que as nossas confrontações intelectuais ajudaram-nos a conhecer melhor a realidade histórica, política, social e cultural da nossa Guiné-Bissau, capacitando-nos para melhores contributos ao nosso País.

Porém, foram mais e de maior registo, os momentos bons da nossa convivência patriótica, fraterna e de amizade!

Do que guardarei de ti, sempre, é a certeza de que foste, até ao teu falecimento, o único Académico Guineense a reconhecer, promover, e a valorizar todos os teus compatriotas, motivando-os a fazerem mais e melhor pela nossa Guiné-Bissau!

Onde quer que estejas, sei que me autorizas a partilhar uma das nossas mensagens, para sustentar o reconhecimento, a admiração e a estima que sempre tive por ti.

de: Leopoldo Amado leopoldo.amado@gmail.com
para: Fernando Casimiro <didinhocasimiro@gmail.com>
data: 15/12/2016, 23:16

Caro Casimiro

Li com bastante atenção e deleite o admirável texto de apresentação do teu/nosso livro. Não podias ter melhor apresentação que, alias, remete-nos, a um tempo, para a literariedade subjacente e o realismo envolventes da obra. Que admirável assertividade! Para mais, o texto vem escrito numa linguagem simples, mas carregada de imagens, de afectos e de advertências, estas ultimas, curiosamente, bem calibradas. Bom, mais não digo sobre este quase divino texto, algo arrancado, esteticamente falando, das profundezas do nosso sentir patriótico (algo profundo, simultaneamente ontológico e complexo, ainda por se estudar), mas também das labirínticas circunvoluções mentais que a mítica e mística África (Guiné-Bissau, incluido) suscita no imaginário colectivo dos não-africanos. No caso em apreço, esta “approch”, quiçá involuntária, galgou os limites do belo da natureza e da magnificência do nosso profundo sentir. Dir-se-ia mesmo que este texto, simplório ate demais, mas profundo ate dizer chega (!), marcara de forma indelével o porvir de uma nova forma de literariedade política, de resto, muito em gestação galopante entre os guineenses, sobretudo da diáspora.
Tudo isso para te dizer, caro Didinho e primo (que o somos!, depois explico-te como, se bem que para o caso isso pouco importa) que esta obra, de três volumes,  interessa-me sobremaneira, pelo seu putativo potencial contributivo e, igualmente, pela substancia que encerra, independentemente dos juízos de valor do autor que aqui e acolá comporta,  e com o qual podemos ou não concordar (isso são outros quinhentos!).
Assim, convido-te a poderares comigo a possibilidade de o lançarmos a tua obra no INEP, na tua terra (Nha Tchon), com distinta e elevada solenidade, porque mereces, bastando para tal a evocação da tua entrega total à sua laboração, aliás, também confirmada pela autora de serviço do belíssimo texto de apresentação da mesma.
Parabéns Casimiro, bem-haja Didinho.
Melhores saudações.
Leopoldo Amado, Ph.D

Director-Geral do INEP –  Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa
Tel. +245 95968410 ou +245966601731
e-mail: leopoldo.amado@gmail.com
Nome Skype: leopoldo.amado45
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Mesmo com tanto para fazer, lias tudo, de todos, ignorando que o dia tem 24 horas e que entre o dormir e o acordar, também precisavas de te dedicar a ti e à tua família.

A Academia preencheu a tua vida, enriquecendo-te com conhecimentos, que se transformaram igualmente em sabedorias, de uma vida vivida com encanto e sem arrependimentos, certamente, digo eu…

Pena que tenhas partido tão cedo, quando tinhas muito para dar à tua família, à nossa Guiné-Bissau, à nossa África, e ao nosso Mundo…

Parafraseando  Fréderic François,

“Il faut dire je t’aime
À tous ceux qu’on aime
Tant qu’ils sont vivants, vivants
Il faut dire je t’aime
À tous ceux qu’on aime
Tant qu’il en est temps, encore temps”

Professor Doutor Leopoldo Amado “Poio”, meu estimado primo e amigo, descansa em Paz!

Didinho 14.02.2021


UM TRABALHO DE EXCELÊNCIA – ENTREVISTA DO JORNAL O DEMOCRATA AO PROFESSOR DOUTOR LEOPOLDO AMADO

DA EMBRIOLOGIA NACIONALISTA À GUERRA DE LIBERTAÇÃO NA GUINÉ-BISSAU

Simbólica de Pindjiguiti na óptica libertária da Guiné-Bissau

Elegia ao Professor Pinto Bull

OS G’s que decidiram o final do Império colonial

PERSPECTIVAS DE 2021 FACE À GUINÉ-BISSAU?

Perspectivas de 2021 face à Guiné-Bissau?

A pandemia que assolou o nosso planeta terra, em 2020, provou a nossa fragilidade humana, tendo em conta que experimentamos os efeitos maléficos do vírus e vivemos às incertezas do futuro, mas aguardando a eficácia das vacinas.

No entanto, além do aspecto (sanitário) decorrente da pandemia, há-que ter em consideração os aspectos (económico e social) produzidos pela pandemia covid-19.

Segundo o grupo bancário privado J. MORGAN, há cinco questões-chave que podem marcar o ano 2021:

1 – Vírus

2 – Diplomacia Internacional

3 – Inflação

4 – Ações

5 – Dólar

Primeira questão:

Os efeitos do vírus serão incontornáveis e provavelmente farão parte ativa dos cálculos estatísticos mundiais nas próximas décadas, num universo de mais 7 mil milhões de pessoas, com implicações nas dinâmicas económico-comerciais a nível global.

A vacina, ou melhor, as vacinas anunciadas, recentemente, reavivaram os teatros da “guerra fria”, entre os aliados e os socialistas do período pós-segunda guerra de (1939-1945) aos finais dos anos (80), desta feita, sobre quem recai o ônus da eficácia das vacinas, o tempo dirá…

Segunda questão:

No que toca à diplomacia internacional, esta questão é deveras importante para países como nosso – Guiné-Bissau – na medida em que terão que fazer “das tripas o coração”, ou seja, devemos “lavar” nossa imagem “negativa” de instabilidade crónica; do narcoestado; da corrupção; de conflitos institucionais; e devemos apostar numa diplomacia económica e “agressiva”, como disse e bem a nossa chefe da diplomacia, Dra. Suzi Barbosa. Uma diplomacia voltada às questões económicas, (i.e promoção do Investimento Direto Estrangeiro; Promoção das Potencialidades Turísticas e da nossa Biodiversidade). Ora, inspirados na nossa localização geográfica privilegiada, tanto no quadro da CEDEAO, quanto na UEMOA, fazer dessas valências a causa estratégica da diplomacia comercial.

Terceira questão:

É verdade que, após a nossa adesão à UEMOA, a 2 Maio de 1997, conhecemos uma estabilização da IPC – inflação ao preço do consumidor, em grande parte, por causa da política de convergência cuja média anual não pode ultrapassar 3%. Por isso, não apresentamos uma “inflação galopante” devido aos efeitos da UEMOA e a estabilidade monetária do Franco da Comunidade Financeira Africana. Não obstante, sermos o país “menos produtivo” do espaço comunitário de origem francesa.

Quarta questão:

As ações das empresas nacionais, isto é, as ações das empresas que operam no território da Guiné-Bissau podiam ser “publicitadas” na Bolsa de Valores da UEMOA, com sede em Abidjan, tornando-as mais competitivas e atraentes a nível regional e internacional. Para que isso ocorresse, o governo, através do ministério das Finanças e da Economia, devia e podia promover o tecido do empresariado nacional voltado às exportações e à diversificação económica, sobretudo a hipotética exploração dos minérios (i.e petróleo, área pesada, bauxite e fosfato) o que poderia valorizar as ações (direitos e obrigações) das nossas empresas face ao comércio internacional e diminuir as assimetrias regionais e, quiçá, o défice crônico da nossa balança comercial.

Quinta questão:

A moeda internacional dólar poderá conhecer “ameaças” da pujança económica chinesa, se tomarmos em conta o dinamismo das suas empresas reveladas pela pandemia; a nova onda de 5G que não depende mais das empresas norte-americanas; a re-industrialização da Europa e propagada diversificação económica dos países emergentes, em África, colocarão em cheque a moeda norte-americana, no que tange à taxa de câmbio (regulador do comércio internacional); fala-se da moeda eletrónica; da ECO, etc.

Face à todas as expectativas ao ano 2021, vale reafirmar, por conseguinte, que “não há Estados pequenos”, por isso torna-se necessário traduzir de discurso à prática, e em algo concreto em prol da nossa Guiné-Bissau no concerto das nações.

Apenas uma opinião!

Santos Fernandes Lisboa, 30 de Dezembro de 2021.