CARTA ABERTA À DIRECÇÃO DA RÁDIO TELEVISÃO DE PORTUGAL (RTP) E AO SEU DELEGADO NA GUINÉ-BISSAU, FERNANDO TEIXEIRA GOMES
" Nós, guineenses e africanos, não aceitaremos mais, quaisquer insultos e, muito menos aqueles sustentados por complexos de superioridade!" Didinho
Fernando Casimiro (Didinho) 30.03.2012 No passado dia 27 de Março tive acesso à reportagem apresentada no programa "Repórter" da RTP África, sobre o processo eleitoral das presidenciais antecipadas de 18 de Março na Guiné-Bissau. Da apresentação da reportagem, com incidência para uma conferência de imprensa promovida pelo Secretário-Executivo da Comissão Nacional de Eleições da Guiné-Bissau, houve uma análise de fundo do teor da conferência de imprensa do Secretário-Executivo da Comissão Nacional de Eleições da Guiné-Bissau, por parte do delegado da RTP na Guiné-Bissau. Uma análise em desrespeito a um membro (Secretário-Executivo, ou o nº 2) de uma instituição nacional afecta a um órgão de soberania da Guiné-Bissau, concretamente, a Assembleia Nacional Popular, numa clara e manifesta atitude tendenciosa de ridicularização, descredibilização e, mais grave, de ingerência nos assuntos internos da Guiné-Bissau! O delegado da RTP na Guiné-Bissau, jornalista Fernando Teixeira Gomes, desconhecedor da LEI DA COMISSÃO NACIONAL DE ELEIÇÕES, bem como da postura ética de distanciamento sobre o pronunciamento em matérias que não são de índole jornalística, mas sim, de análise política e de natureza interna institucional, quis dar a conhecer o seu manifesto de voto político, associado ao da Rádio Televisão de Portugal, numa eleição realizada num país designado por Guiné-Bissau e não Portugal... O desconhecimento da Lei da Comissão Nacional de Eleições, é por si só, sinónimo de tratar a Guiné-Bissau como um país do "faz de conta" e os guineenses como povo com cabeça, mas sem cérebro... Em Portugal, algum jornalista ou outro afecto à RTP, canal considerado de serviço público, pago pelos contribuintes, ousaria "atirar-se" a algum dirigente político-partidário ou em representação de uma instituição ligada a um órgão de soberania, em jeito de julgamento público, de ridicularização e descredibilização? Não e Não, pelo que sei e tenho constatado ao longo destes vinte e quatro anos que levo de Portugal... A RTP tem por hábito, em Portugal, analisar posicionamentos de políticos ou outros, em jeito de "julgamento" tal como aconteceu na análise do seu delegado na Guiné-Bissau, Fernando Teixeira Gomes, depois da montagem das peças da conferência de imprensa, sem que isso fosse do conhecimento do interveniente na conferência de imprensa? Não, nunca assisti a fenómenos do género na Televisão portuguesa, até porque, a liberdade de expressão é um dos direitos consagrados na constituição de qualquer país democrático. O que motivou o delegado da RTP na Guiné-Bissau a insistir tanto no facto de o Secretário-Executivo da Comissão Nacional de Eleições ser membro de um partido político guineense, o PRS, que apoia a candidatura do Dr. Kumba Yalá nestas presidenciais, mas que não fez questão de referir que o Presidente da Comissão Nacional de Eleições é membro do PAIGC partido que apoia Carlos Gomes Júnior? Porquê esta investida que dispensa análises tendenciosas e acabam por suscitar indignação e até, "revoltas" que podem perigar a vida de outrem, quando a Rádio Televisão de Portugal está na Guiné-Bissau para servir a Guiné-Bissau, os guineenses, portugueses e todos que lá estão, sem olhar a nomes? Será com atitudes tendenciosas do tipo do delegado da RTP na Guiné-Bissau, Fernando Teixeira Gomes, que Portugal espera ver reconhecido o seu papel de interlocutor privilegiado sobre assuntos da Guiné-Bissau? Portugal deveria manter-se isento nas disputas institucionais da Guiné-Bissau, ou, no essencial, oferecer-se como facilitador, sem julgar a quem, sem beneficiar a quem! A atitude do jornalista e delegado da RTP na Guiné-Bissau, Fernando Teixeira Gomes deve ser alvo de inquérito e responsabilização, até por uma questão de afirmação da isenção e da não ingerência da RTP e de Portugal, nos assuntos restritos aos órgãos de poder da Guiné-Bissau. Uma coisa é informar/noticiar. Outra, é imiscuir-se nos assuntos internos de um país, tomando partido por uma das partes, ridicularizando um dirigente de uma estrutura de um órgão de soberania de um país, por um cidadão estrangeiro, como foi o caso! África deve abdicar da legitimação democrática por via das eleições e do posicionamento dos observadores internacionais. Alguém viu algum país europeu sustentar os seus actos eleitorais com base no que dizem os "observadores internacionais" ? Como aceitarmos que antes do pronunciamento sobre os resultados eleitorais, se pressione, se imponha a aceitação dos resultados, como tem sido apanágio das missões de observadores internacionais? Em que democracia se assiste apenas a aceitação e se condena a reivindicação? Porque não esperam os observadores internacionais pela divulgação dos resultados, primeiro, para depois emitirem a "cassete" do costume: "Estas eleições foram livres, justas e transparentes"? Solicito à Direcção da RTP que reveja a posição, a conduta e a Missão a que se propôs na Guiné-Bissau, por forma a não ser tida nas atitudes pessoais, questionáveis e lamentáveis do seu delegado na Guiné-Bissau, Fernando Teixeira Gomes. Se nada for feito no sentido de reconhecer o erro da ingerência tendenciosa do delegado da RTP na Guiné-Bissau, seremos obrigados a concluir que Portugal não respeita os órgãos de soberania da Guiné-Bissau e que, a cooperação luso-guineense se restringe a interesses pessoais/privados, com prejuízos para a Guiné-Bissau e para o povo guineense. COLONIALISMO? NUNCA MAIS! NEOCOLONIALISMO? NÃO E NÃO! Respeito e cooperação, SEMPRE! Com os melhores cumprimentos Fernando Casimiro (Didinho)
VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR! Cultivamos e incentivamos o exercício da mente, desafiamos e exigimos a liberdade de expressão, pois é através da manifestação e divulgação do pensamento (ideias e opiniões), que qualquer ser humano começa por ser útil à sociedade! Didinho O MEU PARTIDO É A GUINÉ-BISSAU!
VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR!
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