A SAÚDE DOS GUINEENSES NA GUINÉ E NA DIÁSPORA

Prof. Joaquim Tavares

Prof. Joaquim Silva Tavares (Djoca)

joaquim.tavares15@gmail.com

23.08.2010

 

 

 

Editorial de Agosto

Este editorial será quase totalmente dedicado a comentários sobre a segunda parte da autobiografia do nosso estimado e ilustre doutor Elísio Bento de Carvalho.

Não tenho palavras para descrever o misto de inquietude, raiva e desilusão que senti ao ler esta última parte. Ao terminar o último parágrafo, pensei para comigo: afinal de contas, a minha odisseia, comparada com a odisseia dos meus irmãos e colegas médicos que estão a batalhar na Guiné foi mais FÁCIL.

Aqui na Diáspora, sabemos com o que lidamos: pelo bem ou pelo mal, sabemos que vamos enfrentar discriminações, racismos e outros "ISMOS", e quando isso acontece, o nosso cérebro já estava preparado para o choque/trauma psicológico e levantamo-nos logo de seguida para irmos ao “combate” no próximo dia.

Quando na nossa própria Terra, a que voluntariamente regressamos (cheios de ideais, de sonhos de criar o Paraíso que os nossos antepassados nos falaram; determinados e com vontade de erradicar doenças), os nossos “irmãos” nos tratam como se fôssemos os piores inimigos da Guiné; como se o facto de se concluir um curso superior fosse sinónimo de um indivíduo ter um alvo nas costas/cabeça (temporada aberta da “caça às bruxas”; E esse impostor que pensa que é melhor do que nós, só porque tem um diploma de curso superior, temos que lhe mostrar quem tem poder…

Sejamos realistas: Ninguém está preparado para isso!

É o início do desmoronar de muitos sonhos: viver das magras subsistências dos pais, tios, primos, filhos; apanhar autocarros ou caminhar para o hospital para trabalhar “de graça”.

Temos que bater palmas e homenagear o Elísio e muitos outros colegas que passaram e ainda estão a passar por afrontas, quando o que querem é simplesmente melhorar a saúde das nossas populações.

O Dr. Elísio não desistiu! Em tempos de Guerra, em tempos de “paz”, ficou-se pela Guiné a batalhar, não só para salvaguardar a sua honra, mas, principalmente, para salvar a dignidade e a saúde dos seus pacientes.

Como em qualquer outro período da História da Humanidade em que o MAL parece ter infectado tudo e todos, alastrando-se pela Guiné, como a Peste Bubónica se alastrou pela Europa na Idade Média, há sempre campeões do BEM, como os casos de pessoas que ajudaram este nosso colega e digno filho da Guiné: casos da Sra. Arlette Cabral, Sra. Inácia Spencer, Coronel Afonso Té, Engenheiros Alberto Costa, Félix Diouf, Pedro Batista, Amidu Sila, e muitos outros/as.

Tenho certeza que há muitas outras pessoas de BEM na Guiné e peço-lhes que não tenham vergonha (não está na moda) de praticar o BEM.

Outro aspecto que me chamou a atenção: o relegar dos nossos quadros/filhos para a segunda fila, quando se trata de escolher entre estrangeiros e filhos da Terra (ainda praticamos o velho ditado: “santos da casa nao fazem milagres”).

Basta lerem a Autobiografia do Dr. Elísio e terão a resposta: Os santos da casa podem fazer milagres….e mais!!!

Apesar de a certo ponto parecer o sujeito da canção do nosso “Trovador” Maior (Abô na rua suma pena! pena de galinha na bento), Elísio não desististe e tornaste-te num homem melhor do que quando regressaste à Pátria que tanto amas e que teve reticências em te devolver o gesto!

E outra vez os horrores da Guerra: muitas vidas destroçadas, hospitais e programas bem estruturados que foram destruídos e nunca mais voltaram….

Para terminar, os meus votos de sinceras melhoras para um grande amigo meu que recentemente teve que ir a Portugal tratar de complicações da Diabetes; Para todos os Diabéticos, não se esqueçam:

1-     Dieta controlada e delineada por um profissional de Saúde (médico, enfermeira, nutricionista).

2-     Evitar bebidas alcoólicas.

3-     Exercitar regularmente.

4-     Visita médica cada 3 a 6 meses, com análises sanguíneas/urinárias recomendadas pelo médico.

5-     Consulta com o Podiatra uma vez por ano (exame rigoroso dos dedos dos pés - risco de infecção grave e mesmo amputação se não tratado a tempo).

6-     Visita ao oftalmologista uma vez por ano.

 

Joaquim Silva Tavares, MD, FACP, FCCP, FAASM

Djoca

DR. ELÍSIO BENTO DE CARVALHO - O HOSPITAL CENTRAL DAS FARP 22.08.2010

DR. ELÍSIO BENTO DE CARVALHO  - Biografia  04.07.2010

 

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