O
Presidente da República, Malam Bacai Sanhá, errou, quando recentemente em França
fez as declarações que fez sobre os processos das investigações judiciais em
curso, relativamente aos assassinatos de Tagme Na Waie e João Bernardo "Nino"
Vieira, ocorridos a 01 e 02 de Março de 2009, respectivamente.
No seu regresso a Bissau, o Presidente da República voltou a
errar ao "puxar dos galões" para reafirmar o que dissera em França, lançando
claramente suspeitas contra personalidades políticas que fazem parte do
actual governo, bem como, contra altas figuras militares que não os que
actualmente controlam as Forças Armadas e, porque não dizê-lo, o país.
Teria o Sr. Presidente da República cometido o mesmo erro 2
vezes por ninguém lhe ter alertado sobre isso?
Não! A meu ver, há um detalhe muito
importante que demonstra que o Presidente da
República ao proferir as acusações que fez, agiu simplesmente
em retaliação às
alegadas acusações que contra ele e o seu filho tinham sido publicadas no jornal "Luanda
Digital", conotando-os com o narcotráfico.
As datas entre a publicação da
notícia pelo "Luanda Digital" e a entrevista concedida pelo Presidente Malam
Bacai Sanhá à revista "Jeune Afrique" mostram-nos, de forma esclarecedora, que o
Presidente da República agiu por vingança e má fé, como que admitindo que a
notícia divulgada pelo "Luanda Digital" pudesse ter sido facultada por elementos
da "ala" do Primeiro-ministro Carlos Gomes Jr., pois nessa altura foi (e
ainda hoje é) notória uma "guerra aberta" na Internet, principalmente, entre
as "alas" de Malam Bacai Sanhá e de
Carlos Gomes Jr., guerra essa que permite a cada defensor dos verdadeiros
interesses da Guiné-Bissau e do povo guineense, analisar e concluir que as
"alas" de um e de outro, a exemplo dos protagonistas, Malam Bacai Sanhá e Carlos
Gomes Jr., apenas defendem interesses de conveniência, não se preocupando
minimamente com a causa maior, a Guiné-Bissau, e com o único prejudicado com a permanente
instabilidade no país, o povo
guineense!
A notícia que caiu mal ao Presidente Malam Bacai Sanhá foi
publicada no dia 28.05.2010.
As declarações de Malam Bacai Sanhá foram proferidas no dia
01.06.2010...visando
claramente o Primeiro-ministro Carlos Gomes Jr., ainda que não se referindo
directamente a ele.
Quando Malam Bacai Sanhá afirma que, por ser Presidente da
República, está na posse dos relatórios preliminares da Comissão de Inquérito
sobre os assassinatos de Tagme Na Waie e Nino Vieira e que os guineenses
precisam saber a verdade que consta desses relatórios, como escrevi
recentemente, está a violar o Segredo de Justiça!
Pelo queconsta do artigo
80º do Código do Processo Penal, as declarações do Sr. Presidente da República
violam o compromisso de fidelidade de quem tomou contacto/conhecimento de um
processo judicial em curso.
ARTIGO 80º
do Código do Processo Penal da
Guiné-Bissau
(Segredo
de justiça)
1. Todos os
participantes e quaisquer pessoas que, por
qualquer título,
tomarem contacto com o processo e conhecimento,
total ou parcial, do seu conteúdo, ficam
impedidos de o divulgar.
Retomo hoje esta questão porque, pela 2ª vez, desde que o
Presidente da República proferiu as declarações sobre o envolvimento de
políticos e militares nos assassinatos de Tagme Na Waie e Nino Vieira, o
Partido da Renovação Social - PRS exige que o
Presidente da República dê a conhecer os nomes dos políticos e militares
envolvidos nesses assassinatos e constantes desses relatórios que o Presidente
da República diz possuir.
A pressão do PRS é estratégica, já que também está na posse
desses relatórios e sabe que nele consta o nome do Primeiro-ministro Carlos
Gomes Jr., como alguém que está em Bissau e que também já teve acesso aos
relatórios, me confirmou recentemente.
A divulgação pública desses relatórios, mesmo sendo
preliminares, obviamente que "forçará" a demissão do ainda Primeiro-ministro
Carlos Gomes Jr., um Primeiro-ministro a prazo, o que é perigoso para a defesa
dos interesses do Estado, já que, fragilizado e permanentemente chantageado, vai
cedendo, tal como cedeu na nomeação de António Indjai para Chefe do Estado-Maior
General das Forças Armadas e quem sabe, a seguir ser-lhe-á imposta uma
remodelação governamental, reconsiderações, anulações de acordos já assinados
entre uma série de hipóteses a considerar, pois está a prazo e sabe-lo melhor do
que ninguém!
Com a nomeação de António Indjai para Chefe do Estado-Maior
General das Forças Armadas, pretende-se forçar a um extremar de posições a nível
das relações de cooperação existentes entre a Guiné-Bissau e a União Europeia,
por exemplo, seu principal parceiro.
Pretende-se que a Guiné seja "abandonada", para que o
narcotráfico se afirme fruto desse "abandono".
Se o Governo de Carlos Gomes Júnior for derrubado, não
haverá eleições tão cedo, pois tem sido a União Europeia e as Nações Unidas, as
principais fontes de financiamento e patrocínio das eleições na Guiné-Bissau e o
Governo de iniciativa presidencial que vier a ser formado e que não precisa de
eleições, contará com inúmeras figuras do PRS... Digamos que o PRS apenas quer o
derrube de um Governo, para de seguida, fazer parte de um outro Governo, que não
foi legitimado nas urnas. Isto não é defender o interesse nacional, não é fazer
oposição, não é fazer política!
Que se critique o Governo de Carlos Gomes Júnior, que se
denuncie a gestão danosa e os crimes cometidos por Carlos Gomes Júnior e que se
apresentem provas das acusações na Assembleia Nacional Popular, onde o PRS tem
assento parlamentar e que perante essas provas, a Assembleia Nacional Popular
formule ao Ministério Público um pedido de investigação e consequente abertura
de Processo criminal ao Primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior. Tudo isso seria
correcto e visto como um posicionamento natural, se o PRS ou qualquer outro
partido político assim tivesse agido, mas não foi, não é o caso!
O PRS exige a divulgação de nomes de implicados nos
assassinatos de Tagme Na Waie e Nino Vieira, mas esquece-se de que o seu líder
Kumba Yalá acusa quando quer e quem quer, sem nunca ter apresentado provas das
acusações que faz...
O PRS, infelizmente, só vê criminosos na pessoa do
Primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior e do Almirante Zamora Induta, quando há
mais, muitos mais, inclusive no seio do próprio PRS...
Que o PRS tenha a coragem de divulgar os nomes constantes
nesses relatórios, ao invés de exigir ao Presidente da República que o faça,
pois o PRS está há muito, na posse desses documentos e não avançou com os nomes,
para não ser conotado como parte envolvida no que tem estado a acontecer na
Guiné-Bissau desde o passado dia 01 de Abril.
Não é demais dizer que, falar de eleições na Guiné-Bissau
perdeu todo o sentido. O voto popular nunca chega a ser respeitado. Os milhões
que são disponibilizados para as eleições perdem-se ingloriamente a cada vez que
o poder legalmente instituído é demitido pela força das armas ou por golpes
palacianos.
Na Guiné-Bissau de hoje, o narcotráfico, que apoia
financeiramente os partidos políticos e candidatos presidenciais, influenciará
qualquer eleição que vier a ser realizada no país. Eles aí estão, comprando
terrenos por todo o país, construindo pequenas infra-estruturas de utilidade
básica para as populações, no sentido de contar com os seus votos sempre que
houver eleições. Muita gente não está a par desta realidade. A situação é
GRAVE!
O Presidente da República tem a palavra, já que traindo o
Segredo de Justiça ao dar a conhecer publicamente, partes de conteúdos de
relatórios preliminares, de processos por concluir, é obrigado a gerir o clima
de suspeição que levantou.
Se o Presidente da República realmente quisesse agir em nome
da verdade e do interesse nacional e não em retaliação, impulsionado pelo
espírito de vingança contra o Primeiro-ministro Carlos Gomes Jr.;
Se o Presidente da República tivesse confirmação do
Ministério-Público e autorização para abordar uma questão de foro judicial do
Estado, e abrangido pelo Segredo de Justiça, por que não convocou, para consulta, o
Conselho de Estado, já que alegadamente, altas figuras civis e militares estão
referenciadas nos relatórios preliminares, tendo preferido descarregar a sua
raiva através da revista "Jeune Afrique", desrespeitando o povo que o elegeu,
desrespeitando as instituições da República e o país?!
Se o Presidente Malam Bacai Sanhá quisesse realmente
posicionar-se do lado da verdade, não deveria tomar partido dos golpistas do
passado dia 01 de Abril, pois que, António Indjai comandou o grupo que matou o
ex- Presidente Nino Vieira, para além de estar envolvido no narcotráfico. Mas
infelizmente, sobre António Indjai, o Presidente da República continua a ter e a
partilhar as melhores referências...
Onde está a verdade Sr. Presidente Malam Bacai Sanhá?!
Esteja
ciente Sr. Presidente Malam Bacai Sanhá, que mais verdades serão conhecidas,
incluindo as que o Sr. Presidente tem estado a ocultar, por conveniência, por
cumplicidade...
Sobre as
boas relações que o Presidente Malam Bacai Sanhá continua a dizer que mantém com
o Primeiro-ministro Carlos Gomes Jr. e vice-versa, os guineenses dispensam essa
hipocrisia!
REAFIRMO: O meu partido é a Guiné-Bissau,
o meu compromisso é com a
Guiné-Bissau e com o povo guineense! Não alinho em "alas",
tenho a verdade como princípio e a
Justiça como valor na minha afirmação como ser humano íntegro!
PR reafirma envolvimento de personalidades
políticas nos assassínios de "Nino" Vieira e Tagmé Na Waié
Bissau, 09 jun (Lusa) -- O Presidente da
Guiné-Bissau reafirmou hoje que personalidades políticas estiveram envolvidas
nos assassínios de "Nino" Vieira e Tagmé Na Waié e que como chefe de Estado deve
dizer a verdade que um dia será tornada pública.
Em declarações aos jornalistas após ter regressado ao
país proveniente de França, Malam Bacai Sanhá afirmou que
perante as informações de que dispõe
não podia evitar falar do assunto e nos moldes em que o fez.
"Evitar porquê?
Eu não sou um Presidente de ziguezagues.
Digo aquilo que penso e aquilo que
sei. Eu sou Presidente da Republica, por conseguinte estou na posse
dos relatórios preliminares da comissão de inquérito e os relatórios dizem
isso", disse Malam Bacai Sanhá.
Fonte: Agência Lusa
Com nomes de políticos,
deputados, militares e empresáriosEUA vão divulgar lista com 120 nomes
de guineenses suspeitos de narcotráfico
2010-05-28 13:03:44
Luanda - Os Estados Unidos
da América estarão a ultimar uma lista com 120 nomes de cidadãos guineenses
suspeitos de envolvimento no narcotráfico.
Esta lista incluirá nomes de políticos,
deputados, militares e empresários guineenses que não só verão os seus bens
nos EUA congelados, à semelhança de Bubo Na Tchuto e Papa Camará, como
também serão objecto de um forte controlo por parte das instituições de
combate à criminalidade internacional.
O Luanda Digital conseguiu apurar que
uma das empresas visada
poderá ser a AFRIPECHE, empresa de pesca e exportação de peixe sedeada em
Bissau e gerida por «Bacaizinho», filho do Presidente da República da
Guiné-Bissau.
Segundo a investigação realizada, a AFRIPECHE é suspeita de no âmbito das actividades de pesca e
distribuição funcionar como agente facilitador do narcotráfico.
O caso poderá ganhar contornos de escândalo em termos da política guineense
uma vez que entre os
proprietários da empresa está o Presidente da República Malam Bacai Sanhá,
que detém uma participação não divulgada na empresa.
Um dos factores que terá levantado as primeiras suspeitas das autoridades
norte-americanas terão sido as ligações da empresa às ilhas Canárias,
Senegal e Marrocos, importantes portas de entrada de cocaína em território
europeu.
Le président
bissau-guinéen Malam Bacai Sanha revient sur les troubles dans son pays. Et
affirme, pour la première fois, que des hommes politiques sont impliqués dans le
double assassinat de l'ex-président Bernardo "Nino" Vieira et du chef
d'état-major des armées, Tagmé Na Waié, en mars 2009. Interview.
Malam Bacai Sanha:
C’est un conflit personnelentre deux hommes qui a dégénéré.
Induta est arrivé à son poste en
mars 2009, juste après l’assassinat de l’ancien chef d’état-major Tagmé Na Waié,
avec pour mission de réformer l’armée.
Il n’avait jamais été chef d’unité, à la différence d’António
Indjai, un vétéran de la guerre d’indépendance,
très respecté par les soldats.
Quand Indjai a appris qu’Induta
préparait sa destitution, il a pris les devants.
Que va-t-il advenir des
personnes arrêtées?
Induta
a été mis aux arrêts
avec le chef du renseignement militaire, le colonel Samba Djaló.
Il est accusé
d’abus de pouvoir, de détournement de fonds, de trafic de drogue… Tous devront
s’expliquer devant un tribunal
militaire, y compris Indjai.
Elle avance lentement, car nous
avons peu de moyens et nous n’en avons pas obtenu davantage de l’ONU, malgré nos
sollicitations. Mais d’ici quelques semaines, la
commission d’enquêteprésentera ses conclusions préliminaires. Tout ce que je peux dire, c’est
que des personnalités politiques sont
impliquées dans ces assassinats.
Quelles personnalités?
Pour
le moment, je ne peux pas en dire plus.
L’armée est une source
d’instabilité en Guinée-Bissau. Peut-on la réformer?
Oui, et c’est ce qu’elle
souhaite!
Mais il faut des financements:
on ne peut pas placer à la retraite des militaires, qui ont parfois trente ans
de service, sans indemnités ni pension. Au total, cette réforme coûte plus de 50
millions d’euros, 100 millions si l’on inclut les services de sécurité.
Le 8 avril, les
États-Unis ont gelé les avoirs du contre-amiral José Américo Bubo Na
Tchuto, un proche
d’Indjai, qu’ils soupçonnent d’être un narcotrafiquant. Que comptez-vous faire?
Nous avons aussitôt demandé aux
Américains de nous fournir des preuves,
pour que nous puissions agir de notre côté. Pour l’instant,
nous n’en avons reçu aucune.
L’État a-t-il les moyens
de lutter contre le trafic de drogue?
C’est une de nos priorités, au
même titre que la réforme de l’armée, mais nous avons besoin d’aide
supplémentaire.
Exemplo de um texto da ala favorável ao
Presidente Malam Bacai Sanhá
DAS PERSONALIDADES ENVOLVIDAS NOS ASSASSINATOS
DE NINO E TAGME NA WAIE: PORQUE A AFIRMAÇÃO DE BACAI SANHÁ FAZ ONDAS NAS
HOSTES DE CARLOS GOMES JÚNIOR?
Article posté le 12-06-2010
A Guiné Bissau
realmente deseja o estabelecimento de uma paz permanente? A questão é pertinente
nos dias de hoje, porque desde que o Presidente Bacai Sanha, revelou que há
personalidades envolvidas no duplo assassinato de Nino e Tagme Na Waie, as
pessoas não cessam os rumores considerando de muito perigosa a declaração do seu
Presidente. No entanto, não há mal nenhum nessa declaração. Ela
deve antes de mais tranquilizar os guineenses sobre o compromisso assumido pelo
Presidente da República de encontrar os assassinos dos dois homens e que a lei
seja aplicada para que os crimes desta natureza não voltem a repetir-se no país.
É a via real para acabar com esta série de assassinatos de figuras públicas.Outrossim, as
pessoas esquecem-se de que o Presidente Bacai Sanhá prometeu durante a campanha
eleitoral trazer a verdade sobre o assassinato de Nino e Tagme Na Waie para que
esses criminosos sejam punidos fortemente. É nesta dinâmica que se lançou o
Presidente da Guiné-Bissau, que também deseja desse modo honrar a sua promessa
eleitoral. Porque as promessas são feitas para serem cumpridas. Outra
promessa eleitoral de Bacai Sanha é a luta contra o narcotráfico, a reforma das
forças armadas, a dinamização da economia e pagamento dos salários. Hoje os
resultados estão a confirmar as suas promessas durante a corrida presidencial de
2009, nomeadamente o pagamento dos salários, que se efectua.Assim, é lógico e
normal que os assassinos de figuras públicas sejam identificados e levados à
justiça, mesmo que a população tema que este episódio tenha desdobramentos
incontroláveis como o mergulhar o país no caos. Não,
temos de fazer justiça aos parentes das vítimas. É dever de um chefe de Estado
responsável e preocupado com a igualdade dos cidadãos perante a lei. No entanto,
é o mesmo povo que exigia a verdade sobre esses assuntos que parece retrair-se.
Porquê essa mudança? O que
receiam os apoiantes do Primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior, a ponto de
procurar manipular a imprensa tentando rotular Bacai Sanha de traficante de
drogas? Será porque um deles está envolvido no duplo assassinato? Actualmente,
a Guiné-Bissau não quer cair nessa espiral de golpes, assassinatos e ajustes de
contas. Mas, ainda assim, os pais, crianças e mulheres vítimas, querem saber a
verdade sobre a morte dos seus entes queridos.
Complô CONTRA CADOGO JUNIOR E
SEUS MAIS PRÓXIMOS COLABORADORES
URDIDO PELAS DUAS DUPLAS:
A. ANTÓNIO N`DJAI/BUBO NA
TCHUTO/ - na sombra
(PRS/Grupinho PAIGC)
B. MALAM BACAI SANHÁ/AMINE
MICHEL SAAD
A intervenção militar abusiva de
01 de Abril protagonizada pelos
senhores António N`Djai e Bubo
Na Tchuto indicia um complô
contra o Primeiro-Ministro,
conforme a seguir se vai
justificar.
1. Malam Bacai Sanhá não nutria
qualquer simpatia pelo Zamora
Induta, porque também este,
naquela sua arrogância, nunca
respeitou o PR.
2. Na noite anterior aos
acontecimentos de 01 de Abril, o
António N`Djai foi recebido pelo
Malam Bacai Sanha que,
provavelmente, terá recebido
daquele a sua justificação para
a intervenção (basta ver que o
PR, em diversas ocasiões,
afirmou que o António N`Djai
soube que o Zamora Induta se
preparava para o destituir e se
lhe antecipou) que ele
certamente terá dado luz verde
ao Vice para o golpe, como uma
oportunidade para se livrar do
CEMGFA. Aliás, basta ver que, a
seguir a intervenção de 01 de
Abril, o PR afirmou perante a
imprensa que não existem
quaisquer possibilidades de o
Zamora Induta voltar ao cargo
após a sua detenção pelo seu
vice, limitando o campo de acção
dos que, porventura, quisessem
entabular alguma mediação para
ultrapassar a crise. Seria uma
matéria, para o PR, não
negociável.
3. O António N`Djai e Bubo Na
Tchuto ordenaram ilegalmente a
prisão do Zamora Induta e Samba
Djalo em condições, tudo leva a
crer, desumanas e degradantes,
incluindo tortura física e
psicológica (pelo menos, assim
se deve presumir, por não ter
havido uma intervenção judicial
nas duas detenções). Os dois
foram colocados em situação de
absoluta desprotecção no plano
dos direitos fundamentais,
nomeadamente de não terem sido
assistidos por defensores por
eles escolhidos, conforme dita a
Constituição da República da
Guiné-Bissau e, ainda, obrigados
a confessar factos que lhes são
sugeridos pelos seus carrascos,
nomeadamente para incriminarem
os adversários políticos como
convém.
4. O António N`Djai e Bubo Na
Tchuto depois de consumarem as
prisões de Zamora e Samba,
decidem, provavelmente,
aconselhados pelo PGR, Amine
Saad, apresentar queixa contra o
primeiro ao Ministério Público.
No fundo, impuseram ao MP um
processo-crime totalmente
controlado por eles, já que nem
sequer permitiram aos dois
acusados (queixados) de serem
assistidos pelos seus advogados
já constituídos nem contactos
com os familiares. Estamos, na
verdade, perante um crime de
sequestro tipificado e punido
nos termos do artigo 124°, n° 2,
alíneas a) e d) do Código Penal,
sendo a pena de 2 a 8 anos de
prisão.
5. A ligação entre alguns
dirigentes do PRS, sobretudo da
etnia balanta, e a dupla António
N`Djai e Bubo Na Tchuto ficou
evidenciado nas intervenções do
primeiro em reuniões presididas
pelo PR, Bacai Sanhá, em que
claramente enveredou pelas
questões políticas, nomeadamente
atacando o primeiro-ministro e o
PAIGC e alguns membros do seu
Governo, com argumentos em tudo
coincidentes com os que o PRS
tem fustigado, nos últimos
tempos, à opinião pública
nacional.
6. A suposta comissão de
inquérito, que ninguém sabe como
foi criada e nem quem a criou,
tem permitido, com o beneplácito
do MP – entenda-se – Procurador
Geral da República, Amine Saad,
a revelação do conteúdo dos
depoimentos dos acusados ou de
supostas testemunhas conhecidos
através de um blog de um
elemento do PRS (DIATADURADOCONSENSO)
e também do Presidente Bacai
Sanha. Significa isso que a tal
dita comissão de inquérito
fornece detalhes do dito
processo não só ao PRS que os
divulga através do blog
“ditaduradoconsenso”, mas também
ao Malam Bacai Sanhá, conforme
demonstrado nas suas declarações
à Jeune Afrique, onde afirmou
haver políticos implicados na
morte de Nino Vieira e Tagmé na
Waié.
7. O Presidente Bacai Sanha,
apesar de António N Djai ter
confessado, na sua presença, no
seu gabinete, em documento
escrito, minutado pelo Dr. Amine
Saad, assumindo a sua
participação activa no
narcotráfico, designadamente da
aeronave que aterro em Cufar,
facto denunciado por uma
deputada no parlamento; apesar
de António N Djai ser um dos
protagonistas da intervenção
militar ilegal e
inconstitucional com graves
consequências para o país;
apesar de António N Djai ter
sido o principal acusador do
Bubo Na Tchuto na tentativa de
golpe de Estado contra o
assassinado Presidente Nino
Vieira; apesar de ter sido
António N Djai a principal
testemunha de acusação contra o
Faustino Imbali e companheiros
de tentativa de golpe de Estado
contra o poder
constitucionalmente instituído,
cujo processo agora, segundo o
semanário Ultima Hora, o MP
considerou sem fundamento;
apesar de António N Djai ter
feito, na presença do Presidente
Malam Bacai Sanha, considerações
políticas de ataque ao partido
do Governo e, mais grave, ter
feito mesmo considerações de
carácter tribal, alegando que no
actual Governo não há Ministros
da etnia balanta, assim como na
bancada do PAIGC não há
deputados da etnia balanta, algo
bem estranho para quem é forte
candidato ao cargo do CEMGFA;
apesar de tudo isso, o
Presidente Bacai Sanha tem
tecido, públicamente, elogios,
que, aliás, roçam a bajulação, a
António N Djai. Porquê?
8. A última cartada que os
complotistas puseram em campo,
foram os boatos postos a
circular de que, caso o Carlos
Gomes Júnior regresse ao país,
correrá sérios riscos de ser
morto por um comando já
preparado para a sua execução,
isto para levarem o
Primeiro-ministro a não
regressar, o que, obviamente,
justificaria a sua exoneração e
substituição pelo Presidente
Malam Bacai Sanha, abrindo
caminho a este de passar a
controlar o Governo à moda Nino
Vieira nos anos 80 e 90; foi
para aumentar esta pressão que o
próprio Presidente Bacai Sanha
foi levado a proferir as
declarações inapropriadas no
estrangeiro e perante um órgão
de imprensa estrangeiro,
alegando que há políticos
implicados nas mortes de Nino
Vieira e Tagme Na Waie; mais,
foi para aumentar ainda mais
esta pressão sobre o
Primeiro-ministro no sentido da
sua permanência no estrangeiro
que o Antonio N Djai e Bubo Na
Tchuto puseram as tropas nas
principais vias do país, sem
razão aparente e sem
conhecimento do Governo, na
pessoa do Ministro da DEFESA,
provocando alarme no seio da
população;
9. Porque razão o Dr. Amine Saad
não abriu um inquérito para
investigar Bubo Na Tchuto e Papa
Ibraima Camará a partir da
denúncia feita por um Governo
cuja credibilidade é
inquestionável; devia seguir o
exemplo do Procurador Geral da
Republica de Moçambique que,
após a denúncia feita pelo
Tesouro do Governo
Norte-americano contra um
cidadão moçambicano, de
imediato, ordenou uma
investigação para apurar a
veracidade das acusações; porque
razão o Dr; Amine Saad não
ordenou a abertura de um
inquérito contra António N Djai
por tráfico de drogas a partir
da sua confissão em documento
assinado no Gabinete do
Presidente Bacai Sanha e na
presença deste e do próprio PGR;
porque razão o Dr. Amine Saad
não instaurou um processo-crime
contra o António N Djai pela
prática dos crimes de sequestro
[artigo 124º, nº 2, alíneas a) e
d) do CP, contra o
Primeiro-ministro, o Zamora
Induta e o Samba Djalo, de
alteração do Estado de Direito
[artigo 221º, nº 1, 2 e 3 do CP,
falsidade por parte de
interveniente em acto processual
[artigo 225º, nº 1 do CP
(tentativas de golpes de Estado
de Bubo Na Tchuto e Faustino
Imbali, respectivamente, sendo
que, em ambos os casos, foi a
principal testemunha de
acusação), atentado contra o
Chefe de Estado (Nino Vieira)
[artigo 222º, nº 2 do CP, pois,
fontes bem colocadas sempre
denunciaram que os elementos que
integraram o comando que
executou o Presidente Nino
Vieira pertencem ao Batalhão de
Mansoa, que, na altura, estavam
sob comando de António N Djai;
será que o Presidente Malam
Bacai e o seu Procurador, Amine
Saad, desconhecem que António N
Djai é suspeito deter cometido
todos estes crimes, que, no
mínimo, merecem a abertura dos
respectivos inquéritos criminais
por determinação do PGR;
10. Por outro lado, na sequencia
de noticias publicadas na
imprensa que indicam que a
empresa AFRIPECHE consta da
lista do Governo dos Estados
Unidos da América como
participante activa das
actividades de narcotráfico na
África Ocidental e de que Malam
Bacai Sanhá tem participação
nela, sendo representado pelo
filho, Bacaizinho e pelo Almamo,
este último seu Director Geral.
Com tais referencias, o
Procurador Geral da República
devia, por obrigação da sua
função e necessidade de agir com
objectividade, ordenar ao MP e a
PJ para iniciarem as necessárias
investigações a empresa
AFRIPECHE, que também pertence
ao Presidente Malam Bacai Sanhá.
Se se provar a participação da
empresa AFRIPECHE nas
actividades de narcotráfico, tal
significará que os seus sócios
são também narcotraficantes,
logo o Presidente Bacai Sanhá
será considerado
narcotraficante.
11. Conclusão: o Presidente
Bacai Sanhá e o seu Procurador
Geral pessoal (pois o Amine Saad
deixou de ser, com estes
comportamentos, Procurador Geral
da República – este tem o dever
e a obrigação de agir com
objectividade e respeito
escrupuloso da legalidade)
estão, ao que tudo indica, ao
serviço de António N`Djai e Bubo
Na Tchuto, embora tais actuações
tenham estado em linha com os
objectivos políticos próprios de
um e outro [Malam Bacai e Amine
Saad].