O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO DAS NOSSAS CRIANÇAS (3) Precoces, Sobredotados ou Génios?
Filipe Sanhá *
17.04.2010 É, na realidade uma das questões que se tem, e vem colocando à Comunidade Científica, há muito tempo. Todavia, alguns estudiosos e investigadores conseguiram dar-nos uma ajudinha, apesar da sua enorme complexidade e abrangência. Estas coisas como sempre, têm a sua sede nos Estados Unidos e na Europa. Crianças/Jovens, com manifestações anormais/fora de comum, preocupam os pais e educadores, e, por conseguinte, procura - se uma explicação para o fenómeno. Nos anos 60, proliferaram nos Estados Unidos, muitos estudos diferenciais de níveis de inteligência, entre as diferentes comunidades, integrantes do “ reino do Tio Sam”, com objectivos dúbios. Os resultados de muitos deles, imbuídos de intenções racistas e feridos de um suporte metodológico científico, portanto, pouco credíveis, relevaram a avaliação do QI (Quociente de Inteligência), em: acima da média, média e abaixo da média. Na Europa, após aturados anos de idêntica abordagem científica, hoje, os termos mais comuns, são sobredotados e talentosos, conforme se trate do meio académico ou em artes e desporto. Ora, como se deve entender, os objectivos de qualquer sistema educativo, visam, essencialmente, a formação e o desenvolvimento pessoal da criança/jovem e não a sua diferenciação e ou catalogação como especiais, e ou diferentes. Existem sim, “crianças especiais”, para as quais o sistema trabalha para a sua integração / inclusão na dinâmica societal normal, porque tudo o que estiver fora desse âmbito, exige uma abordagem diferenciada, situacional, cuidada. O nosso universo, humano, é integrativo pelo que os nossos objectivos, no qual joga um papel determinante, a família e o sistema educativo, devem visar a formação de um homem novo, com todas as suas valências: auto-estima, amor ao próximo, participativo, etc. Todas as crianças que escapam a essa integração, criam problemas redobrados aos pais, aos educadores e à sociedade. Por um lado, a impreparação ou falta dela, dos pais, e por outro, dos próprios profissionais do sistema educativo. As crianças sobredotadas, precoces ou génios, são na sua maioria infelizes, pela incompreensão e capacidade interpretativa da sociedade, das famílias e dos profissionais do sistema, por serem consideradas “especiais”. São poucas as sociedades, dotadas de instrumentos específicos e abrangentes para a sua avaliação, orientação e educação, que visem a sua plena integração/inclusão, como jovens de grande capacidade potencial, intelectualmente precoces, grandes capacidades intelectuais, de grandes desempenhos ou com capacidades excepcionais. Até nisso os países do “Quadrante Sul” do Universo (hoje, convencionalmente, designados, países em desenvolvimento), em cujo campeonato joga a nossa Guiné – Bissau, se sentem impotentes, fundamentalmente, por razões económicas e, correlativamente, também técnicos. Alguns Países abandonaram designações específicas para estas crianças, com o nítido objectivo de evitar a sua estigmatização, porque na verdade o essencial é o desenvolvimento de todos os jovens, sem excepção, numa sociedade inclusiva. Que critérios são utilizados para avaliação dessas crianças? O mais conhecido e frequente é o recurso a testes de aptidão potencial, nos domínios intelectuais, sociais, emocionais e artísticos. Variando de País para País, é quase consensual que as crianças muito inteligentes, são as que detêm um QI, acima de 95% da população em geral. Como já referi, uma capacidade intelectual superior, desempenhos académicos muito elevados, aptidão académica específica, ideias originais, curiosidade acima do normal, liderança em várias áreas, preferência pelas ideias complexas, etc., são as suas formas de manifestação mais conhecidas. Destaque – se que os factores hereditários, embora não determinantes, também marcam a sua presença, nesta complexa teia de variáveis, para a compreensão deste fenómeno, cuja idade de investigação longitudinal, tem pouco mais de cem anos. É também oportuno afirmar que ao longo da nossa existência, muitos génios, sobredotados e precoces, nasceram e morreram desconhecidos por falta de instrumentos apropriados e identificadores. Em suma, o mais importante nestas considerações, é a felicidade da criança/jovem, integrado na sua comunidade/grupo de pertença, tanto na escola como na própria sociedade de referência, porque o que eles mais querem é ser crianças/jovens, com os direitos específicos partilhados, em grupo e respeitados como tal. * Psicólogo, Mestre e Doutorando pela Universidade de Coimbra (Portugal)
O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO DAS NOSSAS CRIANÇAS (2) 15.12.2009
O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO DAS NOSSAS CRIANÇAS 01.12.2009
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