O primeiro compromisso de todos os guineenses deve ser para com a Guiné-Bissau. Cabe ao povo guineense a acção da Mudança!

O maior desafio para todos os guineenses é criar mecanismos de mudança para a Guiné-Bissau.

Fernando Casimiro (Didinho)

 

O NARCOTRÁFICO NÃO DEVE, NEM PODE SER CONSIDERADO A PRINCIPAL PREOCUPAÇÃO DA GUINÉ-BISSAU!

 

 

Por: Fernando Casimiro (Didinho)

didinho@sapo.pt

24.09.2008

Hoje, 24 de Setembro, estamos todos de parabéns mesmo não havendo motivos para festejar.

Trinta e cinco anos depois da proclamação da nossa independência continuamos orgulhosos do percurso heróico da nossa luta de libertação nacional bem como dos nossos irmãos que heroicamente tombaram nos campos de batalha para que a Guiné-Bissau se tornasse uma Nação livre, independente e próspera sob orientação dos seus próprios filhos.

Falhamos na orientação, mas estamos a lutar pela MUDANÇA POSITIVA. Apesar da globalidade dos erros que hoje colocam a Guiné-Bissau na situação e posição em que se encontra, não há dúvida de que a independência, foi a maior conquista de sempre do nosso povo!

Aproveitando a celebração da data e, tendo em conta o discurso do ditador General-Presidente Nino Vieira, quero manifestar a tristeza e vergonha que me vão na alma, pelo facto de a Guiné-Bissau ter um presidente da República que falta constantemente à verdade e que já não consegue enganar ninguém com a sua boa vontade na luta contra o narcotráfico!

Desde o seu regresso ao poder em 2005, que Nino Vieira hipotecou o interesse nacional, convencido que sempre esteve, de ser dono da Guiné-Bissau. Dos vários apoios recebidos para o seu regresso triunfal ao poder, calhou à Guiné-Bissau entre muitos pagamentos previamente acordados, servir de plataforma giratória ao tráfico de droga.

Na Guiné-Bissau de hoje, quase todos os guineenses sabem quem são os traficantes e para quem trabalham!

Na Guiné-Bissau de hoje, quase todos os guineenses têm uma certeza, a mesma certeza: quem protege o narcotráfico na Guiné-Bissau é o próprio presidente da República, através das suas relações de amizade e outras mais, com a rede dos "barões" guineenses.

Por diversas vezes houve acções que permitiram a apreensão de droga e traficantes. Por ordens superiores os traficantes foram sempre libertados, sem que tivessem sido apresentados à Justiça para serem julgados. Carregamentos de droga foram desviados, sendo que nomes foram referenciados sobre esses desaparecimentos, contudo, nunca houve acções de fundo contra as pessoas referenciadas.

Aviões e barcos estrangeiros por diversas vezes aterraram e atracaram em aeroportos e portos guineenses descarregando droga sob acções coordenadas  por alguns oficiais militares próximos ao presidente da República.

Todos sabem disso, mas o presidente veio recentemente dizer que ninguém lhe informava sobre essas movimentações, numa altura em que a situação estava complicada para os seus lados, devido à apreensão de duas aeronaves no aeroporto internacional Osvaldo Vieira em Bissau, carregadas com cocaína.

Sabe-se que militares, concretamente fuzileiros, chefiados pelo Almirante Bubo Na Tchuto, ex- Chefe do Estado-Maior da Armada, deslocaram-se às aeronaves, tendo descarregado a droga transportada, bem como retirado as caixas negras das aeronaves, de modo a não permitir a leitura dos dados registados.

A droga desapareceu, inventou-se um complô em que o principal protagonista é o próprio Almirante Bubo Na Tchuto, acusado de querer derrubar o seu amigo Nino Vieira, a quem inclusive garantia segurança.

Uma história mal contada e que permitiu fazer várias leituras e a sustentação da tese de cumplicidade na questão do narcotráfico entre Nino Vieira e alguns oficiais militares.

Consta que Bubo Na Tchuto tem conta bancária aberta num país que não a Guiné-Bissau, conta essa que é abastecida com dinheiros do narcotráfico, mas que não pertence, na verdade, a Bubo Na Tchuto.  Por que será que o presidente da República enviou uma missão à Gâmbia, constituída pelo seu chefe de gabinete e pela Ministra dos Negócios Estrangeiros?

Se de um pedido de extradição se tratasse, o que não existe entre a Guiné-Bissau e a Gâmbia, por que razão teriam que ser estas duas personalidades a viajar para a Gâmbia?

Seria para, através de movimentações oficiais, impedir que Bubo Na Tchuto acedesse legalmente a essa conta em seu nome, mas que na verdade não é dele?

Cá estamos nós a especular...

É que o passado mostra-nos que Nino Vieira sempre foi fiel a "testas de ferro"...

Quer acabar com o Narcotráfico na Guiné-Bissau, senhor general João Bernardo Vieira?

1- A primeira coisa a fazer para acabar com o narcotráfico na Guiné-Bissau, é o senhor general renunciar ao cargo de presidente da República e entregar-se à Justiça.

2- Desactivar a rede que montou entregando os seus cúmplices à Justiça.

Que fique bem claro para quem lhe escreve os discursos e para si também que os lê, que o Narcotráfico que existe no país não deve, nem pode ser a maior preocupação para a Guiné-Bissau!

Como o senhor sabe, nós não produzimos, nem temos consumo interno de referência. O narcotráfico entrou na Guiné-Bissau com o seu aval e está referenciado num contexto transitório de colocação na Europa, principalmente e não para consumo interno na Guiné-Bissau.

Isto quer dizer que, desde há trinta e cinco anos como povo independente, a preocupação maior dos guineenses continua a estar assente em 3 pilares: Saúde, Educação, Emprego. Estas sim, são questões que preocupam os guineenses, porquanto serem de expressão global numa lógica positiva tendo em vista a estabilidade, o desenvolvimento e a prosperidade!

Nós queremos construir um país de gente digna e comprometida com o desenvolvimento sustentável. Um país onde haja igualdade de oportunidades e respeito pela pessoa humana.

Queremos que a riqueza, a prosperidade do nosso povo seja transparente, ou seja: fruto do seu trabalho!

As nossas populações e principalmente os nossos jovens, devem passar ao lado do consumo de drogas, para que a preocupação continue a ser, como até aqui, dos traficantes (não do nosso povo), que sabem que o cerco está cada vez mais apertado!

Senhor general Nino Vieira, saia pela porta dos fundos e leve consigo a sua equipa de espécies daninhas!

Viva a Guiné-Bissau!

Honra e Glória aos que tombaram pela nossa independência!

LIBERDADE E DIGNIDADE 24.09.2007

Guiné-Bissau: PR "Nino" Vieira considera narcotráfico principal preocupação do país

23 de Setembro de 2008, 15:50

 

Bissau, 23 Set (Lusa) - O Presidente da Guiné-Bissau, João Bernardo "Nino" Vieira, considerou hoje que o tráfico de droga constitui uma das principais preocupações do país e anunciou realização de uma conferência em Outubro para debater o problema.

As declarações do chefe de Estado guineense foram proferidas no discurso comemorativo do 35º aniversário da independência do país, transmitido aos jornalistas pelo assessor de imprensa da presidência, porque "Nino" Vieira se encontra em Nova Iorque a participar na Assembleia-geral da ONU.

"Entre todos os problemas com que nos debatemos, o trânsito pelo nosso país do tráfico de droga figura na primeira linha das nossas preocupações, pelos danos que pode causar à nossa juventude, sociedade e ao desenvolvimento do país", referiu "Nino" Vieira no discurso.

"Estamos firmemente determinados a combater e erradicar este flagelo, contando (...) com toda a população guineense", acrescentou o presidente da Guiné-Bissau.

O chefe de Estado sublinhou, contudo, que o tráfico de droga é um "flagelo regional" e que o seu combate deve ser também "global e regional", envolvendo toda a sub-região e parceiros internacionais.

Nesse sentido, continuou "Nino" Vieira, está agendada para Outubro em Cabo Verde uma conferência sub-regional para debater esse fenómeno.

"Estou certo que será uma oportunidade ímpar para troca de informações e experiências no domínio da prevenção e do combate coordenado e consequente do narcotráfico na nossa sub-região", disse, concluindo que o desenvolvimento da Guiné-Bissau só será possível com a eliminação do tráfico de droga.

O território da Guiné-Bissau tem sido utilizado por narcotraficantes da América do Sul para fazer entrar droga na Europa.

Na quarta-feira assinala-se o 35º aniversário da independência do país.

MSE.

Lusa/Fim

 

Nós queremos que tudo quanto conquistarmos nesta luta pertença ao nosso povo e temos que fazer o máximo para criar uma tal organização que mesmo que alguns de nós queiram desviar as conquistas da luta para os seus interesses, o nosso povo não deixe. Isso é muito importante. Amilcar Cabral

 

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