QUE O POVO GUINEENSE EXIJA RESPONSABILIDADES A QUEM DE DIREITO!

 

Sobre a situação do ex-chefe do Estado-Maior das Forças Armadas guineense, Zamora Induta, afirmou: “Vamos dar o tratamento político que merece a situação”, sem precisar.

“Não pode voltar a ser Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas por não ter condições políticas, morais e militares”, disse, sublinhando que o ex-Comandante “está bem de saúde ao cuidado das autoridades do país, mas com a liberdade limitada” e que já foi substituído pelo antigo Vice-Chefe do Estado-Maior, António Indjai.

Malam Bacai Sanhá, Presidente da República da Guiné-Bissau, em declarações ao Jornal de Angola, na recente visita a Angola.

 

 

Fernando Casimiro (Didinho)

didinho@sapo.pt

10.04.2010

Fernando Casimiro (Didinho) A MENTIRA É APENAS UMA VERDADE ADIADA...

Foram precisos dez (10) dias, para o Presidente da República, Malam Bacai Sanhá, chegar à conclusão de que deveria condenar o que aconteceu no passado dia 01 de Abril na Guiné-Bissau!

Muitas mentiras começam a transformar-se em verdades na Guiné-Bissau e é por intermédio dessas verdades que se vão conhecendo, que o povo guineense, único dono legítimo do poder, deve posicionar-se de forma firme e exigir responsabilidades e responsabilizações a quem de direito.

Continuamos a ser insultados por todos aqueles que minimizando as nossas capacidades de raciocínio, querem fazer-nos crer que está tudo bem na Guiné-Bissau e que, os acontecimentos do passado 01 de Abril não passaram de simples "incidente".

Já se falou e se escreveu muito sobre os acontecimentos de 01 de Abril, mas tudo isso é pouco, face a tudo o que não foi dado a conhecer por quem de direito, com base na argumentação de que, para se preservar a boa imagem (?) da Guiné-Bissau, as autoridades devem continuar a mentir, omitindo ou desvalorizando os factos.

Hoje 10 de Abril, o Presidente da República, depois de se ter ausentado do país num momento extremamente delicado e com diversas questões por esclarecer, fez um discurso à Nação, condenando os acontecimentos de 01 de Abril e prometendo reestruturação "para breve" da chefia militar.

Que urgência, que motivos, que razões poderiam ter "obrigado" o Presidente da República da Guiné-Bissau, Malam Bacai Sanhá, eleito pelo povo guineense, a ausentar-se do país num momento tão agitado e a proferir afirmações incoerentes sobre o que se passa na Guiné-Bissau, durante a sua estadia em Angola?

Serão vários os motivos obviamente, mas destaca-se principalmente a necessidade de Angola pretender obter informações e garantias sobre os acordos já rubricados com as autoridades da Guiné-Bissau em relação aos grandes  investimentos na área mineira e na construção do porto de águas profundas de Buba.

Angola tem fortes investimentos na Guiné-Bissau, tem adiantado muito dinheiro às suas autoridades, mas começa a ver ameaçados todos esses investimentos, devido à instabilidade na Guiné, mas também, pela manifesta desonestidade das autoridades guineenses que negoceiam e selam acordos com um parceiro, mas depois, voltam a negociar e a selar acordos com outros parceiros, na mesma área de interesse. Vejamos o que se segue:

1- O jornal português "Público" na sua edição de hoje, 10.04.2010, dá a conhecer uma interessante notícia que certamente terá chegado antes ao conhecimento das autoridades angolanas e que dá conta do seguinte: No meio da grande crise político-militar que a Guiné-Bissau está a viver, a "holding" West Africa Mining, da Suíça, anunciou que as suas prospecções de ouro no norte do país foram positivas. A licença que o Governo de Carlos Gomes Júnior concedeu ao grupo, em Junho do ano passado, "cobre a exploração de todos os recursos minerais do país", incluindo bauxite, lítio, irídio e diamantes.

2- O jornal África Monitor, na sua edição Nº 461, de 08.04.2010, faz referência ao seguinte: " Nas últimas semanas foram assinaladas manifestações de interesse em relação à construção do porto de Buba por parte de países como a Líbia (visita ao local de técnicos líbios). O interland que o porto de Buba pode servir é constituído por países de preponderância muçulmana.

Claro que estas notícias são preocupantes para Angola e justificam a chamada de Malam Bacai Sanhá a Angola, qual "empregado" do Presidente José Eduardo dos Santos!

Tomando em consideração as declarações proferidas pelo Presidente Malam Bacai Sanhá e referentes aos acontecimentos de 01 de Abril na Guiné-Bissau, aconselho o Sr. Presidente da República a ser mais ponderado, a evitar fazer declarações sobre o país quando se encontra no estrangeiro, pois demonstra falta de respeito e consideração para o povo que o elegeu.

Se não tinha feito nenhuma comunicação ao país sobre os acontecimentos de 01 de Abril, por que razão deu a conhecer aos órgãos de comunicação social angolanos aspectos delicados da vida nacional?

Por que afirmou que Zamora Induta “Não pode voltar a ser Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas por não ter condições políticas, morais e militares” quando todos sabem que está detido e qualquer pessoa, nessa circunstância, fica traumatizada?

Havendo vontade política, havendo reposição da ordem constitucional, não merecia Zamora Induta receber tratamento psicológico e ser reconduzido nas suas funções? Não seria este o procedimento normal?

Não teria Zamora Induta direito a manifestar ele próprio, se pretende, se é capaz, de retomar as suas funções?

Se Zamora Induta não tem condições políticas, psicológicas e militares para voltar a ser Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, será que o Primeiro-ministro Carlos Gomes Jr. também tem condições políticas, psicológicas e outras mais, para continuar a ser Chefe do Governo, depois de ter sido ameaçado de morte pelo Vice-Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, António Indjai e de ter sido acusado pelo mesmo de "matar muita gente"?

Quais foram os critérios utilizados pelo Sr. Presidente da República para avaliar as condições políticas, psicológicas e militares de um e de outro, para tomar partido de um e negar o direito a outro?

Sr. Presidente Malam Bacai Sanhá...

Também afirmou em Angola que: "o ex-Comandante “está bem de saúde ao cuidado das autoridades do país, mas com a liberdade limitada”

Ontem, 09.04.2010, viu-se e ouviu-se o Presidente do Observatório dos Direitos Humanos, Democracia e Cidadania da Guiné-Bissau, João Vaz Mané (depois de uma visita ao quartel de Mansoa onde Zamora Induta se encontra detido) afirmar que: Zamora Induta, está "extremamente doente" e detido em "condições péssimas".

Não foi isso que o Sr. Presidente da República disse aos órgãos de comunicação social em Angola... Ou seja, desconhecendo a real situação de Zamora Induta, fez declarações infundadas e gratuitas no estrangeiro...

Ainda mais grave, o Sr. Presidente da República disse à comunicação social angolana que Zamora Induta:" já foi substituído pelo antigo Vice-Chefe do Estado-Maior, António Indjai."

Como foi possível dizer uma coisa dessas em Angola, sem antes se dirigir ao povo guineense?

Como dizer uma coisa dessas, quando cabe ao Governo propor as chefias militares para que o Presidente da República confirme as nomeações?

Como foi possível, se nenhum decreto oficial foi emitido, promulgado ou vetado?

Sr. Presidente da República...

Ao tomar conhecimento da decisão do Departamento de Tesouro dos Estados Unidos que acusa o ainda Chefe do Estado-Maior da Força Aérea, "Papa" Camara e o ex-Chefe do Estado-Maior da Marinha (será que vai reassumir o cargo?), Bubo Na Tchuto, de serem narcotraficantes, o Sr. Presidente Malam Bacai Sanhá disse:

 “Somos contra o tráfico de droga, estamos a lutar contra o tráfico de droga. Se for verdade [a acusação], é grave”.

Sr. Presidente da República... Os Estados Unidos podem demorar a acusar, mas quando o fazem, é sinal de que algo mais pretendem fazer. Não recuam nas suas acusações, venha donde vier e de quem vier o desmentido. Atenção que, as Nações Unidas, um dia depois dessas acusações anunciaram partilhar a visão dos Estados Unidos sobre o assunto...

Cabe agora às autoridades da Guiné-Bissau interpretar e avaliar as acusações e o posicionamento dos Estados Unidos, bem como da ONU. Se esses militares continuarem a fazer parte das chefias militares, se não houver nenhum inquérito sobre essas acusações, não tenho dúvidas de que os Estados Unidos conotarão as principais autoridades da Guiné-Bissau com o narcotráfico e aí, tanto pagarão os que estão directamente envolvidos, como os que apenas fazem de conta que o narcotráfico é (apenas) um problema da sub-região...

A propósito de uma peça jornalística sobre o envolvimento do actual Vice-Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, António Indjai no narcotráfico,  escrevi há dias o seguinte: Sr. Presidente Malam Bacai Sanhá, não tenho a sua versão sobre a notícia, mas se realmente for verdade que o Sr. Presidente decidiu desmentir o ocorrido no aeroporto de Cufar, afim de continuar a preservar a boa imagem da Guiné-Bissau face aos seus parceiros internacionais, digo-lhe que agiu muito mal e pôs em causa toda a sua credibilidade e, por assim dizer, a credibilidade do próprio Estado! Se o Sr. Presidente realmente desmentiu o ocorrido, alegando preservar a boa imagem do país, ninguém voltará a acreditar que o Sr. Presidente está determinado a combater o narcotráfico... É caso para perguntar: quem aconselhou o Sr. Presidente a preferir a mentira, quando a verdade nunca esteve tão perto na Guiné-Bissau? 

"(...) Através da Inteligência militar, o Presidente, primeiro-ministro e o Procurador-Geral da Republica, são informados do sucedido, mas Malam Bacai Sanha opta por desmentir o ocorrido em Cufar a fim de continuar a preservar a «boa imagem da Guiné-Bissau» face aos seus parceiros internacionais. Mesmo assim, a 03 de Março, é constituída uma comissão pelos Serviços de Informações de Estado com a missão apurar os pormenores da questão do «avião em Cufar» e apurarem o envolvimento de «altas hierarquias militares», entre os quais António Indjai que acabou por reconhecer a sua responsabilidade directa da operação de narcotráfico em Cufar." OS MESMOS ERROS DE SEMPRE... 03.04.2010

 

Ao Sr. Primeiro-ministro Carlos Gomes Jr. e sobre o seu posicionamento em relação às acusações dos Estados Unidos devo-lhe recordar que, sendo Primeiro-ministro e conhecedor de toda a podridão da Guiné-Bissau, nunca ajudou a descobrir as verdades sobre o que tem acontecido ao longo dos anos na Guiné-Bissau, precisamente porque é parte dessa podridão!

Há muito que o Sr. Primeiro-ministro Carlos Gomes Jr. sabe e de fonte segura, do envolvimento destes 2 chefes militares guineenses e outros, no narcotráfico, ou não é assim, Sr. Primeiro-ministro?!

Questiona o Sr. Primeiro-ministro:" Qual é a segurança que o Departamento de Estado (dos EUA), ao fazer esta publicidade, dá às autoridades deste país?"

Bem, o Sr. Primeiro-ministro levantou uma séria e importante questão, mas que serve para questionar outras realidades da Guiné-Bissau.

1- Se acusações graves implicam segurança, então, quem se atreveria a proferir acusações sobre as matanças de 1 e 2 de Março de 2009?

2- Se acusações graves implicam segurança, então quem se atreveria alguma vez a acusar um narcotraficante na Guiné-Bissau?

Ou seja, mesmo conhecendo os factos, as autoridades da Guiné-Bissau, por elas próprias omitirão sempre  esses factos, bloqueando a acção da Justiça, promovendo crimes, entre assassinatos, corrupção e narcotráfico.

Quer uma força militar americana na Guiné-Bissau antes de se fazerem acusações, Sr. Primeiro-ministro?

Solicite-a!

 
PM da Guiné-Bissau diz que «mediatização de problemas» não ajuda o país
 
Por Redacção

O primeiro-ministro (PM) guineense, Carlos Gomes Júnior, afirmou, esta sexta-feira, que «a mediatização de problemas sigilosos» não é boa para o país e poderá mesmo ter «consequências nefastas».

Gomes Júnior referia-se às sanções recentemente impostas pelos EUA a dois oficiais guineenses, por alegado envolvimento no tráfico de droga.

«A troca de correspondência não pode ser mediatizada, sendo mediatizada isso pode ter consequências nefastas. Qual é a segurança que o Departamento de Estado (dos EUA), ao fazer esta publicidade, dá às autoridades deste país?», questionou, aos microfones da Rádio Jovem.

Fonte: A Bola

Também gostaria de questionar o Sr. Primeiro-ministro sobre a grave acusação proferida pelo Vice-Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, António Indjai, contra a sua pessoa: " O Cadogo é um assassino, matou muita gente!" O que tem a dizer o Sr. Primeiro-ministro sobre esta acusação?

Uma outra questão Sr. Primeiro-ministro:

O jornal português "Público" na sua edição de hoje, 10.04.2010, dá a conhecer uma interessante notícia que certamente terá chegado antes ao conhecimento das autoridades angolanas e que dá conta do seguinte: No meio da grande crise político-militar que a Guiné-Bissau está a viver, a "holding" West Africa Mining, da Suíça, anunciou que as suas prospecções de ouro no norte do país foram positivas. A licença que o Governo de Carlos Gomes Júnior concedeu ao grupo, em Junho do ano passado, "cobre a exploração de todos os recursos minerais do país", incluindo bauxite, lítio, irídio e diamantes.

Ou seja, em Junho de 2009, em plena campanha eleitoral para as presidenciais antecipadas, o Sr. Primeiro-ministro, que até estava e está a par do acordo assinado com Angola relativamente à exploração de bauxite, afinal, também resolveu negociar com os suíços, garantindo-lhes a a exploração de todos os recursos minerais do país", incluindo bauxite, lítio, irídio e diamantes.

Sr. Primeiro-ministro, a pouco e pouco quem não o conhece ou finge desconhecer vai ficando a saber do que o Sr. é capaz... Foi sempre assim, de negociata em negociata, através de actos desonestos e ilícitos, que o Sr. conseguiu ter hoje o império que tem.

Infelizmente há quem ache graça às suas propagandas, idolatrando-o, quando o Sr. ao invés de defender os interesses da Guiné-Bissau, como Primeiro-ministro, tem estado a servir-se desse cargo para agir como empresário e enriquecer-se cada vez mais com as negociatas que tem feito!

Ainda bem que a mediatização do que quer que seja não passa pelas suas empresas nem pela sua área de influência político-partidária, Sr. Cadogo!

Anúncio de "holding" suíça

Está prestes a arrancar exploração de ouro no norte da Guiné-Bissau

09.04.2010 - 19:20

 

No meio da grande crise político-militar que a Guiné-Bissau está a viver, a "holding" West Africa Mining, da Suíça, anunciou que que as suas prospecções de ouro no norte do país foram positivas.

A licença que o Governo de Carlos Gomes Júnior concedeu ao grupo, em Junho do ano passado, “cobre a exploração de todos os recursos minerais do país”, incluindo bauxite, lítio, irídio e diamantes.

Enquanto o ouro parece ser uma certeza no norte, a bauxite vai ser explorada na região do Boé, no Sueste, em cujas colinas a independência guineense foi unilateralmente proclamada em 24 de Setembro de 1973.

A investigação aurífera decorreu em 46 áreas com anomalias geofísicas. As análises da amostras “revelaram ser consistentemente positivas quanto à sua proporção de ouro”, afirma o comunicado ontem distribuído pela "holding" de Untermüli, no cantão de Zug, na Suíça de língua alemã.

Dados os resultados prometedores, a Westafrica Mineral Mining Ltd “decidiu apressar o processo”. Com base nas recomendações feitas por geólogos, a empresa “vai começar imediatamente um programa de extracção, de acordo com os padrões internacionais”.

A empresa M-Consult, do Mali, gerida pelo geólogo Ahmed El Madani Diallo, que foi candidato às presidenciais de 2002, está já contratada para concretizar a exploração aurífera no norte da Guiné-Bissau. Do trabalho até agora efectuado, conclui-se que o potencial de extracção de ouro é particularmente forte a leste de Canquelifa (já perto da fronteira com a República da Guiné) e entre essa localidade e Paunca (nas proximidades da fronteira com o Senegal).

As reservas senegalesas de ouro estão avaliadas em 60 toneladas, incluindo 30 toneladas de ouro aproveitável com fins industriais. E na República da Guiné (Conacri) a bauxite é a principal produção mineira, pelo que desde há décadas se admite que também a Guiné-Bissau virá um dia a explorar esse produto.

Fonte: Público

http://www.publico.pt/Mundo/esta-prestes-a-arrancar-exploracao-de-ouro-no-norte-da-guinebissau_1431531

 

Militares da Guiné-Bissau são formados em Angola

Angola vai formar, em breve, quadros para as forças militares de defesa e segurança da Guiné-Bissau. O Presidente guineense, Malam Bacai Sanhá, afirmou, ontem, em Luanda, no final de uma visita de cerca de 24 horas, que conseguiu garantias de apoio neste domínio.

A Guiné-Bissau quer a ajuda de Angola para treinar e formar quadros militares em função da experiência angolana neste domínio. A Guiné-Bissau tem sofrido convulsões militares e políticas nos últimos anos, uma das quais resultou na morte do Presidente “Nino” Vieira.  Malam Bacai Sanhá disse, à imprensa, no Aeroporto Internacional de Luanda “4 de Fevereiro”, momentos antes de deixar Angola, que o programa de treinamento deve começar “o mais rápido quanto possível”, embora ainda não haja um programa.

Ontem, Malam Bacai Sanhá reuniu-se, em privado, com o Presidente da República, José Eduardo dos Santos, no Palácio Presidencial da Cidade Alta, onde almoçou, deixando a seguir Angola de regresso a Guiné-Bissau.
O Chefe de Estado guineense afirmou que conseguiu, durante a curta visita, apoio político, diplomático, económico e financeiro de Angola.
O encontro entre os dois estadistas resultou em reforço das relações de amizade e de cooperação existente, que disse o Presidente guineense, são “históricas e boas”.

Malam Bacai Sanhá afirmou que recebeu do Presidente da República, José Eduardo dos Santos, os “melhores conselhos possíveis”.
“Vamos utilizá-los para o melhor para a Guiné-Bissau”, salientou.

Quanto à situação política na Guiné-Bissau, Malam Bacai Sanhá garantiu que é calma e que as instituições do Estado estão em funcionamento.
A Guiné-Bissau pediu a Angola ajuda para mobilizar recursos para o desenvolvimento.

Nunca temo pela minha vida

O Presidente da Guiné-Bissau, Malam Bacai Sanhá, afirmou, ontem, que não teme pela vida, mesmo com as sucessivas convulsões políticas e militares no país.

 “A minha vida oferecia-a em 1962, quando entrei para a luta de libertação nacional. Estou para pagar a dívida ao povo guineense”, disse.

Malam Bacai Sanhá negou que a sua relação com o Primeiro-Ministro, Carlos Gomes Júnior, esteja envolta de crispação. Essas notícias, frisou, são especulação da imprensa.

Apesar da situação política que se vive nos últimos tempos, o Presidente guineense afirmou que a Guiné-Bissau vai avançar.

Sobre a situação do ex-chefe do Estado-Maior das Forças Armadas guineense, Zamora Induta, afirmou: “Vamos dar o tratamento político que merece a situação”, sem precisar.

“Não pode voltar a ser Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas por não ter condições políticas, morais e militares”, disse, sublinhando que o ex-Comandante “está bem de saúde ao cuidado das autoridades do país, mas com a liberdade limitada” e que já foi substituído pelo antigo Vice-Chefe do Estado-Maior, António Indjai.

Em relação ao narcotráfico na Guiné-Bissau, Malam Bacai Sanhá lembrou que não é um problema do país, mas da sub-região em que está inserido.
 “Temos parcos recursos para lutar contra o narcotráfico, mas estamos a trabalhar para minimizar o mal”, disse.

Fonte: Jornal de Angola, 09.04.2010

http://jornaldeangola.sapo.ao/20/0/militares_da_guine-bissau_sao_formados_em_angola

 

Malam Bacai Sanhá veio a Luanda

dizer que “está tudo bem”

Alguém acreditou nele?

O Presidente da Guiné-Bissau esteve ontem em Luanda para abordar com o seu homólogo angolano a situação de instabilidade que se regista no seu país, sobretudo desde o passado dia 1, dia em que os militares saíram mais uma vez à rua para imporem os seus ditames.

Malam Bacai Sanhá procurou mostrar-se tranquilo, passando a mensagem que está tudo bem em Bissau e o que se passou há uma semana foi um “incidente”. Só que em Luanda ninguém terá acreditado na conversa e, muito provavelmente, foi este cepticismo que ouviu de José Eduardo dos Santos.

É que as relações entre Angola e a Guiné-Bissau não são apenas ditadas pelo passado histórico das lutas de libertação conduzidas pelo MPLA e o PAIGC. Depois de anos de letargia, a cooperação entre as duas partes estende-se agora a avultados investimentos na exploração mineral. A própria embaixada de Angola em Bissau, a última a ser aberta nos PALOP, recebeu como primeiro embaixador, e único até à data, um amigo da adolescência de José Eduardo dos Santos. Brito Sozinho, diplomata de carreira que já passou pela Nigéria e a Tanzânia, fugiu juntamente com JES, em 1962, para então Congo-Leopoldville (hoje RD Congo), para se juntar ao MPLA ali instalado.

Em 13 de Setembro de 2007, o então ministro das Obras Públicas, Higino Carneiro, assinou em Bissau, com o titular dos Recursos Naturais guineense, Soares Sambu, um acordo para exploração de bauxite na região de Boé (sudeste da Guiné-Bissau e próximo da fronteira com a Guiné-Conacri).

A concessão foi entregue à empresa Bauxite Angola que, para o feito, criou uma subsidiária local, a Sociedade Mineira do Boé, ficando com 70% do capital e dispersando o restante por empresários angolanos (20%) e pelo Estado guineense (10%).

Para além da exploração mineral, a Bauxite Angola comprometeu-se, entre outros investimentos sociais e económicos, construir um porto de águas profundas, em Buba (19 metros de calado e capacidade para operar em simultâneo três navios com capacidade até 70 mil toneladas) e que deveria estar concluído antes do final de 2012.

No total, seriam despendidos pelos angolanos cerca de 321 milhões de dólares, o que tornava este ambicioso projecto no maior investimento produtivo de Angola fora de portas.

Paralelamente a isto, a Sonangol começou a ser vista como potencial participante na prospecção de petróleo no off-shore da Guiné-Bissau e acordos para a exploração de fosfatos e produção de cajú.

Com Nino Vieira na Presidência da República e o PAIGC liderado por Carlos Gomes Júnior no poder em Bissau, as coisas pareciam correr “às mil maravilhas” para Luanda. Por isso, não foi de estranhar que em Janeiro do ano passado, o chefe do Governo guineense (é o primeiro-ministro) viesse à capital angolana e saísse de cá com um acordo para a abertura de uma linha de crédito a Bissau.

Só que a 1 de Março de 2009 tudo se alterou.

Num espaço de 24 horas foram assassinados o Presidente João Bernardo Vieira (Nino) e o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, Tagmé Na Wayé, o primeiro morto a golpes de catana e o segundo num atentado bombista.

Foi o regresso à instabilidade em Bissau e o retomar dos receios em Angola. É que 321 milhões de dólares investidos num país da dimensão da Guiné-Bissau é um valor demasiado elevado para ser gasto sem que haja sossego para os investidores.

De lá para cá, todas as intenções angolanas de apoiar os seus “irmãos” guineenses foram postas em “banho-maria”.

ANTÓNIO FREITAS

Fonte: Novo Jornal - Edição Nº 116, 09.04.2010 - Primeiro Caderno

 

Guiné-Bissau, um ciclo vicioso

Já é rotina: periodicamente um militar arregimenta os colegas da sua tribo e sequestram o poder na Guiné-Bissau.. Outra rotina: sempre que tal acontece, um dirigente politico daquele país põe-se no avião e vem a correr a Luanda.

Para não variar, foi o que acabou de fazer o presidente Malan Bacai Sanhá. Pouco mais de uma semana depois de um grupo de militares ter encenado um golpe de estado, o presidente guineense meteu-se no avião e veio a correr a Luanda.

O ritual está de tal forma oleado que, apesar de ser a primeira vez que visita Angola na qualidade de chefe de Estado, Malam Bacai Sanhá não gaguejou quanto ao que vinha: pedir apoio politico, moral e...económico. Quer dizer: sempre que um militar guineense acorda mal disposto ou por causa dos salários atrasados ou porque entende que é a vez da sua tribo assumir a chefia do Estado Maior das Forças Armadas ou ainda porque ele e os seus não são tidos nem achados no lucrativo negócio do tráfico de drogas - e sequestra o poder, os líderes políticos põem-se num avião e vêm bater as portas de Angola.

E isso já se tornou num ciclo vicioso de que os guineenses certamente se beneficiam. Na verdade, enquanto Angola continuar a compensar os golpistas, a Guiné-Bissau será um poço permanente de instabilidade.

Nas declarações que prestou à imprensa pouco antes de deixar Luanda Malam Bacai Sanhá pareceu plenamente satisfeito. Seguramente alcançou o pleno em todos os objectivos que o trouxeram a Luanda. Isto é, saiu daqui com os bolsos a abarrotar de dinheiro.

O presidente guineense viu os bolsos confortados no mesmo momento em que, por ocasião do Dia Mundial da Saúde, uma médica voltava a chamar atenção para uma aterradora estatística: 200 de entre mil bebés angolanos não atingem os 5 anos de idade.

A causa da terrível mortalidade está mais do que explicada: não há recursos financeiros para apetrechar devidamente os hospitais angolanos. Entretanto, dinheiro é o que nunca faltou à Presidência angolana para dar à elite guineense, sempre que um qualquer militar acorda com ressaca.

A propósito: porque não fazer já da Guiné-Bissau um protectorado de Angola? Ao menos assim as remessas de dinheiro que vão parar à elite daquele país ficariam inscritas no nosso Orçamento Geral do Estado.

O África Monitor, uma publicação lusa de circulação restrita, estima em 600 milhões de dólares o investimento que as autoridades angolanas têm previsto para a Guiné-Bissau. Tal dinheiro será empregue na exploração dos jazigos de bauxite do Boé e na construção de um porto em Buba.

Ora, 600 milhões de dólares é dinheiro que a maior parte das províncias angolanas nunca viu nem verá. Pelo menos enquanto o Governo deste país persistir em assumir sozinho responsabilidades que deveriam ser partilhadas por toda a comunidade internacional. 

Fonte: Semanário Angolense - Edição 362, pág. 48, 10.04.2010

 

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COMENTÁRIOS AOS TEXTOS DA SECÇÃO EDITORIAL


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