QUE O POVO GUINEENSE EXIJA RESPONSABILIDADES A QUEM
DE DIREITO!
Sobre a situação do
ex-chefe do Estado-Maior das Forças
Armadas guineense, Zamora Induta,
afirmou:
“Vamos dar o tratamento político que
merece a situação”, sem
precisar.
“Não pode voltar a ser Chefe do Estado-Maior das
Forças Armadas por não
ter condições políticas, morais e militares”, disse, sublinhando
que o ex-Comandante “está
bem de saúde ao cuidado das
autoridades do país, mas
com a liberdade limitada”
e que já foi substituído pelo antigo
Vice-Chefe do Estado-Maior, António Indjai.
Malam Bacai Sanhá, Presidente da
República da Guiné-Bissau, em
declarações ao Jornal de Angola, na
recente visita a Angola.
|
Fernando Casimiro
(Didinho)
didinho@sapo.pt
10.04.2010
A MENTIRA
É APENAS UMA VERDADE ADIADA...
Foram precisos dez (10) dias, para o
Presidente da República, Malam Bacai Sanhá, chegar à conclusão de que deveria
condenar o que aconteceu no passado dia 01 de Abril na Guiné-Bissau!
Muitas mentiras começam a transformar-se em verdades na
Guiné-Bissau e é por intermédio dessas verdades que se vão conhecendo, que o
povo guineense, único dono legítimo do poder, deve posicionar-se de forma firme
e exigir responsabilidades e responsabilizações a quem de direito.
Continuamos a ser insultados por todos aqueles que
minimizando as nossas capacidades de raciocínio, querem fazer-nos crer que está
tudo bem na Guiné-Bissau e que, os acontecimentos do passado 01 de Abril não
passaram de simples "incidente".
Já se falou e se escreveu muito sobre os acontecimentos de
01 de Abril, mas tudo isso é pouco, face a tudo o que não foi dado a conhecer
por quem de direito, com base na argumentação de que, para se preservar a boa
imagem (?) da Guiné-Bissau, as autoridades devem continuar a mentir, omitindo ou
desvalorizando os factos.
Hoje 10 de Abril, o Presidente da República, depois de se
ter ausentado do país num momento extremamente delicado e com diversas questões
por esclarecer, fez um discurso à Nação, condenando os acontecimentos de 01 de
Abril e prometendo reestruturação "para breve" da chefia militar.
Que urgência, que motivos, que razões poderiam ter
"obrigado" o Presidente da República da Guiné-Bissau, Malam Bacai Sanhá, eleito
pelo povo guineense, a ausentar-se do país num momento tão agitado e a proferir
afirmações incoerentes sobre o que se passa na Guiné-Bissau, durante a sua
estadia em Angola?
Serão vários os motivos obviamente, mas destaca-se
principalmente a necessidade de Angola pretender obter informações e garantias
sobre os acordos já rubricados com as autoridades da Guiné-Bissau em relação aos
grandes investimentos na área mineira e na construção do porto de águas
profundas de Buba.
Angola tem fortes investimentos na Guiné-Bissau, tem
adiantado muito dinheiro às suas autoridades, mas começa a ver ameaçados todos
esses investimentos, devido à instabilidade na Guiné, mas também, pela manifesta
desonestidade das autoridades guineenses que negoceiam e selam acordos com um
parceiro, mas depois, voltam a negociar e a selar acordos com outros parceiros,
na mesma área de interesse. Vejamos o que se segue:
1- O jornal
português "Público" na sua edição de hoje, 10.04.2010, dá a conhecer uma
interessante notícia que certamente terá chegado antes ao conhecimento das
autoridades angolanas e que dá conta do seguinte: No meio da grande crise
político-militar que a Guiné-Bissau está a viver, a "holding" West
Africa Mining, da Suíça,
anunciou que as suas prospecções de ouro no norte do país foram positivas.
A licença que o Governo de Carlos Gomes Júnior concedeu ao grupo, em
Junho do ano passado, "cobre
a exploração de todos os recursos minerais do país",
incluindo bauxite,
lítio, irídio e diamantes.
2- O jornal
África Monitor, na sua edição Nº 461, de 08.04.2010, faz
referência ao seguinte: "
Nas últimas
semanas foram
assinaladas manifestações de interesse em relação à construção do porto de Buba
por parte de países como a
Líbia
(visita ao local de técnicos
líbios). O
interland
que o porto de Buba pode servir
é constituído por países de preponderância muçulmana.
Claro que estas notícias são preocupantes para
Angola e justificam a chamada de Malam Bacai Sanhá a Angola, qual "empregado" do
Presidente José Eduardo dos Santos!
Tomando em consideração as declarações proferidas pelo Presidente Malam Bacai
Sanhá e referentes aos acontecimentos de 01 de Abril na Guiné-Bissau, aconselho
o Sr. Presidente da República a ser mais ponderado, a evitar fazer declarações
sobre o país quando se encontra no estrangeiro, pois demonstra falta de respeito
e consideração para o povo que o elegeu.
Se não tinha feito nenhuma comunicação ao país sobre os acontecimentos de 01 de
Abril, por que razão deu a conhecer aos órgãos de comunicação social angolanos
aspectos delicados da vida nacional?
Por que afirmou que
Zamora Induta
“Não pode voltar a ser Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas
por não ter condições políticas,
morais e militares”
quando todos sabem que está detido e qualquer pessoa, nessa
circunstância, fica traumatizada?
Havendo vontade política, havendo reposição da ordem
constitucional, não merecia Zamora Induta receber tratamento psicológico e ser
reconduzido nas suas funções? Não seria este o procedimento normal?
Não teria Zamora Induta direito a manifestar ele próprio, se
pretende, se é capaz, de retomar as suas funções?
Se Zamora Induta não tem condições políticas, psicológicas e
militares para voltar a ser Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas,
será que o Primeiro-ministro Carlos Gomes Jr. também tem condições políticas,
psicológicas e outras mais, para continuar a ser Chefe do Governo, depois de ter
sido ameaçado de morte pelo Vice-Chefe do Estado-Maior General das Forças
Armadas, António Indjai e de ter sido acusado pelo mesmo de "matar muita gente"?
Quais foram os critérios utilizados pelo Sr. Presidente da
República para avaliar as condições políticas, psicológicas e militares de um e
de outro, para tomar partido de um e negar o direito a outro?
Sr. Presidente Malam Bacai Sanhá...
Também afirmou em Angola que: "o
ex-Comandante “está bem
de saúde ao cuidado das
autoridades do país, mas
com a liberdade limitada”
Ontem, 09.04.2010, viu-se e ouviu-se o Presidente do
Observatório dos Direitos Humanos, Democracia e Cidadania da Guiné-Bissau, João
Vaz Mané (depois de uma visita ao quartel de Mansoa onde Zamora Induta se
encontra detido) afirmar que: Zamora Induta,
está "extremamente
doente" e detido em "condições péssimas".
Não foi isso que o Sr. Presidente da República disse aos
órgãos de comunicação social em Angola... Ou seja, desconhecendo a real situação
de Zamora Induta, fez declarações infundadas e gratuitas no estrangeiro...
Ainda mais grave, o Sr. Presidente da República disse à
comunicação social angolana que Zamora Induta:"
já foi substituído pelo antigo Vice-Chefe do Estado-Maior, António Indjai."
Como foi possível dizer uma coisa dessas em Angola, sem
antes se dirigir ao povo guineense?
Como dizer uma coisa dessas, quando cabe ao Governo propor
as chefias militares para que o Presidente da República confirme as nomeações?
Como foi possível, se nenhum decreto oficial foi emitido,
promulgado ou vetado?
Sr. Presidente da República...
Ao tomar conhecimento da decisão do Departamento de Tesouro
dos Estados Unidos que acusa o ainda Chefe do Estado-Maior da Força Aérea, "Papa"
Camara e o ex-Chefe do Estado-Maior da Marinha (será que vai
reassumir o cargo?), Bubo Na Tchuto, de serem narcotraficantes,
o Sr. Presidente Malam Bacai Sanhá disse:
“Somos
contra o tráfico de droga, estamos a lutar contra o tráfico de droga. Se for
verdade [a acusação], é grave”.
Sr. Presidente da República... Os Estados Unidos podem
demorar a acusar, mas quando o fazem, é sinal de que algo mais pretendem fazer.
Não recuam nas suas acusações, venha donde vier e de quem vier o desmentido.
Atenção que, as Nações Unidas, um dia depois dessas acusações anunciaram
partilhar a visão dos Estados Unidos sobre o assunto...
Cabe agora às autoridades da Guiné-Bissau interpretar e
avaliar as acusações e o posicionamento dos Estados Unidos, bem como da ONU. Se
esses militares continuarem a fazer parte das chefias militares, se não houver
nenhum inquérito sobre essas acusações, não tenho dúvidas de que os Estados
Unidos conotarão as principais autoridades da Guiné-Bissau com o narcotráfico e
aí, tanto pagarão os que estão directamente envolvidos, como os que apenas fazem
de conta que o narcotráfico é (apenas) um problema da sub-região...
A propósito de uma peça jornalística sobre o envolvimento do
actual Vice-Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, António
Indjai no narcotráfico, escrevi há dias o seguinte:
Sr. Presidente Malam Bacai
Sanhá, não tenho a sua versão sobre a notícia, mas se realmente for verdade que
o Sr. Presidente decidiu desmentir o ocorrido no aeroporto de Cufar, afim de
continuar a preservar a boa imagem da Guiné-Bissau face aos seus parceiros
internacionais, digo-lhe que agiu muito mal e pôs em causa toda a sua
credibilidade e, por assim dizer, a credibilidade do próprio Estado!
Se o Sr. Presidente realmente desmentiu o ocorrido, alegando
preservar a boa imagem do país, ninguém voltará a acreditar que o Sr. Presidente
está determinado a combater o narcotráfico... É caso para perguntar: quem
aconselhou o Sr. Presidente a preferir a mentira, quando a verdade nunca esteve
tão perto na Guiné-Bissau?
"(...) Através da Inteligência militar, o Presidente, primeiro-ministro e o
Procurador-Geral da Republica, são informados do sucedido,
mas Malam Bacai Sanha opta por desmentir
o ocorrido em Cufar a fim de continuar a preservar a «boa imagem da
Guiné-Bissau» face aos seus parceiros internacionais. Mesmo assim, a 03 de Março, é constituída uma
comissão pelos Serviços de Informações de Estado com
a missão apurar os pormenores da questão do «avião
em Cufar» e apurarem o envolvimento de «altas
hierarquias militares», entre os quais António
Indjai que acabou por reconhecer a sua
responsabilidade directa da operação de narcotráfico
em Cufar."
OS
MESMOS ERROS DE SEMPRE... 03.04.2010 |
Ao Sr. Primeiro-ministro Carlos Gomes Jr.
e sobre o seu posicionamento em relação às acusações dos Estados Unidos devo-lhe
recordar que, sendo Primeiro-ministro e
conhecedor
de toda a podridão da Guiné-Bissau, nunca ajudou a descobrir as verdades sobre o
que tem acontecido ao longo dos anos na Guiné-Bissau, precisamente
porque é parte dessa podridão!
Há muito
que o Sr.
Primeiro-ministro Carlos Gomes Jr.
sabe e de fonte segura,
do envolvimento destes 2 chefes militares guineenses e outros, no narcotráfico,
ou não é assim, Sr. Primeiro-ministro?!
Questiona o Sr.
Primeiro-ministro:"
Qual é a
segurança que o Departamento de Estado (dos EUA), ao fazer esta publicidade, dá
às autoridades deste país?"
Bem, o Sr.
Primeiro-ministro levantou uma séria e importante questão, mas que serve para
questionar outras realidades da Guiné-Bissau.
1- Se acusações graves implicam
segurança, então, quem se atreveria a proferir acusações sobre as matanças de 1
e 2 de Março de 2009?
2- Se acusações graves implicam segurança, então
quem se atreveria alguma vez a acusar um narcotraficante na Guiné-Bissau?
Ou seja, mesmo conhecendo os factos, as autoridades da Guiné-Bissau, por
elas próprias omitirão sempre esses factos, bloqueando a acção da Justiça,
promovendo crimes, entre assassinatos, corrupção e narcotráfico.
Quer uma
força militar americana na Guiné-Bissau antes de se fazerem acusações, Sr.
Primeiro-ministro?
Solicite-a!
PM da Guiné-Bissau diz que «mediatização de
problemas» não ajuda o país
Por Redacção
O primeiro-ministro (PM) guineense, Carlos Gomes Júnior,
afirmou, esta sexta-feira, que «a mediatização de problemas
sigilosos» não é boa para o país e poderá mesmo ter
«consequências nefastas».
Gomes Júnior referia-se às sanções recentemente impostas
pelos EUA a dois oficiais guineenses, por alegado
envolvimento no tráfico de droga.
«A troca de correspondência não pode ser mediatizada, sendo
mediatizada isso pode ter consequências nefastas.
Qual é a
segurança que o Departamento de Estado (dos EUA), ao fazer
esta publicidade, dá às autoridades deste país?»,
questionou, aos microfones da Rádio Jovem.
Fonte: A Bola |
Também gostaria de questionar o Sr.
Primeiro-ministro sobre a grave acusação proferida pelo Vice-Chefe do
Estado-Maior General das Forças Armadas, António Indjai,
contra a sua pessoa: " O Cadogo é um
assassino, matou muita gente!" O que tem a dizer o Sr.
Primeiro-ministro sobre esta acusação?
Uma outra questão Sr. Primeiro-ministro:
O jornal português "Público" na sua edição de hoje,
10.04.2010, dá a conhecer uma interessante notícia que certamente terá chegado
antes ao conhecimento das autoridades angolanas e que dá conta do seguinte: No
meio da grande crise político-militar que a Guiné-Bissau está a viver, a
"holding" West Africa Mining, da
Suíça, anunciou
que as suas prospecções de ouro no norte do país foram positivas. A
licença que o Governo de Carlos Gomes Júnior concedeu ao grupo, em
Junho do ano passado, "cobre
a exploração de todos os recursos minerais do país",
incluindo bauxite,
lítio, irídio e diamantes.
Ou seja, em Junho de 2009, em plena campanha eleitoral para
as presidenciais antecipadas, o Sr. Primeiro-ministro, que até estava e está a
par do acordo assinado com Angola relativamente à exploração de bauxite, afinal,
também resolveu negociar com os suíços, garantindo-lhes a
a exploração de todos os recursos minerais do país",
incluindo bauxite,
lítio, irídio e diamantes.
Sr. Primeiro-ministro, a
pouco e pouco quem não o conhece ou finge desconhecer vai ficando a saber do que
o Sr. é capaz... Foi sempre assim, de negociata em negociata, através de actos
desonestos e ilícitos, que o Sr. conseguiu ter hoje o império que tem.
Infelizmente há quem ache
graça às suas propagandas, idolatrando-o, quando o Sr. ao invés de defender os
interesses da Guiné-Bissau, como Primeiro-ministro, tem estado a servir-se desse
cargo para agir como empresário e enriquecer-se cada vez mais com as negociatas
que tem feito!
Ainda bem que a mediatização
do que quer que seja não passa pelas suas empresas nem pela sua área de
influência político-partidária, Sr. Cadogo!
Anúncio de
"holding" suíça
Está prestes
a arrancar exploração de ouro no
norte da Guiné-Bissau
09.04.2010 -
19:20
No
meio da grande crise
político-militar que a
Guiné-Bissau está a
viver, a "holding" West
Africa Mining, da Suíça,
anunciou que que as suas
prospecções de ouro no
norte do país foram
positivas.
A licença que o Governo
de Carlos Gomes Júnior concedeu ao grupo, em
Junho do ano passado, “cobre a exploração de
todos os recursos minerais do país”, incluindo
bauxite, lítio, irídio e diamantes.
Enquanto o ouro parece ser uma certeza no norte,
a bauxite vai ser explorada na região do Boé, no
Sueste, em cujas colinas a independência
guineense foi unilateralmente proclamada em 24
de Setembro de 1973.
A investigação aurífera decorreu em 46 áreas com
anomalias geofísicas. As análises da amostras
“revelaram ser consistentemente positivas quanto
à sua proporção de ouro”, afirma o comunicado
ontem distribuído pela "holding" de Untermüli,
no cantão de Zug, na Suíça de língua alemã.
Dados os resultados prometedores, a Westafrica
Mineral Mining Ltd “decidiu apressar o
processo”. Com base nas recomendações feitas por
geólogos, a empresa “vai começar imediatamente
um programa de extracção, de acordo com os
padrões internacionais”.
A empresa M-Consult, do Mali, gerida pelo
geólogo Ahmed El Madani Diallo, que foi
candidato às presidenciais de 2002, está já
contratada para concretizar a exploração
aurífera no norte da Guiné-Bissau. Do trabalho
até agora efectuado, conclui-se que o potencial
de extracção de ouro é particularmente forte a
leste de Canquelifa (já perto da fronteira com a
República da Guiné) e entre essa localidade e
Paunca (nas proximidades da fronteira com o
Senegal).
As reservas senegalesas de ouro estão avaliadas
em 60 toneladas, incluindo 30 toneladas de ouro
aproveitável com fins industriais. E na
República da Guiné (Conacri) a bauxite é a
principal produção mineira, pelo que desde há
décadas se admite que também a Guiné-Bissau virá
um dia a explorar esse produto.
Fonte: Público
http://www.publico.pt/Mundo/esta-prestes-a-arrancar-exploracao-de-ouro-no-norte-da-guinebissau_1431531 |
Militares da Guiné-Bissau
são formados em Angola
Angola vai formar,
em breve, quadros para as forças
militares de defesa e segurança da
Guiné-Bissau. O Presidente guineense,
Malam Bacai Sanhá, afirmou, ontem, em
Luanda, no final de uma visita de cerca
de 24 horas, que conseguiu garantias de
apoio neste domínio.
A Guiné-Bissau quer a ajuda de Angola
para treinar e formar quadros militares
em função da experiência angolana neste
domínio. A Guiné-Bissau
tem sofrido convulsões militares e
políticas nos últimos anos, uma das
quais resultou na morte do Presidente
“Nino” Vieira.
Malam Bacai Sanhá disse, à imprensa, no
Aeroporto Internacional de Luanda “4 de
Fevereiro”, momentos antes de deixar
Angola, que o programa de treinamento
deve começar “o mais rápido quanto
possível”, embora ainda não haja um
programa.
Ontem, Malam Bacai
Sanhá reuniu-se, em privado, com o
Presidente da República, José Eduardo
dos Santos, no Palácio Presidencial da
Cidade Alta, onde almoçou, deixando a
seguir Angola de regresso a
Guiné-Bissau.
O Chefe de Estado guineense afirmou que
conseguiu, durante a curta visita, apoio
político, diplomático, económico e
financeiro de Angola.
O encontro entre os dois estadistas
resultou em reforço das relações de
amizade e de cooperação existente, que
disse o Presidente guineense, são
“históricas e boas”.
Malam Bacai Sanhá afirmou que recebeu do
Presidente da República, José Eduardo
dos Santos, os “melhores conselhos
possíveis”.
“Vamos utilizá-los para o melhor para a
Guiné-Bissau”, salientou.
Quanto à situação
política na Guiné-Bissau, Malam Bacai
Sanhá garantiu que é calma e que as
instituições do Estado estão em
funcionamento.
A Guiné-Bissau pediu a Angola ajuda para
mobilizar recursos para o
desenvolvimento.
Nunca temo pela minha vida
O Presidente da Guiné-Bissau, Malam
Bacai Sanhá, afirmou, ontem, que não
teme pela vida, mesmo com as sucessivas
convulsões políticas e militares no
país.
“A minha vida
oferecia-a em 1962, quando entrei para a
luta de libertação nacional. Estou para
pagar a dívida ao povo guineense”,
disse.
Malam Bacai Sanhá negou que a sua
relação com o Primeiro-Ministro, Carlos
Gomes Júnior, esteja envolta de
crispação. Essas notícias, frisou, são
especulação da imprensa.
Apesar da situação
política que se vive nos últimos tempos,
o Presidente guineense afirmou que a
Guiné-Bissau vai avançar.
Sobre a situação do
ex-chefe do Estado-Maior das Forças
Armadas guineense, Zamora Induta,
afirmou:
“Vamos dar o tratamento político que
merece a situação”, sem
precisar.
“Não pode
voltar a ser Chefe do Estado-Maior das
Forças Armadas
por não ter condições políticas,
morais e militares”,
disse, sublinhando que
o ex-Comandante “está
bem de saúde
ao cuidado das autoridades do país,
mas com a liberdade limitada”
e que já foi substituído pelo antigo
Vice-Chefe do Estado-Maior, António
Indjai.
Em relação
ao narcotráfico na Guiné-Bissau,
Malam Bacai Sanhá lembrou que
não é um problema do país, mas da
sub-região em que está inserido.
“Temos parcos recursos para lutar
contra o narcotráfico, mas estamos a
trabalhar para minimizar o mal”, disse.
Fonte: Jornal de Angola, 09.04.2010
http://jornaldeangola.sapo.ao/20/0/militares_da_guine-bissau_sao_formados_em_angola |
Malam Bacai Sanhá veio a Luanda
dizer que “está tudo bem”
Alguém acreditou nele?
O Presidente da
Guiné-Bissau esteve ontem em Luanda para abordar com o seu
homólogo angolano a situação de instabilidade que se regista no
seu país, sobretudo desde o passado dia 1, dia em que os
militares saíram mais uma vez à rua para imporem os seus
ditames.
Malam Bacai Sanhá procurou mostrar-se tranquilo,
passando a mensagem que está tudo bem em Bissau e o que se
passou há uma semana foi um “incidente”.
Só que em Luanda
ninguém terá acreditado na conversa e, muito provavelmente, foi
este cepticismo que ouviu de José Eduardo dos Santos.
É que as relações entre Angola e a Guiné-Bissau
não são apenas ditadas pelo passado histórico das lutas de
libertação conduzidas pelo MPLA e o PAIGC. Depois de anos de
letargia, a cooperação entre as duas partes estende-se agora a
avultados investimentos na exploração mineral. A própria
embaixada de Angola em Bissau, a última a ser aberta nos PALOP,
recebeu como primeiro embaixador, e único até à data, um amigo
da adolescência de José Eduardo dos Santos. Brito Sozinho,
diplomata de carreira que já passou pela Nigéria e a Tanzânia,
fugiu juntamente com JES, em 1962, para então Congo-Leopoldville
(hoje RD Congo), para se juntar ao MPLA ali instalado.
Em 13 de Setembro de 2007, o então ministro das Obras Públicas,
Higino Carneiro, assinou em Bissau, com o titular dos Recursos
Naturais guineense, Soares Sambu, um acordo para exploração de
bauxite na região de Boé (sudeste da Guiné-Bissau e próximo da
fronteira com a Guiné-Conacri).
A concessão foi entregue à empresa Bauxite
Angola que, para o feito, criou uma subsidiária local, a
Sociedade
Mineira do Boé, ficando com 70% do capital e
dispersando o restante por empresários angolanos (20%) e pelo
Estado guineense
(10%).
Para além da exploração mineral, a Bauxite Angola
comprometeu-se, entre outros investimentos sociais e económicos,
construir um porto de águas profundas, em Buba (19 metros de
calado e capacidade para operar em simultâneo três navios com
capacidade até 70 mil toneladas) e que deveria estar concluído
antes do final de 2012.
No total, seriam despendidos pelos angolanos
cerca de 321
milhões de dólares, o que tornava este ambicioso projecto no
maior investimento produtivo de Angola fora de portas.
Paralelamente a isto,
a Sonangol
começou a ser vista como potencial participante na prospecção de
petróleo no off-shore da Guiné-Bissau e acordos para a
exploração de fosfatos e produção de cajú.
Com Nino Vieira na Presidência da República e o PAIGC liderado
por Carlos Gomes Júnior no poder em Bissau, as coisas pareciam
correr “às mil maravilhas” para Luanda. Por isso, não foi de
estranhar que em Janeiro do ano passado, o chefe do Governo
guineense (é o primeiro-ministro) viesse à capital angolana e
saísse de cá com um acordo para a abertura de uma linha de
crédito a Bissau.
Só que a 1 de Março de 2009 tudo se alterou.
Num espaço de 24 horas foram assassinados o
Presidente João Bernardo Vieira (Nino) e o chefe do Estado-Maior
das Forças Armadas, Tagmé Na Wayé, o primeiro morto a golpes de
catana e o segundo num atentado bombista.
Foi o regresso à instabilidade em Bissau e
o retomar dos receios em Angola. É que 321 milhões de dólares
investidos num país da dimensão da Guiné-Bissau é um valor
demasiado elevado para ser gasto sem que haja sossego para os
investidores.
De lá para cá, todas as intenções angolanas de
apoiar os seus “irmãos” guineenses foram postas em
“banho-maria”.
ANTÓNIO FREITAS
Fonte: Novo Jornal - Edição Nº 116, 09.04.2010 -
Primeiro Caderno |
Guiné-Bissau, um ciclo
vicioso
J á é rotina:
periodicamente um militar arregimenta os colegas da sua tribo e
sequestram o poder na Guiné-Bissau.. Outra rotina: sempre que
tal acontece, um dirigente politico daquele país põe-se no avião
e vem a correr a Luanda.
Para não variar, foi o que
acabou de fazer o presidente Malan Bacai Sanhá. Pouco mais de
uma semana depois de um grupo de militares ter encenado um golpe
de estado, o presidente guineense meteu-se no avião e veio a
correr a Luanda.
O ritual está de tal forma
oleado que, apesar de ser a primeira vez que visita Angola na
qualidade de chefe de Estado, Malam Bacai Sanhá não gaguejou
quanto ao que vinha: pedir apoio politico, moral e...económico.
Quer dizer: sempre que um militar guineense acorda mal disposto
ou por causa dos salários atrasados ou porque entende que é a
vez da sua tribo assumir a chefia do Estado Maior das Forças
Armadas ou ainda porque ele e os seus não são tidos nem achados
no lucrativo negócio do tráfico de drogas - e sequestra o poder,
os líderes políticos põem-se num avião e vêm bater as portas de
Angola.
E isso já se tornou num ciclo
vicioso de que os guineenses certamente se beneficiam. Na
verdade, enquanto Angola continuar a compensar os golpistas, a
Guiné-Bissau será um poço permanente de instabilidade.
Nas declarações que prestou à
imprensa pouco antes de deixar Luanda Malam Bacai Sanhá pareceu
plenamente satisfeito. Seguramente alcançou o pleno em todos os
objectivos que o trouxeram a Luanda. Isto é, saiu daqui com os
bolsos a abarrotar de dinheiro.
O presidente guineense viu os
bolsos confortados no mesmo momento em que, por ocasião do Dia
Mundial da Saúde, uma médica voltava a chamar atenção para uma
aterradora estatística: 200 de entre mil bebés angolanos não
atingem os 5 anos de idade.
A causa da terrível mortalidade
está mais do que explicada: não há recursos financeiros para
apetrechar devidamente os hospitais angolanos. Entretanto,
dinheiro é o que nunca faltou à Presidência angolana para dar à
elite guineense, sempre que um qualquer militar acorda com
ressaca.
A propósito: porque não fazer
já da Guiné-Bissau um protectorado de Angola? Ao menos assim as
remessas de dinheiro que vão parar à elite daquele país ficariam
inscritas no nosso Orçamento Geral do Estado.
O África Monitor, uma
publicação lusa de circulação restrita, estima em 600 milhões de
dólares o investimento que as autoridades angolanas têm previsto
para a Guiné-Bissau. Tal dinheiro será empregue na exploração
dos jazigos de bauxite do Boé e na construção de um porto em
Buba.
Ora, 600 milhões de dólares é
dinheiro que a maior parte das províncias angolanas nunca viu
nem verá. Pelo menos enquanto o Governo deste país persistir em
assumir sozinho responsabilidades que deveriam ser partilhadas
por toda a comunidade internacional.
Fonte: Semanário Angolense
- Edição 362, pág. 48, 10.04.2010 |
VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR!
COMENTÁRIOS AOS TEXTOS DA SECÇÃO
EDITORIAL
Cultivamos e
incentivamos o exercício da mente, desafiamos e exigimos a liberdade
de expressão, pois é através da manifestação e divulgação do
pensamento (ideias e opiniões), que qualquer ser humano começa por
ser útil à sociedade!
Fernando Casimiro (Didinho) |
VAMOS CONTINUAR A
TRABALHAR!
Projecto
Guiné-Bissau:
CONTRIBUTO
www.didinho.org
|