A mutilação genital feminina, finalmente uma prática ilegal na Guiné-Bissau
19.06.2011 A Assembleia Nacional Popular (ANP) aprovou, no dia 6 de junho, a lei contra a mutilação genital feminina, coroando assim de sucessos a longa luta de todos quantos ao longo de vários anos se debateram contra esta prática cultural atentatória aos direitos humanos. A Assembleia Nacional Popular cumpriu assim o seu dever nesta matéria para com a Mulher guineense. Houve avanços e recuos no tratamento deste assunto no seio do orgão legislador nacional. Mas devemos reconhecer que se trata de um tema muito sensível por ter a ver com questões culturais que exigem todo um trabalho de informação e de preparação junto das populações que a praticam por tradição.
O dispositivo legal tão esperado está disponível, mas isso não quer dizer que a mutilação genital feminina desapareça imediatamente das práticas tradicionais. Em primeiro lugar, por ter um enraizamento cultural (e não religioso !) e nesta base só a formação (com a aquisição de conhecimentos científicos) do Homem poderá fazê-lhe compreender os riscos que tal prática faz correr à criança e à mulher. Por outro lado, por se tratar de uma atividade económica para quem a pratique e, sendo obrigada a deixar de a realizar, deverá procurar uma outra forma de ganhar a vida. Nestas circunstâncias este « passo em frente », indubitavelmente indispensável para o combate desta forma de « fanado », deve ser acompanhado de uma larga campanha de formação/informação e por um conjunto de medidas tendentes a criarem uma alternativa profissional para as fanatecas. Isso tudo equivale a dizer que o abandono da prática da mutilação genital feminina deve inserir-se num processo real de desenvolvimento cultural, social e económico da população em geral.
O CONTRIBUTO saúda esta decisão da ANP sobre um tema que foi objeto de vários artigos nas suas páginas.
O artigo de Sofia Carvalho de Almeida publicado no Observatório do Algarve, que aqui reproduzimos, refere-se a esta decisão da ANP e ao contexto em que ela se insere.
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MUTILAÇÃO GENITAL FEMININA - PROJETO DJINOPI Filomena Embaló MAIS UMA VÍTIMA DA EXCISÃO Filomena Embaló "EU, MARIAMA BÂ, VÍTIMA DA EXCISÃO..." Filomena Embaló
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