COISAS NOSSAS... (3)

"Coisas Nossas, Muito Nossas" é uma expressão que ficou célebre entre os guineenses no pós-independência. É da autoria do nosso saudoso, ilustre intelectual, Jorge Ampa Cumelerbo, a quem prestamos homenagem com os artigos "COISAS NOSSAS" .

Jorge Ampa Cumelerbo foi jornalista, escritor, investigador do INDE (Instituto Nacional para o Desenvolvimento da Educação) e Director do Centro de Formação e Superação de Professores "Máximo Gorki" em Có.

Hoje, houve comício na Praça dos Heróis Nacionais em Bissau, com a presença de populares que foram manifestar solidariedade ao Primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior... Segundo o Primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior, os guineenses devem sair à rua sempre que houver pessoas interessadas em desestabilizar o país. Olha quem fala... Que vergonha!

Será que os partidos políticos podem fazer comícios fora do período eleitoral, ou o comício era do Governo e não do PAIGC?!

Certo é que no comício, o Primeiro-ministro não teve coragem para falar do "Caso Bubo Na Tchuto", mas aproveitou para mostrar o quão manipulador de consciências é, ao dizer aos presentes no tal comício, que o Governo iria pagar salários em atraso.

É preciso o Governo organizar um comício para anunciar que vai pagar salários em atraso?!

Carlos Gomes Júnior está habituado a usar o dinheiro para conseguir apoios e vendo que está "queimado" com o "Caso Bubo Na Tchuto", resolve, uma vez mais "comprar" os guineenses que estão à venda.

Porém, Carlos Gomes Júnior não pode enganar, nem comprar todos os guineenses!

Apesar do medo estar a ditar a falsa estabilidade na Guiné-Bissau, ainda há guineenses dignos, bons filhos da terra que não ficam indiferentes, não aceitam a mentira e, cientes de todos os riscos, com prudência, mas firmes e decididos, fazem-nos chegar informações fidedignas da nossa terra, por estarmos na mesma luta, por uma Guiné Positiva.

Hoje recebemos uma nota que tem tudo a ver com a questão dos salários em atraso na Guiné-Bissau e com a forma como se está a gerir o Erário Público da Guiné-Bissau, numa altura em que a Comunidade Internacional decidiu abrir os cordões à bolsa, presenteando, pelos vistos, o Governo da Guiné-Bissau com um rico e digno "Cabaz de Natal"...

Desde já desafiamos o Governo a desmentir esta nota, caso não seja verdade o que a seguir reproduzimos!

ESCÂNDALO

Caro Fernando,

Não gosto do mal dizer mas, quando as coisas ultrapassam o razoável...

Numa terra onde os trabalhadores do Estado têm salários em atraso e, o Estado, não paga dívidas contraídas a empresas privadas há mais de dez (10) anos, é , no mínimo, escandaloso o abuso de confiança protagonizado pelo governo ao ter distribuído, para si próprio, um cabaz de Natal como segue.

Para o 1º Ministro FCFA 5.000.000,00 (Cinco milhões de francos ) equivalentes a Euros 7.622,50.

Para os Ministros FCFA 3.000.000,00 (Três milhões de francos) equivalentes a Euros 4.573,50,a cada um.

Para os Secretários de Estado FCFA 2.000.000,00 (Dois milhões de francos) equivalentes a Euros 3.049,00,a cada um.

Na azáfama, não sei se se terão lembrado dos outros órgãos de Soberania mas, mesmo que não, se considerarmos que o governo é integrado por 29 membros ( 1º Ministro + 16 Ministros + 12 Secretários de Estado), a soma envolvida é interessante. "Coisas Nossas, Muito Nossas" como diria o falecido Jorge Ampa.

Um abraço e Bom Ano.

Hoje também vi na Televisão o Primeiro-ministro Carlos Gomes, com o "Súmbia" na cabeça, imitando o nosso saudoso e grandioso Amilcar Cabral.

Aproveito para lembrar aos guineenses em geral e aos militantes do PAIGC em particular, que Amilcar Cabral nunca foi empresário, nunca foi milionário, nunca hipotecou os interesses, quer da Guiné, quer de Cabo Verde a nenhuma potência ou coisa do género.

Amilcar Cabral jamais roubou nada à Guiné e aos guineenses, pelo contrário, deu tudo de si, incluindo a própria vida para que os povos da Guiné-Bissau e de Cabo Verde fossem livres e donos dos seus destinos!

Carlos Gomes Júnior na óptica de Amilcar Cabral seria considerado um dos piores filhos da nossa terra!

Cultivamos e incentivamos o exercício da mente, desafiamos e exigimos a liberdade de expressão, pois é através da manifestação e divulgação do pensamento (ideias e opiniões), que qualquer ser humano começa por ser útil à sociedade! Fernando Casimiro (Didinho)