A PROPÓSITO DE ELEIÇÕES (7)

 

Queremos, precisamos de um Presidente da República à margem de todos os conflitos partidários e de natureza militar. Um Presidente da República verdadeiro símbolo da Unidade Nacional e digno Comandante em Chefe das Forças Armadas, por atribuição constitucional, que defenda o interesse nacional, que promova o regresso de todos os guineenses à Pátria Mãe. Queremos um Presidente da República que seja referenciado pelo respeito que os seus concidadãos nutrem pelas suas capacidades humanas, profissionais e intelectuais e não um Presidente da República referenciado por ter muito dinheiro roubado ao próprio país, que se orgulha de ter o poder de mandar prender ou matar seus próprios concidadãos e que constitui um obstáculo ao regresso dos filhos da terra ao seu próprio país! Didinho 25.01.2012

 

Fernando Casimiro (Didinho)

didinhocasimiro@gmail.com

12.05.2014

Fernando Casimiro (Didinho)Tinha dito que não iria escrever sobre os candidatos e sobre as candidaturas, mas não podia ficar indiferente perante a segunda vaga dos documentos que li hoje através do blog Ditadura do Consenso. As minhas desculpas por "quebrar" a promessa, mas o momento exige urgência no esclarecimento de envolvimentos de contornos criminais quer por parte do Supremo Tribunal de Justiça, quer do PAIGC e do seu candidato presidencial José Mário Vaz!

A bem da transparência e tendo em conta os superiores interesses da Guiné-Bissau bem como o respeito pelo povo guineense, importa que haja um rápido e sustentado esclarecimento público de quem de direito!

Estou triste, mas, obviamente, não constitui surpresa para mim que as meias verdades sobre a imensa podridão que polui a Guiné-Bissau, apenas sejam dadas a conhecer em função do oportunismo do momento e das conveniências inerentes, ainda que, não de forma oficial, mas aparentemente, através de "fugas de informação", que não têm nada a ver com investigações jornalísticas, propriamente ditas, como se quer dar a entender.

Estou triste, não por se confirmar por via documental, independentemente de como foi obtido um processo que se tornou habitual, o da delapidação do tesouro público guineense, a partir do sistema típico (desvio de fundos) das várias governações que conhecemos ao longo de 40 anos de independência, mas sim, pela cumplicidade a todos os níveis, entre o crime organizado e enraizado, por conseguinte, estabelecido no sistema do dirigismo do Estado, ao mais alto nível e, pasme-se, entre dois dos órgãos de soberania: O Governo e os Tribunais.

Como é possível que sejam permitidas candidaturas à mais alta Magistratura da Nação, ou seja, ao cargo de Presidente da República da Guiné-Bissau, de personalidades altamente suspeitas, com provas documentais suficientes para uma apreciação detalhada e acção em conformidade, tendo em conta acusações oriundas do próprio Ministério Público Guineense?!

Aquando das eleições antecipadas de 18 de Março 2012 só o Supremo Tribunal de Justiça da Guiné-Bissau não viu a inconstitucionalidade da candidatura do, na altura, Primeiro-Ministro Carlos Gomes Júnior que, sem ter sido exonerado do seu cargo, pois a vacatura presidencial era interina e ao Presidente interino as competências são limitadas em matéria de demissão do Primeiro-Ministro e consequentemente, do governo, avançou como candidato, continuando a chefiar o governo, utilizando verbas do Estado para a sua campanha; nomeando uma Primeira-Ministra Substituta, que era a Directora da sua campanha...tudo isso, como se todos os guineenses fossem simplesmente analfabetos ou ignorantes do que consta na Constituição da República...

Mas como a palavra do Supremo Tribunal fala e falou mais alto, do que adiantava contrariar, quando se deve "acreditar" na Justiça, ainda que, uma Justiça Injusta...

Volvidos 2 anos, estamos de novo perante um claro manifesto de incompetência judicial, isto, tendo em conta dados documentais que, a meu ver, eram suficientes para que o Supremo Tribunal de Justiça invalidasse a candidatura presidencial apresentada pelo PAIGC  na pessoa do ex-ministro das Finanças do Governo deposto a 12 de Abril de 2012

Mas como pode o Ministério Público, enquanto advogado do Estado, desempenhar  o seu papel, quando de investigação em investigação, qualquer conclusão é catalogada de perseguição/cabala política etc., etc.,?

Será que os doze milhões de dólares doados por Angola à Guiné-Bissau não devem ser questionados, como se tivessem sido doados a fulano ou beltrano e não ao Estado da Guiné-Bissau?!

Será que a nova liderança do PAIGC desconhecia todo este processo, ao ponto de nada ter feito para a indicação de um outro candidato presidencial alheio a todas as suspeitas sobre este e outros casos, escolhendo um outro nome que não o do ex-ministro das Finanças, acusado criminalmente pelo Ministério Público guineense?!

Estou triste sim, por mais uma vez, milhares de guineenses continuarem a ser enganados por uns e outros, sim, por uns e outros, dentre os que sabem a verdade e usam-na por conveniência apenas e, outros que, sendo parte da verdade, enquanto culpados/criminosos, insistem descaradamente, no argumento de que, se outros até fizeram pior e nada lhes aconteceu, certamente não será agora que a Justiça será feita na Guiné-Bissau...

Perante acusações de ordem criminal, documentadas, sobre o candidato Presidencial do PAIGC José Mário Vaz, publicadas no blog http://ditaduradoconsenso.blogspot.pt/ que motivação terá o povo eleitor perante a imoralidade de uma conjectura que a todos os títulos não abona a favor do PAIGC obviamente, nem do seu candidato presidencial?!

Ou este assunto, da forma como foi partilhado publicamente, nesta altura, ou seja a seis dias da realização da segunda volta das eleições presidenciais que opõe precisamente o candidato do PAIGC José Mário Vaz ao candidato independente Nuno Gomes Nabiam, não deve merecer questionamento dos guineenses, mas tão somente a condescendência baseada no argumento de perseguição/cabala?!

O PAIGC sejamos realistas, cometeu um erro imperdoável, o de promover a candidatura de José Mário Vaz à Presidência da República, sabendo do seu envolvimento no caso que mereceu a actuação do Ministério Público guineense e, quando poderia arranjar tantas outras alternativas internamente, ou, de consenso nacional, tendo em conta a solicitação de apoio de um dos candidatos independentes, concretamente o Dr. Paulo Gomes.

E o que poderá acontecer perante as evidências criminais do candidato José Mário Vaz?

O que tem a dizer ou a reconsiderar o Supremo Tribunal de Justiça perante factos postos na praça pública?!

O que tem a dizer o PAIGC sobre o alegado ou "provado" envolvimento do seu candidato presidencial no escândalo que é este caso?

O que tem a dizer o candidato José Mário Vaz ao seu partido e aos seus eleitores, quando ele, melhor do que ninguém deveria saber que, sendo acusado pelo Ministério Público do desvio de 12 milhões de dólares, não devia ter avançado com a sua candidatura presidencial, por respeito aos bons princípios e à Guiné-Bissau!

EXCLUSIVO DC - DINHEIRO DE ANGOLA (III): A AUDITORIA DA 'AUDICONTA' (II)

EXCLUSIVO DC - DINHEIRO DE ANGOLA (III): O RELATÓRIO DA AUDITORIA DA 'AUDICONTA' (I)

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