POR OCASIÃO DOS QUARENTA E UM ANOS DA PROCLAMAÇÃO DA INDEPENDÊNCIA DA REPÚBLICA DA GUINÉ-BISSAU...
Fernando Casimiro (Didinho) 24.09 2014
Parabéns Guiné-Bissau; parabéns guineenses!
Escolhi alguns textos que escrevi entre 2003 e 2011 por ocasião da celebração do dia da Proclamação da Independência Nacional da Guiné-Bissau, Minha Terra/Meu umbigo, para voltar a partilhar convosco (meus queridos leitores e seguidores) independentemente da interpretação e posicionamento de cada um... Algo novo que trago hoje à vossa consideração é sobre o termo UNILATERAL com que se tem apresentado o registo da data Histórica da Proclamação da nossa Independência. Acho que deveria deixar de acompanhar a referência a uma PROCLAMAÇÃO digna do termo, fundamentada pelas evidências no terreno e tão importante para o nosso país, quiçá, para o nosso povo, e que desde o seu acto, marca de forma exclusiva/única, a celebração oficial do dia da Guiné-Bissau, em todo o Mundo, quer para os guineenses, quer para os amigos da Guiné-Bissau e, ainda, nos diversos organismos dos quais fazemos parte como Estado-Membro! Não celebramos o dia 10 de Setembro, dia do reconhecimento oficial por parte de Portugal (10.09.1974) relativamente à nossa Independência, proclamada a 24 de Setembro de 1973 e reconhecida dias depois, por mais de oito dezenas de Estados-Membros da Organização das Nações Unidas, reconhecimento esse, que passou desde então a colocar Portugal como um Estado invasor de outro Estado, a República da Guiné-Bissau. Não celebramos o 10 de Setembro, porquanto, não ter sido uma data nossa, ou seja, não foi proposta ou estabelecida pelo Partido Libertador, que solenemente Proclamou a nossa Independência. A Proclamação da nossa Independência a 24 de Setembro de 1973 simboliza a VITÓRIA incontestável do nosso povo, de armas na mão, obrigado que foi a isso pelo regime colonial português, através de um processo cultural, como o classificou Amilcar Cabral, pai das Independências da Guiné-Bissau e Cabo-Verde. A Guiné-Bissau não obteve a sua Independência através de negociações, ainda que depois da Proclamação da Independência e face ao derrube do regime fascista em Portugal, tenha havido negociações para os arranjos da "descolonização". A Guiné-Bissau OBTEVE a sua INDEPENDÊNCIA do regime colonial português, com SANGUE, SUOR e LÁGRIMAS, através de um processo libertador vitorioso, e contagiante quer para Portugal, quer para as demais colónias portuguesas. Não devemos continuar a aceitar um "menosprezo" para a data da PROCLAMAÇÃO da nossa INDEPENDÊNCIA, agregando a expressão "UNILATERAL" à PROCLAMAÇÃO da nossa INDEPENDÊNCIA, trazendo à colação um "reconhecimento" que jamais poderia inviabilizar a PROCLAMAÇÃO ocorrida a 24 de Setembro de 1973! Parabéns e viva a Guiné-Bissau! Parabéns guineenses! Honra e Glória a todos os que deram suas vidas para a libertação e pela independência do nosso país, mas também, pela liberdade do nosso povo! COMPILAÇÃO DE ALGUNS TEXTOS DA MINHA AUTORIA POR OCASIÃO DA CELEBRAÇÃO DA DATA DA PROCLAMAÇÃO DA INDEPENDÊNCIA DA REPÚBLICA DA GUINÉ-BISSAU - 24.09.2003 a 24.09.2011
Um novo conceito de patriotismo Neste dia inesquecível para a Guiné-Bissau, as minhas palavras são de conforto, apreço, compreensão e solidariedade para com todos os guineenses, sem distinção de qualquer espécie e, onde quer que estejam. Os meus votos de futuro melhor para a nossa Guiné-Bissau, em que, daqui em diante todos os guineenses se devem consciencializar dos seus direitos e deveres na participação activa para a construção e desenvolvimento do país. Deixemos para trás de vez, a frase: "Não sou eu sozinho que vou construir a Guiné-Bissau..." e dupliquemos as nossas responsabilidades, visto já termos perdido tempo demais sobrepondo interesses pessoais aos interesses do país, desagregando toda uma estrutura que cada vez se vem provando que, não estando solidificada, corre o risco de se desmoronar... Os meus desejos também de que esta seja a última geração de militares golpistas, que seja o fim das ditaduras e, que a educação e a saúde, nos seus conceitos básicos, sejam as grandes apostas para o futuro do país.
Mantenhas para todos. Fernando casimiro (didinho) 24-09-2003
UM NOVO CONCEITO DE PATRIOTISMO
24.09.2003 Uma nova revolução!
Por: Fernando Casimiro (Didinho) 24.09.2005 Não tenhamos medo de fazer uma nova revolução na Guiné-Bissau. Não uma revolução com armas de fogo, mas a revolução da consciência cívica, a revolução de mentalidades que dará ao nosso povo o direito à liberdade do saber, do conhecimento! É urgente libertar o povo guineense do obscurantismo! É urgente fazer ver aos guineenses que, o medo de mudar ontem é a razão dos males de hoje, e o medo de mudar hoje será a razão dos males de amanhã... O dia de hoje, 24 de Setembro, que regista a proclamação unilateral da nossa independência, é um dia de festa, mas, deve ser igualmente, um dia de reflexão para todos os guineenses! Festejar a independência sim, mas em simultâneo fazer um balanço de todo um percurso de 32 anos que teimosamente nos continua a situar numa escala negativa em relação aos índices de desenvolvimento humano. A Guiné-Bissau tem potencialidades, sobretudo humanas, que é preciso valorizar. Estamos todos conscientes da necessidade de apostas na Educação e na Saúde como prioridades para a elevação sócio cultural, entre outros valores, dos guineenses. É preciso no entanto, ideias e soluções; responsabilidades e compromissos para que se definam programas que consigam impulsionar estas prioridades para um bom desempenho. A minha sugestão é que se faça um ajuste no programa de governação que possibilite uma articulação objectiva de 3 Ministérios (não a fusão): Ministério da Educação Nacional Ministério da Saúde Ministério da Solidariedade Social, da Família e da Luta contra a Pobreza. Uma articulação objectiva que possibilite uma frente comum alargada, coordenada e baseada na troca de experiências por sectores e que congregue técnicos num debate permanente no sentido de se introduzir cada vez mais e melhores soluções para estas 3 áreas que se cruzam quando se fala em áreas de desenvolvimento para a Guiné-Bissau. É necessário que haja comunicação entre estes (e todos) Ministérios! É necessário que haja comunicação entre as instituições e as populações! Temos que continuar a acreditar que dependemos sobretudo de nós próprios para a mudança desejada e que se resume no desenvolvimento da Guiné-Bissau e reflectida na melhoria das condições de vida das suas populações. UMA NOVA REVOLUÇÃO 24.09.2005 "A independência nacional tem de ser apenas o primeiro grande passo para a nossa liberdade e dignidade de homens e de africanos, no caminho da construção de uma vida de paz, de progresso e de felicidade para os povos - irmãos da Guiné e Cabo -Verde". Amilcar Cabral (O que quer o nosso Partido, 1960) GUINÉ-BISSAU: SALVAGUARDAR A INDEPENDÊNCIA NACIONAL
Por: Fernando Casimiro (Didinho) 24.09.2006 A independência nacional foi a maior vitória do nosso povo e uma das maiores conquistas de sempre dos movimentos de libertação nas suas lutas contra o colonialismo. A proclamação da independência da República da Guiné-Bissau fez despertar o mundo para a capacidade de organização dos povos oprimidos, bem como para o reconhecimento da grandeza da obra de Amilcar Cabral sustentada no processo da luta de libertação nacional que culminou com as independências da Guiné-Bissau e de Cabo-Verde. Trinta e três anos depois e tendo em consideração os registos de um processo pós-independência que não correspondeu às expectativas dos guineenses e cujo falhanço se deve essencialmente aos desvios das linhas de orientação traçadas por Amilcar Cabral, é chegada a hora do assumir de responsabilidades, do reconhecimento dos erros e da projecção de novas estratégias de orientação que possam recuperar a motivação e o orgulho nacionais. A Guiné-Bissau passa por momentos delicados mas, tem condições para superar as adversidades que teimosamente têm negado a reviravolta necessária para a sua afirmação. É imprescindível que haja diálogo entre guineenses, independentemente das suas divergências políticas ou sociais. É imprescindível que o diálogo entre guineenses se baseie em princípios e valores como sejam: a Verdade, a Justiça e o Perdão, que são referências que podem e devem suportar a tão almejada Reconciliação Nacional. É imprescindível que os guineenses assumam os seus compromissos para com o país. Trinta e três anos depois, a paz e a estabilidade não estão garantidas, o que continua a condicionar o desenvolvimento da Guiné-Bissau. A independência nacional custou a vida a milhares de guineenses, sujeitou o povo guineense a todo o tipo de sacrifícios. Hoje, trinta e três anos depois, devemos reconhecer que chegou a hora de salvaguardarmos a nossa maior vitória, a independência nacional! Viva a Guiné-Bissau! Nota complementar: Este texto foi apresentado no dia 24. 09. 2006 como Editorial no noticiário das 14:00, o principal serviço de notícias da Rádio Bombolom FM e o de maior audiência nacional (Guiné-Bissau). GUINÉ-BISSAU: SALVAGUARDAR A INDEPENDÊNCIA NACIONAL 24.09.2006 "A independência nacional tem de ser apenas o primeiro grande passo para a nossa liberdade e dignidade de homens e de africanos, no caminho da construção de uma vida de paz, de progresso e de felicidade para os povos - irmãos da Guiné e Cabo Verde". Amilcar Cabral (O que quer o nosso Partido, 1960)
LIBERDADE E DIGNIDADE
Por: Fernando Casimiro (Didinho) 24.09.2007
Liberdade e Dignidade, eis a meta, os objectivos fundamentais da razão de ser de todo o percurso libertador rumo à independência nacional, o primeiro grande passo para a concretização dessas metas, desses objectivos! Era esta, a forma como Amilcar Cabral encarava o futuro numa perspectiva pós-independência. Hoje, continuamos a carecer de Liberdade e de Dignidade, o que nos mostra que afinal, ainda só cumprimos o primeiro passo de um longo percurso que tem na Liberdade e na Dignidade as suas metas fundamentais! Como tenho dito, lendo e estudando Cabral encontramos, no seu legado, as respostas para os nossos problemas! Por ocasião do 34º aniversário da proclamação da nossa independência, e por achar actuais 2 trabalhos que fiz no passado sobre a data, sendo que um de 2003 e outro de 2006, volto a convidar-vos para a leitura dos mesmos. Viva a Guiné-Bissau! A MUDANÇA é irreversível! Vamos continuar a trabalhar!
GUINÉ-BISSAU: SALVAGUARDAR A INDEPENDÊNCIA NACIONAL
Por: Fernando Casimiro (Didinho) 24.09.2006 A independência nacional foi a maior vitória do nosso povo e uma das maiores conquistas de sempre dos movimentos de libertação nas suas lutas contra o colonialismo. A proclamação da independência da República da Guiné-Bissau fez despertar o mundo para a capacidade de organização dos povos oprimidos, bem como para o reconhecimento da grandeza da obra de Amilcar Cabral sustentada no processo da luta de libertação nacional que culminou com as independências da Guiné-Bissau e de Cabo-Verde. Trinta e três anos depois e tendo em consideração os registos de um processo pós-independência que não correspondeu às expectativas dos guineenses e cujo falhanço se deve essencialmente aos desvios das linhas de orientação traçadas por Amilcar Cabral, é chegada a hora do assumir de responsabilidades, do reconhecimento dos erros e da projecção de novas estratégias de orientação que possam recuperar a motivação e o orgulho nacionais. A Guiné-Bissau passa por momentos delicados mas, tem condições para superar as adversidades que teimosamente têm negado a reviravolta necessária para a sua afirmação. É imprescindível que haja diálogo entre guineenses, independentemente das suas divergências políticas ou sociais. É imprescindível que o diálogo entre guineenses se baseie em princípios e valores como sejam: a Verdade, a Justiça e o Perdão, que são referências que podem e devem suportar a tão almejada Reconciliação Nacional. É imprescindível que os guineenses assumam os seus compromissos para com o país. Trinta e três anos depois, a paz e a estabilidade não estão garantidas, o que continua a condicionar o desenvolvimento da Guiné-Bissau. A independência nacional custou a vida a milhares de guineenses, sujeitou o povo guineense a todo o tipo de sacrifícios. Hoje, trinta e três anos depois, devemos reconhecer que chegou a hora de salvaguardarmos a nossa maior vitória, a independência nacional! Viva a Guiné-Bissau! Um novo conceito de patriotismo
Por:
Fernando Casimiro (Didinho)
24-09-2003
Neste dia inesquecível para a Guiné-Bissau, as minhas palavras são de conforto, apreço, compreensão e solidariedade para com todos os guineenses, sem distinção de qualquer espécie e, onde quer que estejam. Os meus votos de futuro melhor para a nossa Guiné-Bissau, em que, daqui em diante todos os guineenses se devem consciencializar dos seus direitos e deveres na participação activa para a construção e desenvolvimento do país. Deixemos para trás de vez, a frase: "Não sou eu sozinho que vou construir a Guiné-Bissau..." e dupliquemos as nossas responsabilidades, visto já termos perdido tempo demais sobrepondo interesses pessoais aos interesses do país, desagregando toda uma estrutura que cada vez se vem provando que, não estando solidificada, corre o risco de se desmoronar... Os meus desejos também de que esta seja a última geração de
militares golpistas, que seja o fim das ditaduras e, que a educação e a saúde,
nos seus conceitos básicos, sejam as grandes apostas para o futuro do país.
Mantenhas para todos Projecto Guiné-Bissau: CONTRIBUTO LIBERDADE E DIGNIDADE 24.09.2007 OS VERDADEIROS INIMIGOS DA GUINÉ-BISSAU NÃO ESTÃO NO PROJECTO CONTRIBUTO, MAS SIM, NOS ÓRGÃOS DE PODER DA REPÚBLICA!
Fernando Casimiro (Didinho) 24.09.2009 Trinta e seis anos depois da proclamação unilateral da independência da Guiné-Bissau, continua a caça às bruxas, não havendo coragem nem humildade para assumir os erros de um cíclico percurso ditatorial (nos seus mais diversos formatos), todo ele caracterizado por actos criminosos, desde crimes de sangue, lesivos à Unidade Nacional, passando por crimes económicos, lesivos ao Interesse Nacional! Jamais se ouviu do PAIGC, partido libertador, um pedido de desculpa ao povo guineense por tantos anos de barbárie de um percurso governativo que semeou o medo, o ódio, a instabilidade, a matança, a corrupção e a destruição na Guiné-Bissau. A liberdade conquistada com sangue, suor e lágrimas dos melhores filhos da Pátria, foi retirada ao povo guineense pelos piores filhos da terra, que passaram a vestir a camisola do interesse pessoal, ao invés da camisola do interesse nacional; foi-se fomentando a ganância e com ela, uma luta sanguinária pelo controle do poder. Era perceptível, tornando-se numa realidade, a perseguição, a intimidação, prisão e tortura, bem como assassinatos de cidadãos guineenses e não só, por ordens superiores. Quem estava (quem continua) a destruir a Unidade Nacional forjada na luta sob a orientação de Amilcar Cabral?! Quem estava (quem continua) a destruir a imagem positiva que a exemplar luta de libertação nacional tinha proporcionado à Guiné-Bissau?! Quem estava (quem continua) a semear o ódio, o espírito de vingança; a incutir o medo, a obrigar os guineenses a um exílio forçado?! Quem estava (quem continua) a confirmar que afinal, na Guiné-Bissau, não se estava (está) perante uma aprendizagem da convivência democrática, mas sim, perante uma absoluta ditadura?! Tempos idos, tempos vindos, a sina do mal persiste e nos dias de hoje, novos alvos são apontados como sendo inimigos da Pátria, quando na verdade, os verdadeiros inimigos da Pátria Guineense estão e sempre estiveram, nos Órgãos do Poder da República da Guiné-Bissau! Se Amilcar Cabral ressuscitasse, não tenho dúvidas de que, hoje mesmo se posicionaria do nosso lado (Projecto Guiné-Bissau: CONTRIBUTO), na denúncia do mal que o poder tem feito na Guiné-Bissau! Discursos de ocasião têm alimentado expectativas de uma pretensa estabilidade assente na reconciliação nacional. Nada mais repetitivo e inconsequente, quando esses discursos omitem três pontos essenciais para a abordagem da reconciliação: 1- A verdade 2- A Justiça 3- O Perdão A reconciliação é a soma destes 3 valores! Pretende-se decretar a Reconciliação Nacional?! Ou deve-se criar mecanismos e promover condições para que todos os que foram prejudicados de uma forma ou de outra pelas barbáries de 36 anos de governação possam libertar-se das suas mágoas, contando as verdades sobre os danos/prejuízos humanos e materiais que sofreram (ou os seus familiares)?! A quem serve uma reconciliação promotora da impunidade, senão aos criminosos de sempre?! Pede-se silêncio, pensando que é sinónimo de estabilidade e, consequentemente, de boa imagem da Guiné-Bissau no mundo. Que pensamento ridículo! Na Guiné-Bissau de hoje, "acabaram-se" os partidos de oposição; não se ouve falar da Sociedade Civil e a Comunicação Social, para não admitir autocensura, lá vai dando o benefício da dúvida...tudo, em nome de uma pretensa estabilidade, de uma outra imagem da Guiné-Bissau perante o mundo. Amilcar Cabral e tantos que deram suas vidas pela independência nacional, jamais aceitariam esta "lei da rolha! O silêncio que se quer impor na Guiné-Bissau não significa estabilidade nem tão pouco se enquadra nos princípios de uma verdadeira Democracia! Afirmações no sentido de uma luta feroz contra o narcotráfico, quando se sabe que o país não tem meios humanos e materiais para isso, mas também, não aceita soluções consensuais externas de quem pode apoiar directamente, são afirmações de encher os ouvidos, mas que não convencem os mais atentos e melhor preparados intelectualmente. Posicionar-se a favor da verdade sobre os assassinatos do ex- Presidente Nino Vieira e do ex- Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas Tagme Na Waie qualquer um pode fazê-lo, mas um Presidente da República eleito, que finge não saber como ocorreram esses assassinatos e quem esteve presente no acto que vitimou Nino Vieira, quando toda a cidade de Bissau falou e fala disso, é no mínimo comprometedor... Por estes dias ficamos a saber que há quem queira expandir o Pacto de Silêncio que vigora na Guiné-Bissau ao nosso Projecto CONTRIBUTO. Ficamos a saber que para além de intimidações e ameaças de morte à catanada, também se tem solicitado aos nossos colaboradores para deixarem de escrever no site www.didinho.org pois que, segundo os incomodados, o nosso site prejudica a imagem da Guiné-Bissau no mundo... Mas que falta de argumento; que manifestação mais demonstrativa de um desespero incontornável, causado pela afirmação cada vez mais notória do nosso Projecto quer no seio das comunidades guineenses na diáspora e na Guiné-Bissau, bem como dos amigos da nossa terra! Que fique bem claro: Nós não somos nenhum Partido Político e não temos pretensões ao Poder na Guiné-Bissau! Que fique também claro o seguinte: Como cidadãos e amigos da Guiné-Bissau, temos o direito e o dever de participar, de forma institucionalizada e no âmbito da Cidadania, na busca de soluções para os múltiplos problemas que afectam a Guiné-Bissau, independentemente das origens desses problemas! Aproveito esta oportunidade para informar a todos de que estamos a trabalhar, para ainda este ano, transformarmos o nosso Projecto numa instituição dedicada à promoção da Cidadania, dos Direitos Humanos e do Desenvolvimento Social. Caminhamos devagar, mas cientes de estarmos a dar passos seguros! Será a passagem para a segunda fase do Projecto inicial, o que nos permitirá realizar acções práticas com autoridade reconhecida a favor da Guiné-Bissau e dos guineenses! Seremos uma Força Positiva, com mais utilidade em relação a tudo quanto temos vindo a fazer ao longo destes 6 anos do Projecto Guiné-Bissau: CONTRIBUTO. Estamos em fase de conclusão dos Estatutos da nossa futura organização, para de seguida providenciarmos o seu registo legal. Vamos continuar a trabalhar!
Guiné-Bissau hoje
Fernando Casimiro (Didinho) 24.09.2010 Estimados camaradas da Associação de Jovens para Acção e Cidadania pela Guiné-Bissau (AJAC - GB); Caros camaradas da Associação de Jovens Imigrantes (AJI); Ilustres convidados, compatriotas e amigos da Guiné-Bissau; Ao iniciar a minha intervenção, quero agradecer o convite que me foi endereçado pelas Associações organizadoras desta iniciativa que visa assinalar os 37 anos da proclamação da independência da República da Guiné-Bissau. Se me permitem, por achar pertinente um esclarecimento sobre a questão, ressalvo que os guineenses, por esta altura, comemoram os 37 e não 36 anos da proclamação da independência da Guiné-Bissau, tão notória é a contradição nas diversas divulgações e referências sobre eventos comemorativos alusivos à data. Efectivamente, a proclamação da independência foi proferida no dia 24 de Setembro de 1973, nas matas de Madina de Boé, pelo então Comandante João Bernardo "Nino" Vieira, na qualidade de primeiro Presidente da Assembleia Nacional Popular, previamente constituída. É esta data, que ficou registada como o dia da Proclamação do Estado, que passou a ter como primeiro Presidente, Luís Severino de Almeida Cabral. Quando se fala em 36 anos, confunde-se a proclamação da independência, a 24 de Setembro de 1973, com o reconhecimento dessa independência, por parte de Portugal, potência colonizadora, a 10 de Setembro de 1974. Ora, o que os guineenses comemoram ou assinalam, é o dia 24 de Setembro e não o dia 10 de Setembro, o que equivale dizer que, comemoramos a proclamação do Estado anunciada há 37 anos e não há 36! Entrando concretamente no tema que me foi proposto abordar, decidi trazer-vos uma outra visão do que habitualmente caracteriza o debate sobre a Guiné-Bissau de hoje, do nosso dia-a-dia. Apontar o que está bem ou mal na Guiné-Bissau, tem sido uma constante na minha vida, pelo menos nos últimos 7 anos, por isso, achei interessante apresentar, nesta comunicação, a relação entre a Guiné-Bissau hoje e os jovens, para mostrar-vos que, para além de tantas causas sobejamente conhecidas que caracterizam os nossos insucessos, como povo e país, há uma razão que foi crucial no pós-independência e que bloqueou a projecção de áreas e etapas de desenvolvimento do país até aos dias de hoje. Na Guiné-Bissau do pós-independência não houve PASSAGEM DE TESTEMUNHO da geração da luta de libertação nacional para a geração da luta pelo desenvolvimento nacional - jovens formados e capacitados. Os que lutaram com armas de fogo pela independência da Guiné-Bissau, ainda hoje teimam em ser donos da terra, impedindo os que podem lutar com as armas do conhecimento, de assumirem o papel de força geradora do desenvolvimento do país. Falar da Guiné-Bissau de hoje, implica, necessariamente, recordar a euforia de uma vivência única que foi o anúncio da proclamação unilateral da nossa independência. Convidado por Associações de Jovens, esta minha intervenção destina-se essencialmente aos jovens, com quem partilho hoje algumas das minhas recordações aquando da proclamação da independência da Guiné-Bissau. Tinha eu 12 anos de idade e de vivência juvenil da Guiné, dita portuguesa; já aluno do 3º ano do Liceu Honório Barreto, experimentado na arte de sintonizar a estação da Rádio Libertação, apesar das constantes preocupações e recomendações dos meus pais. A proclamação da independência foi para mim, na altura, como que uma desforra pelo assassinato de Amilcar Cabral, ocorrido a 20 de Janeiro do mesmo ano. Lembro-me que foi o abrir de alas para muitos jovens, sobretudo na casa dos 17 anos para cima, que deixaram suas casas e familiares para entrarem nas matas da Guiné, eufóricos, decididos a juntarem-se aos combatentes do PAIGC para o derradeiro esforço da libertação total da Guiné do jugo colonial português. A cada dia que passava, dava-se conta que mais rapazes e raparigas tinham seguido pisadas de outros e outras, destino: "mato", PAIGC. Ainda havia guerra, mas a esperança na vitória era cada vez maior! O povo ansiava pela libertação e quando a força da guerra, particularmente na Guiné-Bissau, precipitou o Levantamento Militar de 25 de Abril de 1974 em Portugal, soltaram-se todas as amarras, partiram-se todas as correntes. Concretizava-se assim o sonho da Libertação, o que consequentemente veio a traduzir-se em negociações que possibilitaram o reconhecimento de jure da independência da Guiné-Bissau, pelas novas autoridades portuguesas, a 10 de Setembro de 1974. De um lado e de outro, era o fim de um dos mais retrógrados regimes coloniais da História! Ilustres convidados, compatriotas e amigos da Guiné-Bissau; A Guiné-Bissau de hoje, volvidos 37 anos de independência, continua a ser a Guiné-Bissau entre a desilusão e a esperança. Jovens de ontem, feitos homens e mulheres hoje, continuam desiludidos pela forma como foram impedidos de assumir e exercer os seus direitos de cidadania. A liberdade supostamente conquistada com a independência, não passou de uma miragem... Jovens de ontem, feitos homens e mulheres hoje (esperanças de um futuro melhor para a nossa terra e para o nosso povo), comprometidos com o desenvolvimento do país, formados em várias Universidades do Mundo, regressados à Pátria, foram excluídos do processo de desenvolvimento nacional, humilhados, perseguidos, feitos prisioneiros, torturados e até executados ou obrigados a abandonar o país. Muitos saíram para não mais regressar até aos dias de hoje...deixando a Guiné-Bissau mais pobre, mais carenciada, mais enfraquecida, mais angustiada, mais dividida, mais atrasada e à mercê dos malfeitores. A Guiné-Bissau do poder da força das armas, da intolerância, da ganância pelo poder, da mediocridade, tal como no período do monopartidarismo, assim continua a ser nos dias de hoje. Jovens de hoje, nossas esperanças, homens e mulheres de amanhã, formados em diversas Universidades do Mundo, não são aproveitados para o processo de desenvolvimento do nosso país. Tal como os jovens de ontem, vêem suas liberdades condicionadas; suas iniciativas de carácter cívico interpretadas como acções subversivas contra o país, sendo ameaçados, insultados e "impedidos" de regressar à Pátria... Dos que regressam à Pátria, muitos acabam por se perder na vida... A esperança que motiva quem continua a acreditar nas potencialidades do país, sobretudo nas potencialidades humanas, advém precisamente do facto de sermos um país em regeneração. Um país de gente jovem, que valoriza o saber, o conhecimento; que conhece os seus direitos e deveres; que está disposta a lutar para contribuir pela afirmação, pela dignidade, pela Paz, Estabilidade e Desenvolvimento do país que é de todos e não apenas dos que estiveram nas frentes de guerra durante a luta de libertação nacional, ou dos que são militantes ou simpatizantes do Partido que protagonizou a luta de libertação e a proclamação da independência nacional. Aos Jovens da nossa terra, lanço o desafio de exigirem a passagem de testemunho. É chegada a hora de a Guiné-Bissau optar pelo saber, pelo conhecimento, pela mais-valia dos seus filhos mais capazes, se de facto quisermos o progresso do país e o bem-estar do nosso povo. Os jovens de hoje devem organizar-se, devem debater e discutir o presente e futuro do país, para que amanhã não sejam também responsabilizados de nada terem feito para que as gerações seguintes tenham a vida facilitada. Os jovens de hoje devem exigir oportunidades de participação nas discussões de assuntos de interesse nacional, porquanto serem eles o garante da continuidade de tudo o que hoje se pensar e se fizer pela Guiné-Bissau! Vejo uma Guiné Positiva no horizonte, porque acredito nos jovens de hoje, pois que, há muito têm dado sinais de estarem comprometidos com o país e de conhecerem e assumirem os seus direitos e deveres de cidadania! Viva a Guiné-Bissau! Viva o Povo guineense! Honra e Glória aos obreiros da independência! VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR, PELA PAZ, ESTABILIDADE E DESENVOLVIMENTO! GUINÉ-BISSAU HOJE 24.09.2010 A GUINÉ-BISSAU E OS GUINEENSES VALEM MAIS DO QUE CENTO E CINQUENTA MILHÕES DE DÓLARES!
Minha Terra, Minha Amada
Letra de Fernando Casimiro (Didinho) Música de Fernando Carvalho Álbum "Nha Laide" O maior desafio para todos os guineenses é o de criar mecanismos de mudança para a Guiné-Bissau! Didinho
Fernando Casimiro (Didinho) 24.09.2011 Que os desígnios dos ideais da independência, com realce para a liberdade de pensamento e acção, o bem-estar do nosso povo, materializados no progresso/desenvolvimento do país sejam resgatados num processo de reconhecimento dos desvios, dos erros, cometidos ao longo dos anos e que, infelizmente, continuam a impedir a construção da Nação com que sonhamos e que ainda não temos! A 24 de Setembro de 1973 um dos sonhos de Cabral e de todos os combatentes da liberdade da Pátria concretizava-se, com júbilo, anunciado nos quatro cantos do mundo, ecoando numa majestosa mistura sonora entre balafons, tambores, korá, etc. A proclamação unilateral da República da Guiné-Bissau nas matas do Boé, região libertada, foi um momento de coragem, de afirmação das capacidades de estruturação de um Estado que, fruto dessa proclamação, viu-lhe ser reconhecido por mais de 80 países, em poucas semanas, o estatuto de um país independente anexado por forças estrangeiras, neste caso, afectas ao regime colonial português. Era o princípio do fim do próprio regime colonial. Se valeu a pena a independência? Obviamente que valeu a pena, não só a independência da Guiné-Bissau, mas de todos os países cujos povos se decidiram a isso, quer de forma negociada quer com recurso à luta armada por inviabilidade negocial. Se nos primeiros anos da independência a Guiné conseguiu criar mecanismos e estruturas de desenvolvimento, que, inclusive, em muitos países africanos da sub-região não existiam, em que patamar de desenvolvimento poderia, hoje, estar o país, não fosse desviada a rota do desenvolvimento socio-económico com o golpe de Estado de 14 de Novembro de 1980? Alguém tem dúvidas que a valorização e o aproveitamento das potencialidades e capacidades humanas de toda a riqueza identitária do povo guineense (negros, mestiços, brancos; animistas, muçulmanos, católicos etc.) teria continuado a prevalecer e a impulsionar a busca contínua das melhores vias para o progresso do país e o bem-estar das populações? Nem tudo estava bem, principalmente a nível do respeito pelos direitos humanos, com muitos julgamentos sumários e fuzilamentos, acções de ajuste de contas movidas pelo ódio e pelo espírito de vingança, mas a solução para isso, viu-se, não estava em nenhum golpe de Estado, mas sim, na promoção da democratização da estrutura partidária dirigente, que deveria ter iniciado um processo de reformas tendentes à passagem de testemunho das funções de governação do Estado (até então confundido com o próprio partido libertador) e à abertura ao multipartidarismo por um lado, bem como, na criação de condições para a promoção da economia, com abertura e apoio ao sector privado. Do passado entre o pós-independência e os dias de hoje, já escrevi muito, infelizmente, registos de mágoas, de tristeza, de dor. Desejo e quero escrever coisas boas sobre o meu país e o meu povo, peço aos governantes que me dêem essa oportunidade e prazer, porquanto direito e dever de cidadão, tanto num, como noutro caso! Congratulo-me com os anúncios de obras realizadas e com os valores da exportação da castanha de caju, porém, sobre a exportação da castanha de caju, espero que as lições do passado, com a monocultura da mancarra/amendoim esteja sempre presente quer nos governantes, quer nas populações. Cento e cinquenta milhões de dólares, parece muito dinheiro, mas para um país cujas populações deixam tudo para, durante alguns meses, fazerem apenas a campanha da apanha da castanha de caju, não é nenhum valor acrescentado para a nossa economia, que NÃO DEVE, NÃO PODE depender apenas de um produto! O caju não substitui o arroz, base alimentar das nossas populações. Produzimos arroz suficiente para o abastecimento das nossas populações, mas continuamos a importar arroz, ficando a produção nacional no sul do país, sem possibilidades de distribuição por falta de meios de transporte, mas, também, por manobras políticas tendenciosas, viradas para o ganho de comissões com a importação do arroz. Temos condições naturais e humanas para a auto-suficiência alimentar, mas preferimos dedicar-nos quase em exclusivo à castanha do caju, para depois comprarmos produtos agrícolas nos mercados estrangeiros... Será esta uma boa opção económica? O dinheiro que sai com as importações de produtos que podemos produzir localmente não daria para melhorar as condições de vida dos nossos agricultores, das nossas populações? Quem ganha realmente com a comercialização da castanha do caju? Digam-me, mostrem-me onde está a aplicação dos ganhos da receita da exportação da castanha do caju que pomposamente se tem anunciado? As nossas populações passaram a viver melhor? Em que se revestem esses ganhos, como e onde são aplicados, já que todo um país pára, prescindindo de toda uma diversidade de apostas socio-económicas com potencialidades e possibilidades indiscutíveis, desde a diversidade agrícola, a pesca, a criação de gado e a produção de produtos derivados, o comércio e a prestação de serviços em geral etc., etc.? Expliquem-me o crescimento económico de um país que não tem indústria, em que o comércio informal dominante, é gerido maioritariamente por cidadãos de países vizinhos, cujos lucros obtidos são canalizados para as suas contas nos seus países; um país em que as populações não têm poder de compra, pois poucos trabalham e recebem de vez em quando e a maioria nem sequer trabalha e, por isso, não recebe... Expliquem-me o crescimento económico de um país endividado, que até aqui depende da ajuda externa para tudo, incluindo para o suporte do Orçamento Geral do Estado. Espero que se tenha em conta que a Guiné-Bissau e os guineenses valem mais do que cento e cinquenta milhões de dólares! Aposte-se na diversificação, aproveitando o potencial humano e natural do país! Num dia de comemoração, também se aconselha reflexão. Estaremos divididos quanto à forma e ao teor dos reparos e das críticas em relação à governação e aos modelos de desenvolvimento social e económico do país, mas, seguramente, estaremos todos em sintonia, de que é preciso fazer algo para que a Guiné-Bissau enverede por um percurso mais digno que possibilite a sua estabilidade e consequente integração plena no concerto das Nações. Cabe aos guineenses, em primeiro lugar, a responsabilidade e tarefa nas mudanças que o país precisa! Trabalhemos todos para a reconciliação, sem nos esquecermos que ela se sustenta com a Verdade, com a Justiça e com o Amor (mesmo que seja em forma de perdão mútuo)! O primeiro compromisso de todos os guineenses deve ser para com a Guiné-Bissau. Cabe ao povo guineense a acção da Mudança! Didinho A GUINÉ-BISSAU E OS GUINEENSES VALEM MAIS DO QUE CENTO E CINQUENTA MILHÕES DE DÓLARES! 24.09.2011 A vida só tem sentido se, para além de nós, outros também puderem viver...Didinho Não me limito a fazer só a minha parte! Tento, igualmente, incentivar cada um a fazer a sua, em função da sua consciência, compromisso e responsabilidade para com o país e o Mundo. A SOLIDARIEDADE é um gesto nobre, o maior e o mais sentido! A INDIFERENÇA contraria o espírito e o conceito de SOLIDARIEDADE, por isso, sou contra a INDIFERENÇA e lamento pelos INDIFERENTES! Por nós próprios, porque ninguém vive sozinho neste mundo, sejamos SOLIDÁRIOS! Didinho A Guiné-Bissau é a soma dos interesses de todos os guineenses E NÃO DOS INTERESSES DE UM GRUPO OU DE GRUPOS DE GUINEENSES! Didinho VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR! Cultivamos e incentivamos o exercício da mente, desafiamos e exigimos a liberdade de expressão, pois é através da manifestação e divulgação do pensamento (ideias e opiniões), que qualquer ser humano começa por ser útil à sociedade! Didinho O MEU PARTIDO É A GUINÉ-BISSAU!
VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR!
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