CUMPLICIDADE E PROMISCUIDADE: ANÁLISE SOBRE ACUSAÇÕES, ACUSADORES E ACUSADOS

 

 

"Fazemos força para aqueles que não prestam melhorarem, mas sabemos quem vale e quem não vale, sabemos até quem é capaz de mentir. Há alguns que ainda não conhecemos bem. Os camaradas também me conhecem, conhecem outros dirigentes do Partido que respeitamos muito, porque valem até ao fim, vocês sabem isso bem. Há outros de que alguns têm medo, porque sabem que só valem porque têm a força nas mãos. Alguns de vocês que estão aqui já viram dirigentes do Partido cometer erros graves mas obedecem-lhes ainda porque têm medo deles"

 Amilcar Cabral  em: "O nosso Partido e a  luta devem ser dirigidos pelos melhores filhos do nosso povo"

 


(C+) investigation - Africa stups 1.3
 

TEMOS QUE RECONHECER QUE O NARCOTRÁFICO PASSOU A SER A CAUSA PRINCIPAL DE TODAS AS DISPUTAS PELO PODER NA GUINÉ-BISSAU!

TEMOS QUE RECONHECER IGUALMENTE, QUE O NARCOTRÁFICO ESTÁ A DESTRUIR, DE FORMA ACELERADA, A GUINÉ-BISSAU E OS GUINEENSES!

 

 

"(...) No espaço de 1 mês, dois Magistrados guineenses escreveram cartas ao Presidente da República e ao Primeiro-Ministro no sentido da exoneração do Procurador-Geral da República, tendo como argumento questões relacionadas com o narcotráfico, a carta do Dr. Gabriel Djedju, bem como por negligência e ausência de responsabilidade na defesa de interesses públicos, a carta do Dr. Paulo Djô." CÚMPLICES! 14.07.2007

O CASO 674


 

"(...) Hoje, mais do que nunca, Nino Vieira está completamente à mercê dos militares, mais precisamente dos chefões militares, nomeadamente, de Tagme Na Waie e de Bubo Na Tchuto, ou seja, os que Baciro Dabó chamou de “barões da droga e lacaios dos colombianos”.

"(...) Sabe-se que Tagme na Waie acompanhado dos seus mais próximos colaboradores, insultou Baciro Dabó, na presença de Nino Vieira e no gabinete de trabalho do próprio Presidente da República e exigiu a Nino Vieira a imediata demissão do ex - Ministro da Administração Interna, afirmando inclusive que foi ele quem permitiu o regresso ao país do actual Presidente da República e foram eles que o fizeram eleger como Presidente e por isso mesmo não permitiria nem admitiria a continuidade do actual Conselheiro para a Informação como tal, pelo que teria que ser imediatamente demitido.  
Nino Vieira, duas horas depois do ultimato de Tagme Na Waie demitiria Baciro Dabó como seu Conselheiro e deixava a conhecer, com este acto, que o verdadeiro e único líder político e militar na Guiné-Bissau é o Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas."
 Didinho   
QUE NINO VIEIRA, O SR. GENERAL - PRESIDENTE, RESPONDA PELO NARCOTRÁFICO NA GUINÉ-BISSAU! 01.11.2007
 


 

" (...) Se Zamora Induta, António Indjai e Carlos Gomes Jr. estão em sintonia desde 2 de Março de 2009, algo muito forte os liga: A Mentira, quer nas mortes de Tagme Na Waie e Nino Vieira a 1 e 2 de Março; quer nas mortes de Hélder Proença e Baciro Dabó a 4 de Junho passado." Didinho A VERDADE NUNCA ESTEVE TÃO PERTO NA GUINÉ-BISSAU... 26.11.2009

 

Fernando Casimiro (Didinho)

didinho@sapo.pt

20.04.2010

Fernando Casimiro (Didinho)A manta que tem servido de cobertura a toda a espécie de crimes e criminosos na Guiné-Bissau, está-se a transformar, cada vez mais, numa manta de retalhos. Diria que uma boa parte dela está em adiantado estado de decomposição, ou seja, a desfazer-se. O que ainda resta e serve para cobrir os mais fortes, acabará, brevemente, por ter o mesmo fim... Destes mais fortes, a manta já não cobre todas as partes do corpo, sendo que, dalguns, já se conseguem ver os pés de fora; doutros, as mãos; doutros ainda, o rabo ou a careca. Já faltou mais para se saber quem é quem na vasta área da criminalidade na Guiné-Bissau, entre políticos/governantes e militares no poder ou que estiveram no poder.

Este meu trabalho de hoje vem a propósito de um documento supostamente elaborado e emitido pelo Estado-Maior das Forças Armadas da Guiné-Bissau, com data de 11 de Agosto de 2008, acusando o então Chefe do Estado-Maior da Armada, Contra-Almirante José Américo Bubo Na Tchuto, de intentar um golpe de Estado contra o então Presidente da República da Guiné-Bissau, João Bernardo "Nino" Vieira.

Convido desde já os leitores a considerarem um artigo que escrevi nessa altura sobre o assunto e outros que acompanham este artigo, para uma melhor compreensão da análise de hoje. SEGUINDO O RASTO DO GENERAL JOÃO BERNARDO VIEIRA 17.08.2008

Na semana finda, recebi diversas solicitações de pessoas que tiveram acesso ao documento acusatório contra Bubo Na Tchuto e queriam saber o meu ponto de vista sobre o respectivo documento. Achei interessante e aqui estou a partilhar a minha visão, de forma imparcial, como sempre, e tendo por base a verdade, ainda que, a minha verdade, mas sustentada.

A Guiné-Bissau, infelizmente, transformou-se numa grande Escola do ensino do mal. Ao longo dos anos tem-se transmitido às gerações grandes ensinamentos do mal. Os próprios "professores"  acabam por ser vítimas dos seus "alunos", que automaticamente se autoproclamam  novos professores. O ciclo tem-se repetido, sendo que as matérias, as estratégias e passos dados ou a dar têm sido sempre os mesmos, o que não deixa margem para concluir que quem hoje tem o poder acusa ou pune alguém que lhe é incómodo, mas, invariavelmente, um dia perderá esse poder para outro, tornando-se também alvo/vítima de acusação ou punição.

Assistimos a golpes de Estado de facto; a acusações de tentativas de golpe de Estado; a insinuações e vitimizações várias, desde comunicados oficiais da Presidência da República, do Governo, do Estado-Maior, dos Serviços de Informação do Estado, da Contra-Inteligência Militar, etc., tudo, em nome e na apetência do e pelo poder.

" (...) Foi com total surpresa que, Tagme Na Waie, outrora torturado por Nino Vieira, veio publicamente defender o perdão a Nino Vieira, manifestando até a disponibilidade em abraçá-lo se este voltasse à Guiné."  FINALMENTE O ROSTO PRINCIPAL DO CASO "06 DE OUTUBRO" 10.04.2005 

Os graves e constantes problemas políticos e militares na Guiné-Bissau ultrapassam todos os problemas naturais que à partida deveriam ser os verdadeiros problemas do país.

Quem se surpreende nos dias de hoje (depois de tantas repetições, dos mesmos percursos, das mesmas estratégias), com um documento emitido em Agosto de 2008 e só agora depositado num servidor na Internet, com o propósito de ser descarregado e partilhado como matéria de leitura (?), quando em Agosto de 2008 se falou e se escreveu muito sobre o caso?

A meu ver, a partilha deste documento, nesta altura, demonstra que há quem de facto pense que Bubo Na Tchuto  pode ainda vir a ser nomeado Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas e, por isso, nada melhor do que partilhar a acusação detalhada que pende sobre ele em relação à alegada tentativa de golpe de Estado de Agosto de 2008, de forma a ser contestado perante qualquer tentativa de nomeação.

Se a intenção for essa, creio que se trata de uma estratégia medíocre, pois não há maior argumentação para acusar Bubo Na Tchuto de tentativa de golpe de Estado, do que o ocorrido a 01 de Abril passado e do conhecimento de todos!

Posto isto, convém recordar que quem reavivou a alegação da acusação de Bubo Na Tchuto nessa tentativa de golpe de Estado, e após o seu regresso a Bissau nos finais de Dezembro de 2009 e posterior refúgio nas instalações das Nações Unidas, foi José Zamora Induta, Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas detido na sequência do golpe militar de 01 de Abril passado, com o total apoio do Governo, na pessoa do Primeiro-ministro Carlos Gomes Jr., que, como "parte interessada" no processo, acabou por assumir, pela negativa, mais protagonismo do que o próprio poder judiciário.

Hoje há quem acuse os que defenderam o respeito pelos direitos humanos no caso de Bubo Na Tchuto, de serem responsáveis, indirectamente, pelo que aconteceu no passado dia 01 de Abril. Podem pensar assim e eu, por ter defendido, de forma sustentada, um tratamento em conformidade com a lei e tendo presente o Estado de Direito e o respeito pelos Direitos Humanos, respeito essas opiniões, mas voltaria a proceder da mesma forma, fosse a pessoa em questão Bubo Na Tchuto, Malam Bacai Sanhá, Carlos Gomes Jr., ou Zamora Induta, por exemplo.

Os Direitos Humanos não diferenciam pessoas, assim como a Justiça reconhece o direito, inclusive aos criminosos, de terem advogado de defesa, entre outras considerações.

Depois do que aconteceu a 01 de Abril, é fácil acusar os defensores dos Direitos Humanos, mas, ainda que seja uma suposição, o que poderia acontecer na Guiné-Bissau, caso os procedimentos e atitudes de força, de desrespeito pela separação de poderes, concretamente pelo poder judicial, por parte do Primeiro-ministro Carlos Gomes Jr., resultassem numa detenção à força, ou abate do cidadão Bubo Na Tchuto?

Provavelmente o país teria mergulhado num conflito armado, que assumiria expressões étnicas, de consequências desastrosas para todos. Não foram os defensores dos Direitos Humanos os responsáveis pela má gestão do caso Bubo Na Tchuto, enquanto esteve refugiado nas instalações das Nações Unidas.

Ainda assim, concordo que, face a todas as evidências criminais, de abrangência internacional, tal como a acusação recente feita pelo Departamento de Tesouro dos Estados Unidos contra Bubo Na Tchuto e Ibraima Camará, por si só, justificava uma acção judicial, no âmbito dos protocolos internacionais assinados pela Guiné-Bissau, que permitissem a detenção legal de Bubo Na Tchuto nas instalações da ONU onde estava refugiado. Aí sim, as Nações Unidas poderiam ter colaborado, pois a defesa dos Direitos Humanos, não iliba ninguém de uma acusação e se estavam na posse de provas em relação à participação de Bubo Na Tchuto no narcotráfico, essas provas não surgiram só depois dos acontecimentos de 01 de Abril, mas também, o próprio Primeiro-ministro Carlos Gomes Jr., há muito que sabia do envolvimento de Bubo Na Tchuto (e outros mais), no narcotráfico e não lhe fez essa acusação, limitando-se a reavivar uma acusação feita por Tagme Na Waie contra Bubo Na Tchuto em 2008, se bem que Tagme Na Waie foi assassinado em Março de 2009 e, era uma das figuras principais a serem ouvidas no processo de acusação contra Bubo Na Tchuto, relativamente a uma alegada tentativa de golpe de Estado em Agosto de 2008.

Por outro lado, gostaria de testar a coragem e a lealdade de todos os comandantes militares das diversas regiões do país, cujos nomes se encontram nesse documento de acusação, entre os quais, o actual Vice-Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, António Indjai, que confirmaram, na altura, a intenção de Bubo Na Tchuto pretender derrubar o Presidente João Bernardo Vieira.

COMISSÃO DE INQUÉRITO SOBRE TENTATIVA DE GOLPE DE ESTADO POR PARTE DE BUBO NA TCHUTO

O que têm esses senhores a dizer nos dias de hoje sobre o assunto?

Provavelmente dirão que a acusação foi forjada pelo Ex-Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, Tagme Na Waie, por estar morto, ilibando Bubo Na Tchuto, por estar vivo e com poder...

Bubo Na Tchuto reconheceu a 01 de Abril passado, ter tido problemas no seio das Forças Armadas, apenas com o assassinado CEMGFA Tagme Na Waie.

Os problemas entre eles, a meu ver, estiveram sempre relacionados com o narcotráfico e não foi por acaso que a acusação se remonta a Agosto de 2008, logo depois do caso de Julho do mesmo ano que culminou com apreensão de 2 aeronaves no aeroporto internacional Osvaldo Vieira em Bissau, aeronaves que teriam transportado cocaína para a Guiné-Bissau, tendo sido a mercadoria descarregada por homens afectos a Tagme Na Waie, quando a droga tinha como destinatário a ala do Presidente João Bernardo Vieira, representada por Bubo Na Tchuto.

PROCESSO DAS AERONAVES APREENDIDAS NO AEROPORTO INTERNACIONAL OSVALDO VIEIRA

Foi daí que tudo começou e a acusação feita a Bubo Na Tchuto de tentativa de golpe de Estado foi a melhor forma encontrada por Tagme Na Waie para o isolar e enfraquecer, assim como ao próprio ex-Presidente João Bernardo Vieira.

Sobre acusações, acusadores e acusados, particularmente depois das eleições que ditaram a vitória de João Bernardo Vieira nas Presidenciais de 2005, enquanto o narcotráfico, numa fase inicial, era controlado apenas por um grupo restrito, de confiança mútua, tudo correu às mil maravilhas nas relações entre Nino Vieira e as chefias militares. Quando todos passaram a conhecer o funcionamento do sistema, os ganhos que poderiam obter, gerindo pessoalmente o negócio, aí tudo se alterou e a ganância passou a falar mais alto, motivando traições e confrontações.

COM QUE DINHEIRO, MEUS SENHORES...?! 20.04.2008

O grupo restrito dispersou e cada um formou o seu grupo privado, passando a haver conflitos de interesse e disputas pelo controlo do negócio. O poder das armas, como sempre, serviu para definir os contornos da liderança no negócio, bem como para a imposição de regras, em função das conveniências. O narcotráfico identificava-se cada vez mais com o próprio Estado, tal a cumplicidade e promiscuidade entre políticos, governantes e militares envolvidos. Viu-se isso pela primeira vez em 2006 depois da apreensão de 674 quilos de cocaína, que dariam muito que falar, mas que, judicialmente, não deram em nada...

Em Setembro de 2007, um documento confidencial elaborado pelo então Ministro da Administração Interna, o também assassinado Major Baciro Dabó, provocou irritação a Tagme Na Waie.

CONFIDENCIAL - 10 DE SETEMBRO DE 2007

Teria sido apenas  por questões de influência política que Baciro Dabó, no seu documento confidencial, referenciava os nomes do também assassinado ex-Ministro da Defesa e ex-deputado Hélder Proença, assim como  de Ernesto de Carvalho, um ex-Ministro do Interior num dos governos de Kumba Yalá, ou era devido ao envolvimento de todos no narcotráfico?

O certo é que, Tagme Na Waie não gostou e fez uso do seu poder, de Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, para insultar Baciro Dabó no gabinete do Presidente da República, exigindo a sua imediata exoneração do cargo que na altura ocupava, como Conselheiro do Presidente da República.

O narcotráfico estava a enraizar-se cada vez mais e com consequências imprevisíveis, tendo em conta o envolvimento, a total liberdade e acção das chefias militares no negócio.

Os militares tinham a força das armas e por isso, o poder sobre a autoridade do Estado, mas apesar de terem essa força das armas, se alguém conseguisse dividi-los, o poder político talvez conseguisse obter dividendos e algum equilíbrio perante situações de conflito de interesses relacionados com o narcotráfico.

Foi assim que Nino Vieira apostou tudo em Bubo Na Tchuto para conseguir dividir as Forças Armadas, arranjar um contra-poder na classe castrense e garantir, não apenas a sua segurança pessoal, mas a salvaguarda dos negócios em que estava envolvido.

Foi assim que a divisão no seio das Forças Armadas fez surgir tensões entre Tagme Na Waie e Bubo Na Tchuto.

Após a partida "forçada" de Bubo para a Gâmbia, o ex-Presidente João Bernardo Vieira ficou à mercê de Tagme Na Waie. Entre ambos abriu-se uma "frente de guerra", com várias estratégias, das mesmas de sempre. Ora um a fazer-se de vítima e a insinuar uma tentativa de golpe de Estado, como foi o caso do ataque à residência de Nino Vieira em Novembro de 2008, ora outro a denunciar ter sido alvo de um disparo por guardas ao serviço de Nino Vieira, neste caso Tagme Na Waie, em Janeiro de 2009.

Definitivamente o ambiente era de guerra entre ambos, tendo o país assistido ao reagrupamento dos milícias "Aguentas", jovens que serviram Nino Vieira no conflito armado de 98/99, que passaram a fazer guarda ao Presidente, tendo posteriormente Tagme Na Waie, enquanto Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, ordenado uma intervenção de desarmamento e dispersão desse grupo, uma intervenção "musculada" que contou com a participação do Batalhão de Mansoa, dirigido por António Indjai... e azedas  ficaram as relações entre Nino Vieira e Tagme Na Waie até 1 e 2 de Março de 2009, quando ambos foram assassinados.

Do duplo assassinato prontamente se pronunciou José Zamora Induta, acusando Nino Vieira de ter mandado matar Tagme Na Waie e que, em retaliação, os militares fizeram o mesmo a ele...

Facilmente se pôde constatar a cumplicidade dos novos homens fortes das Forças Armadas nos assassinatos ocorridos, sendo que desde a primeira hora, se sabe que António Indjai comandou o grupo que matou João Bernardo Vieira.

Num momento em que se lançam acusações após os acontecimentos do passado dia 01 de Abril, importa equacionar as acusações, os acusadores e os acusados, para compreendermos, com tantos exemplos de um passado recente, que todo aquele que consegue assumir o poder, iliba-se automaticamente de toda e qualquer acusação à sua pessoa, acusando todos os demais que lhe são incómodos, não lhes dando possibilidades de recurso, pois são detidos, torturados e intimidados, chegando a reconhecer e a assumir culpas devido à situação de detenção ilegal e total ausência de direitos, por exemplo de assistência jurídica na altura de prestar declarações, sempre forçadas.

A GUINÉ-BISSAU DE 01 DE MARÇO DE 2009 A 01 DE ABRIL DE 2010 02.04.2010

Na sequência dos acontecimentos de 01 de Abril e com a detenção ilegal do ainda (não foi emitida nenhuma exoneração oficial) Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, José Zamora Induta, o Estado-Maior das Forças Armadas da Guiné-Bissau, moveu-lhe uma queixa, num documento assinado pelo seu Vice-Chefe, António Indjai, principal autor do golpe militar do passado dia 01 e endereçada ao Procurador-Geral da República, Dr. Amine Michel Saad.

"No passado dia 1 de abril de 2010, um grupo de militares dirigidos por mim, viu-se obrigado a tomar medidas com vista a pôs ordens nas Forças Armada, porque a forma como a classe estava a ser dirigida, iria culminar num conflito iminente. O Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, Vice-Almirante José Zamora Induta, conduzia o Estado-Maior como se fosse a sua propriedade pessoal, tomando sobre si toda a administração da mesma. António Indjai - Vice-Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas da Guiné-Bissau QUEIXA MOVIDA PELO ESTADO-MAIOR CONTRA ZAMORA INDUTA

Para mim não houve surpresa nas acusações proferidas contra Zamora Induta. Não estou aqui para refutar nenhuma acusação. O que defendo, tal como defenderia no caso de ser outra pessoa, é o respeito pelos direitos humanos e pelos ideais da Justiça. Respeito, mas dispenso a opinião dos que dizem que o Zamora Induta também fez isto ou aquilo no passado, ou estava na iminência de vir a fazer mais isto ou aquilo, como forma de justificar a sua detenção.

Como moralizador e incentivador de uma mente sã, baseio-me em princípios para sensibilizar os que me têm acompanhado no intuito de promover um futuro livre de ódios e vinganças entre os guineenses e isso não se consegue sem uma postura de dignidade, de compromisso com o bem, através da verdade e da Justiça.

O que aconteceu no dia 01 de Abril foi muito mau para a Guiné-Bissau, tal como outras ocorrências no passado. Desta acusação com 23 pontos dados a conhecer, importa questionar vários aspectos, a saber:

  "um grupo de militares dirigidos por mim, viu-se obrigado a tomar medidas com vista a pôs ordens nas Forças Armada"

1 - Se o problema era tomar medidas com vista a pôr ordem nas Forças Armadas, como se justifica a violação das instalações das Nações Unidas, para o resgate de Bubo Na Tchuto, quando o seu problema é de foro judicial?

2 - Se o problema era pôr ordem nas Forças Armadas, como se justifica a detenção, ameaça de morte e acusação de assassínio do Primeiro-ministro Carlos Gomes Jr.?

3 - Se o problema era pôr ordem nas Forças Armadas e se realmente já estavam na posse de todos esses dados para acusação, e devendo as Forças Armadas submeter-se ao poder político, por que não contactaram o Ministro da Defesa para exporem o problema ou, se houvesse desconfiança, o Presidente da República ou o Ministério Público?

4 - Por que motivo no dia 01 de Abril, nas declarações e acusações, quer de António Indjai, quer de Bubo Na Tchuto, não ter havido referência de um ponto importante, por ser de extrema gravidade numa acusação e que surge 12 dias depois, como ponto Nº1 da acusação: "As declarações que proferiu na reunião do Conselho de Chefes de Estado Maior, no dia 12 de março de 2010, no Estado-Maior General d'Amura, de que destituiria o Presidente da República através de um golpe de Estado caso este derrubar o Governo do Carlos Gomes Júnior;"

Sobre a acusação, no cômputo geral, não espanta que a maioria dos pontos referenciados corresponda à verdade e aqui, o que temos dito e escrito ao longo dos anos dá-nos razão!

Porém, tal como escrevi anteriormente, quem assume o poder de facto, aproveita-se para acusar quem caiu em desgraça, para em simultâneo se ilibar a ele próprio, mesmo que tenha que intimidar os órgãos de soberania, para mostrar quem tem o poder...

Obviamente que Zamora Induta não é o único culpado dos problemas das Forças Armadas, mas é parte do problema, tal como António Indjai, Bubo Na Tchuto e tantos outros.

Obviamente que ao António Indjai não convém abordar os assassinatos de Tagme Na Waie, Nino Vieira, Hélder Proença e Baciro Dabó, por exemplo, porque está implicado nessas matanças.

Obviamente que ao António Indjai convém acusar Zamora Induta de envolvimento no narcotráfico, mas esquecendo-se que ele também está envolvido no narcotráfico!

É pelas lições que recusamos rever e aprender de um passado não muito distante, que é legítimo colocar as seguintes questões ao Sr. Procurador-Geral da República, Dr. Amine Michel Saad.

1 - Estará o Ministério Público em condições de ajuizar, de decidir livre e imparcialmente (em conformidade com as suas atribuições e competências), sobre os acontecimentos do passado dia 01 de Abril na Guiné-Bissau?

2 - Face aos acontecimentos de 01 de Abril, há garantias de que as investigações e conclusões sobre os assassinatos de Tagme Na Waie e Nino Vieira serão dadas a conhecer, de forma transparente, tendo em conta que já não é segredo para ninguém a participação de António Indjai no assassinato do ex-Presidente Nino Vieira, bem como de outras altas figuras da nossa praça?

Coloco estas questões, porque o passado mostra-nos que, quando Nino Vieira, ainda exilado em Portugal, manifestou interesse em regressar à Guiné-Bissau para ser julgado, entre opiniões de diversos juristas e políticos, ressaltam as afirmações do Dr. Amine Michel Saad, demonstrando possuir argumentos suficientes para levar Nino Vieira, se fosse preciso, ao Tribunal Penal Internacional... Mas o que assistimos depois do regresso de Nino Vieira ao poder, em 2005, até ao seu assassinato em 2009, foi um silêncio total do Dr. Amine Michel Saad sobre Nino Vieira...

"Como cidadão, tenho direito ao bom-nome e boa reputação e é óbvio que ela tem estado a ser posta em causa pelo poder político da Guiné-Bissau e pelos "media" que reproduzem as acusações sem fundamento que me são feitas, com graves prejuízos morais para a minha família e para mim próprio". "Nino" Vieira em carta enviada à Liga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH) a pedir para regressar ao país, onde, afirma, quer ser julgado. Didinho CARTA ABERTA AO GENERAL JOÃO BERNARDO " NINO" VIEIRA 23.05.2006

 


“Que Nino deixe de chantagear o país”



A única opinião pouco diferente dos outros juristas foi de Amine Saad que, embora não recusa o regresso de Nino, mas está bastante chocado não pelo pedido do ex-PR, João Bernardo Vieira, de regressar ao país para ser julgado mas sim, pela acusação de que foi alvo por parte deste. Entende que está a fingir de inocente e passa o tempo a chantagear o país.
Para Amine Michel Saad, ex-Procurador Geral da República no Governo de Unidade Nacional, a anunciada intenção do ex-presidente da República, João Bernardo Vieira ‘Nino’ de ser julgado mediante a presença de organismos internacionais e sub-regionais, não passa de uma mera hipocrisia.
Em declarações à Imprensa, a propósito, Amine Saad disse que existem motivos suficientes para Nino Vieira ser julgado, porque a acusação existe e factos que alimentam essas acusações também existem.
“Se é que ele quer ser julgado na realidade, que peça às autoridades portuguesas que lhe retirarem o estatuto de exilado político”, aconselhou.
Bastante irritado com as acusações de Nino Vieira, Amine Saad disse que o ex-chefe de Estado deve estar a padecer de “amnésia”. “Se ele está a fingir que esqueceu tudo aquilo que fez no país, talvez esteja a sofrer de amnésia em Vila Nova de Gaia”, rematou.

Conforme as suas declarações, as acusações mais sonantes contra Nino Vieira, estão ligadas ao caso 17 de Outubro, 17 de Março, morte do jornalista português Jorge Quadros nos meados da abertura democrática e a vinda das tropas estrangeiras durante o conflito político militar de 7 de Junho de 1998. “Jorge Quadros foi assassinado ou não em Bissau, degolado. É verdade ou mentira? O processo existe ou não existe? Isto aconteceu em Março de 1993 na Guiné e Nino Vieira era Presidente da República e do Partido único. Vai dizer que estes factos não existem ou que não têm a sua comparticipação?!, questionou o jurista.
Em relação ao caso 17 de Outubro onde morreu o coronel Paulo Correia, que Nino Vieira acusou de ter tentado o golpe contra a sua pessoa; ele (Nino Vieira) não tem memória do trabalho que me causou para procurar as valas comuns (o maior segredo do seu regime) dos outros militares igualmente acusados e mortos na aludida intentona”, salientou para advertir as autoridades do país que os constantes pedidos de Nino Vieira para ser julgado não passam de simples chantagem. “Se ele e os seus comparsas na Guiné sabem que a questão das valas comuns fazem parte dos crimes contra a humanidade e que não estão prescritos ou seja não existe prazo para recusar o processo, estaria calado lá em Vila Nova de Gaia para que as pessoas lhe esquecessem”, acrescentou.

Fonte: guine-bissau.com

 

Teremos o mesmo Dr. Amine Michel Saad em relação aos acontecimentos de 01 de Abril e, por arrasto, em relação a todos os crimes de sangue que são do seu conhecimento, bem como de corrupção e envolvimento no narcotráfico?

Desejo que tenhamos um Dr. Amine Saad consciente dos seus deveres, das suas responsabilidades, do seu juramento e compromisso com a Justiça e com a Guiné-Bissau!

O passado mostra-nos ainda um outro exemplo de acusações contra Nino Vieira, proferidas pelo Dr. Francisco José Fadul, que deram, imagine-se, em fortes laços de amizade, no pós-regresso de Nino Vieira ao poder em 2005...

5-DEZ-98

Francisco Fadul, novo primeiro-ministro da Guiné-Bissau

«Nino Vieira devia ser julgado»

SEIS meses depois do início da guerra, a Guiné-Bissau tem um novo primeiro-ministro. Francisco Fadul, de 44 anos, foi o nome acordado entre as delegações da Junta Militar e do Presidente da República. Irá chefiar um gabinete de «unidade nacional», cujos contornos foram definidos no acordo de Abuja, rubricado a 1 de Novembro. A escolha de Fadul surpreendeu os observadores e dá bem a ideia da relação de forças existente. Principal assessor civil da Junta Militar e amigo pessoal de Ansumane Mané, Fadul terá sido um nome imposto pelos rebeldes.

Militante do PAIGC durante 21 anos, foi assessor de Nino durante quatro anos, antes de entrar em ruptura com o regime, de que é um crítico frontal. Nascido em Mansoa, filho de pai libanês e de mãe guineense, estudou direito em Lisboa e Coimbra, mas não concluiu o curso. A entrevista foi concedida na Guiné, antes de ter sido indigitado para chefe do Governo - era, apenas, o mais influente assessor da Junta e autor da maior parte dos seus textos programáticos.

EXPRESSO - O levantamento militar deu lugar a um levantamento nacional. Quais as razões?

FRANCISCO FADUL - A justeza do levantamento era tal que a identificação das populações não tardou. E digo justeza porque, em termos constitucionais, compete às Forças Armadas (FA) a defesa da independência, da soberania e da integridade do território, e da ordem pública.

EXP. - Mas essa questão só se colocou a partir da intervenção militar do Senegal e da Guiné-Conacri.

F.F. - Antes mesmo já teria havido motivações suficientes para que as FA assumissem esse papel. O levantamento militar não deve ser entendido como um golpe de força, de subversão da ordem constitucional, de desagrado da cúpula das FA. O levantamento produz-se em resposta a duas tentativas de homicídio de Ansumane Mané.

EXP. - Isso está absolutamente comprovado?

F.F. - Perfeitamente. Só depois se produziu o que hoje se chama o levantamento de 7 de Junho, como medida de autodefesa legítima contra um acto a todos os títulos criminoso.

EXP. - Em tudo isto, há uma questão de fundo: a utilização de um golpe de força contra um poder legítimo e eleito democraticamente.

F.F. - O Presidente Nino Vieira, que devia ser o garante da Constituição, é o seu primeiro e maior violador. É o que acontece, por exemplo, com o artigo 59º, que diz que a nossa democracia assenta na separação dos poderes. E com o artigo 65º, que diz que o exercício da função de Presidente é incompatível com qualquer outra função pública ou privada. Ele não poderia continuar a ser, entre outras coisas, presidente do PAIGC. Nino Vieira tem todos os poderes dos órgãos de soberania nas mãos, continua a ser o chefe único que tinha sido durante o tempo do partido-Estado.

EXP. - Estamos perante um caso de concentração e abuso de poderes. Nino é um ditador?

F.F. - Sim, sim. Quando o poder está concentrado, daí ao abuso de poder, daí à tirania, ao despotismo, à ditadura, é uma questão de passos, de interesses e de oportunidade. Todos nós não erraremos muito se culparmos o senhor Nino Vieira de assassínios, de espancamentos, de calúnias, de difamações e indignificação de dirigentes.

EXP. - Acha que ele deve ser julgado por essas práticas?

F.F. - Acho que sim. Como exemplo de imparcialidade do Estado. Nino Vieira entende que está acima da lei, que não está ao alcance da lei. As leis foram feitas para os homens - e ele não é homem, é semi-Deus. Talvez até se considere Deus, quem sabe...

EXP. - Você esteve ao seu serviço...

F.F. - Efectivamente estive quatro anos ao serviço pessoal, directo, dele, enquanto assessor jurídico e social. Assumo as minhas responsabilidades. Já o vinha apoiando muito antes do 14 de Novembro de 1980, como a personalidade que poderia ajudar a resolver os problemas da sociedade.

EXP. - Está arrependido?

F.F. - Francamente estou. Porque o Nino Vieira permitiu-me que o conhecesse bem. Logo no dia 15 de Novembro escrevi-lhe uma carta de encorajamento, felicitando-o, mas pedindo que governasse democraticamente, porque o nosso povo é humilde e trabalhador, desejoso de emancipação, de dignificação. Dizia-lhe que, caso não o fizesse, alguém com menos pergaminhos do que ele viria a ser chefe de Estado.

EXP. - É o que está a acontecer?

F.F. - Ainda não, porque a comunidade internacional tem estado a suavizar a escalada política na Guiné-Bissau. Por isso é que, no dizer de um amigo meu, Nino Vieira saiu da Guiné no dia 29 de Outubro como exilado e voltou de Abuja como Presidente...

Há exemplos na História do uso da força revolucionária, legitimada pelos interesses e aspirações do povo e da sociedade, para erradicar um outro tipo de força - força ilegítima, violenta, reaccionária (no sentido de contrária ao movimento da história, à vontade popular e aos anseios da sociedade). Quero com isto dizer - e assumo - que, mesmo perante um derrube militar de Nino Vieira, eu estaria a dizer: graças a Deus fez-se justiça. Ainda que pela força, mas uma força legitimada. E não nos esqueçamos que ele chegou ao poder pela força.

EXP. - A melhor solução seria a sua renúncia?

F.F. - Seria uma solução digna. Pela primeira vez, Nino Vieira se apaziguaria com a história. Seria um acto de consciência, de ombridade.

EXP. - O futuro da Guiné passa pelo afastamento de Nino?

F.F. - Ele é o factor número um de desestabilização, de inimizade entre irmãos guineenses. Ele entende o Estado como um instrumento pessoal - e não como um instrumento da sociedade e dos cidadãos. Ele entende que é «o dono do chão», o dono do país. Seria muito bom que ele renunciasse.

EXP. - A essa luz, o derrube de Luís Cabral foi um desastre...

F.F. - Acho que sim. Até aí, houve descalabros, morticínios, abusos no tocante aos direitos humanos, mas nessa época o Estado funcionava. É certo que com uma filosofia especial: era um Estado «libertador», ainda um pouco guerrilheiro. Mas quando Nino Vieira assumiu o poder, havia paz. Prometeu a paz e a concórdia. Só que fez da concórdia nacional a concórdia do cavalo e do cavaleiro - sendo ele o cavaleiro e a sociedade o cavalo...

EXP. - Luís Cabral tem algum lugar no futuro da Guiné?

F.F. - É um cidadão da Guiné, um combatente da liberdade da pátria. Quem o pode impedir de assumir cabalmente os seus direitos? Se ele entendesse voltar para a Guiné hoje, eu seria capaz de ir esperá-lo ao aeroporto, para lhe dar as boas-vindas.

EXP. - Ele poderia candidatar-se a Presidente?

F.F. - Eu gostaria de ver na Guiné um chefe de Estado parecido em certos aspectos com Luís Cabral. Ele não roubou o Estado, não foi corrupto e na sua presidência nenhum dirigente se atreveu a ser corrupto. Gostaria não só de o ver voltar como de se candidatar à Presidência.

EXP. - Apoiaria?

F.F. - Não teria dúvidas, se as outras candidaturas não me sugerissem a necessidade imperiosa de votar noutra personalidade.

EXP. - Não concordou muito com o acordo de Abuja.

F.F. - Há razões objectivas que me levam a discordar. Limitou-se a aflorar algumas questões de ordem militar, enquanto deixa em silêncio as questões fundamentais de ordem política, institucional e social, que foram as causas mediatas do levantamento.

EXP. - O acordo foi uma derrota política da Junta?

F.F. - Não diria tanto, porque quando a supremacia militar é da Junta, não haverá derrotas políticas significativas. Retrocedemos alguns pontos no nosso posicionamento político.

EXP. - Ansumane Mané tem craveira para ser Presidente?

F.F. - O brigadeiro é tão humilde e honesto que já disse por várias vezes que nunca será Presidente. Ele tem repetido que vai deixar as responsabilidades políticas nas mãos dos mais novos, porque já chegou o tempo de ir tratar da família e dos filhos.

EXP. - Não há o perigo da Junta se perpetuar no poder?

F.F. - Não. A Junta quer levar o país à normalização política, no respeito rigoroso pela Constituição.

EXP. - O programa da Junta é o estabelecimento da democracia?

F.F. - Absolutamente. Com a completa despartidarização e despolitização das Forças Armadas e de segurança, a abolição da polícia política e a moralização das instituições públicas.

EXP. - Não poderá haver uma certa sedução face à experiência militarista da vizinha Gâmbia?

F.F. - Penso que não. A sedução não será tanto pela eventual militarização que tenha existido nos primórdios do regime do Presidente Yahya Jammeh (porque ele, depois, sujeitou-se a eleições democráticas) mas pelas realizações que ele conseguiu realizar em quatro anos. É patente o esforço desse homem, que não tem pejo nenhum de dizer a outros chefes de Estado que a razão directa do subdesenvolvimento se situa na incompetência e na corrupção dos dirigentes africanos.

EXP. - Vide o caso da Guiné...

F.F. - Exactamente. Nino Vieira, que nunca recebeu herança que se conheça, que nunca recorreu a um crédito bancário significativo, hoje é um dos homens mais ricos do mundo.

EXP. - Do mundo?

F.F. - Sim. E Presidente de um dos países mais pobres do mundo. A sua fortuna está avaliada num montante aproximado ao da dívida externa da Guiné-Bissau.

EXP. - Essa acusação é pesada. Dispõe-se a prová-la em tribunal?

F.F. - Já escrevi um livro sobre isso, mas ninguém o imprimiu. Se for o caso, garanto que me defenderei.

EXP. - Não teme por si e pela sua família?

F.F. - Olhe, eu estou a correr riscos desde os 16 anos, quando decidi aderir ao PAIGC.

José Pedro Castanheira

Copyright 1998 Sojornal. Todos os direitos reservados.

São estes indicadores que demonstram o que valem as acusações na Guiné-Bissau.

São estes indicadores que nos mostram até que ponto há cumplicidade e promiscuidade entre os actores políticos e militares, com o crime - organizado ou não, na Guiné-Bissau.

Todos sabem o que aconteceu, todos prometem fazer algo, todos dizem estar comprometidos com o interesse nacional, com a Verdade e a Justiça mas, quando chega a hora da verdade...

Vida

oh minha bela vida

que tanto quero

viver não custa

basta saber

amáveis são

os que me compensam

para estar calado

dos problemas dos outros

quero lá saber

vida

oh minha bela vida...

 

VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR!


Se tiverem disponibilidade, aconselho e agradeço uma nova leitura dos seguintes textos:

COMUNICADO DOS SERVIÇOS DE INFORMAÇÃO DE ESTADO - 5 DE JUNHO DE 2009

E POR QUE NÃO, O SR. "TESTA-DE-FERRO"?! 27.03.2010

AMEAÇAS INTERNAS

O GOVERNO JAMAIS ESCLARECERÁ NADA DO QUE TEM ACONTECIDO NA GUINÉ-BISSAU, PORQUE É PARTE DO PROBLEMA! 10.06.2009

DE CONTRADIÇÃO EM CONTRADIÇÃO, A VERDADE DE UMA GRANDE MENTIRA! 07.06.2009

MAIS UMA TENTATIVA DE GOLPE DE ESTADO NA GUINÉ-BISSAU, QUE NÃO PASSA DE UMA GRANDE MENTIRA! 05.06.2009

O NARCOTRÁFICO NA GUINÉ-BISSAU, COM REALISMO! 24.04.2009

NARCOTRAFICANTES AMEAÇAM POLÍTICOS

CRIME

O NARCOTRÁFICO NÃO DEVE, NEM PODE SER CONSIDERADO A PRINCIPAL PREOCUPAÇÃO DO PAÍS! 24.09.2008

O NARCOTRÁFICO É UM ATENTADO À SOBERANIA E À INTEGRIDADE TERRITORIAL! 30.06.2008

QUE NINO VIEIRA, O SR. GENERAL - PRESIDENTE, RESPONDA PELO NARCOTRÁFICO NA GUINÉ-BISSAU! 01.11.2007

PREOCUPAÇÕES, ANÁLISES E REFLEXÕES 09.09.2007

A INCONSISTÊNCIA DE UM PLANO REFÉM 15.08.2007

QUE NINO VIEIRA, O SR. GENERAL - PRESIDENTE, RESPONDA PELO NARCOTRÁFICO NA GUINÉ-BISSAU! 01.11.2007

4 PERGUNTAS A FERNANDO CASIMIRO 04.07.200

APERTA-SE O CERCO! 23.06.2007

ANÁLISE SOBRE A EXTENSÃO DE UM INDICADOR 29.01.2006

 ACUSAÇÕES, AMEAÇAS E DEPOIMENTOS DE ANTÓNIO INDJAI E BUBO NA TCHUTO

 

COMENTÁRIOS AOS TEXTOS DA SECÇÃO EDITORIAL


Cultivamos e incentivamos o exercício da mente, desafiamos e exigimos a liberdade de expressão, pois é através da manifestação e divulgação do pensamento (ideias e opiniões), que qualquer ser humano começa por ser útil à sociedade! Fernando Casimiro (Didinho)

PROJECTO GUINÉ-BISSAU: CONTRIBUTO - LOGOTIPO

VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR!

Projecto Guiné-Bissau: CONTRIBUTO

www.didinho.org